Caminhando nas Sombras escrita por Carol Campos


Capítulo 29
Armas


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o capítulo 29, espero que estejam gostando da história até agora, prometo que ficará melhor a cada capítulo.
Boa leitura.



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Não sabia o que era pior: não ter a menor idéia de quem é seu inimigo ou saber que ela é, provavelmente, o pior inimigo que alguém pode ter.

E pode apostar, eu queria ter ficado na primeira opção. Principalmente porque depois de descobrirmos sobre a tal da maga negra, Dan queria nos treinar mais do que nunca.

Ah, falando nisso, estou levando uma surra dele neste exato momento.

Ele me atacava, desviava e fazia esquivas que, por mim, só ninjas conseguiam fazer. Seu tridente parecia fazer parte de seu corpo, o que ele gritava para mim a todo instante que era o correto a se fazer com uma arma se não quiser ser morto. Fácil falar quando não tem um expert em artes marciais como oponente.

Eu já tinha alguns cortes e arranhões por todo o corpo, alguns mais feios que outros, como na hora que Dan fez uma investida contra mim e por pouco que não perfurou minha perna bem no meio, e outra que vai fazer eu provavelmente ter uma bela cicatriz na bochecha esquerda. Estava exausta, esforçando para me manter de pé, enquanto ele não tinha nem uma gota de suor sequer no rosto.

Estávamos em uma arena diferente desta vez. Era uma área grande e circular com estilo grego, com chão de mármore negro e pilastras brancas, aberta para o céu. Em um dos cantos, uma arquibancada feita provavelmente do mesmo material das pilastras acomodava meus amigos, que assistiam como se fosse a coisa mais normal do mundo. Durante meus dias de treinamento, pensava muito em como e quem tivera construído tudo aquilo, desde a Spiral Hall até tantas arenas espalhadas pela floresta, mas não sei se algum dia descobrirei.

Já tinha tentado de tudo que aprendi com Dan, mas ele estava preparado para tudo que eu usasse, pois ele mesmo tinha me ensinado e provavelmente tinha desenvolvido as técnicas. Não se pode desenvolver uma técnica sem também desenvolver algo que defenda e complete o outro. Estava em minhas últimas forças, provavelmente só pela adrenalina que estava me ajudando. Tinha de fazer algo.

Em um último esforço, avancei contra ele, mas o próprio já previa todos os meus ataques e movimentos, restringindo minhas opções. Como se fosse uma brincadeira, ele defendeu tudo o que tentei para ataca-lo com sua arma, mas surpreendentemente, deixou seu rosto desprotegido por um momento, e aproveitei a chance: ataquei por cima.

Mas ele provavelmente previu minha reação, pois fez uma esquiva, abaixando a cabeça. Com a mão livre, segurou minha espada que havia acabado de passar por sua cabeça e colocou o tridente em meu pescoço, fazendo-me perceber um erro que poderia ser fatal em uma luta verdadeira: ataquei com a parte sem corte da lâmina.

– Melhor pararmos por aqui – ele disse, severo, porém suave e compreensivo – melhorou bastante desde a última vez, Katlyn.

Ele nem terminou de falar e eu já estava caída no chão. O cansaço de vários minutos de luta estava indo embora lentamente, enquanto os cortes ardiam cada vez mais pela adrenalina que parava de circular em meu corpo.

Mary correu em minha direção com um estojo de primeiros-socorros, como se fosse a coisa mais normal do mundo, e começou a tratar meus ferimentos. Caleb e Nathale vieram logo atrás dela, enquanto Dan desmaterializava seu tridente. Caleb estava cheio de curativos e band-aids pelo corpo, pois lutara com o avô antes de mim;

– Não exagerou muito dessa vez, vovô? – disse Caleb a ele

– Exagerei? Não é nada comparado a o que vocês irão enfrentar – ele respondeu, melancólico, como se já soubesse do nosso futuro – queria lhes ensinar algo que é necessário para enfrentarem Christie, mas temo que não tenho tanto tempo para lhes preparar para isso.

Me levantei com dificuldade, ficando sentada no mesmo lugar, para que Mary pudesse fazer os curativos melhor, e também para ouvir a conversa.

– Como não? Estamos treinando a umas boas três semanas, e temos sorte de as tropas aliadas terem chegado a cidade logo, se não já estaríamos mortos. Devemos estar prontos o mais rápido possível – ele dizia, disparando palavras como uma metralhadora – Não saímos daqui desde que começamos a treinar. Não sabemos como está a cidade, quantos sobreviventes...

