Único - Sutiã e calcinha

Nunca, eu digo nunca, vi uma garota mais chata do que Ino.

Enquanto saímos da escola, a mesma falava sem parar. Era quinta-feira. O único desejo, que eu, Nara Shikamaru nutria, era chegar em casa e dormir.

Mas não. Uma tal loira Yamanaka não deixava.

Naruto, Hinata, Sakura e Sasuke estavam conosco. Andávamos lentamente – pelo menos eu andava – enquanto nos dirigíamos para nossas humildes casas, até que Ino teve uma idéia:

-          Ei gente, que tal darmos uma passada no shopping?

E eu tenho cara de quem vai ao shopping? Sakura se desculpou, dizendo que tinha mais coisas a fazer, Sasuke tinha de estudar para a prova, e Hinata e Naruto... Bem... Vocês sabem. Coisas de namorados.

-          E você, Shika-kun? Tem algum compromisso?

Minta, pensei eu. Tentei pensar em algo. Iria... Sair hoje? Iria viajar hoje? Nada me veio a mente, até ela perceber que eu tentava arranjar algo para não ir. Fechou a cara.

-          Não acredito que estava tentando arranjar alguma mentira para não ir comigo, Shikamaru. – ela fez biquinho.

-          Pois é né... Ás vezes as pessoas não são como esperamos.

Virei-me de costas para ela, em direção a minha casa. Mas uma mão segurou minha blusa. Ouvi Ino bufar.

-          Ah, às vezes eu te odeio Shikamaru! Porque insiste em me fazer te odiar? Vamos! – ela foi arrastando-me com ela, e ainda vi Hinata dar um tchauzinho triste para mim.

Ino não falava nada enquanto ia arrastando-me em direção ao shopping. Ela estava brava porque eu tinha tido aquela atitude. Mas, eu não estava me importando em me desculpar. As nuvens chamavam mais minha atenção no momento.

Ás vezes gostaria de ser uma nuvem... Deixar que o vento tomasse as escolhas de minha vida...

-          Shikamaru! Estou falando com você! – ouvi Ino berrar, e paramos de andar. Ela encarou-me, bufando – não me ignore mais, ouviu? Não agüento mais você preocupado mais com as nuvens do que comigo!

-          E o que aconteceu com você para eu me preocupar, loira?

-          Um homem me chamou de bonita! – berrou ela, encarando-me.

-          E qual o problema disso, Ino? Você é bonita.

Vi que ela corou instantaneamente. Pronto. Eu havia conseguido. Havia deixado-a com vergonha, e assim, a mesma não falaria mais nada.

Continuamos andando, dessa vez, sem Ino me arrastar junto. Ela mudara totalmente desde o meu comentário. Parecia mais frágil. Mais delicada. E isso realmente a deixava mais bonita.

E porque eu pensava isso? Tinha mais coisas com o que me importar.

Chegamos ao shopping. Aí a Ino voltou a ser o que era. Puxou-me pelo braço, e ia me arrastando para todas as lojas possíveis. Entrou em loja de roupas, loja de sapatos, e até em loja de roupas íntimas.

-          Ino, o que está fazendo aqui? Não acha que você pode ver roupas íntimas sozinha não?

Ela pegou uma calcinha rosa e um sutiã da mesma cor; sorriu quando tampei os olhos.

-          Shika-kun... Você acha que esses dois ficam bem em mim?

Atrevi-me de olhar. Ela segurava o sutiã na altura dois peitos, e a calcinha... Bem. Você sabe.

Pigarreei.

-          Pergunte isso a uma amiga sua, loira – disse eu, tomando o sutiã de sua mão e o guardando. Não iria ficar olhando uma coisa dessas.

Senti uma mão me puxar para trás. Procurei Ino com o olhar, até deduzir que era a mesma que tinha puxado-me. Olhei para trás, e vi que minhas teorias se confirmavam.

-          Sorria, Shika-kun. Você veio emburrado desde a escola. Não gosto disso.

-          Ah Ino, então me dê um bom motivo para sorrir.

Falei isso sem malícia alguma, e Ino pareceu captar o recado errado. Puxou-me para dentro de um provador, e me beijou. De início, fiquei assustado. Mas logo percebi que eu não tinha a mínima vontade de sair dali. Rapidamente, tomei-a em meus braços, e comecei a conduzir o beijo. A loira era atrevida e explorava cada canto de minha boca. Eu nunca havia sentido algo assim com outras garotas.

Ficamos nisso até perdermos o fôlego. Ela parou, e olhou para mim. Sorriu.

Instantaneamente, sorri também.

-          Acho que vou sempre ficar deprimido.

Ela riu, e saímos de mãos dadas. Apesar de Ino Yamanaka ser a pessoa mais chata da face da terra, ela havia me conquistado com seu modo de... Fazer-me sorrir.