Always By Your Side escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 2
Capítulo 2 - Família Destruída




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Na manhã seguinte, todos acordaram muito cedo.

A mãe da Rose vai até o quarto vê como Alice está. Ela já havia acordado e estava usando um vestido preto. Como estava no inverno, ela também usava meia-calça grossa, botas, gorro, cachecol e um sobretudo.

Seus olhos estavam muito inchados e sua voz estava rouca.

– Está pronta querida? Temos que ir – a mãe da Rose fala ao entrar no quarto. Ela também estava abatida, não como Alice, claro, mas era ela que estava cuidando de tudo sobre o funeral, juntamente com o tio de Alice.

– Nunca estarei pronta para me despedir deles para sempre, mas quero vê-los pela última vez. – ao falar, uma lágrima solitária escorre por seu rosto.

Sendo assim, os pais da Rose, o tio de Alice, Emmett e Rose, alguns amigos do colégio, seguem para o funeral. Lá estavam também muitos amigos do casal.

Durante toda a cerimônia fúnebre a jovem Alice chora agarrada ao caixão da mãe. Outras vezes ao do pai. Emmett e Rose sempre ao seu lado lhe dando amparo.

Ao chegar o momento da jovem Alice se separar dos pais para sempre, ela relutou um pouco. Emmett teve que usar de sua força para tirá-la dali. Alice gritava muito ao ver os caixões dos pais descerem à sepultura.

Então, o momento que a torturava chegou ao fim. Emmett teve que tirá-la de lá em seus braços, porque a menina não conseguia ficar de pé. Suas pernas não tinham forças, ela tremia dos pés a cabeça.

Rose estava ao lado do Emmett, e chorava muito ao ver a dor que sua melhor amiga estava sentindo. Queria poder ajudá-la, mas não sabia como.

Na volta para casa, Alice foi junto com Emmett e Rose. Sempre chorando e sem mencionar uma palavra. O resto do dia foi da mesma forma, ela não falou com ninguém e seu olhar estava distante.

E, mais uma vez, Alice passou a noite sob efeitos de calmantes. Na manhã seguinte, todos foram a ao hospital saber de Anabelle, que até então, o único que esteve com ela havia sido o tio.

O tio já estava lá, ele é o responsável legal por Anabelle, pelo tempo em que estiver internada.

Ainda não se sabe se ele deseja ser o responsável legal pelas sobrinhas, mas, por hora, é ele que tem que resolver as coisas, já que Alice ainda é menor de idade.

Alice anda em direção ao tio e o abraça apertado.

– Como ela está? – questiona ao sair do abraço. Em suas mãos estava a boneca de Anabelle.

A família de Rose também vem cumprimentar o tio de Alice. Estavam todos ansiosos por noticias sobre o estado de saúde da garotinha.

– Poço vê-la? – Alice questiona com voz fraca.

– Ela não pode receber visitas ainda, mas, para você, o médico abriu exceção. – uma enfermeira fala para Alice.

– Vai ver a sua irmã, querida. – o tio a incentiva. Alice, porém, olha para seus amigos.

– Vai... Seja forte! – Rose sussurra para ela.

Alice seguiu a enfermeira a passos lento até o quarto em que sua irmã estava hospitalizada.

Alice hesita um pouco ao pôr a mão na maçaneta da porta. Está com medo de ver a garotinha sem sua alegria.

– Entra! – a enfermeira a incentiva. Então ela decide entrar, a enfermeira fica esperando ao lado de fora para que ela possa ficar um pouco a sós com a irmã.

Ao vê a irmã com mascara de oxigênio e cheia de escoriações, um braço quebrado e, ainda por cima, havia aquele barulho de bips que causa calafrios. Alice não suportou e começou a chorar. Mas era um choro contido.

Aproximou-se da cama e afagou os cabelos loiros da irmãzinha. Em seguida a beijou na testa, com carinho. Sentou-se ao lado da cama, em uma cadeira, e segurou a mão de Anabelle.

