A festa seguia animada.Eu já havia perdido a conta de quantas caipirinhas de saquê eu havia bebido. Dançávamos entusiasmadas no meio da pista, tudo corria maravilhosamente bem. Para ser perfeita, eu só precisava descobrir quem era o tal bonito do bar. Acompanhado pelo visto, ele não estava, já que o  via sempre conversando com os amigos de Ben. Alice me tirou dos meus pensamentos:

- Vamos para tequila! – Ela gritava, e eu não sabia dizer se era pelo alto teor de álcool que ela já havia ingerido, ou se pelo som alto. Quando a  observei, notei que as meninas já estavam em uma mesa com uma garrafa de José Cuervo e vários copinhos e limões. Elas me acenavam com a mão, percebi que só faltava eu ali.

- Vamos lá! – respondi animada.

Era muito bom estar com elas, eu nunca me cansava.

                - No 3, hein? – Angela falou

                - 1... - contamos todas juntas.

                - 2...

                - 3... –viramos o copo. Meus olhos arderam e meus pelos se arrepiaram. Era sempre assim que eu me sentia quando bebia tequila.

                - Outra? – uma Jessica estridente propôs. Definitivamente ela estava bêbada.

                - Eu parei! – afirmei. – Vou só de Coca-Cola agora.

                - Eu também! – Angela e Alice concordaram em uníssono .

                - Meu Deeeeus.. – Jess falou enrolando a língua.Eu ri. – Vocês são umas velhas chatas.Isso é uma festa, não um velório.

                - Ai Jess como você é dramática. – Alice disse.

                - Sim, amiga! Nós sabemos que é uma festa. Acontece que ainda são 3 da manhã, e a festa vai até o amanhecer.Quero aproveitar mais. – eu suspirei. Gente bêbada é um saco!

                - Concordo com a Bella! – Angela confirmou.

                - Ai Isabella! Você já foi mais ‘da noite’ – Jess resmungou insatisfeita.

                - O que você quer dizer com isso? – eu franzi a testa.

                -Ahhh... você não era do tipo que recusava bebida, e muito menos que parava de curtir tão cedo... – ela falou com desdém.

                Alice, Angela e eu rimos alto.

                - Jess..menos, por favor! Eu não estou deixando de curtir nada,muito pelo contrário, vou parar de beber para aproveitar tudo. – falei e me dirigi para a pista.

Eu sabia que Jess no fundo tinha razão, normalmente eu bebia a noite inteira. Mas não hoje! Até mesmo porque, eu já sentia que eu estava “alegre” pelo tanto que já havia bebido. Quando  finalmente cheguei ao centro da pista, acompanhada por Alice e Seth, começou a tocar “Sexy Back” de Justin Timberlake.

                - Adoro essa música! – Alice gritou pra mim.

                - Eu adoro esse cara! – falei para ela e nós rimos. – Vamos dançar!

Alice se juntou a  Seth, e eles começaram a dançar de corpos colados. Eu resolvi me soltar ao som da batida.

I'm bringin' sexy back

(Estou trazendo a sensualidade de volta)
Them motherfuckers dont' know how to act!

(Esses filhos da puta não sabem como agir)
Girl let me make up for the things you lack

(Garota, me deixe compensar pelas coisas que te falta)
'Cause you're burnin' up I gotta get it fast!

(Porque você está pegando fogo, eu tenho que ir rápido) 

Eu dançava de olhos fechados, passando a mão pelo meu corpo, curtindo o embalo da música.Descia até o chão, e requebrava meu quadril no ritmo. A música já estava quase acabando quando eu abri meus olhos. Estaquei ao ver um par de orbes verdes me encarando. Algo me motivou a continuar dançando sensualmente, afinal, eu atraí sua atenção. Outra música começou e eu continuei, dei um giro, ficando de costas para ele. Ainda de olhos fechados, senti uma mão em meu ombro. Me virei abruptamente:

- Paul? – Com tantas pessoas, tinha que ser justamente o Paul? Ele era um grande amigo de Ben,e nós fomos namorados por algum tempo. Havíamos terminado já fazia quase um ano, mas ele se sentia meu namorado ainda.

- O que você pensa que está fazendo Isabella? – ele vociferou.