– Calma, Caleb – disse o velho, sentando-se ao chão. Parecia não demonstrar, mas estava tão cansado quanto eu – Eu vou... vou pensar melhor sobre isso. Enquanto isso, continuem treinando. Precisarão de tudo o que puderem para enfrentar seus inimigos futuros.

– Seu avô está certo, Caleb – eu disse para ele, enquanto Mary fechava o estojo de primeiros-socorros – não iríamos ajudar em nada se fôssemos ainda fracos para o campo de batalha. Seria suicídio.

– E ainda não sabemos como essa tal de Christie pôde controlar os exércitos humanos. Devemos ter cuidado – Nathale estava de braços cruzados atrás de Caleb, e depois de falar, colocou a mão em seu ombro – ouça seu avô.

– Tsc, ok – ele se virou, esquivando da mão de Nathale e seguiu para a saída da arena – vamos voltar, está anoitecendo.

– Sim, vamos voltar e descansar – Dan se levantou, limpou as roupas e seguiu o neto. Os seguimos em direção a Spiral Hall, com a noite caindo ao horizonte, e me perguntava se seríamos capazes de parar todo o caos que estava acontecendo.


Depois do jantar, Mary e Nathale foram para seus quartos dormir, enquanto Dan e Caleb decidiram dar um passeio pelos caminhos da floresta. Poderia apostar que conversariam sobre o que estava acontecendo na cidade, e com certeza teriam uma luta rápida.

Antes disso, tinha pedido para Dan para pegar alguns livros na biblioteca sobre técnicas de esgrima. Ele não me permitiu entrar na sala por algum motivo, mas foi e voltou depois de alguns minutos voltou com três livros empoeirados e provavelmente velhos. Sentei-me na sala e comecei a lê-los.

Um deles falava sobre a história da técnica da esgrima, até o tempo de que foi escrito – por volta do ano de 1800, talvez? – e alguns de seus estilos. Mostrava os três tipos de armas usadas – florete, espada e sabre - e seus devidos e corretos usos.

Logo acabei de ler, e senti vontade de ler mais sobre. Gostaria de ter mais habilidades de ataque e esquiva, como Dan. Mas precisaria ir até a biblioteca e procurar mais alguns livros. O problema era, ele não tinha permitido de eu entrar na sala, e ainda não voltara.

Olhei para a porta da biblioteca, e percebi que havia uma fraca luz emanando por debaixo da porta. Uma lamparina, talvez? Bem, acho que não faria mal se eu entrasse lá e só pegasse mais alguns livros, certo?

Errado.

Logo que entrei, o cheiro de mofo invadiu meu nariz e me forcei a tampá-lo. Pude ver a fonte de luz que tinha visto: um abajur antigo, de porcelana. Mas com ele, não conseguia ver nada, então tateei pelas paredes até achar algo parecido com um interruptor. Logo depois, achei um botão quadrado e apertei-o, então a sala toda se iluminou.

Até onde podia ver, as estantes de livros deviam ter ao menos uns seis ou sete andares de um edifício comum, e podiam ser alcançadas por escadas espalhadas, todas pelas paredes da sala que devia ter o tamanho de metade de um campo de futebol. Outras estantes mais baixas estavam no meio, fazendo quase um labirinto. Assim como em uma biblioteca, tinha algumas mesas entre as estantes, algumas com papéis e livros jogados, e onde devia ter os balcões da secretária, estava uma mesa totalmente lotada de livros, cadernos e anotações. Era de lá que vinha a luz do abajur.

Fui até uma das mesas diversas e coloquei os livros, e segui para a mesa do abajur. Os livros jogados faziam pilhas maiores que eu, e a maioria das anotações não faziam sentido para mim. Um livro estava aberto no meio da mesa, tomando destaque pela luz do abajur indo direto para ele.

Peguei-o nas mãos e tentei decifrar a caligrafia desenhada e bem antiga, e então provavelmente descobri o que Dan queria dizer sobre aquela coisa que ele queria nos ensinar. Estava escrito “A teoria do segundo estágio das armas vampíricas”. Só havia uma ou duas páginas falando sobre o assunto, então as copiei em outra folha que achara na mesa e sai rapidamente da sala. De uma forma ou de outra, iria descobrir mais a respeito disso.


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Notas finais do capítulo

Reviews não fazem mal a ninguém ok? Muito menos recomendações e -n



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