- Reita, lembra quando você me disse que não era pra eu ser legal com as pessoas? - perguntou Kai.

 - Descobriu que eu tava certo? - retrucou Reita.

 - Foi, e do pior jeito!

 - O que houve?

 - Eu tava esperando por vocês, na gravadora, quando o Miyavi veio falar comigo... A gente ficou conversando até vocês chegarem... - explicou Kai.

 - E daí? - perguntou Reita.

 - E daí que ele acha que somos amigos agora, e fica andando atrás de mim o tempo todo.

 - E cadê ele?

 - Tá chorando lá fora.

 - Por quê??

 - Eu sei lá! Eu ia dizer pra ele que só porque a gente trocou uma idéia, que a gente não tem que ser amigo. Mas, antes que eu pudesse falar ele começou a chorar e tá chorando até agora.

 - Kai, você tem que ser duro com ele. - disse Reita - Vamos lá eu te mostro como se faz.

 E eles foram até Miyavi.

 - Miyavi, temos uma coisa pra te dizer...

 - Eu também tenho uma coisa pra dizer... - disse Miyavi em prantos - A MINHA VÓ MORREU!!!

 - Oh nossa, essa é a terceira melhor disculpa - disse Reita.

 - NOS MEUS BRAÇOS!

 - A segunda...

 - NUA!!!!

 - O índice informa a melhor DISCULPA!

 - Nós sentimos muito Myv, se tiver alguma coisa que possamos fazer por você. - disse Kai colocando a mão no ombro de Miyavi.

 - Na verdade... tem uma coiiiisinha... - o respondeu Miyavi.

 (...)

 - Não como bem assim à 20 anos - disse Miyavi durante o jantar na casa dos Gazeboys - vovó não cozinhava muito bem, a gente comia enlatados, sabe? Sardinha, atum... coisas que a gente dividia com os gatos.

 - ECA! - sussurrou Uruha.

 - Já tá muiito tarde - disse Ruki consultando o relógio - a gente tem que ensaiar cedo...

 - ... espero que não estejam me convidando pra dormir aqui... - completou Miyavi.

 NÂO!! - exclamou Aoi, Reita, Ruki, Kai e Uruha ao mesmo tempo.

 - Eu não ia poder mesmo. - disse Miyavi olhando as horas.

 - É... talvez outro dia... "Não, não, não" - disse Uruha.

 - Quarta-feira as oito, vou anotar. - disse Miyavi sorrindo - Bem, vou embora antes que eu me descontrole novamente, snif... Vovó era uma ótima senhora, jovem, alegre, cheia de vida...

 - É?! Quantos anos ela tinha? - perguntou Uruha.

 - 103. - Miyavi falou chorando, ou melhor berrando.

 - NOSSA... ela ainda tinha o melhor da vida pela frente... - comentou Aoi, enquanto Miyavi ainda chorava muito.

 - Miyavi não chora! Se tiver alguma coisa que a gente possa fazer é só falar.

 - Na verdade tem uma coisinha...
(...)

 - Não acredito que viemos até aqui!

 Eles haviam acabado de entrar na capela onde estava sendo velada a avó de Miyavi.

 - Ah! Vocês Chegaram! Wee! – exclamou Miyavi, abrindo um sorriso daqueles – Que bom que vieram!

 - Cadê o resto das pessoas? – perguntou Aoi, ao ver que a capela estava vazia.

 - Vovó tinha 103 anos, todos os seus amigos já morreram, e antes do Kai, eu também não tinha nenhum amigo.

 - Isso é loucura! – sussurrou Reita à Ruki.

 - Vocês não gostariam de vê-la? – perguntou Miyavi, puxando Ruki e Reita até o caixão.

 - Nossa! Ela está brilhando! – exclamou Ruki, assustado.

 - É... está muito bonita... está... – disse Reita, dando uma cotovelada em Ruki.

 - Laranja... Laranja brilhante! – completou Ruki, achando graça.

 - Ela adorava música... será que vocês poderiam cantar uma música pra ela? – perguntou Miyavi, aos prantos.

 - Ah não! Isso é demais!!

 - Ruki! Deixa de ser chato. A gente canta... – falou Reita.

 - Você poderia usar a peruca que ela usava... snif, enquanto canta Ruki?

 Ruki iria protestar, mas viu que era inútil e colocou a peruca prateada da velha.

 - Você ficou igualzinho à ela! Sabe, vovó não era  muito alta...

 Ruki revoltou-se mais ainda.

 - E o que você quer que a gente cante?

 - A música favorita da minha vovozinha... Discharge... ela adorava... até ouvia pra dormir.

 Ruki olhou para Reita, incrédulo.

 - Sabe, vocês podiam tentar um acústico? Ruki você será o vocal e Reita, o backing vocal. – disse Miyavi sorrindo e enxugando as lágrimas.

 - Reita, me desculpe, mas eu vou ter que matar o Kai. – sussurrou Ruki a Reita.

 - Começa logo... – disse o amigo.

“... Fooolloow thiis Shiiiit, {Oh oh Oh Baby!}
… Follooow! Follooow, follooow this shiit...! {Oooh, follow!}”

 - Snif… sniff… - Miyavi começou a chorar.

 - O que que foi agora!? – perguntou Ruki, indignado.

 - Minha vovozinha ficaria tãããão feliz.

 - Ruki, o pessoal da funerária chegou ai pra resolver o enterro. – disse Reita.

 - Certo, certo! Vamos lá e vocês três fiquem aqui com Miyavi. – disse Ruki, apontando para Aoi, Kai e Uruha, que estavam sentados nos bancos da capela.