– Anabelle eu estou aqui, nunca irei te abandonar... Prometo cuidar de você como a mamãe sempre cuidou. Acorda logo, preciso de você ao meu lado, preciso do seu abraço, do seu sorriso. Não fica aí dormindo por muito tempo, não. Eu estou sozinha, volta para mim. Estou com medo, não quero te perder também. Se estiver me ouvindo me dá um sinal. Por favor...

Uma lágrima escorre em seu rosto e caiu na mão de Anabelle.

Anabelle mexeu os dedos da mão direita, com muita dificuldade. Mas foi apenas isso. Alice não pode deixar de esboçar um sorriso, fraco, mas, ainda assim, um sorriso.

A enfermeira então entra no quarto.

– Você já tem que sair, não pode ficar aqui por muito tempo. Desculpe.

– Está bem. Já estou indo, deixa só me despedir – a enfermeira assentiu.

– Anabelle, eu vou deixar a Sabine aqui com você. Para o caso de você acordar e eu não estiver aqui. Me perdoe por ter que ir, mas eu volto. – fala ao deixar a boneca ao lado da irmã. – Eu te amo, minha florzinha – fala ao sair do quarto.

– Alice, o Dr. quer falar conosco. – o tio avisa ao encontrar Alice no corredor. Ambos seguem até a sala do médico. Ele pede que sentem-se.

– Alice eu sei que você não é a responsável legal por Anabelle, por ser menor de idade. Mas seu tio quer que você fique a par de tudo. Sendo assim, irei falar sobre o estado clínico de sua irmã. – o medico fala prestando atenção na reação de Alice.

Alice apenas assentiu, com nervosismo evidente.

– A pancada que sua irmã levou com a colisão do carro, atingiu toda a região frontal do supercílio. O impacto foi tão forte que a fez entrar em coma na hora. Ela não morreu porque estava na cadeirinha de segurança, o que foi totalmente correto da parte de seus pais. Mas, onde eu quero chegar com essa conversa é que, após uma bateria de exames e todo procedimento médico possíveis, no momento chegamos a uma conclusão. – Alice escutava cada palavra sem ao menos piscar. – Anabelle está cega.

Essa palavra “cega” atingiu Alice, feito um estilhaço de uma bomba.

Alice ficou de pé imediatamente e começou andar de um lado para o outro, totalmente desnorteada.

Se ela achava que sua dor era grande, não imaginava que a de Anabelle poderia ser bem maior.

– Isso não pode acontecer. É horrível demais para ser real. – de imediato, lágrimas invadem sua face. – Não pode. Ela tem medo de escuro. Não pode... – Alice fala em um sussurro. O tio a abraça.

– Alice, escute – o médico pede. – Não sabemos qual magnitude dessa cegueira, não sabemos se é temporária ou permanente. Só podemos ter certeza disso daqui a algumas semanas. Enquanto as córneas estiverem inflamadas não chegaremos a um diagnóstico preciso. Não se desespere minha jovem. Existem três chances para ela: A visão pode voltar aos poucos por si própria, ou pode voltar através de algumas cirurgias ou... Ou pode estar cega permanentemente. Só teremos certeza com o tempo, ela irá fazer todo tratamento necessário, mas voltar a enxergar, isso por enquanto não sabemos.

Alice estava trêmula, suas mãos suavam frio. O que ela poderia fazer para amenizar o sofrimento da irmã? Isso ela não sabia. A única coisa da qual tinha certeza é que estaria ao lado de Anabelle sempre, e a amaria intensamente.

– Então, ainda há esperança de que ela volte a enxergar? – Alice questiona apreensiva.

– Em breve saberemos. – o médico responde.

Após terem ouvido tudo que o Dr. tinha a dizer, Alice e o tio encontram a família de Rose na sala de espera e repetiu para eles tudo que haviam acabado de escutar. Todos ficaram abalados com a notícia de que Anabelle estaria cega.

