Não deveria estar reclamando, porque estou melhor agora, sem ele. Porém o dia quatro de julho é uma data que me lembra os nossos bons e maus momentos. Quando o encontrei, tão pequeno e inocente, o acolhi, sem pensar duas vezes. Apoderei-me de tudo que era seu após ganhar sua confiança. Mas quando percebi que o que fiz foi errado, já era tarde demais. Justamente quando não tinha mais volta, quando ele havia mudado.

            Confesso que me surpreendi quando, crescido, apontou-me uma arma à minha cabeça. Arma aquela com cano frio que me encostou à testa e me fez pensar sobre tudo que eu fiz de cruel. Quando eu vi em seus olhos corajosos, que me encaravam bravamente, percebi que estava sofrendo tanto quanto àquele que o criou.

            Era noite, chovia e a água batia no nosso rosto como dolorosas agulhas. Não admitíamos, mas junto à chuva, lágrimas caíam de nossos olhos. E, então, aquela noite ficara em minha memória. Noite aquela em que nossas vidas seguiram e que nunca irei me esquecer.