Nine Months escrita por Anny Taisho


Capítulo 5
Grávida?!




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Cap. V – Grávida?!

Nanao caminhava apressadamente para a sala de reunião das Mulheres Shinigamis, estava atrasada para o chá de berço da capitã do Nii Bantai. A morena sentia uma vontade de matar Shunsui, era a terceira vez naquela semana que ela acordava atrasada, DEPOIS do parceiro e que ele não a acordava. Ficava ali olhando-a dormir...

Era o cúmulo aquilo! Todo trabalho tinha atrasado e agora estava atrasada para a festa! Okay que o tempo que ela gastou para escolher o presente que daria foi maior que o necessário, mas não teria atrasado tanto se tivesse ido trabalhar na hora certa.

Céus! O que estava acontecendo com ela? Sono, gula, enjôos... Não era uma coisa comum, só podia estar doente! Os nervos, só podiam ser os nervos! Que outra explicação haveria para aquilo?

Bem, não era hora de pensar nisso, a Ise ajeitou os óculos antes de entrar na sala onde estariam as demais shinigamis. Agora seria um momento de descontração, nada de pensar em problemas.

Assim que abriu a porta se deu conta de que a sala estava completamente diferente, havia uma decoração rosada feita dos mais diferentes tipos de papéis, uma mesa cheia de guloseimas: marias-moles, brigadeiro, bolos, tortas, sucos, refrigerantes, balas de leite ninho, pirulitos de açúcar... Tudo com um toque rosado.

Havia uma outra mesa com os presentes para a futura mamãe, tocava ao fundo uma música provavelmente oriunda do mundo humano, as mulheres andavam apressadamente de um lado para o outro organizando alguma coisa que ainda faltava.

Rukia corria atrás de uma pequena de cabelos negros que trazia um pequeno pacote nas mãos... Pela semelhança a Ise chegou a conclusão de ser a filha da senhora Abarai. Era uma menina muito linda, extremamente parecida com a mãe.

— Isane! – Nanao caminhou até a amiga – Soifon Taisho ainda não chegou?

— Olá, Nanao... Não, ela ainda não chegou! – a fukutaisho do Yon Bantai estava sentada com uma xícara de chá nas mãos –

— Isso aqui está animado! – a morena riu –

— Você perdeu o Hyuu-kun tomando o pirulito da Riika-chan... – Isane parou para rir – A pequena correu atrás dele e não é que o derrubou e pegou o pirulito de volta?

— Nossa! Crianças... São tão instáveis...

— E agora mesmo os dois já estavam brincando... Mas o que aconteceu, demorou para chegar? Problemas no esquadrão?

— Que nada! Só acordei depois da hora e acabou atrasando tudo...

— Você dormindo demais, Nanao? – Isane arqueou uma das sobrancelhas – Não creio...

— Eu disse que ando estranha, não disse? – a fukutaisho correu os olhos pela sala vendo Matsumoto tirar o filho do chão para dar-lhe alguns beijos – Ando com tanto sono... Nossa, fazer a papelada tem sido um grande desafio.

— Eu disse que tem que relaxar mais... Você vive uma pilha de nervos! Te faz mal, sabia?

— Eu tento... Mas nem sempre dá certo!

Antes que pudesse ser repreendida por Isane, a atenção das duas é roubada por uma figurinha de menos de um metro de altura, cabelos escuros com uma tiara vermelha, grandes olhos azuis, kimono arroxeado com flores e que trazia um caderno nas mãozinhas.

— Oooooi!!! – ela entrou na frente das suas –

— Oi. – Nanao sorriu –

— Você quer ver o desenho que eu fiz?

— Bem... Claro, deve ser um desenho bonito.

Riika, a filha mais nova de Rukia, abriu o caderno e começou a exposição de seus desenhos coloridos e infantis. Que fatalmente eram melhores que os da mãe... Podem acreditar! Haviam muitos coelhos e ursos, arco-íris, árvores e rabiscos que a morena entendeu por ser a ‘assinatura’ da Abarai.

— São muito bonitos, Riika-chan... Você desenha muito bem! – Nanao abriu um lindo sorriso –

— A kaa-san fala que um dia vou desenhar que nem ela... Mas o to-san diz que se Kami quiser isso nunca vai acontecer... – ela ri – É muito engraçado ver a cara que ela faz quando ele diz isso.

— Os adultos são muito bobos, não dê moral para isso!

— Hum... Tá! Pega suco para mim, tia? A kaa-san tá tentando descobrir o que aconteceu com a tia Soifon ai ela nem me ouve!

