Lá estava eu, na calçada da Abbey Road, esperando por um quase complesto estranho. Mark, era um garoto extremante bonito, mas eu tinha que me lembrar que eu não estava lá pra ninguém a não ser do... Enfim.

      Mark estava me esperando, em sua jaqueta e calças de couro. Seu cabelo estava jogado para trás, em um topete, e, embora não fosse fã de topetes, eu sabia que aquela era a moda no início dos anos 60, e, precisava lembrar também, que eu estava em 1957 e provavelmente Paul também estaria usando um topete.

      Ele me encarou, sorriu e disse:

      -Permite-me a audácia de segurar sua mão?

      Eu comecei a rir. Demais. Audácia de segurar sua mão? HAHAHA. Ele ficou quieto, o que fez eu me desculpar. Eu disse que eu achava aquilo meio engraçado e ele disse:

       -É, mas se eu tocasse em você sem pedir talvez você me batesse.

       Agora, subitamente, como ele queria segurar minha mão, me lembrei da música "I wanna hold your hand" e comecei a cantar alto que nem uma retardada mental, pois aquela música não existia.

       -O que é isso? - Ele disse, confuso.

       -Ah, nada, veio na minha cabeça...

       Ele suspirou, estalou os dedos três vezes, o que me fez rir, e disse:

       - Então vamos de uma vez para o concerto do The Quarrymen.

       Eu assenti e ele, sem tocar em mim, foi dando as direções. Senti pena dele. Com certeza ele estava atraído por mim. Eu não sou uma garota muito bonita. Eu sou morena, de olhos azuis e cabelo com grandes cachos que descem até a metade das costas. Quando finalmente chegamos ao lugar, vi John Lennon, novinho, com uma guitarra antiga nas mãos. Eu gritei de emoção ao vê-lo, apesar de não gostar tanto do John. Mark me olhou com uma das sombrancelhas erguidas e disse:

         -Calma, nem ouviu a banda tocar ainda.

         Paul apareceu no palco, o que me fez realmente surtar. Senti meu estômago revirando. Eu comecei a ficar com calor e a gritar sem parar. Gritei tanto que o Paul olhou para mim e  sorriu, o que me fez... Desmaiar.

**********************************************************

          Acordei nos braços de Mark, que estava meio cansado. Ele me pôs no chão e perguntou se eu estava bem. Eu respondi que sim, que só estava com calor. Ele me encarou com um suspiro e disse:

          -É aquele cara, não é? - Ele disse, apontando para o Paul.

          Eu comecei a corar e neguei com a cabeça. Ele repetiu a pergunta, e eu, rosa, assenti. Ele respirou fundo e disse:

           -James. Ele é meu amigo. Podemos sair depois do show, vocês conversam... Ele etá solteiro...

           Por um momento fiquei confusa. James? Então me lembrei, é mesmo, o nome completo do Paul era: "James Paul McCartney". Ótimo, então eu daria a ele o "apelido" de Paul. HEHEHE. Mark parecia estar sofrendo quando tenteva me arranjar com Paul. Seus olhos estavam molhados e ele parecia tão triste e só... Eu queria consolá-lo, quem sabe arrenjar alguém pra ele. Olhei para os lados e reparei uma loirinha baixinha que não parava de olhar para ele. Fui discretamente até lá e disse:

            -Você está afim daquele cara?

            -Eu adoraria se ele pegasse na minha mão e me tirasse para dançar.

            Segurei o riso. Aquilo soava tão...tão brega. Pensei em coisas sem graça, como cadeiras, olhei para ela de novo e disse:

            -Vou ver o que posso fazer com você.

             Fui até Mark, e mostrei a ele a garota. Ele supirou e disse:

             -Não é o meu tipo.

             O encarei com certa raiva e disse:

             -Como é o seu tipo?

             -Ri por qualquer coisa, fala coisas sem sentido e se veste esquisito. - Ele disse, sorrindo.