Um Verão Inesquecível escrita por GiullieneChan


Capítulo 2
Capítulo 1




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Manhã seguinte, na Mansão Blackmoore.

Todas as senhoritas Dawes estavam reunidas à mesa para o desjejum, a baronesa apreciava uma xícara de chá, enquanto seu criado lhe servia uma fatia de bolo. A baronesa olhou intrigada para Louise, que parecia imersa em pensamentos.

-O que lhe aflige Louise?-perguntou de repente e todos os olhares se voltaram para ela.

A menina arregalou seus grandes olhos escuros e pigarreou antes de responder:

-Estava lembrando de um sonho estranho que tive ontem.

-Sonho?

-Sonhou com o homem com quem vai se casar?-Amanda foi logo perguntando ansiosa. -Eu sonhei com cores azuis e não vi rosto algum.

-Sonhei sim... Com um rapaz loiro e muito bonito, que chegou a nossa casa, acompanhado de um amigo com trajes exóticos e... mas que usava um vestido estranho!

Igor derrubou uma xícara ao ouvir isso.

-Do que estão falando?-indagou a baronesa.

-Bom dia a todas. -uma voz masculina chamou a atenção de todas e a baronesa ergueu-se da cadeira com um sorriso. Era Lorde Francis Furneval e ele estava acompanhado por seu amigo, Mu.

-Bem vindo, Lorde Furneval. Espero que tenha passado bem e...

De repente, Louise é acometida por um ataque de tosse, parecendo que havia se engasgado com o pão que devorava a pouco. A jovem parecia ter se assustado ao ver o Lorde. Seus olhos lacrimejavam e ela tentava respirar.

Igor, como um criado prestativo, com um tapa nas costas da jovem, tentou desengasgá-la e não obteve sucesso.

- Por Deus! Louise!

A baronesa começou a ficar aflita com o ocorrido, até Mu fazer a menina se levantar, a abraçá-la por trás e com um movimento nunca antes visto por aquelas damas, apertar o corpo de Louise e esta expelir o pedaço de pão que ameaçava sua vida, e este cair na xícara do ilustre convidado e ela pode respirar novamente... Apesar da vergonha da situação.

-Obrigado, Mu. -diz o lorde, fazendo um gesto para que o mordomo trocasse a sua xícara. -Minha cara prima, está bem agora?

- Oh... -Louise sai correndo para o andar superior, sendo seguida pelas irmãs preocupadas, deixando a baronesa e seus convidados sem ação.

-Eu... Peço desculpas pelo ocorrido. -diz a senhora de Blackmoore.

-Não foi culpa sua. -respondeu o lorde.

-Com licença, preciso ver se ela está bem mesmo. -e saiu da sala de jantar.

-Aceita pão?-Igor perguntou, fazendo o lorde arquear a sobrancelha.

-Não, obrigado. -ele se serviu de leite morno e suspirou. -Pior do que eu imaginava amigo.

-Acredita mesmo nisso?-indagou Mu, aceitando o pão oferecido pelo mordomo.

-Sim. Eu deveria ter voltado há cinco anos atrás.-colocou a mão sobre a boca, em um gesto de preocupação.-Minhas primas ficaram sem protetor! Deveriam estar casadas! E preciso ter certeza de que ninguém lapidou os bens deixados por meu primo a elas e à viúva!

-Elas... Me parecem bem.-Mu comentou.

-Carla e Inis passaram da idade de se casarem! Thatiane e Vanessa já deveriam estar sendo cortejadas!-enumerou o lorde. -Melissa e Amanda já deveriam ter sido apresentadas à sociedade! Lógico que a baronesa fez um bom trabalho mantendo caça-dotes longe das meninas, mas...

-Louise.

-Como?

-Não citou sua prima Louise. -insistiu Mu.

-Ela é uma criança, não viu?

-É mais velha que Melissa... Deveria ser apresentada a sociedade e a um futuro pretendente também.

-Ela... Parece-me desastrada demais!

-Era ela quem nos vigiava do alto da escada?

O lorde lembrou-se da visão da dama em trajes de dormir do alto da escada quando chegou. Ela parecia querer se esconder, mas não obtivera sucesso. Os cabelos longos e soltos pelos ombros, um pouco desalinhados na ocasião, mas que não diminuíram a beleza natural que possuía.

-Sim. -pigarreou e disfarçou bebendo leite.

-Não me pareceu uma criança quando a tive a pouco em meus braços. -sorriu e seu amigo o fuzilou com o olhar. -Eu não abracei sua prima com segundas intenções. É testemunha que a salvei!

-Melhor não comentar isso novamente meu caro!-disse em um tom irritado.

-Perdoe-me minha indelicadeza. -Mu sorriu, bebendo o chá. -Você deveria cortejá-la!

-Enlouqueceu? É minha prima!

-De terceiro grau.

O mordomo limpou a garganta, como se quisesse lembrá-los que estava ali, ouvindo tudo.

-Não voltou a Londres para resolver a situação de suas primas e arranjar uma esposa antes de retornar à Índia? Então, case-se com uma delas!

-Não é tão simples assim, Mu... Ela tem que aceitar minhas condições.

-Queria ver a reação de suas parentas quando vier a contar-lhes sua atual condição. -Mú riu. -Louise não estranharia sua condição. Afinal, ela já o viu usando um "vestido".

O lorde suspirou com tédio e o mordomo arqueou a sobrancelha imaginando se o Lorde era uma daquelas pessoas com comportamentos excêntricos e que se vestiam de mulher quando estavam sozinhos.


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Mais tarde.

-Nunca me senti tão envergonhada em minha vida!-Louise ainda se lamentava, enquanto caminhava pelas calçadas com suas irmãs e o mordomo logo atrás, carregando pacotes em seus braços. -Ainda bem que o lorde já havia saído quando desci do quarto!

-Foi um infeliz acidente, mas não deveria ficar se martirizando!-aconselhou Carla, parando em frente a uma loja de chapéus. -Ele é um cavalheiro e não ficaria tecendo comentários do ocorrido.

-Espero. -suspirou novamente, não havia comentando com as irmãs que era com ele que sonhara na noite anterior, isto é, agora não acreditava que fosse um sonho.

-Vamos terminar as compras e voltar logo a tempo de almoçarmos em casa.-pediu Inis entrando na loja.

-Louise. -Amanda a puxou pelo braço.-Me conte mais sobre o seu sonho!

-Em casa eu contarei e...

Um vento forte passou naquele momento, fazendo as damas se encolherem. Mas a força do vento foi tal que acabou por carregar o lenço que Amanda segurava em sua mão.

-Meu lenço!

A menina correu, acompanhada das irmãs menores, atrás do lenço. O vento o carregou até perder as forças e este caiu aos pés de um cavalheiro, que se abaixou para pegar o delicado tecido.

Naquele momento, as meninas pararam de correr e ofegantes ficaram observando. O homem, de bela aparência, cabelos longos soltos, mas bem cuidado, bem vestido e apoiado por uma elegante bengala fitou as meninas, mas seus olhos pousaram em Amanda, deixando-a com a garganta seca de repente.

Profundos olhos azuis pareciam estudá-la, e ele deu um sorriso charmoso ao entregar a ela a peça.

-Certamente deve ser seu, senhorita. -Ele inclinou-se levemente para frente.

-São azuis... -ela murmurou.

-O que disse?-perguntou curioso.

-Oh, nada... Nada!-ela pegou o lenço disfarçando. -Obrigada cavalheiro. É estrangeiro?

-Como percebeu? Tenho treinado para falar seu idioma com perfeição.

-Uma leve entonação na letra r.-ela disse, como se fosse entendida no assunto.

-É muito observadora! Permita-me que me apresente... Sou Kanon Tassouli, de Athenas.-pegou a mão da menina e a beijou.-Seu humilde servo.

A reação de Amanda foi o de corar e as palavras sumirem da sua boca. Algo inédito de se acontecer. Vendo que a irmã hesitava e engasgava em se apresentar, Thatiane tratou de fazer as apresentações.

-Prazer vossa graça. Somos irmãs e eu sou Thatiane Dawes, esta é Melissa Dawes e por fim, minha irmã, Amanda.-sorriu e Amanda ficou mais corada ainda.

-Amanda? Um belo nome, aliás.

-Obrigada.

-Bem, preciso ir. Meu irmão está me esperando para um almoço de negócios e não gosta que eu me atrase.-fez de novo um gentil cumprimento com a cabeça.-Em breve nos veremos novamente, senhorita Amanda Dawes.

Assim que viram que o cavalheiro se afastara, as meninas começaram a rir entre elas, como se comemorassem o fato de um cavalheiro ter aparecido. Todas menos Melissa que achava esta atitude e comportamento inadequado.

-Se Carla estivesse aqui teria arrancado suas orelhas!-repreendeu a caçula.-Thatiane praticamente você jogou Amanda nos braços daquele desconhecido!

-Ele não é bem um desconhecido. -Amanda defendeu. -É o senhor Kanon Tassouli de Athenas. E certamente é um homem de negócios bem sucedido, pelas roupas e pela educação. Viu que ele falou que tinha um almoço de negócios?

-Mesmo assim! Foi um comportamento inadequado!

-E ele tem olhos azuis... -ela suspirou.

-Muitos homens têm olhos azuis.

-Não entende Melissa? Eu fiz a simpatia de Santo Elias e sonhei com cores azuis. E o senhor Tassouli tem olhos azuis!-voltou a suspirar. -É com ele que vou me casar!

Melissa suspirou ruidosamente, achando que as irmãs estavam ficando obcecadas demais com a idéia de se casarem.


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Após um longo trajeto, Kanon afastava-se do elegante bairro londrino e se aventurava por uma das várias ruas empobrecidas daquela grande cidade. Passando por homens que se ocupavam em suas profissões, entrou em uma humilde pensão.

Sem olhar para os demais hóspedes que comiam a sopa servida ou se embebedavam em algum canto, três homens sentados em um canto o observaram atentamente.

Kanon subiu as escadas até um quarto, abrindo a porta e entrando em seguida.

-Chegou finalmente!

-Olá, meu caro irmão!-Kanon cumprimentou o homem, cuja imagem era exatamente igual a dele, mostrando nitidamente que eram gêmeos.

Saga Tassouli era o mais velho, e sempre mantinha uma expressão mais séria em seu olhar. Este era um traço que o diferenciava de seu irmão Kanon, cujos olhos refletiam muito de seu caráter arrogante. Ele estava sentando perto da mesa, onde degustava da refeição, feita de pão, carne e queijo. Bem como uma garrafa de vinho para saciar a sede.

-Então? Conseguiu?-perguntou, enquanto cortava um pedaço de carne e se servia.

-Claro!-Kanon puxou uma cadeira e sentou-se defronte ao irmão, se servindo de um pedaço de queijo. E em seguida mostra um envelope, retirado de sua casaca.-Convites para a festa na mansão Villers.

-Perfeito!-Saga apontou a faca para o irmão, não de maneira ameaçadora, mas como se quisesse lhe ensinar algo.-Muitas damas, viúvas ou desesperadas para casarem por terem passado da idade estarão por lá. Basta escolhermos as que ter o melhor dote!

-Acha mesmo que este plano dará certo?

-Certamente que sim! Conquistaremos tais damas e nos casaremos com elas. E voilá...viva a vida sem preocupações e com luxo!

-Bem. Eu já tenho alguém em vista.

-Quem?

-Uma das senhoritas Dawes.-sorriu ao dizer isso e comeu um pedaço de carne.

-Dawes...Dawes...-Saga parecia refletir sobre o nome.-Claro! São filhas do falecido Barão de Blackmoore! Perfeito irmão! Elas são herdeiras de uma grande fortuna e não possuem nenhum homem nesta família que possa interferir em alguma decisão de casamento entre elas!

-Mas e a tal viúva?-Kanon pareceu preocupado.

-O que tem ela?

-Soube assim que chegamos a cidade que ela vive reclusa deste a morte do marido. E não permitem que façam a corte às enteadas!

-Deve ser uma velha avarenta que não quer dividir a fortuna que herdou com outros!-concluiu Saga.

-Velha? Me disseram que...

-Não se preocupe. Eu manterei a velha longe para que corteje a sua dama Dawes e se case com ela logo!

-Bem...quanto a barone...-Kanon parecia querer dizer algo.

-Como se chama a sua dama escolhida?

-Amanda Dawes.-a lembrança da jovem dama o fez esquecer do que ia dizer ao irmão sobre a baronesa.

