Caminhando nas Sombras escrita por Carol Campos


Capítulo 2
Sonho




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- Que tal um sorvete agora, hein? – Nathale falou, me puxando pelo braço – abriu uma nova sorveteria na Rua 27, vamos lá!

- Claro, sorvete seria uma boa – respondi

Apesar de estarmos perto da Rua 11 – onde eu morava – não demorou muito até chegarmos na rua da sorveteria. E pelo que Nathale falou, a sorveteria havia acabado de abrir mesmo, tinha cara de nova e chique.

Fomos atravessando a multidão. A avenida principal era bem movimentada da Rua 18 até a Rua 25, o que era chamado de “centro”, mesmo não sendo um. Passamos pelo parque central, e me peguei enrubescendo de novo.

Chegando na sorveteria, pegamos a primeira mesa que achamos vazia e começamos a escolher os sorvetes.

- Esse de morango com chocolate parece bom – Nathale falou, com o menu em mãos, então abaixou e olhou para mim – O que você vai pedir?

- Baunilha – nem olhei no menu, falei o primeiro sorvete que me veio em mente.

- Então é isso aí garçom – ela disse, então olhei para o lado e percebi que havia um garçom anotando os nossos pedidos. Nem havia percebido que ele estava ali.

Comecei a meio que viajar depois do “convite de encontro” de Johny. Pensei que ele nunca tinha me visto mais do que como uma amiga ou colega mesmo, já que estava com Stefani, mas... Poderia ser?

Comecei a observar a sorveteria, que era bem legal por sinal. Estávamos na parte de fora, que só tinha algumas mesas de metal com guarda-sóis nos buracos do centro, mas lá dentro era bem chique – e estava bem cheio também. As mesas eram dispostas em fileiras, com poltronas de três lugares cada em dois lados das mesas. Uma luz forte ficava em cima de cada mesa. Mas para trás, um balcão grande era usado para pedir, anotar e entregar pedidos diversos. Um grande banana-split saia de lá nas mãos de um garçom.

Em uma das paredes, uma TV passava o noticiário comum da tarde. Pelo que parecia, estava passando sobre a Guerra das Duas Nações. Os números de revoltados da nação humana estavam aumentando a cada dia e tentavam combater – sem sucesso – as linhas inimigas dos vampiros.

Um calafrio percorreu minha espinha. Sempre que tocava na palavra “vampiros” acontecia isso, era horrível imaginar seres em forma humana tomando sangue de outras criaturas vivas, parecia tão irreal e nojento. Mas parecia mais normal do que parece, ao menos para mim.

O garçom entregou nossos sorvetes, e dois minutos depois eu já havia acabado o meu. Voltei a olhar para a sorveteria e vi que várias pessoas olhavam para mim e cochichavam coisas – provavelmente de mal gosto – então disse para Nathale que esperaria ela lá fora. Ela assentiu, e fui para fora.

Havia um banco de madeira perto da entrada, então sentei lá e comecei a observar o movimento. Comecei a pensar sobre como seria o meu encontro com Johny, até uma hora em que adormeci e, sem perceber, estava sonhando.

Estava em uma campina muito grande, com a grama se mexendo conforme o vento passava. Não havia nada até o horizonte – uma árvore, uma pedra, nada – a única coisa que via era a grama e o sol se pondo. De alguma forma a luz do sol me incomodava, minha pele ardia de leve e meus olhos não agüentavam a claridade, e desejei por um momento que fosse noite. Em um piscar de olhos, já estava de noite, e as estrelas brilhavam intensamente, como se quisessem me passar alguma mensagem com toda a sua magnificência.

Sentei-me na grama, sentada eu podia ver que ela era mais alta do que parecia, ia até metade do meu tronco. O vento havia ficado mais calmo, e agora só restara uma breve brisa que balançava meus cabelos levemente. Poderia fechar os olhos ali mesmo, e dormir dentro do meu sonho, mas estava bom demais para ser verdade.

O vento parou, e pude ouvir passos atrás de mim. Estavam bem próximos. Levantei-me em um pulo e olhei para onde vinha o barulho. Uma figura encapuzada estava a somente uns 8 metros de mim, vestida toda de preto. A única coisa que eu podia ver era os olhos em um vermelho escarlate que brilhavam intensamente, como sangue fresco.

Era um vampiro.

Dei um passo em falso para trás e quase caí, e nesse momento de distração a figura se aproximou ainda mais de mim – agora deveria estar a uns 5 metros a minha frente – então fiquei paralisada, só podia fitar aqueles olhos ferozes.

- Ah, Katlyn Haumbris... – disse a figura, a voz era distorcida, não conseguia saber se era um homem ou uma mulher – finalmente estamos cara a cara.

- O-o que você q-quer de mim? – disse, ainda aterrorizada

- Você será uma peça importante para o meu joguinho... – a figura levantou um pouco a cabeça, como se tentasse enxergar algo que estava acima de si, mas não havia nada – uma escolha errada e poderá destruir tudo aquilo que ama. Será interessante.

- E-explique-se melhor!

- Não posso lhe dizer quase nada no momento, minha querida. Mas lembre-se que você é a garota da profecia, somente com uma escolha poderá acabar com a guerra ou destruir o mundo por completo. Será interessante, muito interessante...

A pessoa virou-se e andou somente alguns passos, então sombras surgiram e engoliram-no, me deixando novamente sozinha...

Acordei com Nathale me balançando pelos ombros. Ainda estava no banco de madeira do lado de fora da sorveteria, o movimento ainda estava grande.

- Finalmente acordou, bela adormecida – ela disse, zombando de mim – você precisa dormir mais. Enfim, que tal uma passada naquela loja de roupas perto da sua casa?

- Hãn... Não é aquela que fica na frente da biblioteca? – disse, esfregando os olhos e me levantando

- Isso mesmo – ela respondeu – por quê?

- Nada, só queria dar uma passada lá depois, acho que preciso dar uma olhada em umas coisas.



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Notas finais do capítulo

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