- Exatamente o que você está vendo Paul: dançando! – Ótimo!Ele estava me tirando do sério. “Acalme-se!” – pensei comigo mesma e me libertei da mão dele.

- Dançando? Desse jeito? Parece mais que você está querendo chamar atenção... – ele falou entre dentes.

Aquilo era típico de Paul: possessivo e agressivo.

                - E se for, Paul? O que você tem a ver com isso? – cuspi as palavras nele. – Eu sou SOLTEIRA! Vou ter que repetir quantas vezes até você entender? Me deixa em paz!

                - O que está acontecendo? – Alice se aproximou.

                - Não é nada, Allie. O Paul só está com ciúmes, DE NOVO.- falei brava.

                - Qual é Paul? – dessa vez foi Seth quem falou. Eles eram primos. – Dá um tempo cara! Acho que você já bebeu demais. Deixa a Bella se divertir! Estamos em uma festa. Você não vai dar seu ‘showzinho’ né? – todos conheciam a má fama de Paul. Briguento, ciumento ao extremo e dominador. Foi isso que me levou a romper com ele, sempre quando saímos  ele arrumava confusão.O termino do namoro não mudou muito, ele continuava se achando meu “dono”.

                - Isabella para com isso, ou eu vou te levar embora! – Ele falou ignorando os protestos de Seth.

                - Quem você pensa que é para me dar ordens? – falei perdendo o pouco de paciência que me restava – Eu não vou a lugar nenhum! Muito menos com você! Entenda isso!

                - Ah vai sim.. – ele disse e segurou novamente em meu braço, dessa vez empregando mais força.

                - Me solta! – eu o encarei sombriamente. Meu rosto queimava em um misto de raiva e vergonha. Ele estava chamando atenção das pessoas em volta.         

                - O que está acontecendo? – Embry interveio. Eu nem sabia de onde ele havia surgido, nós nos cruzamos poucas vezes naquela noite. Ele era amigo de Ben assim como Paul.   

                - O de sempre, Emm. – falei virando meu rosto para sua direção. – Paul você está me machucando!- eu encarei meu ex nervosamente.

                - Paul, pega leve! Você já bebeu demais, e a Isabella não é mais sua, lembra-se? – Embry segurou na mão de Paul, me libertando assim de seu aperto.

                - Alice, vamos comigo ao banheiro? – eu esfregava o local que Paul havia apertado, e controlava as lágrimas que queria cair. Aquele idiota estava estragando minha noite.

                - Claro Best!Vamos lá! – ela percebeu minha cara de choro, e me guiou pela mão até o toalete.

Mal entramos no banheiro, Alice já disparou:

- Calma Bella! Respira! Não deixa esse babaca acabar com a nossa noite! Estamos aqui para comemorar, curtir. Se Ang souber que você está chorando...

- Ang não viu o ‘showzinho’ dele? – perguntei fungando. As teimosas lágrimas escorriam pelo meu rosto.

- Não,ela não viu!Ainda bem...

- É, ainda bem... – repeti.

- Ah Isabella, qual é? Desfaz esse muxoxo e vamos curtir. Está cedo, tem muita coisa para rolar ainda. – Alice falou tentando me animar.

- Você tem razão amiga! Eu vim para aproveitar.. Ang merece! – esbocei um sorriso.

- E nós também! – ela retribuiu meu sorriso – Fique aí que vou buscar sua bolsa para retocar a sua maquiagem. – sorri mais abertamente. Alice sempre conseguia me animar.

Aproximadamente 15 minutos depois, voltamos para o salão, com a maquiagem retocada e  impecáveis. Angela estava no meio da roda de nossos amigos.

                - Oi amiga! Que houve? – ela inquiriu preocupada.

                - O de sempre, você sabe!Deixa pra lá..já passou! Cadê ele?  - olhei em volta buscando por Paul

                - Já foi! Embry e Seth o colocaram em um táxi! Ele estava bêbado. – ao ouvir isso suspirei aliviada.

                - Aii vamos dançar! – Allie gritou quebrando o clima tenso. Eu e Angela rimos.

