Fruto da Paixão escrita por liligi


Capítulo 16
Capítulo 16




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/9159/chapter/16

Capítulo 16 – Feelings

Sango abriu os olhos lentamente. A claridade a incomodava, então ela piscou várias vezes antes de sua vista se acostumar com ela (a claridade) e as coisas entrarem em foco. Virou de lado, sentiu a grama macia roçar em seu rosto. Só então ela percebeu algo que a impedia de se mover.

Ela ergueu a cabeça, e seu olhar seguiu para o ponto onde sentia o peso extra e viu que era um braço. Seus olhos desviaram daquele braço para o dono dele. Miroke dormia tranquilamente, sua cabeça sobre a mochila de Kagome.

Sango sorriu. Cuidadosamente, ela se livrou do braço de Miroke e pôs-se de pé. Ela olhou ao redor, nem Kagome, nem Inuyasha e nem Shippou estavam ali.

Sango fechou os olhos e suspirou pesadamente. Quando os abriu novamente sentiu um par de olhos a lhe observar, ela não conseguiu não corar. Estavam só os dois ali e ela podia ver a mensagem que ele tentava passá-la através do olhar.

- Bom dia. – Miroke disse abrindo um largo sorriso.

- Bom dia. – Seu tom não passava de um sussurro, seu rosto ainda estava em brasa. – Onde estão todos?

Ele deu os ombros.

- Não faço a mínima idéia, eu acordei e eles já não estavam mais.

Miroke levou uma de suas mãos até o rosto de Sango e o acariciou, sentindo a pele macia da jovem sob seus dedos, ela por sua vez sentiu o sangue ir todo para seu rosto e sabia que naquele momento estava mais vermelha do que o kimono do Inuyasha... Mas... Como ela foi parar ali?

FLASHBACK

Depois de uma longa batalha contra um youkai aranha, o grupo montou acampamento em um ponto qualquer da floresta, pois estava anoitecendo e eles precisavam descansar da árdua batalha. Miroke e Shippou haviam ido pegar alguns galhos para fazer a fogueira, Inuyasha foi caçar alguma coisa para que pudessem comer e Sango e Kagome ficaram sozinhas.

- Hei, Sango. – Kagome chamou a exterminadora. Sango voltou sua atenção a amiga e percebeu que ela estava com aquele olhar de quem quer saber das coisas.

- Sim?

- Então... – Kagome tentou parecer o mais casual possível, mas não conseguiu enganar Sango – Como vão as coisas...?

- Vão bem.

- E... O Kohaku?

- Não sei, faz tempo que não o vemos... – ela disse meio triste.

- Hum... E com... O Miroke?

Sango piscou algumas vezes tentando assimilar a pergunta. Kagome e a olhava na expectativa, mas Sango não sabia o porquê daquele interesse repentino nela e no Miroke.

- Como assim? – Tentou desconversar. Não era uma conversa que ela estava disposta a ter.

- Ah, você sabe...

- Não, na verdade, não sei não.

- É que ele te pediu em casamento há algum tempo, eu só queria saber se a relação de vocês evoluiu.

Sango suspirou pesadamente.

- Não. Eu não sei se é momento certo para termos alguma coisa, sabe?

- Mas por que não?

- Eu não sei... – ela se encolheu um pouco – Eu tenho medo, eu acho...

- Medo? – Kagome perguntou intrigada

- É...

- De que?

- Bem, em parte eu tenho medo de que tudo o que ele disse tenha sido da boca pra fora, sabe... E por outro lado, eu tenho medo de tenhamos alguma coisa e acabe sendo infiel... Mas também tenho medo de que a gente tente e não dê certo... – Sango desabafou.

- Ah, amiga... – Kagome abraçou Sango que estava a beira de lágrimas – Ele pode ser um pervertido, Sango, mas de uma coisa eu tenho certeza: ele te ama com todo o coração dele. – Kagome se afastou e encarou Sango profundamente – Você por acaso já tentou conversar com ele? Contar a ele como você se sente?

- Não...

- Então, por que está perdendo tempo?

- Kagome, não acho que isso seja uma boa idéia...

- Vamos lá amiga, eu dou um jeito de tirar o Inuyasha daqui quando ele voltar.

Kagome sorriu para dar mais confiança a Sango.

