-AHHHHHH!

  Escutei Lewis gritar no andar de cima e corri despressa para o quarto dele. O que estava acontecendo? Por que aquele grito de dor? Será que havia mais alguém no quarto?... E se tivesse o que eu poderia fazer?...

  Parei por alguns segundos para pensar melhor, minha mão segurava firmemente a maçaneta do quarto mas ao ouvir o barulho de algo caindo entrei no quarto. Lewis estava no chão um pouco encolhido tentando conter os gemidos de dor.

  -O que está acontecendo?!

  -Nada!

  -Como não é nada?!

  Tentei ajuda-lo a levantar mas ele gritou novamente.

  -Não se aproxime!

  -Não vou ficar aqui só olhando!

  -Não me toque!

  Ele queria que eu ficasse apenas observando ele no chão enquanto sofria? Ele não entende que ele precisa de ajudar e eu não podia ficar sem fazer nada.

  Os olhos dele lacrimejavam um pouco mas estava intensamente azulado, será que era por causa da falta de Louise? Já havia passado um mês desde que ela havia desaparecido e Lewis havia voltado a seu estado fraco.

  Tentei me aproximar mais um vez mas de repente ele segurou meu braço fortemente que até machucava.

  -Lewis me solta!

  Ele não respondia e meu braço começava a ficar vermelho. Estava machucando de mais as lágrimas já estavam até caindo involuntariamente.

  -Está machucando!

  Acho que foi a palavra chave para fazer com que me soltasse pois funcionou, Lewis soltou meu braço na hora e seus olhos voltaram ao normal. Ele olhou para meu braço com a marca de sua mão por alguns minutos sem pronunciar uma única palavra.

  -Lewis você está bem?... – resolvi perguntar primeiro.

  -Me deixe sozinho...

  Ele se levantou e deitou na cama. Não estava com dificuldade e seu rosto não demostrava nunhum sinal de fraqueza. Ele estava bem agora, apenas precisava descançar um pouco no momento.

  Eu também me levantei, andei até a porta e sai do quarto em silêncio. Eu não tinha o que falar nem ele tinha para mim, o melhor que eu tinha para fazer era deixá-lo em paz.

  -Ele está bem mesmo?... - Perguntei a mim mesmo depois de fechar a porta atrás de mim.

  Andei pelos corredores vazios até chegar à escada, fiquei parada alí e me sentei.

  Eu não estava fazendo o que eu tinha que fazer, eu não estava ajudando Lewis... Onde estava Louise afinal? Sem ela eu nunca iria terminar o que precisava acabar.

  Formei uma pequena rosa de cristal na palma de minha mão. Eu tentava desenvolver aquela habilidade quando eu tinha tempo ou quando estava pensando, eu podia ficar o dia inteiro fazendo aquilo era até divertido formar objetos com aquilo. Logo me lembrei o que Adrian havia dito sobre aquela habilidade.

  “Não serve apenar para ferir, também pode proteger”

  Proteger... eu não sabia porque tudo que eu conseguia fazer eram pequenos cristais ou pequenos objetos.

  Tentei formar algo maior mas como sempre se quebrou.

  -É impossível...

  Me levantei e sai da mansão, ainda bem que não estava chovendo como nos dias anteriores. Tentei novamente formar maiores cristais mas sempre se quebravam e eu tentava de novo. Eu apenas conseguia perfurar coisas, como se eu não tivesse o poder para proteger apenas ferir.

  Fiquei horas alí tentando mas nunca conseguindo, alguns pedaços já haviam me cortado de leve mas já não estavam machucando mais.

  -Por que não para?

  Eu me virei e Lewis estava alí parado me observando.

  -Não quero machucar...

  -Que proteger? Está pensando no que Adrian disse, certo?

  -É.

  -Não se preocupe com isso agora, acho que quando precisar proteger alguém irá conseguir.

  Eu sorri e me aproximei dele.

  -Lewis, você consegue ser muito gentil.

  -As vezes temos que mentir, não?

  Estava feliz porque ele já estava melhor. Talvez aquilo tudo não tivesse sido nada, mas uma hora ou outra Lewis tinha que aceitar Louise de volta e ela tinha que voltar logo.

  -Retiro o que eu disse agora pouco.

  -Sophie... me desculpe...

  -Por que está se desculpando?

  -Por causa do seu braço...

  -Aquilo não foi nada. Mas me responda, você está bem?

  Ele ficou em silêncio o que me preocupou.

  -Lewis? O que houve?

  -Louise...

  -O que?

  -Acho que ela fez um pacto...

  -Isso é possível?!

  -Ela não uma Key.

  -Mas ela fez um pacto com quem?

  -Eu não sei, apenas tive uma visão.

  -Existe outro Key?

  -Existe e como Adrian é o primeiro, Amber e Matthew são os terceiros, eu sou o quarto e Elliott o quinto, falta o segundo...

  Ainda existia outro? E Louise havia encontrado e não era apenas isso, ela também havia feito um pacto. Agora que ela estava sob proteção de um Key, como iriamos resolver todos aqueles problemas?

  -Você sabe quem é Lewis?

  -Não... eu preciso perguntar a Adrian.

  -Então vamos agora.

  Quem era esse outro Key? Enquanto estavamos a caminho da casa de Adrian uma outra pergunta surgiu entre meus pensamentos.

  -Lewis, como você sabe que existe outro Key? E como sabia que você era o quarto?

  -Quando despertamos como Keys um número aparecem em nosso peito na ordem em que despertamos os poderes.

  -Ah... existe algum problema se Louise fez um pacto?

  -Eu não sei, como ela faz parte de mim e eu sou um Key não sei o que pode acontecer se tentarmos voltar a ser uma pessoa só. Por enquanto eu apenas senti uma dor quando o pacto foi feito, mas se o pacto fosse diretamente comigo poderiamos ambos estar mortos agora.

  -Então não vai conseguir voltar?

  -Eu acho que não.

  -Tem como cancelar um pacto?

  -Não, apenas com a morte do contratante.

  Eu suspirei e tenho certeza que Lewis percebeu minha preocupação mas resolveu não dizer nada.

  -Chegamos...