— Claro, claro... – Nanao se levanta e dá a mão à pequena menina – Já volto, Isase-san.

— Claro, eu espero!

A médica fica olhando a amiga caminhar e conversar com a pequena. Apesar de dizerem que Nanao era uma mulher seca e até frigida, era inegável que ela levava muito jeito com crianças. Não era do tipo que babava, mas tinha muita paciência e jeito, podia dizer que tinha jogo de cintura.

Logo após pegar o suco de Riika, Hyuu apareceu também querendo a atenção da moça e lá foi ela pegar outro copo. Depois de uma ou duas implicâncias os pequenos saíram correndo para brincar com Hana e Yuu que acabavam de chegar com Momo.

— O Hyuu-kun parece gostar muito de você... – comentou a médica –

— Eu ajudei a Rangiku-san depois do parto, ela estava sozinha e precisava de uma amiga... Deve ser por isso, passei muito tempo com ele. Até hoje quando ela precisa fazer hora extra porque não trabalhou o quanto devia sou eu quem fico com ele.

— Leva jeito com crianças... Vai ser uma boa mãe... – era a segunda vez que alguém lhe falava isso em menos de uma semana –

— É a segunda vez que me falam isso essa semana... O que é isso? Um complô? – a Ise soltou uma risadinha –

— O que fazer se isso está tão evidente? 

As duas amigas riram e ficaram conversando até a chegada de Soifon. Essa que realmente estava com uma cara de ‘ o que estou fazendo aqui’? No entanto, no final, foi bem divertido. A morena pareceu gostar de todos os presentes, apesar de não ter conseguido adivinhar nenhum durante a brincadeira.

A festinha acabou por volta das cinco da tarde e Nanao ficou para ajudar a arrumar a sala juntamente com Isane e Rangiku, essa que não ficou de muito bom grado, a escolha havia sido feita no palitinho.

Hyuu brincava sentado no chão desenhando em uma folha branca que ganhara de Nanao. E as demais limpavam a sujeira, Yachiru tinha conseguido esparramar migalhas para tudo quanto era lado... E como sabiam que havia sido a rosada? Onde ela passava ficava um rastro.

— Essa menina ainda vai acabar diabética... – resmungou a Ise enquanto guardava alguns doces que haviam sobrevivido ao ataque da menina –

— Acredite se quiser, mas ela tem os melhores índices de glicose no sangue de toda Seireitei. – comentou Isane –

— Não sejam chatas! Deixem a menina se divertir... – comentou a ruiva dobrando a faixa com que tinha um escrito “Parabéns mamãe!” –

— Seu conceito de diversão não conta, Rangiku-san! – argumentou Nanao –

— Você precisa relaxar mais, Nanao, a vida é mais do que relatórios chatos!

— Mas se não fossem esses chatos, garanto que a Soul Society seria pior que o inferno. – a Ise terminava de guardar os doces que haviam sobrado –

— Yare, yare... Não precisa ficar estressada. Eu só acho que você devia ser mais relax... A vida é bela! – a ruiva de seios fartos jogou-se em uma cadeira – Ufa... Como deu trabalho arrumar isso!

— Kaa-san... Olha o desenho que eu fiz... – o ruivo correu até a mãe com a folha desenhada –

— Hum... Deixe-me ver! – Matsumoto pegou a folha – Que lindo, amorzinho! Vamos pregar na porta da geladeira!

— Tá de cabeça pala baixo... Vira, vira... Assim ó! – o pequeno mostrava como a mãe deveria fazer –

— Oh, claro!! Como não notei!!! Continua lindo mesmo assim! É um ótimo... – ela tentava decifrar os traços indecifráveis do desenho infantil – Cava... – ela olhou para o filho esperando sua aprovação – Cacho... – ele balançava a cabeça negativamente – Passa... – o menininho começava a franzir o cenho – Tartaruga marinha da costa brasileira!!

— Isso!! Isso, kaa-san!! Já tava pensando que você não sabia o que era!!

— Como não?? A mamãe sabe de tudo desse menino lindo! – Matsumoto colocou o desenho sobre a mesa e pegou o filho no colo –

— Tá sufocando, kaa-san!

Nanao e Isane ao verem o desenho não conseguiam imaginar onde a amiga tinha visto uma tartaruga marinha da costa brasileira. Céus, como ele sabia onde ficava o Brasil?? Sem dizer que aquele ovo azul com pelotas em volta não parecia uma tartaruga!

Só podia ser coisa de mãe ou coisa de chute muito bem dado!

