Doces ou Travessuras escrita por TayCristie


Capítulo 1
Doces ou Travessuras


Notas iniciais do capítulo

Primeira one-shot que crio, e resolvi fazer de terror.
Espero que gostem...



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  31 de outubro, noite de Halloween. Todas as casas estavam enfeitadas com abóboras no quintal, com velas em seu interior oco.

  Até mesmo Ever Summers havia enfeitado seu quintal, mas era apenas para deixar as crianças com vontade dos doces que ela podia ter. Ever era uma garota malvada, não dava os doces para as crianças, e nunca recebeu uma travessura. Orgulhava-se de sí mesma por isso.

  Mesmo sabendo como Ever era, as crianças sempre iam à sua casa, com esperança de que ela houvesse mudado seu jeito malvado de ser. E esse ano não foi diferente.

  O primeiro grupo de crianças riam e brincavam, admiradas com a quantidade de doces que haviam ganhado. Então, pararam em frente à casa da Summers.

  _Vamos lá - disse uma garota fantasiada de Sininho.

  Havia cinco garotas. A fantasiada de Sininho, a de Wednesday Adams, a de Hermione Granger, a de Cinderela e a de Noiva Cadáver.

  Elas andaram pela estradinha de pedras até chegarem à casa. Tocaram a campanhia, e quando Ever abriu, disseram em coro:

  _Doces ou Travessuras.

  Ever era alta, magra. Cabelos loiros lisos até os ombros, e os olhos mais azuis que o Mediterrâneo. Não estava vestida como se estivesse comemorando o Halloween. Estava normal. Jeans azul, camiseta branca e tênis.

  Ela deu um risinho para as meninas.

  _Doces ou Travessuras - imitou ela, com uma voz fininha.

  As garotas engoliram em seco.

  _Qual é a Travessura desse ano? - Disse ela. - Me deixar esperando por uma? Como sempre.

  A de Hermione gaguejou, mas conseguiu falar.

  _D-desculpe, srta. Summers. Vamos meninas.

  Ever riu de prazer, e bateu a porta com força.

  Quando estavam de volta à rua, a de Wednesday disse:

  _Tomara que arda no fogo do inferno.

  _Cameron - a de Cinderela a advertiu.

  _É só o que eu acho, Rachel - disse ela.

  Então as cinco foram embora.

 

  Depois de bater a porta na cara das garotas, Ever voltou para o sofá e continuou assistindo ao Dicovery Channel.

  Gostaria de saber por que uma garota como Ever pode assistir ao Discovery Channel? Eu também.

  Enquanto estava concentrada assistindo, o telefone tocou.

  _Alô - disse ela.

  _Olá, meu bebê - disse um homem.

  _Michael - disse ela, em uma voz sexy. - Que prazer eu tenho em ouvir sua voz.

  _Digo o mesmo, minha querida. Tem um tempinho pra mim hoje?

  _Sempre - disse ela, passando a língua ao redor da boca.

  _Então, à meia-noite? - Disse Michael.

  _Claro - concordou ela. - Te encontro no mesmo local.

  _Combinadíssimo.

  Depois de se despedirem melodicamente, Ever desligou o telefone e voltou sua atenção para o Discovery Channel.

  Por que seus encontros com Michael tinha que ser à meia-noite? Simples. Ele era apenas o namorado de uma das amigas de Ever. Lauren acha que o seu namorado é o mais fiel de todos. Ah, coitada!

  Ever olhou para o relógio. 10:00h da noite ainda.

  A campanhia tocou mais uma vez.

  _Doces ou Travessuras - disse um coral. Dava para perceber que desta vez eram só meninos. Ever foi até a porta.

  _Qual foi, pirralhos? - Disse ela.

  Eram cinco meninos. Um estava fantasiado de Batman, o outro de Superman, o outro de Dick Vigarista, o outro de Homem de Ferro, e o outro era meio intrigante. Parecia um espantalho. Em sua cabeça ele havia colocado um pano, que parecia um pano-de-chão sujo. Nele ele havia desenado olhos, e a boca monstruosa de brinquedo parecia bem real. Sua roupa era um macacão vermelho, que cobria inteiramente os braços, e iam até os pés, sendo o próprio macacão os sapatos do garoto. Em suas mãos ele usava luvas parecidas com o mesmo pano-de-chão sujo de sua cabeça.