Logo Inuyasha, Miroke e Shippou apareceram, Kagome piscou para Sango e foi até os rapazes.

- Inuyasha, Shippou, eu quero mostrar uma coisa para vocês!

- Eu realmente não estou interessado no que você tem para me mostrar Kagome. – Inuyasha disse.

- Mas, Inuyasha... – Os olhos de Kagome se encheram de lágrimas e Inuyasha sentiu o perigo ali – Eu queria muito te mostrar...

- ah, tá bom, tá bom... Não precisa chorar... O que você quer me mostrar?

- Venham.

Kagome pegou as mãos de Inuyasha e de Shippou e os arrastou para longe.

- Nossa – Miroke disse se aproximando de Sango – A Kagome-san tem muita força para alguém que está grávida.

- É... – Sango respondeu baixinho. Ela não encarava Miroke, em vez disso seu olhar estava preso na grama sob si.

- Algo errado, Sango? – Miroke sentou ao lado dela.

- O quê? Não. Por que haveria algo errado?

- Por que você está encarando o chão?

- Eu... Er...

- Sango...

Miroke tomou o rosto de Sango em suas mãos e a fez encará-lo. Sango corou vivamente.

- Qual é, Sango? Você sabe que pode confiar em mim.

- Eu posso?

- Assim você me ofende. – Miroke disse. – É claro que pode!

Sango empurrou as mãos de Miroke e suspirou profundamente.

- Esquece, tá? Não é nada importante.

- Não dá para esquecer. Eu estou preocupado agora. Fale, por favor.

- Eu já disse para esquecer, ok? – Ela fez menção de se levantar.

- Não. – Ele segurou o braço dela. – Você não sai daqui sem antes me falar o que há de errado.

- Por favor, Miroke, me solte.

- Não.

Sango suspirou contrariada.

- Você não pode me obrigar.

- Não, mas posso tentar.

- Por que isso é importante pra você?

- ...

Houve apenas o silêncio durante algum tempo. Miroke não responde, mas tampouco desviou o olhar de Sango. Mas sua mente não processou aquele olhar em si, a raiva pela falta de resposta falou bem mais alto, ela estava a pouquinho de esbofetear o rosto do monge na sua frente.

- Apenas me diga. Acredite, será melhor.

- Não, Miroke, será melhor se você me soltar. Acredite. Será bem melhor para você! – Ela disse irritada.

- Eu não importo com o que você pensa em fazer. A não ser que o que esteja pensando em fazer é falar o que está lhe incomodando.

- Por que você não fala o que está te incomodando?

- Quer mesmo saber, Sango?

- Quero. – Era um jogo para dois. Se ele queria saber o que estava acontecendo com ela, então ela também queria saber o que havia com ele?

- Bem, Sango se você quer, então eu te direi.

- Estou esperando. – Ela respondeu.

Miroke suspirou pesarosamente e balançou a cabeça antes de dar qualquer resposta.

- Sango, eu só estou preocupado, tá? Há algum tempo você está meio estranha. Você está mudada.

"É claro que eu estou." – Sango pensou – "Você me mudou."

Mas ela não disse isso em voz alta.

- É mesmo? – Ela usou seu tom mais sarcástico.

- Sim, e eu realmente gostaria de entender o porquê.

- Bem, não deveria ser um grande desafio, no final das contas.

- É exatamente isso que eu gostaria de entender. – Miroke disse. Estava mais sério do que Sango jamais o havia visto na vida. – Eu sei que é algo que eu deveria saber, mas que simplesmente escapa da minha mente. Eu quero entender. Mas não consigo. E isso me preocupa.

Sango encarou a grama verde sobre si, pensativa.

- É tão óbvio. – Ela murmurou. – Mesmo assim, você não vê.

Miroke segurou o rosto de Sango com os dedos. Seus olhos azuis encontraram-se com os castanhos dela. O céu azul nos troncos das arvores da floresta. Sango não conseguiu evitar que o sangue fluísse para seu rosto e que suas mãos suassem frio.

- Talvez eu esteja cego, então. Pode me mostrar o caminho certo? – Ele disse num tom simplesmente irresistível. Como ela poderia negar alguma coisa a ele quando ele fala com ela daquela maneira?

... Mas como ele podia não ver? Estava bem ali. Bem claro — escrito com tinta permanente — em sua testa. Tão óbvio que chegava a dar pena.

