Triângulo escrita por medusa


Capítulo 9
Oito


Notas iniciais do capítulo

Oioi, cheguei com mais um capítulo :D
Simples, mas necessário.



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Quando estava perto da hora dos meus pais chegarem, lavei o rosto e respirei fundo. Eu não poderia deixar minhas emoções evidentes. Não até as oito horas, como sempre. Sentei na sala e comecei a assistir televisão.

- Oi – falou meu pai ao entrar.

- Oi, filha – falou minha mãe.

- Oi – respondi.

- Não foi para a casa do garoto hoje? – perguntou meu pai.

- Não.

- Por que?

- Ele... Viajou.

- É mesmo? – perguntou minha mãe, surpresa – Para onde?

- Para Minas Gerais, ele foi visitar a avó dele – até que eu sabia improvisar bem.

- Quando ele volta? – estranha essa curiosidade do meu pai.

“Talvez nunca mais”, pensei.

- Não sei. Acho que daqui a dois ou três meses.

- Ah.

 

Como exatamente todos os dias, três horas se passaram. Fiquei brincando de reprimir o choro assistindo televisão. Minha mãe se sentou do meu lado, no sofá.

- Ele viajou?

- Não.

- O que aconteceu?

Eu tinha que me concentrar para não desabar ao contar o que havia acontecido.

- Eu briguei com ele, acabei tudo. De propósito.

- Por que você fez isso, filha?

- Eu não posso ficar mentindo para todo mundo só para sustentar um namorico que não serve para nada. Eu magoei as meninas por quem eu tenho mais consideração nessa vida, eu conheço elas desde quando eu mal falava, e ele eu só conheço há dois meses. Não posso jogar tantas amizades para o alto por causa de um garoto.

- Pensei que você gostava de verdade dele.

- Eu nunca gostei tanto assim dele – menti. Não só para ela, quanto para mim mesma -, e nem ele de mim. Foi só uma ficada. Eu achei ele bonito, ele me achou bonita, nos beijamos e ponto final.

Surpreendentemente eu consegui não chorar nesse tempo todo.

- Então está tudo bem?

- Por que não estaria?

- Pensei que você ficaria magoada com isso.

- Não estou.

- Bem, a única coisa que me resta é te apoiar na sua decisão. Se você acha que está fazendo a coisa certa...

- Eu tenho certeza – eu a interrompi - de que estou fazendo a coisa certa.

- Ok, então.

Ela ficou por um tempo quieta, pensando. E se levantou, voltando para a cozinha.

Ufa.

 

Cheguei no colégio sem alguma maquiagem e preparada para fazer as pazes com elas.

- Meninas, preciso conversar seriamente com vocês.

Elas me olharam mas não disseram nada.

- Eu acabei tudo com ele. E dessa vez é verdade. Eu abandonei tudo porque não consigo ficar sem falar com vocês assim. Vocês são minha vida – comecei a chorar -, é em vocês que eu confio, e, quer saber? Aquilo com o Daniel foi só uma ficada, a gente nem se gostava de verdade, vamos esquecer tudo o que aconteceu e voltar como éramos antes?

Elas se olharam, com os olhos lacrimejando. Por fim, nos unimos em um abraço coletivo.

- Eu amo vocês – falei, soluçando.

- A gente também ama você, muito – falou Gabriele.

- E a partir de hoje, nunca mais vamos deixar uma briguinha boba como essa nos abalar, ok?

Todas assentiram. O sinal tocou.

Senti que tudo estava de volta. O intervalo começou tímido, mas em questão de minutos já estávamos rindo alto, todas juntas, como velhas amigas.

- É sério, não sei o que faríamos sem você, Bel! – falou Gabriele, depois de mais uma risada juntas.

Todo o resto foi maravilhosamente bom. Ótimo! Eu me sentia em casa de novo.

Até que eu cheguei no hall do prédio. Chamei o elevador, que estava no último andar. Olhei para o lado e vi Daniel entrando no prédio. O elevador não chegava. Ele cruzou a porta do hall. O elevador não chegava.

Dei de costas antes que fosse tarde demais e subi pelas escadas, correndo para ele não me ver. E acho que funcionou, pois nem sua voz eu ouvi.

Entrei em casa, ofegante. Até porque, eram 10 lances de escadas, eu não aguento!

Sentei no meu sofá. Tentei ao máximo afastar os pensamentos ruins. Mas toda hora aqueles olhos quentes e o gosto daquele beijo vinham à mente. Liguei a televisão para eu me desconcentrar de tudo isso, sem muito sucesso.

 Eu, fraca e sensível como sempre, comecei a chorar de novo. Eu ia ter que ser forte para esquecê-lo.


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Notas finais do capítulo

Jajá posto o próximo!



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