Era um dia claro, sem chuva, sem nuvens. O sol brilhava no céu azul e limpo. Estava Mônica lá, de pé, quando Cebola chega. Nesse momento, o mundo parou para eles. Não tinham mais noção de tempo. Não tinham mais noção de nada. O mundo não tinha mais importância. Era a sensação de que tudo girava em torno deles. Todo o conhecimento sobre matemática, ciências, língua portuguesa, toda a inteligência havia sumido. Só haviam os dois, em uma colina com gramado tão verde que brilhava com o sol refletindo sua clorofila. Não havia motivo para saírem dali. Os corações dos dois batiam por igual. O vento no rosto, pássaros assoviando suas canções mais bonitas. Um silêncio agonizante derramou-se sobre os dois. Não havia grito que o rompesse. A voz dela tinha sumido, evaporado, apenas sussurros sem sentimento restaram. Nem a mais alta e profunda voz poderia quebrar silêncio tão angustiante. Apenas o pensamento de quem estava diante do amor da sua vida. Nada era mais perfeito: um dia sem chuva, com cheiro de flores no ar, com o sol reluzindo seu rosto, e você, diante da pessoa tão querida e amada de toda a sua vida. Nada poderia estragar momento tão perfeito como este. Nem a mais radical montanha-russa, nem o cargo mais honroso, na mais famosa empresa do mundo, superava momento tão bom e confortável como este. Mesmo com aquele tão torturante silêncio, aquele momento era perfeito. Ela se sentiu segura para fazer a tão temida pergunta. Ao abrir a boca, um imenso nó na garganta de Mônica se formou. Porém, Cebola estava seguro de si, sabia o que se passava na mente da garota que lhe batia com um coelhinho. Queria o mesmo. Ele a abraçou, ela arregalou os olhos, quando o garoto tão amado encaixou seu corpo no dela. Nesse momento, eles eram únicos no universo. Nada os impediriam de ficarem juntos, de uma vez por todas, acabar com esse chove-não-molha que era a vida deles.

No início, Mônica pensou que conseguiria fazer a tão adiada pergunta, e resolver a vida deles, mas se enganou. Não conseguia colocar palavra alguma para fora da boca. Mas conseguiu reunir coragem para fazer um único pedido para o menino que conquistou seu coração.

— Me abraça mais forte, Cebola.

O pedido foi atendido. Não só o pedido, mas com um bônus, que foi recebido sem nenhuma defesa. Cebola a beijou. Foi um beijo tão confortador, que não valia a pena parar para nem se quer respirar. Foi uma coisa profunda e lenta. Ao pararem, quase não tinham mais ar.

— Namora comigo, Mônica.

Este era o tão adiado e esperado momento. Nada era mais valioso do que isso. Nem o diamante mais precioso da mina mais rica e extensa do mundo pagaria isso. Os lábios de Cebola se mexendo para dizer isso era um prazer.

— Cebola, eu te amo.

FIM