-Escreva o que eu digo. Em menos de três meses será Amanda Dawes...Tassouli.-e sorriu.-Ela tem irmãs em idade de se casar?

-Seis pelo o que soube.

-Perfeito! Mas jogarei meu charme para outra dama. Para que não desconfiem de nós.

-Dois dias para o baile.

-Dois dias para mudarmos nossas vidas!-ergueu a caneca com vinho e escutou batidas na porta.-Atenda.

-Por que eu?-Kanon se levantou indignado.-Sou seu irmão, não seu criado.

-Mas sou o mentor intelectual de nosso futuro!

Kanon resmungou algo em grego e abriu a porta, fechando-a depressa em seguida. Saga o olhou, estranhando tal comportamento.

-O que foi, homem?

-É...é...é ele!-apontando para a porta, que agora era socada.

-Ele? E deixou que ele o visse?

-Mandou que eu atendesse a porta!

-Não dê ouvidos a tudo o que eu digo!

-SAGA E KANON! ABRAM ESTA PORTA OU TEREI QUE CHAMAR AS AUTORIDADES SEUS CANALHAS!

-Policia?

-Droga! Este cara não desiste? Culpa sua!-apontou para Kanon.

-Por que minha culpa?

-Quem seduziu e dormiu com a irmã dele em Athenas, nos obrigando a fugir para a Inglaterra, antes de sermos mortos?

-Eu não a seduzi!-defendeu-se indignado, segurando a porta que parecia querer ceder.-Ela me arrastou para o estábulo! E aviso que Diantha foi quem me ensinou muitas coisas!

-Diz isso para ele!-apontando para a porta.

-Está louco! Ele me matará!

Um novo empurrão e a porta cede, jogando Kanon longe. Saga mantinha a postura e a expressão tranqüila, bebendo seu vinho ao ver o quarto ser invadido pelos irmãos Petronades, aparentemente zangados. Notou cauteloso que um terceiro, que não parecia se ocidental, mantinha a guarda na porta. Colocou a caneca na mesa e abriu os braços com um sorriso.

-Aiolos, Aiolia! Quanto tempo! Como está o velho Nikola? E sua adorável mãe e bela irmã?-calou-se quando viu o punhal apontando para a sua garganta.-Isso é mesmo necessário?

-Viemos cobrar uma divida de honra!-disse Aiolia, com o punhal na garganta de Saga.-Pela honra de minha família e de minha irmã, vamos sangrar vocês como porcos que são!

-Amigo...aqui na Inglaterra as coisas não são resolvidas assim.-Saga afastou a lâmina com um dedo.-Sejamos civilizados. Ademais...degolar a mim e meu irmão não irá restaurar a honra da bela Diantha.-sorriu.-Casamento sim! Levem Kanon para que case-se com sua adorável irmã e todo mal estará remediado!

-Como me joga assim no covil dos leões, seu irmão desnaturado!-Kanon se levanta, protestando.-E o amor fraternal?

-Tenho mais amor ao meu pescoço intacto, irmão.

-Diantha se casou com um dos nossos primos, que gosta muito dela apesar de seu comportamento vergonhoso. Ele irá colocá-la no caminho certo. -diz Aiolos, que estava parado no centro do quarto. Ele caminhou até Saga e se serviu de vinho.

-Transmita aos noivos meus sinceros parabéns e votos de felicidade!-respondeu Saga se afastando de Aiolia e do seu punhal.

-Procuramos apenas lavar nossa honra com seu sangue!-diz Aiolia.

-Outra vez esta conversa de sangue!-Saga faz cara de repulsa.-Não tem uma maneira menos suja de se resolver isso?

-Verdade.-diz Kanon.-Trabalhos forçados!

-Indenização!-aponta Saga.

-Indenização?-Aiolia olhou curioso para os gêmeos.

-Sim! Darei uma generosa quantia em dinheiro pelo ocorrido. Para pagar por todo o infortúnio de terem viajado de Athenas até aqui. E Kanon pagará também uma boa quantia, para que Diantha e seu afortunado marido, comecem a nova vida com conforto!

-Hmmm...-Aiolos e Aiolia ficaram pensativos e o mais velho assentiu.-Certo. Paguem-nos dez mil libras.

