Sorrisos de Guache escrita por IsaS


Capítulo 6
CAPÍTULO 5º


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é especialmente dedicado à NCullen, a minha querida NatáliaC.
Obrigada por sempre estar comentando minhas história e me dando a força da qual eu preciso. De verdade. ♥



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CAPÍTULO 5º

 

 

- Entre. – ordenou-me, consegui identificar algo que, na verdade, não consegui identificar. Tosco, eu sabia disso.

 

         Respirei fundo, bem fundo. Eu precisava de muita coragem. Meus pés bateram na madeira lustrosa da biblioteca, seguindo um atrás do outro dentro de minhas pantufas, e por incrível que pareça, me senti ridícula. Meus olhos captavam as poltronas se aproximando cada vez mais e mais de meu corpo, como se eu não estivesse encurtando o espaço que havia entre nós. Meu cérebro parecia não ter capacidade suficiente para processar todas as minhas ações, e comecei a achar que era retardada. Eu sempre suspeitara, mas agora...

         Parei em frente a ele e o fitei. Seus olhos na lareira pareciam estar distantes e interessados, ele tinha as mãos descansando no braço da poltrona e vestia uma calça de moletom cinza, assim como a camiseta de algodão. Limpei a garganta e me arrependi, poderia ter fugido em seus instantes de distração, mas meus músculos estavam travados, rígidos de tensão. Os olhos verdes de Edward voltaram-se para mim.

 

– Por que não se senta? – perguntou-me, apontando para outra poltrona. O obedeci e cruzei as mãos no colo, olhando-as em seguida. O silêncio instalou-se no cômodo me deixando cada vez mais tensa, e resolvi que quebra-lo seria uma boa, para começar.

 

– Bom... – ele me encarou e perdi o fio da meada. – perdoe-me se fui intrometida ao entrar aqui. Mas é que procurava por Branca. – eu a olhei, com um misto de alívio e de repreensão, ela entendeu e baixou a cabeça entre as patas, como sempre fazia. – Parece que ela já encontrou companhia por essa noite.

         E melhor que a minha, claro – completei mentalmente, com uma ironia amarga. Edward me sorriu, e me calei. Ele era tão lindo que não conseguia dizer nenhuma palavra, apenas esperei que aquele sorriso não se apagasse daqueles lábios nunca mais.

 

– Você não é uma intrometida. – acariciou a cabeça de Branca. – É apenas uma dona cuidadosa.

 

– Talvez. – funguei e senti os pêlos de Branca esquentando meu pé direito.

 

– Insônia?

 

Talvez. – usei a mesma resposta dada no comentário anterior e dei de ombros. O que importava, afinal?! – Como sabia que era eu?

 

         Vi seu sorriso enquanto eu levantava uma sobrancelha. Acontece que a curiosidade era imensa, e não havia uma explicação que pudesse justificar como Edward havia adivinhado que era eu, sendo que ele estava de costas e, mesmo eu não tendo feito, basicamente, barulho nenhum.

 

– Simples, Bella. – eu o olhei interessada e franzi o cenho, aguardando pela resposta e parecia que ela nunca chegava. Ele abriu os lábios e ouvi sua voz perfeita. – Sou mágico.

 

– E eu sou Janis Joplin. – disse depois de alguns segundos de um silêncio surpreso – da minha parte, claro –, revirando os olhos e o vi ficar sério.

 

– Estou falando a verdade. – o silêncio instalou-se mais uma vez no cômodo, mas agora nos olhávamos nos olhos, e senti o quanto ele queria me ler, me entender, com se eu fosse um problema de física. Fitei o chão.

 

– Desculpe-me se fui rude. Não acredito mais em mágica. – murmurei tristemente, e estralei os dedos tentando disfarçar. Levantei-me da poltrona assustando Branca que já dormia em meus pés. Andei ao lado da imensa estante lotada de livros, de Shakespare à Fritjof Capra, de Aldous Huxley à Lemony Snicket.

 

         Sentia meu rosto corado de emoção, minhas mãos gélidas e sem rumo encostavam-se nas laterais expostas dos livros, meu olfato captava os odores das páginas tanto manuseadas. Eu me sentia fascinada, não havia mais nenhuma palavra que pudesse descrever meu estado emocional. Sentia-me também desnorteada, e talvez um pouco culpada pelo acontecimento anterior com Edward. Mas mágica eu só sentia ao abrir um livro. Parei diante de uma faixa vermelha da lateral de um livro grosso que parecia ser bastante pesado e o toquei com a ponta dos dedos, sentindo meus lábios se abrirem.

 

– Eu que peço perdão. – virei-me assustada e encarei seu peitoral, ele estava ao meu lado e eu nem o tinha visto. Levantei o rosto completamente vermelho de vergonha e olhei em seus olhos. – Deveria saber que algumas pessoas não acreditam.

 

– Sim. – foi apenas o que pude dizer. – Deveria.

 

         Fitei o chão e resolvi que já havia passado da hora de ir para a cama. Virei as costas a Edward e caminhei até a pesada porta, soltando um ‘Vem Branca’ pelos lábios, saindo do cômodo quente e reconfortante. Segui para meu quarto acompanhada por minha cachorra, no completo silêncio. Subi as escadas, entrei pela porta de madeira branca e caí no colchão ‘X’, sentindo-me – finalmente – esgotada.

 

 

– Bella! – revirei-me na cama. – Bella, acorda de uma vez!

 

– Que é? – gemi, apertando os olhos no travesseiro.

 

– Vamos sair. – Alice avisou e despertei.

 

– Pra onde? – perguntei assustada.

 

– Vamos fazer um piquenique. – ela sorri ao me olhar. – E mesmo sendo um pouco cedo, não seria nada legal você ir com esse cabelo.

