Caminhando nas Sombras escrita por Carol Campos


Capítulo 22
Destino




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– Ai ai, finalmente de férias, não é? – Mary disse, saindo da sala logo após a grande prova geral de fim de ano. Pelo seu sorriso bobo no rosto, pude ver que se saiu muito bem.

– Sim – respondi.

Alguns dias atrás, todos nós tivemos uma boa conversa e explicamos tudo o que ainda não estava claro, e decidimos que iríamos treinar para poder ganhar do cara das cobras e sei lá o que mais que estava atrás da gente, e o avô de Caleb iria nos ajudar a partir de hoje, já que ele disse que ele estava fora em uma viagem.

Ainda bem que ele não estava lá, se não teríamos esquecido que tínhamos prova nos dias seguintes, e fomos correndo para casa estudar. Seria um problema ficar de recuperação enquanto se lutava com caras do mal.

– Nathale e Caleb estão demorando, como será que estão? Se algum deles tirar nota baixa será um problema. Se bem que o Caleb nunca foi de tirar notas baixar, mesmo tendo cara de revoltado – Mary foi até o bebedouro e voltou em alguns instantes.

– Nathale nunca tirou uma nota tão baixa também, mesmo tendo dificuldade com algumas matérias...

– O que estão falando da gente? Suas fofoqueiras – Nathale surgiu ao meu lado como um fantasma, me assustei de princípio mas logo voltei ao normal. Vi que Caleb estava ao seu lado, olhando para mim.

– Er... nada, nada, não precisa se preocupar – Mary disse, tentando disfarçar – então, todos liberados? Podemos ir para a casa do avô do Caleb agora?

– Vamos, ele deve ter chegado de viagem de manhã – Caleb disse, com sua aura calma de sempre – vamos deixar nossas coisas nos dormitórios e ir.

Caleb foi em direção ao dormitório masculino enquanto eu, Mary e Nathale fomos para o feminino. Deixamos nossos materiais escolares nos quartos, pegamos algumas coisas básicas e descemos para o pátio, onde ele estava esperando.

Depois de passar alguns meses na cidade, pude perceber que há uma divisa grande entre a parte comercial, a parte rica e a parte comum. A parte comercial era como se fosse um centro de lojas mesmo, onde havia o shopping, a praça, o parque, lojas e outras coisas. A parte rica era bem pequena, mais para a área perto do centro, que era onde Alice morava. E a parte comum que ocupava todo o resto, tendo várias casas de classe média, onde famílias viviam normalmente.

Se todas essas famílias não tivessem olhos vermelhos, presas e pele quase branca, eu diria que seria como uma cidade humana qualquer.

Passamos adiante entre o centro e a parte comum, e chegamos á uns lados da cidade que eu não sabia que existiam. Aqui, casas muito comuns, algumas feitas de pedra, outras de madeira, parecendo bem antigas mesmo. Algumas dessas estavam abandonadas ou desmoronando, mas bem poucas.

Ainda andando por uma rua simples de terra, Caleb apontou para uma casa a distância, um pouco maior que as demais, mas com o mesmo fundamento de pedras e madeira. Chegando mais perto, podia perceber que não era uma casa comum. Sua entrada era bem acabada com desenhos entalhados nas pedras e uns assoalhos de madeira que servia de varanda, do lado de fora, segurando o portão de madeira velha, dois dragões de pedra mostravam que ali não era lugar de brincadeira. Pude ver também algo como um quintal na parte de trás, mas nada muito claro.

Caleb bateu na porta e deu um passo para trás. Alguns segundos depois ouvimos passos lentos no assoalho de madeira e alguém a abriu. Um idoso, cabelos grisalhos, bengala na mão e roupas que qualquer idoso comum usaria, com cara de severo, olhou em cada um de nossos rostos, parando e me encarando por alguns segundos, seguindo para o neto e dando um grande sorriso.

– Caleb, que bom te ver! – o idoso deu alguns tapinhas nas costas do neto e deu uma bagunçada em seu cabelo. Esse, por sua vez, sorria com as ações de seu avô – E essas, são suas amigas?

– Sim – disse ele, e se virou para nós – Essas são Mary, Nathale e Katlyn.

– Olá meninas, podem me chamar de Dan – disse ele, em um grande sorriso enrugado. Ele parecia severo, mas era uma boa pessoa – Vamos , vamos, entrem. Prepararei um chá para vocês.