-DEZ MIL!-os dois pareciam horrorizados.

-Cada um.-concluiu Aiolos.-Agora!

-É uma fortuna!-Kanon protestou.-Não temos tal quantia...

Ambos sacaram os punhais.

-Neste momento conosco!-completou Saga.-Precisamos de um prazo, afinal!

-E por que o daríamos a vocês?-Aiolia perguntou curioso.

-Porque meu irmão e eu casaremos em breve, com damas bem ricas. Após os casamentos teremos os dotes e com isso pagaremos a dívida de honra!

-Casarão com herdeiras? Quando?-Aiolia não acreditava.

-Ainda não sabemos quem são as noivas.-concluiu Saga.

-Você não sabe, eu já tenho alguém em vista.-corrigiu Kanon.

-Bem lembrado.

-Expliquem-se!-ordenou Aiolos.

Os gêmeos se entreolharam. Kanon deu os ombros e Saga resignado explicou aos irmãos Petronades seus planos de desposarem ricas herdeiras. Aiolia parecia não dar créditos a tal plano, mas Aiolos escutou tudo atentamente.

-Está bem.-Aiolos concordou, para o espanto de seu irmão caçula.-Mas ficaremos perto de vocês até que tenham concluído seus planos e nos dado o dinheiro.

-Confiem em mim.-diz Saga com um sorriso.

-Não confio em vocês!-apontou para o rapaz na entrada do quarto.-Mas nele eu confio.

Os gêmeos observaram o rapaz de traços orientais entrar no quarto e olharam confusos para os Petronades.

-Ele tem uma dívida comigo.-explica Aiolos.

-Todos devem pra ele?-murmurou Kanon que recebeu um cutucão de Saga.

-A caminho da Inglaterra, ele foi salvo por meu navio. Um náufrago que precisava vir para este país, cumprir uma missão pelo seu senhor, certo Ikki?-perguntou ao rapaz que concordou com um aceno de cabeça.-Ele fala muito bem o inglês e vai ser meus olhos e ouvidos. Ikki ficará na cola dos dois, me manterá informado de seus passos. Se tentarem me enganar, ele matará os dois!

-É só um contra nós dois. Damos conta.-sussurra Kanon a Saga, que concorda com um aceno de cabeça.

O rapaz chamado Ikki se aproximou, apesar de vestir roupas ocidentais emprestadas, carregava nas costas um objeto comprido, embrulhado em um tecido de aparência cara, preso com uma tira de couro. Ele retira o tal objeto, desenrolou o tecido e revelou o objeto.

De posse dele nas mãos, sacou com uma velocidade impressionante o que seria uma espada e partiu em duas a mesa onde estava o almoço, guardando a espada com fio impecável novamente. Ele observa Saga e Kanon com frieza.

-Creio que nos daremos bem!-sorriu Saga, cutucando Kanon para que ele fechasse a boca.


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Dias depois... Mansão Villers.

Uma bela noite para um baile.

Enquanto Kamus duPont, Visconde de Chanttél e futuro Barão de Villeirs, se deslocava em meio ao barulhento baile promovido por sua avó, ele procurava com o olhar seus melhores amigos, que se ocupavam em observar as damas presentes e a convidá-las para a dança.

Kamus suspirou. Ao menos eles manteriam as donzelas com sonhos de casamento afastadas dele. Ele sabia que a intenção da matriarca da família era que seu relutante neto, o único varão da família, encontrasse uma noiva entre as debutantes, se casasse, assumisse o título de Barão e perpetuasse o nome da família.

Ele tinha outros planos. E o casamento não era um deles.

- Sua avó não desiste, meu bom amigo.- Kamus olhou para a figura do jovem estrangeiro que se tornou seu melhor amigo desde que se conheceram há cinco anos.

- Ela ainda tenta, Milo.

- Não pode culpá-la por querer ver um bisneto antes de morrer.-diz e sorri para uma garota que esconde o rosto ruborizado sob o leque.

- Que espere Lucy se casar!-exclamou.

- Ela sabe que sua irmã logo terá pretendentes e um casamento respeitável. Você...por outro lado.

- Sabe o que penso de casamento.-sorriu de volta.-E pretendo ficar longe, mas onde está Shura?