 

– Ah, tá. – ironizei e resmunguei mais algumas palavras inteligíveis, escondendo-me debaixo do edredom mais uma vez, depois de constatar ser sete horas da manhã no relógio. – Obrigada pela parte que me toca.

 

– Bella. – senti o peso do tecido em meu rosto desaparecer e encarei a luz com dificuldade. – Te encontro lá embaixo para o café da manhã, em meia hora.

 

         Avisou-me e saiu pela porta do quarto. Até que não havia sido tão ruim dormir no colchão ‘X’. Comparado ao próximo compromisso, parecia ser muito fácil dormir num lugar desconhecido.

         Levantei-me o mais lenta que eu podia e tomei uma ducha, ouvindo os dedos estralarem ao lavar os cabelos. Enfiei-me num jeans, numa camiseta branca qualquer e na minha jaqueta de couro, calçando meus antigos all stars em seguida. Pelo bem de meus ouvidos resolvi pentear os cabelos, passar um brilhinho básico e um perfume qualquer que Alice havia enfiado em minha mala, afinal, se eu não me produzisse, nem o pouco que fosse, seria alvo de críticas, e provavelmente, assaria numa fogueira que a nanica assassina teria o prazer de acender, tipo Joana D’ark. É, medo. Desci as escadas aos pulos, tentando parecer agitada, mas meu rosto me denunciava. Tentei procurar alguma motivação para continuar sorrindo e fingindo estar completa, nada. Satisfazer minha amiga não era o suficiente, infelizmente.

 

– Está atrasada dois minutos, Bella. – encarei a mesa que continha toda a família reunida, tomando seu café da manhã, ou “ceia larga”, como pude notar. A anã de jardim me encarava com olhos assassinos.

 

– Não estou com a menor pressa, Alice. – dei de ombros, enquanto ela bufava.

 

– Sente-se, Bella. – Esme apontou uma cadeira ao seu lado, de frente para Edward; suspirei.

 

– Obrigada. – acomodei-me e fui servida com uma caneca de café puro.

 

– Não é o café que você costuma fazer, ou tomar. – sorri para Rosalie e bebi um gole do líquido escuro, saboroso e quente.

 

– Está ótimo. – continuei. – Você que fez?

 

– Sim. – disse orgulhosa.

 

– Está muito bom! – elogiei, sabendo que não estava isso tudo. Recebi um olhar agradecido de Emmet, de Jasper e Alice. Mordi os lábios. – Parabéns.

 

– Obrigada. – seus olhos brilharam.

 

– Quem quer fazer piquenique?! – berrou Alice, enquanto evitava os olhos de Edward, que estava calado desde que havia chegado. Ele foi o único que não soltou um pio enquanto os outros faziam festa; sem contar comigo, claro. – Pena que mamãe e papai não vão.

 

– Não... vão?! – perguntei medrosa, engolindo seco. Duvidei que os outros não pudessem ver minha agonia, pois sorriam debochados, enquanto Carlisle e Esme me olhavam com piedade. Seria muito errado pedir para que fossem? Ou senão, me levassem junto para onde quer que seja?! Eu me comportaria bem!

 

– Vamos visitar uns parentes em outra cidade e talvez, passaremos a noite lá. – disse Esme com um olhar preocupado. Tive vontade de arrancar meus cabelos com as próprias mãos.

 

– Hm. – engoli o café, passando as unhas pelos cabelos apressadamente.

 

– Vamos, Bellita! – Alice me puxou da cadeira e eu cambaleei. Fui enfiada dentro de um carro, e a única coisa de que me lembro, enquanto estava sóbria, era de acenar para Carlisle e Esme, que estavam na entrada de carro e sentir vontade de chorar por deixá-los. Minha cara de cachorro-que-caiu-da-mudança denunciava isso enquanto eu, retardamente, acenava para o perfeito casal.

 

– Animada?! – olhei para o banco do motorista e quis me suicidar. Edward colocou meu cinto de segurança enquanto eu o olhava completamente embabascada.

 

– O quê...? – tentei perguntar, mas no fim das contas, parei de tentar e só fiquei com cara de tacho, esperando que ele pelo menos entendesse minha pergunta, e a respondesse.

 

– Se não percebeu, estamos numa caminhonete. – olhei pelo vidro atrás do meu banco e vi uma grande caçamba, apinhada de coisas que me eram errantes e desnecessárias. – Alice vai com Jasper e o resto da cambada no jipe de Emmet. E já que não caberíamos lá, e precisávamos levar os exageros da anã...

         Vi seus ombros subirem e descerem em seguida como um ato de desinteresse e ainda continuei a olhá-lo, tentando compreender o porquê estava ali, com ele, tirando o fato de não cabermos no jipe. Tínhamos uma opção muito mais fácil, que era simplesmente: eu não ir. Mas minha vilã número um – que ironicamente, também era minha melhor amiga – sempre acabava com a minha festa, para começar a sua própria. Manipuladora filha da puta! Senti o carro dando a partida e vi pelo vidro da janela a casa tão linda e adorada ficar para trás.

 



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Notas finais do capítulo

Ah, gostaram?!
Gente, até agora são apenas quatro comentários. Mas eu estou extremamente felizes com eles. Peço para todos aqueles que leêm que também me animem um pouco. Que seja uma troca justa: eu lhes dou minha história, vocês me dão seus comentários, com opiniões, críticas, sugestões, elogios, e enfim. Todos ficam felizes e tudo sai lindo. Então, peço para que colaborem um pouquinho mais. Afinal, não custará seus dedinhos, sim?! *o*
Mais uma vez, obrigada a quem comentou e a todos que leêm também. (: