“Droga, posso saber por que estão me olhando?” Perguntou em voz alta para que todos escutassem.

 

***

 

Gina foi a primeira a se pronunciar:

 

“Estavam falando de você Mione, pelas suas costas.”

 

“Por que isso?”

 

“Acham que foi traição com a casa, o seu namoro com o Malfoy.”

 

“Gina eu preciso te explicar uma coisa, preciso que confie em mim. Quanto a essas pessoas pouco me importa o que estão falando de mim pelas costas.” Disse alterando a voz para que a ouvissem.

 

“Mione, porque está namorando com ele?”

 

“Por favor, confie em mim, no momento eu não posso te dizer.”

 

“Tudo bem, sabe o meu irmão, já está sabendo o que aconteceu, acho que você não deveria falar com ele agora, espere ele se acalmar um pouco.”

 

“Eu sinto muito por ele, lamento ter que ser assim.”

 

“Não lamente Hermione, você não tem culpa, de não gostar mais dele, e sim do Malfoy, como meu pai vive dizendo: O coração tem razões que a própria razão desconhece. É uma frase trouxa, que ele aprecia muito.” Por um breve momento Hermione sentiu-se desconcertada pela amiga achar que ela gostava do Malfoy. Ela jamais cultivaria sentimentos por ele. Aquele poço de arrogância, imaturidade, crueldade, e entre tantos outros adjetivos.

 

“Mesmo assim a culpa é minha, fui eu quem o procurou, eu quem começou com toda essa história, e para que? Para abandoná-lo, magoando-o cruelmente.” Seus olhos marejados, seguravam as teimosas lágrimas que tentavam saltar de seus olhos.

 

“Não se preocupe ele vai entender. Vai dar tudo certo.” Gina compadecendo-se da dor da amiga, abraçou-a. Enquanto se abraçavam uma coruja chegou pela janela. Neville recebeu a correspondência e a entregou a Hermione:

 

“É para você Hermione.”

 

“Obrigada, Neville.”

 

“Sabe não ligue muito para o que essas pessoas falam, na verdade elas têm inveja de você, por quem você é, e então elas inventam de ficar falando mal.”

 

“Ah, obrigada pela dica, eu nem ligo muito, é mais fácil ignorar.”

 

“Claro isso também funciona.”

 

“Tenho que ir agora, até mais.”

 

“Até.” Ao examinar a carta, notou que não havia nenhuma identificação, selo nem nada. Ao abri-la, notou a caligrafia delicada, o pergaminho exalava um perfume de rosas vermelhas.

 

Ela então a leu em silêncio:

 

Hermione preciso lhe dizer algo de muita importância, mas como sou tão covarde a ponto de ter medo de sua rejeição, lhe escrevo. Acredite em cada palavra que aqui escrevo, pois é a mais pura verdade. Tenho há muito tempo reparado na sua pessoa, desde que nos conhecemos você sempre tomou conta de uma parte em mim, mas como eu era muito novo para compreender meus verdadeiros sentimentos por você, nunca me declarei. Sim você já me conhece, não como eu gostaria, mas me conhece apenas artificialmente, espero que possamos ter uma oportunidade e que venhamos a nos conhecer verdadeiramente. Já faz algum tempo que tomaste grande parte do meu coração. Passo os dias a lhe observar de longe, notando seus belos traços, seus lindos cabelos, tão macios e cheirosos. Seu lindo sorriso cega-me dia e noite. Amo-te muito, muito mesmo. Para mim Você é como as estrelas, posso amá-las, mas nem posso tê-las.

Atenciosamente L. 

“De quem é Mione?” Gina curiosa perguntava.

 

“Eu não sei, olhe só.” Ela passou  a carta para que Gina pudesse lê-la.

 

“Ah! Não acredito você tem um admirador secreto.”

 

“Que cafona.”

 

“Não é cafona, é romântico, lindo, mágico.”

 

“Não é uma coisa muito cafona, e seja lá quem for esse tal de L, se me observa tanto já deveria saber que tenho namorado.”

“Ah, vai ver ele só tomou coragem agora que soube que você está namorando. Está com medo de perdê-la, é tão fofo.”

 

“Gina, por favor, não me diz que é uma boba romântica.”

 

“Não, eu apenas sou uma amante apaixonada.”

 

 “Já vi que o Harry te deixou toda boba.”

 

“Diz isso agora, quero ver quando for você que vai ficar suspirando pelo Malfoy.”

 

“Nem me diga. Eu tenho que ir vê-lo, temos que entregar os relatórios sobre os alunos bagunceiros para a McGonagall.”

 

“Ulll, encontro romântico entre os pombinhos.” Gina zombava da cara da amiga.

 

“Gina Weasley é melhor não dizer mais nenhuma palavra sobre isso, ou vou te estuporar.” Ela também ria da situação.

 

“Ulll, ela está ficando nervosinha.” Hermione pegou a varinha e tentou levitar a amiga, que fugiu ainda brincando.

 

“Ulll, ela está vermelhinha, Mione e Draco, sentados numa arvora, namorando e se beijando...”

 

“Gina, cala essa boca.” Gina havia saído correndo pra fora da torre. “Crianças.” Olhou no relógio e notou seu ligeiro atraso.

 

Pansy Parkinson andava furiosa de um lado para o outro em seu dormitório.

 

“Maldita, sangue-ruim, aquela sabe-tudo metida à bruxa...”

 

Foi quando teve sua brilhante idéia, iria se vingar mais rápido do que podia imaginar Hermione que se cuidasse, pois a garota não estava de brincadeira.

 

Assim que Hermione tomou seu café da manhã, ele veio em sua direção:

 

“Oi Mione, não acha que me deve uma explicação?” Era Rony, ele estava visivelmente chateado, abatido, como acabasse de ser azarado.

 

“Quero que saiba que nunca quis magoá-lo, foi tudo muito rápido.”

 

“Não parece. Como foi que aconteceu?”

 

“Ele pediu e eu aceitei.”

 

“Sempre chega alguém na minha frente, não é mesmo, mas tudo bem você fez sua escolha.”

 

“Rony, não foi bem assim. É complicado de explicar.”

 

“Eu já entendi, não precisa me explicar mais nada. Não se preocupe.”

 

“Ainda somos amigos?” Ele não esperava pela pergunta. Confuso respondeu:

 

“É claro sempre fomos.”

 

“Tem certeza, porque eu entenderei muito bem se não se sentir bem sendo meu amigo.”

 

“Hermione, para passar pelo que já passamos todos esses anos temos de sermos amigos, não é um namoradinho seu que vai destruir o que construímos em todos esses longos anos.”

 

“Vai dar tudo certo.”

 

“Eu espero.”

 

“Tenho que ir agora, irei ver a diretora.”

 

“Até mais.”

 

Hermione foi caminhando para a sala da diretora, quando encontrou Draco a esperando em um corredor.

 

“Eu preciso falar com você.” Ele tinha a voz ansiosa, apressada.

 

“Pois fale logo.”

 

“Não aqui, é melhor irmos até o carvalho em que nos falamos ontem.”

 

“Tudo bem, mas tem que ser rápido, ainda preciso falar com a McGonagall, antes da aula especiais ao sabado começar.”

 

Ele pegou sua mão e a saiu puxando pelo castelo, até chegarem ao jardim onde foram em direção ao carvalho.

 

“Eu queria te dizer pra você tomar cuidado.”

 

“Com o que?”

 

“É a Pansy, ela está meio doida, na verdade ela surtou quando soube de nós.” Ouvi-lo pronunciar aquela palavra era estranho, parecia estar vivendo em outra dimensão, aquela não era ela, nem ele. “Ela está disposta a brigar.”

 

“Vai-me dizer que sua amiguinha não sabe se controlar.”

 

“Ela não é minha amiguinha, é uma doida que acha que fomos feitos um para o outro.” Ao dizer a última sentença ela sentiu uma pontada lá no fundo, mas o que seria isso, ciúmes?

 

“Problema dela, ela tem que aceitar o fato de que te perdeu.” Hermione dizia um pouco alterada.

 

“Calma Granger, o que é isso, se não te conhecesse diria que está com ciúmes.”

 

“Era só o que me faltava. Não se esqueça de que tudo isso é apenas uma farsa.”

 

“Meus beijos não são falsos, nem o prazer que eles lhe causam.” Ela se irritou de vez.

 

“Convencido, está admitindo que quando me beija, é pra valer.” Meio atrapalhado.

 

“Então você admite que gosta?”

 

“Nem morta.” Foi o que bastou para ele a tomar em seus braços e beijá-la. Ela bem que tentou se desvencilhar dele, mas ele a abraçou. Quando deu por isso estava correspondendo, não é possível que ele tenha razão, pensa rapidamente. Quando ele finalmente a deixa estão ofegantes, mas ainda estão abraçados:

 

“Viu só, agora admita que gosta.”

 

“Admita você, que fica me beijando por que gosta.”

 

“Pode até ser.” Diz enquanto beijam-se novamente. Eles se desequilibram e caem ao pé da arvore. Eles se sentam encostado ao tronco de frente para o Lago faz uma linda manhã de sol naquele dia, e lá ficaram por muito tempo, nem ao menos foram à aula.

 

“Tudo bem eu admito que gosto de te beijar.” Draco dizia com a cabeça encostada no ombro dela, enquanto segurava sua mão.

 

“Então serei justa e admitirei que gosto do seu beijo.”

 

“Sendo assim.” E ele a beija rapidamente.

 

“Espera por que estamos fazendo isso, se tudo não passa de uma farsa e nem ao menos tem alguém por perto.”

 

“Eu quero dizer uma coisa e tem que ser agora, antes que eu perca a coragem. Eu estou... espera, prometa que não vai rir.”

 

“Eu prometo.” Para ela aquele era o dia mais bizarro de sua vida, nunca que poderia imaginar que estaria ali com ele, tendo essa conversa.

 

“Acho que sinto por você, algo a mais do que deveria.” Ao notar o olhar confuso dela, logo completou. “Estou apaixonado por você Hermione.”

 

Ela petrificou por alguns segundos.

 

“Você está bem? Estou aqui dizendo o que sinto por você, não vai me dar nenhuma resposta?”

 

“Eu... é... desculpe, mas... não sei o que te dizer agora.”

 

“Tudo bem, eu nem sei onde estava com a cabeça pra te dizer isso.”

 

Ela sentiu-se imensamente culpada por fazê-lo de idiota.

 

“Eu não quis dizer isso.”

 

“Não é o que parece afinal o que você sente por mim? Vamos lá tem que sentir alguma coisa, nem que seja raiva, ódio, pena... Alguma coisa você tem que sentir.” Ele se levantou para ir embora.

 

“Espere.” Ela também se levantou, não podia deixá-lo ir embora. “Eu sinceramente não sei, confesso que sentia raiva, muita raiva de você, mas ultimamente, as coisas andam tão confusas entre nós, e agora com esse ‘namoro’ tudo só ficou ainda mais complicado, e os últimos momentos que passei com você, foram surreais, mágicos, mas ainda assim eu não sei definir o que sinto, mas saiba apenas que sinto algo, algo que não entendo.” Seu olhar era aflito e preocupado. Ele apenas pode abraçá-la fortemente. Sem dizer nada ficaram abraçados.

 

Ao longe o ódio de ver aquela cena, explodiu o que restava de sua calma, Pansy estava soltando fogo pelos olhos. Ela desceu rápido demais até eles, na verdade ela corria, com a varinha em punho. Ela se aproximou sem que a notassem:

 

“Que casal mais ridículo, larga o Draco agora sua maldita!” Ela berrava. Os dois surpreenderam-se com a garota.

 

“Pansy, o que faz aqui, e por que diabos está com a varinha em punho, é melhor você ir embora agora.” Draco dizia autoritário para ela.

 

“Não Draco, acho melhor você ir embora daqui porque eu tenho umas contas a acertar com essa...”

 

“Cuidado com o que fala sua vaca mal amada.” Hermione finalmente se pronunciara. “e não contas nenhuma a acertar com você.”

 

“Tudo bem, Hermione eu resolvo isso. Pansy me dê essa varinha.”

 

“Não!”

 

“Anda logo, não estou com brincadeira.”

 

“Draco você está enfeitiçado. Não percebe essa garota  te enfeitiçou, na verdade você me ama. Formamos um lindo casal.”

 

“Você precisa de tratamentos garota. Eu não te amo. Não somos um casal, nem aqui nem no inferno.”

 

“Tudo bem, você vai ficar comigo, logo depois que ela sair da sua vida, você vai ver.”

 

“Chega! Dê-me essa varinha aqui. Antes que você cometa uma burrice.” Sem ao menos pensar ela lançou um feitiço, Draco tentou desviar a mira da varinha, mas não houve tempo.

 

“Estupefaça!” O feitiço atingiu Hermione no peito sem que ela pudesse defender-se, jogando-a longe. Ela caiu no Lago com tamanha força que bateu com a cabeça em uma pedra afundando logo em seguida. Draco sacou a varinha e atacou Pansy:

 

“Petrificus Totalus!” “Ele virou-se em direção ao lago, mas não a viu. “HERMIONE! HERMIONE!” Chamou-s duas vezes sem resposta, ele saltou no lago atrás da garota.