4ºCapitulo

Na manha seguinte...

Adormeci e acordei a pensar no mesmo, e posso dizer que tive dificuldades em adormecer.

A ideia de ter alguém a observar-me tirou-me o sono e deixou-me completamente apavorada.

Eu não quis dizer nada ao Joe, pois ele podia pensar que sou maluca ou coisa parecida, mas eu tenho a certeza que aquilo não era pássaro nenhum. Eu sei o que vi, e era realmente uma pessoa. Mas a forma como se movimentou... Aquela velocidade era anormal. Nenhum ser humano se consegue movimentar daquela maneira.

Mal acordei fui logo a cozinha tomar o pequeno-almoço. Quando lá cheguei, estava lá o meu irmão sentado á mesa a comer cereais.

 - Bom dia maninho. - Disse com um sorriso e em seguida bocejei.

 - Huh. Alguém dormiu mal hoje. - Disse num tom de voz brincalhão. Fui buscar o leite ao frigorífico, uma taça ao armário e uma colher e sentei-me a frente dele. - Bom dia. - Sorriu e passou-me os cereais.

 - Não me digas nada. Custou-me bastante a adormecer. - Disse enquanto punha os cereais e o leite na taça.

- Bom dia! - Disse o Joe super bem-disposto ao mesmo tempo que entrou na cozinha. A sua voz fez-me saltar. Olhei para ele. Ele estava a sorrir e a espreguiçar-se.

Devia de ter ficado no meu quarto. Comecei a comer e tentei ignora-lo ao máximo.

- Senta-te e toma o pequeno-almoço connosco. - Apontou para o armário atrás de mim. - As taças estão ai.

Em seguida o Joe foi buscar a taça e foi se sentar na cadeira… ao meu lado.

Só me faltava mais esta…

15 Minutos depois...

O Joe e o Jesse estavam em pé a frente do lava loiça a conversar sobre o jogo de ontem a noite enquanto eu acabava de comer.

 - Bem, vou-me despachar. – Levantei-me e fui em direcção a porta.

Conforme sai da cozinha, eles começaram a falar sobre a saída deles. Eu por um lado queria sair dali, mas por outro, estava bastante curiosa em ouvir o que eles iam dizer… Por isso resolvi-me encostar á parede ao lado da porta.

 - Então, tu e a Katherine ontem, hãm!? Quem diria. – Disse o Jesse e em seguida riram-se os dois.

 - A rapariga não parava de se fazer a mim…

 - E tu aproveitaste-te logo... É bem, é bem. – Riu-se.

Urgh, os rapazes são todos iguais… Até metem nojo.

 - Não foi bem assim. Tipo, eu já tinha bebido uns copos a mais, e digamos que ela é que se aproveitou… De mim…

 - A Cassie disse que vos apanhou bem “íntimos”…

Okay, não quero ouvir mais nada… Ewww… Saí dali a correr e fui direita a casa de banho tomar um duche.

Estava tão chateada e irritada neste momento. Como é que ele foi capaz de me beijar e depois, minutos depois, estar a beijar outra gaja. Sinceramente pensava que ele era diferente, mas afinal estava enganada.

Quando saí do banho, sequei o meu cabelo com a toalha e pus óleo no meu corpo. E em seguida fui para o meu quarto.

Mal entrei, fechei logo a porta…

 - Olá… - Assustei-me. Conforme me virei para traz, vi o Joe sentado numa cadeira que tinha perto da janela.

 - Estás parvo? Assustaste-me oh! – Tentei controlar os meus nervos. – O que pensas que estas aqui a fazer? Sai já do meu quarto! – Disse, seria entre os dentes ao mesmo tempo que apontei para a porta.

 - Hey calma, sou só eu. E esta descansada que o teu irmão não sabe que estou aqui… - Ele começou a avançar em minha direcção lentamente. – Ele está lá em baixo entretido a ver tv. Podemos aproveitar… - Ele estava prestes a tocar-me quando me desviei.

 - Não me ouviste? Saí… JÁ… - Quase que gritei. Ele pós as mãos nos meus ombros e beijou-me. Pus as minhas mãos no peito dele e empurrei-o. – Ou saís, ou começo a gritar. Agora escolhe.

 - Mel o que se passa? Ontem a noite parecia que… - Interrompi-o.

 - Como se não soubesses o que fizeste. Se querias tanto estar com ela, porque é que me beijaste? – Ele ia a falar mas não o deixei. – Sabes que mais!? Não quero saber. Eu simplesmente quero te fora do meu quarto.

 - Espera ai… Estas a “acabar” comigo?

 - Querido, como vou acabar uma coisa que nunca começou!? – Sorri sarcasticamente, mas o que me apetecia fazer era chorar. – Baza!

 - Não é o que tu estás a pensar… Eu não sei o que aconteceu. Quer dizer, eu nem a posso ver a frente, e de repente… bem…

 - Asserio poupa-me os pormenores e as desculpas. Eu não quero ouvir. É a tua vida, fazes dela o que te apetecer. – Abri a porta. – Agora sai, quero-me vestir.

Ele saiu sem dizer nem mais uma palavra. Abri o roupeiro e vesti as primeiras skinny jeans que me apareceram a frente e uma t-shirt, e em seguida calcei os meus vans e saí de casa. Eu precisava de apanhar ar… De pensar…

2 Horas depois…

Andei este tempo sem parar… Sem rumo… E quando dei por mim, não sabia bem onde estava. Mas naquele momento eu não queria saber. Vi um parque a poucos metros de distância e decidi ir-me sentar um pouco num dos bancos. Estava tudo tão deserto, tão calmo, o que me deixou um pouco com receio de estar ali sozinha mas tinha coisas mais importantes para pensar, e eu sabia que ali ninguém que eu conheço me ia encontrar.

Mal me sentei começou a chover bastante, mas isso não me fez ir embora. Aquilo até sabia bem. Levantei a cabeça e fechei os olhos, deixando a chuva molhar o meu rosto com intenções de lavar os meus problemas e levá-los para bem longe… para um lugar onde não os pudesse voltar a encontrar. Mas eu sei que isso era impossível.

Minutos mais tarde…

 - Me!? – O som veio de trás de mim.

Esta voz não me é estranha. Continuei com os olhos fechados, pois pensei que era apenas a minha imaginação e que realmente não estava ali ninguém… Até que senti a colocarem algo quente pelas minhas costas, o que me fez abrir os olhos.

Eu não queria acreditar no que estava a ver. Não faço a mínima ideia como ele me encontrou aqui mas, estava contente por vê-lo.