  Ever abaixou o rosto, até ficar cara a cara com ele.

  _Aí, muleque - disse ela. - Tu é sinistro, hein?!

  Ever se recompôs, e o garoto de Batman disse:

  _Vai nos dar os doces ou não?

  _Não - respondeu ela, com um sorrisinho no rosto. - E vê se me aprontam uma Travessura bem maneira. Oops! Me esqueci. Vocês nunca fazem nada.

  Ever deu uma gargalhada e entou, batendo a porta.

  Os garotos deram meia volta e foram. O Espantalho ainda ficou olhando para a porta de madeira, como se a garota fosse abri-la e lhe dar maravilhosos doces. Quando os garotos o chamaram, ele os seguiu, olhando para a casa de Ever de vez enquando.

 

  Ever cançou de ver o Descovery Channel, então desligou a TV e foi para o seu quarto, no segundo andar. 10:30h da noite. Precisava se arrumar para mais um encontro secreto com Michael.

  Foi até seu guada-roupa, e tirou um vestido preto. O vestido tinha o decote quadrado, alguns paetês no busto, e plumas negras na barra. Ever colocou o vestido em cima da cama. Olhou para ele e suspirou.

  _Ah, Michael!

  Equanto ainda admirava o vestido, houve um barulho lá embaixo. Ever se assustou. Desceu correndo as escadas, olhando para todos os lados quando chegou no final. Não viu nada.

  O barulho de novo. Veio da cozinha. Em passos lentos, Ever foi até lá. A cozinha, que estava iluminada apenas pela luz da lua, estava deserta.

  Uma risada fantasmagórica passou por trás de Ever, e ela se virou rapidamente. Um expressão de terror estampada em seu rosto.

  Ela caminhou lentamente de volta à sala. Mais uma vez a risada fantasmagórica.

  Ever procurou pelos quatro cantos da sala, mas não encontrou nada.

  Ela já estava se acalmando, quando olhou para o topo da escada e quis gritar, mas nada saiu de sua garganta. Ela levou as mãos à boca.

  Era o Espantalho. Seus olhos desenhados no pano-de-chão eram assustadores. Sua boca de brinquedo agora estava com um sorriso de dentes pontiagudos, o que a fazia ver que a boca não era de brinquedo. Agora, ao invés da cestinha de doces que carregava, o Espantalho segurava uma longa faca na mão direita. Ela estava até brilhando, e parecendo bem amolada.

  O Espantalho começou a descer a escada, e Ever saiu correndo para trás do sofá. Em uma rapidez sobrenatural, o Espantalho já estava na sala. A faca erguida sobre sua cabeça.

  _Doces ou... Travessuras! - Disse ele, em uma voz que era rouca e fina; fantasmagórica e debochada.

  Ever finalmente conseguiu gritar.

  _Me deixe em paz sua coisa horrorosa - disse ela, pegando o abajur e tacando no Espantalho. Aquilo não fez estrago algum, apenas fez com que o Espantalho fosse mais depressa ao encontro dela. Ever contornou o sofá e subiu correndo a escada, ofegante.

  O Espantalho a seguiu, e antes que ela pudesse chegar ao topo, ele agarrou seu pé, fazendo com que ela caísse, batendo fortemente joelhos e cotovelos nos degraus. Ever urrou de dor. O Espantalho começou a puxá-la pelo pé. Quando ela chegou perto, ele tentou enfiar a faca em seu peito, mas Ever foi mais esperta e rolou para o lado, e escorregou para o final da escada.

  Antes que o Espantalho pudesse alcançá-la, ela correu até a cozinha e procurou enlouquecidamente por uma faca. Enfim achou uma que pretasse. Era tão grande como a do Espantalho, mas ela não sabia se estava tão amolada.

  Ele chegou à cozinha, e mais rápido do que parecia ser possível, ele tentou golpeá-la novamente. Ever pulou para o lado e a faca passou por debaixo do seu braço. Ela também tentou golpeá-lo, mas ele também tinha um bom reflexo.