Rose foi até onde Alice estava sentada e a abraçou. Falou para ela que poderia contar com seu apoio sempre.

Naquele dia, Alice não voltou para a casa de Rose. Ela foi para o apartamento do tio, já sua guarda e a de Anabelle estava com ele temporariamente. Ele terá que decidir se fica com as meninas ou se as manda para um orfanato.

Horas mais tarde, ao chegar ao apartamento do tio, Alice nota que realmente é um local habitado por um homem solteiro. Tanto pela decoração, quanto pela bagunça.

Ela nunca havia estado ali, era a primeira vez que entrava no apartamento do tio.

Seu tio sempre foi um homem que gosta de “liberdade” e fala que casamento e filhos só atrapalham. Notou também que era muito pequeno com relação a sua casa.

Alice anda por todo o ambiente a fim de se familiarizar e nota que ha apenas um quarto. Não pode deixar de perguntar.

– Tio, onde eu vou dormir?

– Você pode dormir em meu quarto, eu durmo aqui no sofá. – fala sentando-se no mesmo e ligando a TV.

– Tio, só mais uma coisa – fala ao sentar ao lado dele.

– Sim, fale. – ele responde.

– Quando Anabelle sair do hospital, não vai dá para morarmos os três aqui. É muito pequeno, e com um quarto apenas, será impossível ter privacidade.

– Esse é o X da questão, Alice. – o tio fala ao baixar o volume da TV.

– Como assim X da questão? – questiona confusa.

– Eu não sei se quero essa responsabilidade para mim. – ele fala com a cabeça baixa.

Alice se afasta dele com os olhos marejados de lágrimas.

– Estou acostumado a viver só. Você é uma adolescente e sua irmã será uma criança deficiente visual. Eu não saberei lidar com isso. – fala um pouco triste.

– Você não precisará cuidar dela, eu farei isso. Só preciso que fique com nossa guarda. – Alice fala com a voz trêmula.

– Não, não posso, realmente não posso. – ele responde.

– Não vê que se não ficar com nossa guarda irão nos separar? – Alice nesse momento estava gritando. – Não podem nos separar, temos apenas uma à outra e Anabelle precisa de mim, agora mais que nunca. – Alice começa a chorar.

– Irão encontrar uma família que queira adotar as duas, já falei com a assistente social. – o tio comunica.

– O quê? Você falou e nem me avisou? – ela grita, chocada. Foi totalmente pega de surpresa, acreditava que o tio ficaria com elas.

– Você não entende mesmo, não é? – Alice grita. – Qual é o casal que vai querer adotar uma adolescente e uma criança deficiente visual. Eles querem crianças e SAUDAVEIS. Irão mandar Anabelle para um lar de crianças com necessidades especiais e eu para um orfanato qualquer. Não poderei protegê-la se não estiver comigo, e você será o culpado. NUNCA TE PERDOAREI POR ISSO. – ela grita e entra no quarto batendo a porta.

O tio vai atrás dela e bate na porta para que ela o escute.

– Alice não fique assim!– fala encostado à porta, que permanece fechada.

– Saí daqui! – Alice grita.

– Alice me escuta, por favor.

– Não quero falar com você, você me decepcionou. – fala em meio às lagrimas.

– Sua mãe tem um irmão que mora em Londres, talvez ele queira ficar com as duas. – o tio fala e nada dela abrir a porta.

– Eu nunca soube desse irmão. E também ele pode fazer o mesmo que você está fazendo agora. Nos renegando.

– Alice, não estou renegando vocês, só não quero assumir essa responsabilidade. – ele tenta se redimir.

– Me poupe desse papinho – disse ela, sarcástica.

– Irei tentar localizá-lo. – ele avisa.

– Faça o que bem entender. O castelo já desmoronou mesmo.