 Ruki e Reita estavam indo, bem apressados por sinal, quando Miyavi gritou:

 - Ruukii!!!

 - O que foi criaturaa?? – perguntou Ruki, já perdendo mais ainda, a paciência.

 - Nada... hã... a peruca, onegai! -  respondeu Miyavi.

 - Toma logo essa me... esse maravilhoso artefato!!– disse Ruki, entregando a peruca a Miyavi.

 E Ruki e Reita saíram correndo dali.
Miyavi colocou a mão na beirada do caixão e começou a chorar.

 - Hunm, olha pra ela, tão fofa, tão serena... – disse Miyavi que voltou-se para Kai, Aoi e Uruha.

 - Puxa Myv, se tiver alguma coisa que eu possa fazer... – disse Kai.

 - Na verdade, tem uma coisinha... – disse Miyavi sorrindo e tirando as chaves do carro do bolso – Os coveiros estão de folga...

 - E você quer que eu cave a cova?? – perguntou Kai.
 - Tem uma pá no porta malas do meu carro.

 - H-Hai... – sussurrou Kai, pegando as chaves e saindo da sala.

 Miyavi sentou-se entre Aoi e Uruha, que viraram o rosto para o outro lado. Myv começou a chorar no ombro de Aoi.

 - Calma Miyavi, vai ficar tudo bem... – disse Aoi, que estava ficando enojado.

 - É, é... garanto que sua vó está num lugar muito melhor agora. – completou Uruha.

 - Ah, vocês são muito legais! – disse Miyavi, ainda em lágrimas.

 - Se tiver alguma coisa que a gente possa fazer... – disse Aoi.

 - Na verdade tem uma coisinha – respondeu Miyavi – Será que um de vocês poderia dar um beijinho na minha avó? O sonho dela era receber um beijinho de um “gazeboy”.

 - Cof, cof... Iiiiiiiiiii Myv, não vai dar não, eu to gripado e não quero correr o risco de passar nada pra sua avó... – falou Aoi, em meio a uma crise de desespero.

 - Cof... acho que peguei o seu resfriado Aoi...

 - Não seja bobinho Uru, vamos lá. – disse Miyavi arrastando Uruha até o caixão.

 (Mais tarde, na casa do GazettE)

 Reita, Uruha e Ruki estavam tomando café, quando Kai e Aoi chegaram do supermercado.

 - Adivinha quem nós encontramos no supermercado? – perguntou Aoi, ironicamente.

 - Luci Liu? – perguntou Reita, todo animadinho.

 - Ah, qual é?! E porque a gente ia encontrar a Luci Liu...

 - Nessa vida, tudo é possível! Foi? Foi?

 - Reita, deixa de ser lesado! Ôoi! Foi o Miyavi – respondeu Aoi.

 Na mesma hora Miyavi bate na porta de vidro, sorrindo e dando tchazinho.

 - Ah não! Essa cara de novo?! – indagou Ruki.

 - O beija vovó! O beija vovó! Socorro!!! – gritou Uruha, que saiu correndo.

 - Xii! Eu também vou nessa!! – disse Aoi se afastando e depois correndo.

 - Kai, por mais difícil que seja, você precisa cortar esse cara. – disse Reita, colocando a mão no ombro de Kai.

 - Não tem outro jeito?! – perguntou Kai.

 - NÂO!! – afirmou Ruki com um grito.

 - Ok...

 Kai abriu a porta e ele e Miyavi foram para a varanda. Ruki e Reita ficaram apenas os olhando pela porta de vidro, já que não conseguiam ouvir nada.

 - Oiiiiiiiiiiiiiiii!! – disse Miyavi todo animadinho.

 - Miyavi... precisamos conversar, senta aí – disse Kai apontando para uma cadeira que lá havia – Olha, eu sei que você pensa que podemos ser amigos... e é muito legal passar um tempo com você...

 - Hããã... não to entendendo... quer brincar de papai noel de novo?

 - Não Myv... oh... você é um cara legal, mas você tem a sua banda e eu tenho a minha, e... é melhor nós deixarmos esse lance de amizade na gravadora...

 - Então... não quer ser mais meu amigo?! – sussurrou Miyavi – Logo agora que eu estou só... – Miyavi começou a chorar no ombro de Kai – porque antes eu tinha minha vó!! WuuAaah!!!!

 - Miyavi! Miyavi! Chega! Oh! A mão! A mão! – Kai conseguiu que Miyavi se soltasse dele e – Eu espero que você entenda, Myv.

 - Snif... Eu... eu entendo.... você é um bom ami- ... colega.- respondeu Miyavi.

Miyavi se afastou, andou até o portão de saída, virou-se e perguntou:

 - E o que eu faço com o dinheiro?

 - Que dinheiro? – perguntou Kai, curioso.

 - Os cinco milhões que vovó me deixou. Ela não tinha amigos, mas tinha muitas ações. Ela disse pra mim dividir com um amigo meu, mas, você tem razão eu tenho uma banda. Bem, até a PSCompany Kai-san.

 - CINCO MILHÕES! E-Espera aí! Miyavi, amigo! Volta aqui! Você não acreditou nessa, né amigão?

 Kai começou a chorar e a bater na cabeça: - BURRO! BURRO! BURRO!

 Reita e Ruki, estavam olhando Kai, chorando.

 - Tadinho, né Ruki?

 - É... Kai é um idiota, mas tem bom coração. Talvez, tenha sido difícil pra ele.

 - Mas também, o Miyavi precisava disso. E o Kai precisa aprender a ter mais atitude! – completou Reita.

 - Sim, mas ele evoluiu muito hoje. Se continuar assim, talvez um dia ele se torne milionário.