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Nanao, Rangiku e Hyuu caminhavam para os respectivos Bantais das fukutaishos lado a lado. Depois da reorganização dos treze esquadrões de proteção há cem anos quando as duas viraram vizinhas, literalmente, a amizade tinha ficado muito mais próxima.

As duas mulheres caminhavam falando sobre futilidades, vale salientar que Nanao mais ouvia do que falava, o que não fazia o clima ficar menos agradável. O pequeno caminhava de mãozinha dada com a mãe olhando os shinigamis que passavam.

— Você precisa ver, eu comprei umas roupas lindas!!! Sem contar nos brinquedos que trouxe para o Hyuu... Cada coisinha linda de morrer!!!

— Eu imagino, Rangiku-san... Eu imagino...

— O que foi, Nanao? Não vai falar nada, perguntar com quem eu deixei o Hyuu... Está tão quieta...

— Um pouco de dor de cabeça e um enjôozinho chato... Acho que comi doces demais! A gula é um sério problema!

— Eu notei mesmo... Ultimamente você anda terrível! – a ruiva ri – Traça tudo o que te oferecem, fiquei sabendo que esses tempos para trás você vomitou nos pés do Ikkaku!

A morena fechou os olhos, suspirou e passou as mãos nos cabelos. Aquela história havia sido uma comédia tragicamente vergonhosa. Matsumoto estava no mundo real, houve uma reunião dos fukutaishos, Yachiru tinha ficado doente e Ikkaku fora em seu lugar... Do nada enquanto conversava com o shinigami uma vontade louca de vomitar subiu e foi...

A Ise não sabia onde enfiar a cara.

— Nem lembre isso, Rangiku-san... Nem lembre... Até hoje estou com vergonha!

As duas riram, o que assustou um par de shinigamis que passava, não era uma coisa comum Nanao Ise, a traça de biblioteca sem sentimentos do Hachi Bantai, rindo tão espontânea e abertamente.

Tudo estava muito bem, Nanao virou-se para dar atenção ao pequeno Hyuu quando de repente o mundo começou a girar, a visão dos olhos púrpuros embaçou-se e ela não viu mais nada. Nem sentiu o impacto de seu corpo delicado com o chão. Seus sentidos esvaíram-se como a água que entorna de um copo.

— Nanao!!! – Rangiku assustou-se correndo até a amiga com o filho – Nanao... Acorde! Vamos... O que aconteceu??

A ruiva ajoelhou-se ao lado do corpo caído e com uma das mãos elevou o nível da cabeça da amiga tentando fazê-la voltar a si. O pequeno ruivinho cutucava o braço da tia, não tinha entendido o que estava acontecendo... Será que a tia tinha resolvido tirar um cochilo?

— Kuso!! Nanao!!!! – ela chacoalhava um pouco a morena – Alguém me ajude!

Matsumoto olhava para os lados a procura de alguém para ajudá-la, mas por incrível que pareça ninguém estava passando por perto. A fukutaisho estava ficando desesperada, não podia sair deli e deixar a amiga desmaiada com o filho...

Kami-sama! O que tinha acontecido?? Por que ela estava desmaiada?? Foi ai que se lembrou do comunicador... Iria chamar alguém para ajudá-la. No entanto, para sua sorte o segundo encarregado do Ichi Bantai apareceu virando uma das esquinas.

— Sasakibe-san!! – Matsumoto ergueu um dos braços chamando o homem – Por favor! Me ajude aqui!

O shinigami mais que depressa usou um shunpou para chegar até a companheira fukutaisho para ver o que estava acontecendo. E então foi quando viu a jovem Ise caída no chão.

— O que aconteceu? Ela está bem?

— Não sei, ela desmaiou e eu preciso de ajuda!! Poderia levá-la até o Yon para mim? Eu não sei o que fazer... Estou tão assustada!

— Claro, claro... Eu ajudo! Calma, Matsumoto-san!

O homem pegou a pequena Ise nos braços e os quatro se encaminharam para o Yon Bantai. Nanao foi atendida imediatamente por Retsu que tinha acabado de chegar do décimo terceiro esquadrão. Sasakibe colocou-a sobre uma maca e pediu que Rangiku desse notícias porque ele tinha que resolver algumas coisas para o comandante Yamamoto.

Rangiku caminhava de um lado para o outro com o filho no colo, esse que não estava entendendo nada, mas também não ficava perguntando para não deixar a mãe mais aflita.

Dentro do consultório...