O tio se da por vencido e volta para a sala. Alice permanece trancada no quarto chorando. Estava se sentindo traída, abandonada. Ela não poderia nem cogitar a hipótese de ser separada de Anabelle.

[...]

Uma semana depois.

Durante a semana que se passou Alice mal falou com o tio. Estava realmente magoada com as coisas que ele disse.

Todos os dias ela esteve no hospital visitando Anabelle. A garotinha ainda está em coma, mas sempre que Alice conversa com ela, a mesma dava sinal de que estava ouvindo. Ela sabia que Alice estava ali do seu lado.

A assistente social explicou para Alice tudo que poderá acontecer caso não encontrem esse tio, que possivelmente vive em Londres, ou caso ele se negue a ficar com elas.

Alice foi à casa de Rose, apenas uma vez durante essa semana. A família de Rose, e Emmett visitaram Anabelle no hospital algumas vezes.

Hoje Alice acordou cedo, assim como vem fazendo nos últimos dias, para ir ao hospital. Agora ela tem passado a maior parte do dia ao lado da irmã, tem medo que Anabelle acorde e ela não esteja ao seu lado.

Alice estava sentada na cadeira ao lado da cama, conversando, mesmo a irmã não respondendo, ela sabia que ela a ouvia.

De repente Anabelle começa a se mexer e abre os olhos lentamente. Alice fica tão feliz e ao mesmo tempo sem reação, apenas a observa.

– Mamãe – a garotinha chama com a voz fraca. Alice imediatamente fica de pé e segura sua mão.

– A mamãe não está aqui, mas eu estou e vou está sempre. – fala, em seguida beija a mão da irmã.

– Alice, acende a luz. Está escuro, estou com medo. – a garotinha pede em um sussurro. Lágrimas involuntárias escorrem pelo rosto de Alice.

– Eu não poço – ela responde a muito custo, e toca a campainha para que a enfermeira venha.

– Acende Alice, você sabe que eu tenho medo. – a garotinha começa a chorar. – Quero a mamãe. Chama a mamãe, Alice. – pede em meio a soluços.

– A mamãe não pode vir...

O médico e a enfermeira entraram no quarto. Alice se afasta de Anabelle, para que o médico possa examiná-la.

– Onde eu estou? – a garotinha pergunta chorando.

– No hospital, querida. – o médico responde.

– Quero minha mãe. Eu não consigo ver nada, acenda a luz, por favor.

Alice chorava de pé próxima a porta. Estava muito difícil para ela vê a irmã chorar com medo do escuro e não poder “acender a luz”.

O médico pediu que a enfermeira fosse buscar a psicóloga infantil do hospital para explicar para Anabelle porque estava escuro.

Alguns minutos depois a enfermeira volta acompanhada pela psicóloga, que pede que Alice aguarde do lado de fora. Não seria bom para Anabelle ouvir o choro da irmã. E assim ela fez. Ficou do lado de fora, no corredor, enquanto a psicóloga falava com Anabelle.

O quarto parecia estar em silêncio por alguns minutos. Alice estava encostada a parede, chorando baixinho. De repente, começa a ouvir os gritos da irmã.

– NÃO QUERO. É ESCURO, TENHO MEDO. NÃO QUERO FICAR CEGA, QUERO A MAMÃE. MÃMAE... PAPAI. – a garotinha grita e logo começa a tossir.

Alice já não continha seu choro agora ela botava para fora seu desespero, junto com o da irmã. Alice deslizou as costas pela parede até chegar ao chão frio daquele corredor hospitalar. Abraçou as pernas, em seguida apoiou a cabeça nos joelhos e ficou ali, sentindo sua dor e a de sua irmã.

– NÃO, A MAMÃE NÃO PODE TER ME DEIXADO SOZINHA NO ESCURO. NÃO QUERO FICAR ASSIM. ALICE – e mais uma vez a garotinha se engasgou em meio ao choro –, ONDE VOCÊ ESTÁ?