Voltamos ao meio da pista, onde a música continuava. Então me lembrei do bonito, que segundo as meninas, era amigo de Erik – irmão de Ben – e muito amigo de Embry. A única coisa realmente estranha, é que eu e Embry também éramos muito amigos, nós quase namoramos uma época, mas não deu certo. Apesar disso, sempre fomos muito próximos, e eu tinha certeza ABSOLUTA que nunca havia visto aquele amigo dele.Chamei Alice mais perto e sussurrei em seu ouvido:

                - Amiga, cadê aquele deus grego? – ela riu alto.

                - Estava demorando pra você perguntar dele... – ela falou ainda rindo.

                - Nossa... – fiz um bico, envergonhada. – estava tão evidente assim?

                - Ah Bellinha!Eu te conheço né? Eu reparei... mas vamos perguntar à Ang, ela deve saber! – deu um selinho em Seth, que estava ao lado dela, e me puxou pela mão até Angela.

                - Oi meninas! Já estava com saudades! – Angela nos abraçou. Pelo visto estava emocionada graças ao efeito do álcool. Eu ri e retribui seu abraço.

                - Angela, conta aqui pra mim.. – falei com um sorriso significativo. – quem era AQUELE  gato amigo do Erik?

                Ela riu sonoramente e respondeu me lançando um olhar cúmplice:

                - Delicioso né? – ela piscou para nós – Que o Ben não nos escute. – rimos juntas – Parece que ele é amigo do Erik da faculdade, e coincidentemente ele é amigo de infância do Embry.

                - Hummm! – murmurei em aprovação. – mas cadê ele?

                - Embry, ele e outros rapazes foram “esticar” a noite em uma balada.

                - Sei bem onde isso acaba. – Alice falou fazendo um gesto obsceno com a mão. Nós gargalhamos.

Continuamos falando de homens, mas não consegui mais nenhuma novidade a respeito do tal rapaz. Tudo que Angela sabia é que o sobrenome dele era Cullen. Isso não facilitava muito as coisas.De repente a música cessou e ouviu-se um barulho do microfone, nos viramos para o palco:

                - Boa noite pessoal! Muito obrigado por vocês estarem aqui conosco comemorando o nosso aniversário de casamento! – Um Ben desinibido pela bebida, estava ao palco de microfone em punho. – Eu só queria dizer á Ang mais uma vez que você é o amor da minha vida e eu sou o homem mais feliz desse mundo.

Angela corou, e seus olhos se encheram de água enquanto todos os convidados aplaudiam fortemente Ben.

                - Mas, além disso eu fiquei sabendo... – ele continuou. – que suas amigas te prepararam uma surpresa Docinho. Para relembrar o dia do nosso casamento.

                - Prepararam? – Ang nos olhou confusa. – O que é?

Eu e Alice a puxamos cada um por um braço até o palco. Jéssica e outras amigas nos seguiram. Alice estendeu á mão para Ben e ele lhe passou o microfone:

                - Acho que todos aqui se lembram do dia do casamento, certo? Então vamos lá! Solta o som DJ... – ela gritou no microfone e uma música conhecida começou

At first I was afraid, I was petrified,

No início eu tive medo, fiquei paralisada,
Kept' thinkin' I could never live without you by my side,

Continuava pensando que nunca conseguiria viver sem você ao meu lado
But then I spent so many nights thinkin' how you did me wrong,

Mas então eu passei muitas noites Pensando como você me fez mal,
And I grew strong, and I learned how to get along

E eu me fortaleci E eu aprendi como me arranjar.. 

No começo Angela resistiu, envergonhada, para então se soltar e cantar com a  gente – exatamente como no dia de seu casamento. Os convidados cantaram juntos, foi uma comemoração digna. E a festa foi até 5 horas da manhã.

xxXxx

                Era quarta-feira da semana seguinte á festa,eu estava no escritório, mais precisamente na sala de meu chefe – ele me passava instruções de um novo contrato.Ser estagiário de Direito requeria toda atenção de minha parte. Voltei à minha mesa quando Lauren – a estagiária que sentava ao meu lado – falou:

                - Swan, seu celular não parava de tocar! – ela falou com desprezo.A sua voz era fanhosa e enjoativa.Algo muito desagradável de se ouvir.

                - Obrigada Mallory! – peguei o celular e segui para a copa,afim de tomar um café. Olhei as chamadas perdidas, era um número que não estava em minha agenda. “Quem será?”  - pensei comigo mesma. Mas não tive tempo de retornar, uma pulha de petições me aguardava em minha mesa.              