- O espanhol? Dançando com Lucy.-apontou discretamente e Kamus olhou imediatamente contrafeito para o meio do salão.

- Que ele não ouse encher a cabeça de minha irmã com tolices românticas! Eu o matarei!-bufou Kamus e Milo gargalhou.-Vamos, temos que sair daqui e encontrar os outros na casa de madame Shannon.

-O baile está cheio de belas mulheres. E mais damas estão para chegar.

-E nenhuma irá me fisgar!

- Como se isso fosse fácil!-riu.-Um dia alguém irá te fisgar com estas "tolices românticas", meu amigo.

-Nunca!

-Nunca diga nunca! Meu velho pai sempre me dizia isso!

-Tal mulher ainda não nasceu, Milo. E quando nascer, estarei velho demais para ela! Eu nunca irei me casar! E tenho dito!


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Southampton...noite.

Quem por ali passasse e visse o casarão com um belo jardim a sua frente, e fosse de fora da cidade e região, veria uma residência onde uma família vivia em harmonia. Todos conhecem o bom médico da cidade, viúvo e pai de duas lindas damas.

O bom doutor Hopkins tinha uma vida boa, uma linda casa herdada de seu avô, sua família era respeitado nesta cidade, mas apesar de tudo...

Quem por ali passasse e visse o casarão com um belo jardim a sua frente, não imaginaria o furacão que ali reside.

Gritos foram ouvidos, parecia que um terremoto abalava aquele casarão. Mas os moradores locais até estavam parcialmente acostumados com a confusão que vez ou outra abalava aquele lar, quando o bom doutor Hopkins tentava apresentar a sua filha mais velha, um pretendente.

-Quem será o pobre coitado hoje?-a velha senhora Thompson apareceu correndo até a janela de sua casa, que ficava defronte a do médico, tentando ver alguma coisa.

-Martha, deixa de ser curiosa e venha dormir mulher!

-Cale-se Earl!-ela o repreendeu.-Nada de interessante acontece por Southampton! Só os acessos de fúria da senhorita Annely Hopkins quando aparece algum pretendente! Será que os homens desta cidade não aprenderam? Deve ser o sangue americano da mãe! A falecida senhora Hopkins era muito geniosa!

Earl Thompson desistiu de argumentar com a esposa curiosa e subiu para o quarto dormir.

Naquele momento, a porta da frente do casarão foi escancarada e um pobre rapaz saiu correndo de dentro da casa, em pânico, seguido pelo bom doutor e sua filha mais nova, Luna. Uma bela jovem de traços delicados, vivos olhos azuis e longos cabelos loiros e lisos.

-Olha Earl! É o filho dos Fergunsons, o Izaiah!-balançou a cabeça negativamente. -Eu sabia que as visitas dele eram com segundas intenções!

-Senhor Fergunson! Volte!-implorava o médico.

-Nunca!-gritou parando no portão, mostrando o olho roxo.-Eu não volto para esta...esta...megera que você chama de filha!

-Não ofenda minha filha, seu moleque!-repreendeu o médico.

-Ela não é uma mulher! É uma fera!-e saiu correndo.

-Ah...minha gastrite!-gemeu o médico se apoiando no portão.-Sua irmã vai me matar um dia, Luna.

-Papai. Deste jeito não dá! Eu nunca vou me casar se Annely não se casar primeiro!-disse chorona.

-PAPAI!-gritou alguém em fúria da varanda da casa.

Lá havia uma jovem de cabelos castanhos claros e ondulados, olhando com fúria para o pai e para a irmã.

-Desista papai! Eu não vou me casar! Pare de me apresentar pretendentes!

-Annely!-a irmã protestou.-Eu quero me casar!

-E eu com isso?

-Só posso casar se você se casar primeiro!-nervosa.

-Então se conforme. Porque eu não vou me casar!

-Ai minha gastrite!-gemeu o médico.-Um dia Annely...um dia hei de aparecer um homem que a levará ao altar! E aí, eu quero ver!

-Tal homem ainda não nasceu, papai. E quando nascer, estarei velha demais para ele! Eu nunca irei me casar! E tenho dito!

E Annely Hopkins entrou na casa, fechando a porta com um estrondo.

Continua...


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