Ao ouvir a irmã chamar por ela, Alice levantou do chão imediatamente e entrou no quarto. Ao entrar, viu a enfermeira aplicando um sedativo em Anabelle.

Correu até a irmã e a abraçou. A garotinha agarrou-se a Alice como se sua vida dependesse disso.

– Estou aqui amor, estou aqui. – Alice sussurra para ela.

– Alice não me deixe sozinha, estou com muito medo. A mamãe e o papai me deixaram. Você não pode fazer isso também. – fala grudada ao pescoço de Alice.

– Nunca farei isso, meu amor. Eu serei seus olhos.

– Promete? – a garotinha pergunta meio atrapalhada com os soluços.

– Prometo. Estarei sempre ao seu lado. – assegurou Alice, e em seguida beija a cabeça de Anabelle, que ainda a abraça.

Anabelle fica um tempinho no colo de Alice até que pega no sono. A enfermeira ajuda Alice a deitá-la na cama novamente. Ainda havia alguns fios ligados a ela. O médico e a psicóloga se retiraram, a enfermeira permaneceu mais alguns minutos.

Alice volta a sentar na cadeira e repousa a cabeça na cama, próximo ao abdômen da irmã. A dor de Anabelle havia se tronado sua dor.

Agora, mais do que nunca, elas não poderiam ser separadas. Uma não saberia viver sem a outra. Como a própria Alice falou, ela seria os olhos de Anabelle, seria seu apoio sua segurança.

Alice jamais permitirá que Anabelle perca a alegria de viver. Fará tudo que estiver ao seu alcance para fazê-la feliz.

[...]

Uma semana depois...

Anabelle teve pesadelos quase todas as noites. Acordava aos gritos. Chorava durante o dia, gritava que estava com medo. Alice passou a dormir todas as noites no hospital ao lado da irmã, que se recusava terminantemente a presença de outra pessoa que não fosse Alice.

O tio que vive em Londres finalmente foi localizado e informado de tudo que aconteceu. Imediatamente se prontificou a ser o responsável legal pelas duas.

Revelou em uma conversa por telefone, com a assistente social, que jamais permitiria que as separassem. Era sangue de seu sangue e seu dever era amá-las e protegê-las.

Sua esposa ficou radiante com a idéia de tê-las aos seus cuidados. Esme nunca conseguiu engravidar e todas as tentativas foram frustrantes. Já havia pensado em adoção, mas nunca tomou iniciativa.

Hoje, eles, Carlisle e Esme, receberiam em suas vidas as filhas que lhe foram predestinadas e as amariam intensamente.

Seria difícil lidar com uma criança de quatro anos de idade recém deficiente visual. Isso eles já sabiam. Mas estavam dispostos a entrar nessa “batalha” e mostrar para a jovem Alice e a pequena Anabelle, que com amor e compreensão daqueles que nos ama, as dores da vida são bem mais fáceis de serem suportadas. Que enquanto houver vida haverá esperança.

Após algumas horas de voo o avião que traz Esme e Carlisle, pousa no aeroporto de Nova Jérsei. Eles seguem direto do aeroporto para o hospital.

Hoje Anabelle terá alta, sendo assim, eles podem levá-las. Esme estava bastante feliz, e cheia de amor para dar, estava parecendo criança quando sabe que irá ganhar um brinquedo novo.

As duas irmãs, com desventuras tão triste, seriam para ela as filhas tão desejadas.

Algum tempo depois, chegam ao hospital e encontram o tio paterno das meninas na sala de espera.

– Olá! – Esme o cumprimenta, estendendo a mão. O tio a cumprimenta da mesma forma.

– Então como elas estão? – Carlisle questiona, percorrendo o olhar por toda a sala em busca da sobrinha mais velha.

O tio percebe e fala que Alice está com a irmã, e que irá chamá-la. Carlisle e Esme assentiram.

