Martyrium escrita por keca way


Capítulo 1
Martyrium




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Nos encontravamos sentados, encostados a uma árvore, dentro do grande jardim do hospital central do câncer.

O céu estava azul, sem nenhuma nuvem, o sol brilhante, mas mesmo assim não era tão forte, e a agradavel brisa dava uma sensação gelada ao bater em nossas faces.

O dia está tão agradavel hoje! – Ouvi ele dizer.

Se encostou em mim se espreguiçando,  em seguida.

Como é era bom passar o dia do ao lado dele. Eu adorava seus sorrisos bobos, a preguiça que ele insistia em mostrar. Poderia ficar um dia inteiro a observa-lo.

Tão lindo, tão doce era a única pessoa que eu conheci que podia ser inocente e ao mesmo tempo tão excitante.

Tommy! Podíamos ter um cachorro! – sorriu tentando chamar minha atenção. Desencostou de mim se ajoelhando a minha frente, levando as mãos as minhas pernas, fazendo um leve carinho.

Apenas sorri. Beijei de leve seus lábios, e fui correspondido sentindo o gosto doce de sua boca. Sorriu mais abertamente, apaixonado. Era assim que eu o via. Completamente apaixonado.

Estava triste, mas ele estava fazendo de tudo pra me animar. Eu sabia que era isso que ele queria, que eu estivesse alegre, mesmo não tendo motivos pra isso.

Como eu queria que o tempo voltasse, e o queria fazer parar pra que ele nunca fosse tirado de mim.

Seu rosto estava cada vez mais pálido, seus cabelos negros, agora já não se encontravam na cabeça, me lembro como fora difícil pra ele aceitar isso.

Mesmo assim, eu ainda o era o ser mais lindo do universo. Eu sabia que a hora chegaria, só não pensei que fosse tão rápido. Aquilo me doía tanto, mas eu tinha que aceitar. A final um dia todos morremos.

Ele abaixou a cabeça pela minha falta de resposta, e eu não tive coragem de dizer nada. Estava me segurando pra não chorar, era a ultima vez que eu o veria, eu sentia isso, e tinha a certeza que ele também.

Ele segurou meu rosto, me fazendo encarar. Sorriu triste e depois sussurrou, limpando uma lágrima que eu não hesitei em segurar.

Não chore Tommy... Por favor. Você fez tudo que estava ao seu alcance... E eu te agradeço por isso – Fez uma pausa fazendo um leve carinho – eu sempre vou te amar... Não importa se estarei longe, se não poderá me ver, eu prometo estar sempre com você... aqui – levou a mão ao meu peito e me abraçou.

Doía, mais do que espadas gravadas no meu peito, mas eu ainda descobriria que poderia doer ainda mais.

Deixei ser abraçado, e o abracei como se fosse a ultima vez. Era a ultima vez, e eu tinha razão. Separei nosso abraço e o beijei, com carinho sentido todo seu gosto. Como se eu pudesse guardar parte dele comigo. Eu sabia que era impossível, mas eu queria tentar. Tentar parar o tempo, tentar fazê-lo viver.

 

Me senti tão perdido nos primeiros dias. Não comia, não falava, era como se um peso estivesse sobre mim. Nossa mãe me vigiava dia e noite. Tinha medo que eu me matasse. Que eu seguisse o mesmo caminho de Bill.

Como eu queria... Como queria estar com ele. A final, não era só o meu irmão. Era meu amante, meu amor, ele era eu, e eu era ele.

A dor era cada dia maior, a cada hora era como se eu esperasse acordar de um pesadelo. Na segunda semana, me mantive a sala, quase o dia todo. Como se eu esperasse que ele chegasse abrisse a porta, e mais uma vez me desse um dos seus sorrisos, daqueles que eu amava.

Como queria ouvir sua voz, como queria sentir seu gosto, seu cheiro. Eu só queria que ele estivesse comigo, como era antes, como deveria ser.

Com o tempo tudo foi mudando. Eu voltei a comer, a sair, mas nunca mais fui o mesmo.

O via em todos os lugares, sentia seu cheiro e ouvia sua voz. Eu as poucos enlouquecia, eu não podia mais me controlar. Chorava a toa, chorei tudo o que não me permiti em seu enterro, e ao ver meu estado de loucura total, meus parentes resolveram que o melhor era eu estar aqui.

Os dias passam cada vez mais lentos, mas dolorosos. Ainda ouço a voz dele, não com tanta intensidade. Ainda o vejo as vezes quando estou sozinho, ouço sua risada divertida, e ele a dizer que me ama.

Não tenho mais noção de tempo, nem sei estou aqui há dias, há meses, ou anos.

Eu queria que tudo isso fosse embora, que tudo voltasse a ser como antes, mas eu sei que não vai ser.

Sinto como se tivesse perdido metade de mim, como se minha alma estivesse incompleta, e espero somente que me levem pra onde eu possa ficar com ele novamente.

Eu só queria que ele estivesse comigo, pra sempre.

Mas sei que o sempre não existe, sei que o sempre, sempre acaba. E eu vou continuar aqui, a sofrer, a me martirizar sem você.

Ele foi tudo na minha vida...

Tudo até o fim...

E eu queria minha vida de volta, pois já não existe vida sem você...


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Notas finais do capítulo

Obrigada a quem leu, pesso pra que deixem review para saber se gostaram.

Fic curtinha, bem sem graça eu sei.
acabei ficando com vontade de escrever e isso foi o que saiu...

obrigada mesmo por lerem
bjos



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