                Finalmente o relógio marcou 18:00 horas. Juntei minhas coisas apressada, não poderia chegar atrasada na faculdade.

Estava na portaria da empresa, quando meu celular começou a tocar insistentemente.Vasculhei com a mão livre minha bolsa e na mesma hora que o encontrei, os livros se desequilibraram de meu braço e caíram no chão. Bufei.

                - Alô! – atendi mal-humorada enquanto me agachava para recolher minhas coisas.     

                - Oi princesa! – uma voz masculina totalmente irreconhecível, falou do outro lado. Não sei porque, mas me arrepiou.

                - Quem é? – perguntei intimidada.

                - É o Eddy!  

                - Eddy? Desculpa, acho que você ligou errado. – falei exasperada

                - Não liguei não... Isabella! – parecia que ele estava se divertindo.

                - Quem é? – perguntei nervosa.Aquela situação já estava me incomodando.

                - Eu já disse! – ele riu sonoramente

                - Olha, é um trote não é? Quem te deu meu telefone?

                - Isso é segredo! Isabella, eu queria te ver...Será que poderíamos nos encontrar?

                - Ah!! Você está de brincadeira comigo não é?Quem foi que te deu meu telefone? – alterei o tom de minha voz,Eu realmente estava perdendo a paciência com essa brincadeira estúpida.

                - Não posso dizer...

                - Vá incomodar outra pessoa! – desliguei o telefone sem aguardar qualquer resposta.

Caminhei apressadamente até meu carro e fui para a faculdade. Durante o resto da noite, eu tentava descobrir quem era aquele homem, e quem poderia ter dado meu número á ele.

                No dia seguinte, eu estava almoçando quando meu celular tocou: número restrito.

                - Alô! – perguntei distraidamente, enquanto levava o garfo à boca.

                - Está mais calma hoje, princesa? – engasguei.

                - Você de novo? O que você quer?

                - Conversar com você.

                - Como é mesmo seu nome? – perguntei com desdém.

                - Eddy! – sua voz rouca sussurrou.

                - Então, Eddy – suspirei- conversaremos se você me disser quem é você, e quem te deu meu número.            

                - Princesa, eu já disse que é segredo! – a forma como ele falou me enjoou, não sabia definir o sentimento, mas de alguma forma me senti suja. Ele devia achar que estava falando com uma vagabunda qualquer.

                - Escuta aqui cara...- eu realmente não estava gostando dessa conversa.

                - Bellinha meu amor! É assim que você trata meus amigos?  - Epa! Essa voz era conhecida.

                - Emm? – uma conferência. Eu podia ouvir além da voz de Embry, a risadinha do tal Eddy.

                -Eu mesmo!

                - Embry Call! Eu devia imaginar que era você por trás dessa palhaçada! – percebi que as pessoas ao meu redor me encaravam incomodadas com meus gritos.

                - Calma Bellinha! Não é palhaçada nenhuma, deixa eu explicar... – Ele falou calmamente. Embry era o tipo de amigo que vivia para me tirar do sério.

                - Acho bom mesmo! – cortei-o.

                - Se você deixar. – ele sussurrou. – Bem, como eu estava dizendo, Bella, não é brincadeira nenhuma, o meu amigo aqui realmente quer conhecer você.

                - E você não poderia simplesmente ter nos apresentado Emm? – eu falei cansada. Aquilo  não era algo que eu estivesse entendendo. Embry não era de fazer esse tipo de gracinha...

                - Claro que poderia Bells! Mas o Eddy é tímido! – os dois riram. Eu bufei.

                - Tá bom Em, chega disso! Vou desligar..

                - Calma Bells, você é muito estressada!

                - Tchau rapazes! – e sem esperar uma resposta de ambos, desliguei o celular. Mesmo o tal Eddy  sendo amigo de Embry, aquilo de forma alguma me reconfortava. Eu ficava martelando em minha mente, a forma vulgar que ele tinha falado comigo, como se eu fosse uma qualquer, uma galinha...sei lá! Decidi que não atenderia mais qualquer ligação dele, seja qual fosse o jogo que ele estivesse fazendo, eu não cairia.