Ao chegar em casa, foi direto ao banho, e ficou uns 5 minutos sentindo lágrimas grossas e quentes descer pelo seu rosto, enquanto a água delineava seu rosto.
- Amigas... É isso que ela quer de mim. Ser amiguinha, enquanto ela fode com o Rodrigo todo dia. - deu um soco na parede. Bruna não se contentava com o fato de ser deixada para trás por Laura. Ela a amava muito, mesmo sabendo que de Laura não deveria esperar mais nada. Saiu do banho, colocou uma de suas cuequinhas e uma regata branca bem solta. Deitou em sua cama olhando pra chuva que caía pela janela. Lembrou-se das vezes em que fez amor com Laura naquela mesma cama, e uma teimosa lágrima desceu bem devagar por sua face. Pegou o seu maço de Marlboro, tirou um deles. Levou até a boca e acendeu com o isqueiro. Ficou ali, parada, fumando e observando a chuva descer pela janela. Não demorou muito até que queimasse todo o cigarro e pegasse no sono.

06h50min o despertador tocou. Bruna se levantou, com bastante sono. Devia ter ido dormir tarde. Não sabia. Foi ao banheiro, fez suas abluções matinais, trocou de roupa. Calça jeans, blusa de banda, all star surrado, jaqueta. Sempre saia assim. Passou no quarto, pegou sua câmera. Em seguida foi até a cozinha, pegou uma lata de coca-cola, saiu do apartamento fumando e tomando o refrigerante.

07h22min Laura já havia chego na Scene Magazine. Estava preparando algumas matérias, tinha sido contratada recentemente.

Bruna subiu as escadas até o local onde faria alguns testes para a revista. Um homem barbudo, um pouco acima do peso, e com uma fragrância bem forte a atendeu.

- Bruna Tavares. Então a senhorita é fotógrafa?
- Exato.
- Bem, temos uma vaga, mas pra darmos para você, temos que saber se você é realmente boa. Pode ir fazer o teste com minha editora?
- Onde ela se encontra?
- 3º andar, segundo corredor a esquerda. Boa sorte, Tavares.
- Obrigada senhor Almeida.

Bruna subiu as escadas até o andar, estava no segundo, por isso não andou muito. Ao entrar na sala, percebeu que a editora a “comeu com os olhos”.
Porra, tá escrito em letras fluorescentes na minha testa que eu sou lésbica? - Pensou.

- Vejo que você é fotógrafa. - disse a ruiva desconhecida, olhando de cima a baixo para Bruna.
- Exato. Vim para o teste. Mas, como você sabe? - Arqueou uma das sobrancelhas. Aquela moça não era estranha.
- Fotógrafos são geralmente assim como você. - A ruiva deu uma leve mordida nos lábios.
- Ah... sim. - Bruna não entendeu, mas achou melhor deixar pra lá.
- Mas eu só atraio mulher tarada, puta que pariu. - Falou baixinho.
- O que você disse? - A ruiva olhava para Bruna com expressão de dúvida.
- Er... nada, disse que o dia... tava frio... Er... quando começa o teste? - Ficou sem jeito ao tentar disfarçar.
- Ah, o teste. Bem, começa quando você quiser, Bruninha... - Passou a mão no crachá em que Bruna trazia no peito.
- Bem, então vamos logo. - Se afastou da ruiva com um certo receio. O seu nome é...? - Bruna estava começando a ficar aflita.
- Marina. Mas pode me chamar de Mari. - Piscou.
- Er... então, Marina, o que eu tenho que fazer? - Pegou um dos cigarros de seu bolso, e acendeu. A ruiva logo interveio.
- Me dá isso aqui. - Pegou o cigarro da mão de Bruna, jogou no chão e pisou.
- Porra, porque tu fez isso? Tinha acabado de acender! - Bruna torcia a boca.
- Porque eu tenho coisa melhor pra colocar na sua boca. - Marina se aproximou de Bruna, puxando a mesma pela jaqueta, e selou os lábios nos dela, em um beijo ardente. Foi chegando mais pra trás, sentando sobre sua mesa, e puxando Bruna para entre suas pernas. Caíam papéis de relatórios, a sala estava ficando uma bagunça. A ruiva levava suas mãos até o pescoço de Bruna, e passeava as mesmas pelas costas da morena. Pegou uma das mãos de Bruna e apertou sua própria coxa com a mão da morena. Bruna beijava seu pescoço, e ia tirar sua blusa, quando alguém bateu na porta.
- Tudo bem? - disse uma voz deveras conhecida.
- Ignora Bru - dizia Marina ofegante.
- Tá vazia, Almeida. Vem aqui que eu pego os relatórios. - A porta ia se abrindo, quando Marina empurrou Bruna e ajeitou seus cabelos, descendo rapidamente da mesa.
- Ué, você por aqui? - Disseram Almeida e Laura juntos.
- Eu... vim fazer o teste com a Joana, não, digo... Marina. - Deu um sorrisinho aflito ao levar um pisão da ruiva.
- Então você vai ser minha nova fotógrafa, Bubu. - Sorriu.
- Vocês se conhecem? - Interveio a ruiva, já enciumada.
- Sim, somos amigas. - Dessa vez Bruna fez questão de colocar ênfase no amiga, o que não fez muito bem pra Laura.
- É... amigas... - Olhou pra baixo, em seguida olhou pra Bruna, que não entendeu nada.

Primeiro ela havia me chamado do apelido que só usava quando éramos casadas. E agora parece estar mal porque eu disse que somos amigas. Qual é a dela? - Pensou Bruna.

- Então Marina, fez o teste com a senhorita Tavares? - disse Almeida meio confuso.
- Aham, fiz sim, doutor. E ela se saiu muito bem. - Piscou pra Bruna, que olhou de canto de olho para Marina. Laura não gostava nada do que via. O que essa mulher viu em mim, meu Deus? - Bruna se indagava em pensamento.
- Então você pode ir arrumar seu cantinho com a Laura. Ela vai ser sua editora-chefe.
Ótimo, minha ex sendo minha chefe. O que mais falta agora? - Pensava.
- Vamos trabalhar juntas, Bubu. Vem comigo! - A loira sorria praticamente de orelha a orelha.