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Prólogo

Olhando para trás, não sei como aguentei tanto tempo, como eu me deixai levar pelas palavras que ele dizia, e nunca denunciei a crueldade que acontecia na minha própria casa, no meu próprio corpo.

Odeio aquele homem, odeio o que ele me fez, mas pensando bem, sei que tudo aquilo aconteceu por uma razão, sei que com aquilo eu cresci e aprendi que nem tudo é um mar de rosas e que não devemos confiar nem naquele que devia nos proteger de tudo e de todos, aquele que nos dizia amar antes mesmo de nós temos nascido, aquele que nós olhamos e o vemos como um herói, aquele que é o nosso Pai!

Antes daquele dia eu tinha uma família perfeita.

Eu amava muito os meus pais e via neles um amor que me fazia querer um igual, eles viviam o dia todo a dizer palavras lamechas e a dar carinho um no outro o dia inteiro, coisas que para uma criança de 5 anos era visto como sinal que os seus pais se amavam muito.

Tudo estava a andar ás mil maravilhas até que um dia os meus pais começaram a chatearem-se, durante a noite acordava com os gritos deles e a minha mãe dizia que tudo ia passar, que era só uma fase da vida.

Pouco dias depois do meu aniversário dos seis anos aconteceu o que mudou completamente a minha vida.

Lembro-me perfeitamente daquele dia, estava muito feliz a arrumar os novos materiais na mochila, pois ia começar a escola na semana seguinte, e estava muito feliz com o que iria aprender, com as novas amizades que ia fazer até que o meu pai entra no meu quarto e pede-me para irmos dar uma volta.

Passeámos durante horas, fomos jardim, lanchamos fora e na volta para casa o meu pai levou-me á garagem para me dar um presente, foi o que ele me disse: “Filha quero te dar um presente, um presente para a vida”, pode-se dizer que sim, aquele “presente” mudou a minha vida, mas não era o presente que eu estava a espera.

Naquele espaço minúsculo, dentro do nosso próprio carro, foi ali que me violou pela primeira vez, naqueles poucos minutos que me pareceram dias, mudou completamente a minha visão de ver o mundo.

O meu pai proibiu-me de contar a alguém, mesmo á minha mãe, com a desculpa que iam dizer que a culpa tinha sido minha e depois tiravam-me de ao pé da minha mãe.

E assim foi durante 7 anos, não sabia se a minha mãe tinha conhecimento dos actos do meu pai, mas três meses depois de eu ter completado 13 anos, a minha mãe foi-se embora, deixando-me a mim aos cuidados do meu pai.

Então, o que eu imaginei que não podia piorar, adivinhem: Piorou!

A partir dai tive que aprender a cozinhar, a arrumar a casa e claro os dias eram muito piores, pois antes o meu pai só me tocava uma ou duas vezes por semana, agora sem a minha mãe em casa, era todos os dias á noite, quando chegava bêbado a casa.

Durante estes anos, apenas chorava de noite quando ele saia do meu quarto, não tinha amigos na escola, apenas afastava-me das pessoas e passava as tardes a arrumar a casa ou a estudar, desta forma tinha boas notas e não dava mais motivos para o meu pai se chatear, pois também começou a bater-me sempre que via que o jantar estava atraso ou caso não gostasse dele ou simplesmente se lhe omitisse alguma informação.

Aos 14 anos, veio-me o período e a partir daí o meu pai usava uma espécie de borracha que sinceramente ainda piorava tudo.

Aos 16 anos, soube que a empresa do meu pai tinha falido, uma coisa que o meu pai já andava á anos a tentar resolver, mas foi tudo em vão e recebi a notícia que íamos nos mudar.

Essa mudança ocorrer devido á empresa do meu pai ter muitas lojas em todo o país, e em Port Angeles era a loja mais pequena e a única que ainda dava algum lucro, então foi a única que o meu pai não fechou e para ter a certeza que corria bem, decidimos ir murar para perto, para uma pequena zona chamada Forks.

Só não sabia era que ali a minha vida iria mudar para sempre!