Ao chegar ao quarto, ele dá uma leve batida na porta. Alice pede que entre. Anabelle estava sentada na cama e Alice lhe penteava os cabelos com muito cuidado. A garotinha estava com toda a região do supercílio roxa. Os pontos já haviam sido retirados, vários arranhões em fase de cicatrização e hematomas pelo corpo, o braço direito estava engessado. Seu semblante estava muito abatido, assim como o de Alice.

– Eles chegaram – o tio fala, já dentro do quarto.

– Está bem, já estamos indo.

O tio andou em direção a cama e pegou Anabelle no colo.

– Não! Eu quero a Alice – a garotinha choraminga. – Alice onde você está?

– Estou aqui amor – falou afagando as costas da irmã.

Anabelle virou-se e procurou o rosto de Alice com as mãozinhas, ao localizá-lo percorreu cada detalhe como para verificar que era realmente ela.

– Quero ir com você – fala ao perceber que era mesmo Alice. E uma lágrima escorre por sua bochecha rosada.

– Tudo bem tio, me dá ela – Alice pede, estendendo os braços para pegar a irmã. O tio entrega a garotinha para ela.

Alice percorreu todo corredor até chegar onde os tios, Carlisle e Esme, estavam. Sempre falando palavras de carinho para Anabelle, que estava com a cabeça apoiada em seu ombro.

Ao chegarem, Esme foi imediatamente abraçá-las.

– Oi meninas, eu sou Esme. – fala ao sair do abraço. Alice não pode retribuir o gesto de carinho, pois segurava Anabelle.

Carlisle também as abraçou em seguida tentou pegar Anabelle em seu colo para levá-la ao carro, mas ela se recusou.

– Desculpa, ela está muito assustada – Alice fala olhando para os dois rostos, que, para ela, eram totalmente estranhos.

– Está tudo bem querida, nos entendemos. – ambos falam.

Então saíram do hospital em direção ao estacionamento. Carlisle havia alugado um carro. Alice sentou no banco traseiro e colocou Anabelle na cadeirinha, que Esme já havia providenciado.

Esme estava com muita vontade de pegar Anabelle em seu colo, no entanto, seria paciente. Pois sabia que ela estava, nesse momento, em um mundo totalmente novo, sombrio e doloroso para uma criança que até quinze dias atrás enxergava perfeitamente. Era natural que se sentisse segura apenas nos braços da irmã.

– Alice nós iremos para Londres amanhã. Eu gostaria de saber onde as duas querem ficar até a hora de irmos. Se em um hotel ou em sua casa? – Carlisle fala, um pouco receoso de que fosse magoá-la.

– Mamãe – Anabelle choramingou ao ouvir o tio falar a palavra casa. – Alice afagou os cabelos da irmã e deu um beijo na bochecha.

– Se vocês não se incomodarem, eu preferia não ir para minha casa. Está cheia de lembranças.

– Tudo bem querida, nós iremos para um hotel então. – Carlisle a tranquiliza.

– Obrigada – Alice agradece, em seguida apoia a cabeça próxima à cadeirinha em que está Anabelle e fecha os olhos.

Pobre Alice. Está tão cansada, há dias que não dorme bem. Desde que sua vida mudou tragicamente que não vive mais como uma adolescente. Ela amadureceu muito em poucos dias.

Alguns minutos depois ,chegam ao hotel.

Alice descreve para Anabelle, todos os locais por onde elas passam. O mesmo ela fez quando entrou na suíte, onde ficariam hospedadas até amanhã. Depois de se instalar, ela ligou para Rose e conversaram por certo tempo. Rose garantiu que iria ao aeroporto se despedir.

Esme, Alice e Anabelle passaram o dia juntas na mesma suíte.

Esme tentava se socializar com as duas, enquanto Carlisle estava no Conselho Tutelar, agilizando toda papelada sobre a guarda das meninas.


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Notas finais do capítulo

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