  Ever foi para trás da mesa, tacando tudo que tinha em cima no chão, enquanto o Espantalho ia atrás dela, grunhindo. Os objetos no chão não o impediram de ser rápido. Em questão de segundos, ele a pegou pelo ombro e a tacou contra a geladeira. Ever bateu a cabeça fortemente e não conseguiu se levantar. Não conseguia nem enxergar direito. Estava tonta. Tudo à sua frente estava embaçado, mas ela conseguiu ver quando o Espantalho chegou perto. Ele levantou sua faca novamente, e Ever rolou para o lado, mas o Espantalho conseguiu fazer um corte em seu braço esquerdo. Ever urrou de dor.

  Recuperando os sentidos, Ever olhou para o Espantalho. Ele estava prestes a lhe dar uma facada na perna. Mais que depressa, ela lhe deu um chute na barriga, o fazendo bater com força na parede.

  Agora ele estava lá, parado, desmaiado. A cabeça de pano-de-chão estava baixa. Ever, segurando o braço esquerdo (mas sem soltar a faca), foi até ele. Estava com medo, mas queria fazer aquilo.

  Ela se abeixou à frente do Espantalho, e com a mão direita tirou o pano-de-chão sujo de sua cabeça. Queria saber quem fizera aquela terrível Travessura com ela.

  Mas aquela coisa não era humana. Sua cabeça parecia um cérebro gigante. No lugar dos olhos, havia órbitas vazias, e a boca era um burado. Não tinha nariz.

  Sem pensar duas vezes, Ever levantou a faca sob a cabeça, e começou a esfaquiar o peito do Espantalho. Um, duas, três... Dez vezes. Então, Ever se lavantou. Indo até a bancada, apoiou o rosto nas mãos e começou a chorar. A faca suja de sangue ao seu lado.

  Um movimento rápido pelas suas costas a fez parar de chorar e se virar. Mas quando viu, o Espantalho já havia lhe golpeado na perna esquerda, na coxa direita e ao lado da testa (perto do olho direito).

  Ever caiu no chão e gritou de dor.

  Lágrimas vieram aos seus olhos. Ela olhou para o Espantalho, que levantou a faca mais uma vez. Mas logo depois a abaixou, e com sua boca monstruosa e seus dentes pontiagudos, deu um sorrisinho para Ever e saiu. Foi embora como se nada tivesse acontecido.

  Ever deitou no chão, com uma das mãos sobre o corte em sua testa.

  Bela Travessura, ela pensou. Bom, ela não queria que lhe aprontassem uma Travessura bem maneira?

 

  Depois de conseguir voltar à sala, ela foi até sua estante e pegou o kit de primeiros socorros. Suas roupas estavam bem ensanguentadas, precisava se trocar. Mas antes precisava cuidade de seus ferimentos.

  Ever rasgou as pernas de sua calça, a deixando como um short. Ela limpou e enfaixou o corte em sua perna e em sua coxa; depois o corte no braço, e indo até o espelho da sala, limpou e enfaixou sua testa. Ainda estava muito dolorida, mas se sentia bem melhor.

  Ela se sentou no sofá e pegou o telefone. Discou o número de Michael.

  _Olá, bebê - disse ela quando atendeu.

  _Michael, não posso me encontrar com você hoje. Aliás, acho melhor pararmos com isso.

  _Está falando sério?

  _Seríssimo - respondeu ela.

  _O que vai fazer sozinha em casa?

  Ever hesitou.

  _Dar doces às crianças - respondeu, e desligou.

  Ela respirou fundo e a campanhia tocou.

  _Doces ou Travessuras - disseram as crianças quando ela atendeu. Eram umas dez, todas vestidas de piratas.

  _Um minuto - disse Ever.

  Ela foi até a cozinha bagunçada, e de dentro do armário tirou uma enorme tigela branca. Quando ela voltou, distribuiu doces para todos.

  _Bem legal essa sua fantasia de múmia - disse um dos piratas. - E o sangue é bem real.

  Todos os piratas saíram dando risinhos, e Ever até riu também.

  Ela estava fechando a porta, quando viu o Espantalho do outro lado da rua.

  Ever olhou para ele, e tentou transmitir naquele olhar a mensagem de que havia aprendido a lição.

  O Espantalho apenas a mirou por alguns segundos, e logo depois foi embora.

  Ever fechou a porta e colocou a tigela de doces em uma mesinha perto da porta. Voltou para o sofá e foi assitir ao Descovery Channel, esperando mais crianças baterem à porta e dizerem: "Doces ou Travessuras".

 


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Foi um terror leve, médio ou bem grande???? Deixe reviews...