“Agora eu vejo tudo o que eu sempre precisei

É a garota que está na minha frente

Ela é muito melhor...”

(Much Better)

- Tudo bem, agora que todos estão aqui nós podemos começar a discutir as músicas pra turnê – Nick disse com a “voz da autoridade”.

Ele sempre tomava as decisões. Eu não suportava aquilo, essa era minha banda, eu sou o vocalista. Não me importa se ele estava cantando na barbearia aquele dia, foi apenas seu dia de sorte. Essa era a razão pra eu não querer mais ter uma banda com meus próprios irmãos.

Peguei o microfone e arrumei minha franja.

- Bem, eu gostaria que começássemos com ‘much better’ certo?

- Ok. – Kevin concordou enquanto Greg e John Taylor já estavam começando com a introdução.

- Não – protestei – vamos começar com ‘video girl’... – falei em tom de ordem.

- Joe, é sério, não vamos começar com ‘video girl’ – Nick disse calmamente

Eu odiava ‘much better’ desde o maldito acontecimento. O pior é que Nick tinha razão, a música era ótima pra começar um show, era lenta o suficiente e agitada o suficiente... Droga! E a culpa era minha por ter escrito essa música pra... Ela. Traidora, eu não conseguia pronunciar seu nome, a dor era impossível pra agüentar. Depois de tanto tempo, nada mudara. É por isso que ‘video girl’ era perfeita nesse momento.

- Então escolhe outra, Senhor Presidente!  – exclamei a palavra sarcasticamente – ‘Much better’ eu não canto... Entendeu?

- Olha cara, eu sei que ainda está abalado com... – ele pensou nas palavras certas – o acontecido, mas somos profissionais, saiba diferenciar. – Nick colocou sua mão em meu ombro.

- Certo... – joguei o microfone numa poltrona perto da porta – sendo profissional! Gostou? – saí.

- Joe! – ouvi Nick gritar, mas ignorei.

As ruas de Los Angeles estavam movimentadas como sempre e o sol não me aquecia o suficiente, era uma manhã fria. Coloquei o capuz da minha jaqueta cinza e andei sem rumo, era o melhor que eu poderia fazer agora.

Alguns flashes vinham em minha cabeça e mesmo que eu tentasse sacudi-lá elas não pareciam querer ir embora.

FlashBack-On

O almoço estava ótimo, não poderia estar melhor, e uma das causas era a companhia, que deixava tudo mais perfeito. Camilla usava uma blusa social levemente cinza que eu adorava, estávamos saindo do Joan's On Third café em West Hollywood numa quarta-feira nublada.

- Oh não... – ela disse enquanto eu a fitava encantado.

- O que houve? – perguntei automaticamente sem tirar os olhos dela

- Paparazzi – ela apontou discretamente pra frente, onde um homem robusto segurava uma câmera profissional.

- Não importa... – sorri.

- Sério? – ela perguntou confusa, mas ao mesmo tempo sorrindo – eles vão divulgar e...

- Não importa... – repeti parando pra fita-la melhor. – Vamos? – peguei a chave pra destravar o carro e entramos normalmente.

Naquele dia andamos por toda a parte, eu a levei pra meus lugares preferidos ali, e ao chegar em casa Nick assistia um canal de fofocas com um cara que gritava muito.

 - “Isso mesmo, parece que Joe Jonas não está livre de Taylor Swift...” – o cara gritou de um jeito estranho.

- Hum, bem na hora hein! – Kevin olho pra mim e me jogou uma lata de coca-cola.

- Quer que eu mude? – Nick perguntou

- Não, eu estou bem. – respondi me jogando no sofá.

- “Agora, Taylor Swift fez um vídeo dedicado ao seu término com Joe – o vídeo começou a passar, Taylor segurava um boneco - “olha, este aqui vem até com um telefone. Então ele pode terminar com outras bonecas” – depois ela pegou uma boneca, deveria ser ela dessa vez -  “fique longe dele, ok”?

- Ela pegou pesado... – Kevin disse.

- Ela pode fazer o que quiser. Não ligo pra ela, e o boneco é até bonitinho... – falei rindo e saí da sala.

- Joe, onde vai? – Nick perguntou hesitando.

- Eu tive uma ‘inspiração’ agora, já volto.

Peguei uma foto de Camilla que estava em minha carteira e meu violão.

- “Get a rep for breakin' hearts… Now I'm done with superstars, - hesitei - and all the tears on her guitar. I'm not bitter...” Perfeito. – continuei a escrever.

FlashBack-Off

Balancei a cabeça mais uma vez ferozmente, mesmo que fosse inútil aquelas lembranças precisavam sair de dentro da minha mente, do meu coração. Eu não havia percebido, mas meu capuz já não cobria mais a minha cabeça. Agora já era tarde demais pra colocá-lo.

- Joe! Joe, aqui! – os paparazzi gritaram.

Havia uns cinco, mas se eu não saísse a tempo haveria muito mais. Corri apressadamente de volta pro estúdio.