Nanao começava a voltar lentamente a consciência, tendo seus sentidos inundados pelo cheiro forte do éter usado para manter esterilizado o local. Sua cabeça rodava um pouco deixando-a confusa, onde estava?

A moça tentou usar os braços como alavanca para poder sentar e assim se situar dos fatos e lugar, mas não tinha tanta força assim ainda, então um par de mãos delicadas a ajudou a sentar-se: Retsu. A morena tinha a mesma face serena de sempre, não dava para saber o que ela estava pensando... Retsu?? Estava onde afinal??

— Retsu-san...? – disse a Ise tentando fixar sua visão na mulher, estava sem suas lentes corretivas, o que não ajudava nada –

— Calma, Nanao-san... Você desmaiou e te trouxeram para o Yon Bantai.

— Como é?! Eu desmaiei?!

Nesse instante a fukutaisho do Hachi bantai tentou levantar-se da maca sendo impedida pela capitã que estava a sua frente. A mulher já esperava uma reação parecida o que não tornou difícil impedi-la.

— Calma, Nanao-san... Sua pressão caiu... Respire com calma.

— Eu não tenho pressão baixa! O que demônios está acontecendo comigo?

Nanao sentiu um grande nó formar-se em sua garganta como se quisesse chorar, estava cansada daquelas coisas estranhas que estavam acontecendo com ela, queria que parassem! Será que estava mesmo doente? Céus... Só podia ser isso!!

As lágrimas agora queriam descer a todo custo, não por estar doente, elas simplesmente queriam descer. Ela estava irritada, chateada, enjoada – por causa do cheiro -, triste... Era uma salada de sentimentos que queriam a todo custo dominá-la.

— Tem certeza de que não sabe, Nanao-san? – Retsu esboçou o que a moça imaginou ser um sorriso, sua visão estava uma droga –

— Como é que vou saber? Eu ando enjoada, inchada, faminta, tonta, sonada... Isso não é normal! Só pode ser doença! – esbravejou a moça indo da tristeza a ira –

— Você menstruou, Nanao?

Que tipo de pergunta era aquela? Claro que ela tinha menstruado!! Tinha sido dia... Dia... Que dia era mesmo aquele? Ela tinha ficado menstruada sim... Claro que tinha, seu ciclo era como um relógio suíço, sempre pontual.

— Claro! Eu... Foi dia... – ela fazia as contas mentalmente – Há dois meses...?

A última frase saiu num sussurro que só a própria shinigami ouviu. Nesse instante a mulher caiu num mar de devaneios... Todos os acontecimentos dos últimos tempos colidiram contra o cérebro dela. Os enjôos, a fome, as vertigens, os vômitos, o sono, as mudanças de humor... E agora a falta daqueles malditos dias!!

Kami-sama!!! Como não notou antes? Ela estava... Estava... Estava...

— Grávida... – sussurrou Nanao num tom que beirava a dúvida e incredulidade –

Não! Não! Não! Não! Ela não podia estar grávida! Não era casada, seu relacionamento não poderia ser julgado nem de longe como uma união estável, ela tomava anticoncepcional e usava o DIU... Bem na verdade, ela tirara o último em sua última consulta ginecológica, mas isso não mudava o fato de que ela tomava seu remédio todo dia sem mudança nem na hora.

Era impossível que estivesse grávida!

Ela não estava!! Era só uma coincidência infeliz!! Ela não podia estar carregando um filho de Shunsui!! O que seria dela caso aquele despropósito fosse minimamente verdade? O que falariam dela? O que seria daquela criança?

— Nanao-san... – Retsu estava começando a ficar preocupada com o estado de sua paciente –

— Eu não estou grávida! – a Ise pulou da maca ficando de pé – É só uma infeliz coincidência! Eu não posso estar grávida!

A shinigami queria saber de seus óculos, ficava desorientada sem eles, sua miopia era pesada e o estado nervoso não ajudava muito. Encontrou-os sobre uma mesinha ao lado da maca colocando-os na face sentindo o mundo entrar em foco novamente.

Iria embora, não precisava ficar ouvindo aqueles despropósitos!

— Eu não creio, Nanao, não vejo o que mais pode ser... Pedi um exame logo após sua chegada, depois de amanhã sai a confirmação.

— Então daqui a dois dias você vai ver que tudo isso não passa de um grande engano! Como eu posso estar grávida se tomo anticoncepcional?

— Nenhum método é cem por cento garantido, Nanao, por isso costuma-se usar dois... Mas isso não importa agora, você está grávida, o exame é apenas uma formalidade.

