Um Outro Potter escrita por Miyu Amamyia


Capítulo 6
Capítulo 6 – Desabafo




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Um Outro Potter

Capítulo 6 – Desabafo

Duas semanas se passaram desde a primeira semana de Chrystine na Ordem. Ela quase não parava no Largo, saindo a toda hora. Gina e Hermione adoravam aquilo, Harry é que não gostava. Até descobrir que toda noite ela ficava até altas horas na biblioteca, estudando e preparando aulas. Depois dessas descoberta, eles começaram a passar esse tempo juntos, Chrystine contando sobre sua vida. Mas uma conversa ficara marcada na mente de Harry.

Harry riu. Apesar de dura, a vida de Chrystine fora divertida. O jeito severo que ela sempre tinha era apenas mais uma máscara. Eles estavam a uma semana em Grimmald Place e essa era a segunda noite que passavam juntos, conversando. E, durante essa semana, uma coisa ficara martelando na cabeça de Harry.

--- Como você se tornou professora, Chrys?

Os olhos de Chrystine escureceram e ela suspirou.

--- Eu temia que você fizesse essa pergunta – a jovem afundou um pouco na cadeira em que estava. – Em Osíris, os melhores alunos se tornam professores. Mas não sem antes passar por um teste – ela engoliu em seco. – Para cada matéria, os concorrentes lutam entre si, até que só reste um. Algumas lutas são de vida ou morte – um calafrio percorreu a espinha de Harry. – O aluno que sobrar terá que lutar com o professor da matéria. Essa luta é de vida ou morte, queira o finalista ou não. Ou ele mata ou, se o professor não for misericordioso, ele morre. E nenhum dos meus professores era misericordioso.

--- Isso quer dizer – Harry hesitou, temeroso da resposta – que você já matou?

Chrystine assentiu e depois disse, a voz demonstrando profunda tristeza e dor:

--- Eles eram meus professores prediletos. Meu único consolo é saber que eles morreram orgulhosos de mim e que a morte era melhor do que a humilhação de viver, sabendo que foram vencidos por uma garota de doze anos. Se você prestar atenção, aniki, verá que minhas orelhas não estão disfarçadas por feitiços, diferente do Olho da Deusa. Quando um elfo negro mata, seus cabelos se tingem de um leve vermelho. Se ele voltar a repetir tal ato, os cabelos ficam da cor do sangue derramado. Eu quase não mudei minha aparência para que ela me lembre que, um dia, dei fim a vidas humanas. A Granger e a Weasley já sabem. A Granger demorou horas para notar e, quando a ficha caiu, tivemos uma discussão. Eu, ela e a Weasley. Por isso eu demoro tanto para ir para o quarto.

--- Chrys… - Harry notou que os olhos dela estavam excessivamente brilhantes,

--- Eu odeio quem julga as pessoas só por seus atos, aparências ou personalidade. Pessoas que só buscam o lado ruim nos outros – as lágrimas começaram a correr pelo belo rosto. – Odeio, odeio, odeio!

Chrystine socou a poltrona, a dor estampada no rosto, as lágrimas correndo livres. Harry se levantou e se ajoelhou em frente à irmã, a abraçando sem nada dizer. Os dois ficaram abraçados por um longo tempo, até que Chrystine se acalmou. Ela se afastou um pouco de Harry e falou, os olhos fechados:

--- Elas me julgam sem saber pelo que passei. Sem saber, que, quando eu matei pela primeira vez, eu tinha só sete anos e foi para me defender de um homem que tentara abusar de mim. Eu estava passeando pelo centro do Cairo quando ele me pegou e me arrastou até um beco escuro. Me encontraram horas depois, coberta de sangue, olhando, em estado de choque, para o cadáver do homem. Eu tinha nas mãos a adaga que sempre carregava comigo. Empapada de sangue. Passei dias e noites sem dormir, apenas chorando. Passei quatro anos sem falar, traumatizada – a voz de Chrystine estava trêmula, as lágrimas voltando a correr. Harry apertou levemente a mão da irmã, a incitando a continuar. – Quando meus professores me falaram que eu era um dos escolhidos para lutar pelo cargo, eu entrei em desespero. Falei para eles do meu trauma e eles me disseram que foi exatamente por ele que eu fora escolhida. Um dia eu teria que enfrentar esse problema, foi o que eles disseram. Um dia eu teria que enfrentar a morte. Melhor que fosse a causando – ela abriu os olhos, as lágrimas ainda correndo. – Eles me amavam a ponto de se sacrificar por mim, me fazendo superar meus próprios limites, já que eu enfrentei os três professores de uma só vez. Meus professores, minha família adotiva, minhas servas. Todos me incentivando, me dando força para seguir adiante e vencer.

--- E eu aqui, me preocupando em salvar o mundo e pôr a vida dos outros em risco – Harry se levantou, dando as costas para a irmã, amargurado.

--- Não fale assim, meu irmão – Chrystine abraçou Harry por trás. – Você nem ao menos sabia que eu existia. Fora essas coisas, minha vida foi feliz. Tenho uma família que me ama, mesmo sendo adotiva, tenho amigos fiéis que adoro – Harry se virou para a irmã, que agora sorria. – Apesar de quê o mundo inteiro desconfia de alguns deles.

--- Por que? – o garoto perguntou curioso.

--- Porque eles são vampiros – Chrystine riu diante da cara que Harry fez. – Um deles é um Antigo.

--- Vampiros? – Harry sussurrou.

Chrystine riu mais ainda. O resto da noite foi ela contando sobre seus amiguinhos dentuços.

Harry sorriu enquanto se lembrava da descrição de um dos amigos vampiros de Chrystine. Sua irmã era realmente louca. Tanto que começara a ensinar-lhe magia avançada e a utilizar seus poderes de elfo e tenshikurô. Olhou para o relógio. Sete horas. Tinha acordado realmente cedo. Depois de se vestir, o garoto desceu as escadas e foi para a cozinha. Só não imaginava encontrar aquela agitação.


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Notas finais do capítulo

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