POV. Joe

Enquanto meu pai me dava os últimos conselhos, minha mãe me abraçava apertado e Nick e Kevin me olhavam de um jeito estranho, pareciam arrependidos, isso era divertido pra mim, eles que arrumaram aquela droga de viagem e promoção, deveriam se sentir assim por um tempo.

Assustei-me ao saber que o vôo duraria pouco menos de 22 horas, no que eu estava me metendo? O nervosismo começou a me cobrir dentro do avião particular, era confortante saber que além do Big Rob que iria por precaução, eu era o único passageiro e não haveriam fãs loucas, pelo menos por enquanto.

Aquilo havia sido tão cansativo, meus braços pareciam atrofiados de ficar sentado na mesma posição, eu conseguira domir por apenas algumas horas, mas era como se tivesse feito dez shows sem pausa pra descanso, finalmente havíamos chegado, ainda era dia na Austrália, aquilo me desapontou, eu não poderia dormir logo. Big Rob procurou pelo grande aeroporto alguém que nos esperasse.

- Acho que, ela é a garota... – ele apontou pra garota sentada em um banco, ela parecia tão entediada e ouvia algo que lhe agradava no Mp3 player, mas mesmo assim não a deixava feliz.

Ela olhou em nossa direção e suspirou decepcionada, eu poderia jurar que ela murmurava algo como droga enquanto seguia até nós.

- Cara, eu tive a esperança que você não viesse... – ela disse cruzando os braços.

- Prazer em te conhecer também... – abanei a mão tentando ser irônico – Que pena ficar desapontada, mas vamos de uma vez... Estou cansado, onde está o carro?

- E que pena ficar desapontado agora porque, nós vamos a pé! – ela riu guardando o aparelho no bolso.

- O QUE? – gritei.

- Olha, australianos são conhecidos por seu gosto pra esportes, podemos começar com a caminhada, se é que se pode chamar de esporte, por ser tão fácil... Vamos! – ela balançou a mão e começou a correr pra fora do aeroporto.

- Ela está brincando né? – olhei na direção do Big Rob, e ele estava saindo – aonde você vai?

- Eu vou de carro, desculpe-me ai Joe, mas o castigo aqui é seu... – ele entrou em um carro e se foi.

Avistei a garota louca correndo e peguei minhas malas enormes com muito esforço, não consegui dar passos o suficiente pra alcançá-la, mas eu tentei quase caindo por várias vezes.

- Ei! Volte aqui sua maluca – gritei.

Ela começou correr de costas fazendo gestos engraçados com as mãos e caretas estranhas, gargalhando tão alto e escandalosamente quanto podia. O sol estava quente sobre a minha pele e eu já havia corrido o suficiente pra ganhar uma maratona, eu era uma estrela do rock, será que ninguém viria me ajudar?

A avistei voltando alguns passos e abrindo a porta de um carro parado no meio fio, corri até ela e coloquei as malas na parte de trás.

- Bem, você achou que eu seria louca o bastante pra matar você? – ela riu trancando o porta malas – Eu não quero loucas me ameaçando de morte...

- Então eu ainda não morri? – bufei procurando o ar.

- Não – ela gargalhou – Mas, se quiser pode voltar pra casa agora... – ela disse esperançosa.

- Não tão cedo, você vai pagar por isso garota – eu tentei rir, mas não consegui, usei o ar pra respirar.

Enquanto ela dirigia a observei mais detalhadamente, ela não era como na foto, não parecia nem um pouco uma nerd de óculos. Ela parecia uma garota comum, mas tinha algo diferente em seus movimentos estranhos e exagerados, seus sorriso enquanto caçoava de mim era bem largo e diferente.

- Então – comecei – achei que os australianos fossem mais bronzeados e loiros, você é pálida... – ri dela.

- Achei que os astros de rock tivessem fôlego o suficiente, mas você é uma menininha correndo... – ela me olhou com deboche.

“Ei você, Ei você.

Agora estamos em algo novo

Ei você, Ei você.

Agora você está sentindo como eu?

Venha, grite, Vamos deixar o passado para trás.

Venha, grite alto... Ei você.”

(Hey You)