A casa era simples, dividida em poucos cômodos no único andar, com poucos enfeites. Um grande sofá de couro preto estava na sala, com uma mesa de centro e uma grande poltrona da mesma cor do outro lado.

Dan se dirigiu a cozinha, enquanto Caleb fez um gesto para que nos sentássemos.

– Seu avô é bem legal – disse Nathale, observando a decoração do lugar – ele mora com sua avó?

– Não, ela morreu faz alguns anos, quando ele ainda era das forças armadas, até então ele vive sozinho aqui. Sempre que posso venho visitá-lo para fazer companhia.

– Você é bem legal também, mesmo não parecendo – Mary riu, enquanto Caleb fez uma careta pela piada.

A porta da cozinha se abriu e Dan surgiu com uma bandeja simples de alumínio, com xícaras de porcelana sobre ela.

– Aqui estão, cuidado que está quente – ele disse colocando a bandeja na mesinha – e então, a que devo essa visita inesperada logo após minha viagem?

– Então vô – Caleb colocou a xícara quente na mesa – temos um pedido a fazer. É importante, muito importante. Mas primeiro, vou ter que explicar tudo – ele olhou para mim, como se que pedindo permissão – Posso contar tudo a ele?

– Se você confia, eu também confio – disse entre uma golada e outra de chá, Mary e Nathale acenaram com a cabeça.

– Pois bem então – ele terminou o chá, e colocou a xícara na bandeja – Vou contar o mais importante primeiro. Alguns meses atrás, a Katlyn veio aqui pra cidade para aprender mais sobre o mundo dos vampiros, e conheceu Alice e Mary. Algum tempo depois, Alice sumiu e Nathale apareceu, já que estava preocupada com Katlyn, surpreendendo todo mundo, já que ela é... humana.

– Humana?! – Dan ficou surpreso, observando Nathale com atenção – Como você conseguiu entrar na cidade?

– Bem, eu comprei uma fantasia de vampiro, muito boa por sinal, e somente entrei. – Nathale respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

– Impressionante – ele disse, passando as mãos na barba, também grisalha – mas por que Katlyn veio conhecer o mundo dos vampiros? Ela é humana também?

– Bem, não exatamente... – Caleb disse, escolhendo as palavras cuidadosamente – A Katlyn é igual a mim vô, ela é meio-sangue.

Dan parou, arregalou os olhos e me encarou completamente. Fiquei imobilizada, totalmente com medo de ele fazer qualquer coisa contra mim. Ele apertava o braço da poltrona com força.

– Isso é... impossível... – ele disse, piscando uma, duas, três vezes, até ficar mais calmo – isso vai totalmente... contra as leis naturais dos vampiros...

– Como assim? Não entendi – Caleb estava surpreso com a reação do avô – você me disse uma vez que era normal uma pessoa meio-sangue nascer de uma relação entre um humano e um vampiro.

– Sim Caleb, mas nunca foi registrado um caso de uma garota meio-sangue nascer, sempre nascem garotos, é quase que uma regra. – Dan respondeu, olhando para o nada tentando dar uma resposta para isso, uma resposta para eu existir.

– Precisamos acabar logo com isso, irei contar o restante.

Ele contou tudo o que aconteceu desde que ele me conheceu no treino de armas, e o que ele não sabia, eu e as meninas fomos contando em detalhes, enquanto Dan ouvia atentamente e absorvia todas as informações importantes.

– Então, vocês querem treinar para poder lutar com esse cara das cobras, não é? – Dan disse, com a mão no queixo e mexendo na barba.

– Isso mesmo – eu disse, com convicção – quero ser forte, para poder me defender e salvar aqueles que eu amo.

– Bem, o fato de você estar aqui já é um milagre, então acho que isso deve ser feito. Você é especial, Katlyn. O destino te trouxe aqui para algo grande, algo importante – Dan se levantou, pegou a bandeja com as xícaras e levou rapidamente para a cozinha, voltando logo em seguida. Foi em direção á grande estante de livros que tinha ao canto da sala, tirou alguns, e mexeu em algo, girando e apertando. Enquanto isso, uma porta se abria em um canto distante do assoalho, levando á um buraco escuro e empoeirado.

– Sigam-me – ele disse, pegando algumas lanternas em um pequeno baú e dando uma para cada um de nós – finalmente vou poder usar aquele lugar, sempre soube que seria algo útil. – e seguiu buraco adentro, conosco atrás.



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Notas finais do capítulo

Agora tá ficando bom, né? hohoho
Reviews são sempre bem vindos.



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