Aquela realidade não poderia ser a verdadeira! Ela? Grávida? Mas ela sempre fora tão cuidadosa... Isso não podia ter acontecido. Ela não fora criada daquela maneira. Não que fosse alguma hipócrita, ela tinha um relacionamento com Shunsui que os pais provavelmente não apoiariam se fossem vivos, mas uma criança mudava completamente as regras do jogo!

Um bebê precisa de uma estrutura familiar que ela não tinha para oferecer. Não era para ser assim... Queria casar primeiro, queria fazer as coisas do jeito certo!

— Não... Não... Eu não posso... – ela tentava convencer a si mesma –

— Você nunca pensou em ter filhos? Isso é uma benção... Não é?

Retsu estava entendendo tudo, a lembrança da conversa de alguns dias veio-lhe a mente, o problema não era a gravidez em si. Nanao estava preocupada com o que pensariam dela, principalmente o que Shunsui pensaria, ela não tinha certezas sobre aquela relação e agora temia acabar sozinha.

Ela estava insegura e com medo. Os olhos dela denunciavam todo o pavor de ser julgada, de ter os sonhos destruídos... A médica imaginava que o relacionamento dela não era nem de longe como ela pensou que seria ao amar alguém. Kyouraku estava longe de seguir qualquer padrão social, o que valia para seu jeito de agir com relações pessoais.

Dessa maneira, a mulher só encontrou uma coisa a fazer para tentar passar um pouco de conforto a garota: abraçou-lhe ternamente. Sabia que Nanao só precisava se acalmar para olhar através de outro prisma aquela situação.

— Um bebê? – ela disse perdidamente – Eu vou ser mamãe... – enquanto devolvia o abraço de Retsu –

— Parece que sim... Um pouco mais cedo do que você imaginava, creio eu, mas acho que isso é o de menos.

As duas se separaram e a morena fukutaisho caminhou até uma das cadeiras presentes no consultório, sentando-se em seguida. As lentes corretivas foram retiradas e colocadas sobre uma mesa, depois as pequenas mãos cobriram o rosto feminino enquanto ela suspirava pesadamente.

Não era nada fácil aceitar a atual situação que se encontrava. Estava carregando uma vida dentro si, colocaria no mundo um filho... Kami-sama... Aquilo era tão complexo, não era o tipo de coisa que deveria acontecer acidentalmente. Claramente, a mulher não tinha intenção alguma de impedir aquela gestação e muito menos indesejava aquilo, estava apenas muito surpresa.

Dentro de poucos meses traria um bebê ao mundo, isso era imutável, mas como viveria isso era outra história... Shunsui não era o tipo de homem de família que tinha mulher e filhos, o seu tipo batia mais com um solteirão que não se compromete por muito tempo, sua reação era algo imprevisível.

Talvez ele não quisesse aquilo... Talvez ele terminasse o relacionamento... Talvez ele nunca mais lhe olhasse na cara...

Talvez.

Talvez.

Talvez.

Sua vida estava repleta de ‘talvez’ quando mais precisava de certezas positivas. Mas o que podia fazer? Se não acabasse bem, ela não seria a primeira mulher a ter um filho sozinha e era mais do que gabaritada para aquela função. Por mais que essa possibilidade estilhaçasse seu coração, ela não descartava a possibilidade de ser deixada e também não faria alarde se acontecesse. Teria que seguir e ponto. Se sozinha ou acompanhada... Descobriria depois.

— Nanao-san... Quer falar sobre isso? Ou tomar um chá?

— Iie. – a Ise recolocou os óculos na face – Não se preocupe comigo, não vou fazer besteira alguma... O que você viu foi apenas a negação e a fúria, agora estou bem e... Feliz, apenas um pouco confusa.

— Eu não achei que faria alguma besteira... O que vai fazer agora?

— Agora vou para casa tomar um banho e pensar em como assinar minha sentença... Não se preocupe, vai saber como terminou, não acho que vou conseguir esconder por muito tempo...

— Vai ficar tudo bem, não fique sofrendo sem motivo. – como ela queria acreditar naquilo que a médica lhe dizia –

— A única certeza que tenho é a que carrego no ventre, o resto vamos ver como acaba! – Nanao sorriu e caminhou até a porta – Vou despreocupar a Rangiku-san... Obrigada, Retsu-san, você ajudou muito mais do que pode imaginar.

Continua...

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Desculpe se houver errinhos... Não tive muito tempo de revisar, fiz o cap correndo para ppostar para vcs!! Kiss kiss Amo muito tdos os meus fãs, comentem e um kiss kiss especial para a Senju-chan!