- Eu não posso. – Ela disse – Você está na nele. Preso exatamente no meio.

- Ainda preciso encontrar meu caminho, certo?

- Talvez...

- Então seja minha guia!

Sango ficou em silêncio.

- Só fale. – Miroke encorajou.

Era isso. A batalha estava perdida. Ela não conseguiria mais lutar. Era inútil. Mas ia fazê-lo ver. Ele ia enxergar o que ela sentia, do modo difícil ou do fácil. E pelo visto, seria do difícil. Palavras nunca é o modo fácil.

- Miroke, é só que... Você não parece notar... O que eu sinto... Você é sempre tão envolvido em si e nos outros que não parece me notar e...

Sango não terminou a frase. Miroke havia colocado um dedo sobre seus lábios, impedindo-a de continuar.

- Feche os olhos. – Miroke pediu, usando a mesma voz irresistível de antes.

Dessa vez Sango não resistiu. Ela apenas fechou os olhos como ele havia pedido. Sua mente agora estava dormente, como se ela tivesse acabado de acordar, ou como se tivesse tomado algum remédio para dormir, ela não lutaria mais.

Então, o que se seguiu fez com que todo o mundo ao redor da caçadora de youkais virasse de cabeça para baixo, como se toda a sua razão, toda a sua existência perdesse totalmente o sentido.

Os lábios de Miroke tocaram os seus. Tão repentinamente que a garota levou um susto, mas não abriu os olhos. Continuou com os olhos fechados, como se o pedido dele tivesse sido uma ordem da qual nunca poderia ser quebrada, não naquele momento.

Mas tão repentinamente começou quanto terminou. Miroke forçou-se a se afastar de Sango, mas não muito. Seus rostos ainda estavam a centímetros um do outro, ele segurou o rosto da morena com as duas mãos, vendo-a ainda com os olhos fechados e as bochechas avermelhadas, ele não conseguiu evitar, mas sorriu. Era lindo vê-la daquele jeito.

Ele esperou que ela abrisse os olhos para que falasse algo.

- Sango, é importante para mim saber o que você está sentindo. Por que seus sentimentos serão conseqüentemente um reflexo para os meus próprios sentimentos... Por que eu te amo.

Era a primeira vez que ele dizia aqui em voz alta. Era tão surpreendente ouvir as palavras que parecia que ela estava apenas sonhando. Um 'eu te amo' vindo do Miroke era como esperar que Myuga não fuja quando as coisas complicavam. Mas parece que tudo realmente havia virado de cabeça para baixo.

- Ah, Miroke... – Sango não havia percebido que estava chorando até o monge enxugou uma lágrima que escorria por sua bochecha. – Eu também... Também te amo muito...

Miroke a envolveu num abraço forte e os dois ficaram bastante tempo daquele jeito, juntos, abraçados.

Fim do flashback

Os dois haviam ficado muito tempo abraçados, e dormiram daquele jeito. Não importava que seus amigos os tivessem visto daquele jeito — Tão diferente do usual — eles só queriam aproveitar seu tempo juntos.

Ela não queria acordá-lo. Não queria que seus braços deixassem o seu corpo — Ela sabia que sentiria falta do calor que eles lhe forneciam.

O mundo ainda parecia de cabeça para baixo e isso fez Sango se perguntar se um dia ele voltaria ao normal. Ela nunca estivera tão ligada a alguém quanto se sentia ligada a Miroke. Isso era bom. Ou talvez não fosse. Seu julgamento não lhe parecia mais suficientemente confiável. Não mais. Não quando sua sanidade havia sido expulsa.

Ela não percebeu os minutos passarem, os minutos agora eram segundos e os segundos eram apenas milésimos de segundos, o tempo parecia voar, e a eternidade parecia se estender diante deles.

Mas o tempo com certeza passou e ela não notou que os olhos azuis a encaravam e um sorriso brincava nos lábios do dono daqueles olhos.

Quando Sango virou-se foi quando finalmente percebeu que Miroke havia acordado. E a estava encarando. Uau.

- Bom dia. – Ela disse corada.

- Bom dia. – ele respondeu. – Como você dormiu?

- Muito bem. – A situação no rosto de Sango ainda não havia melhorado, o que fez com que o monge sorrisse.

- Você linda... – Ele disse traçando as bochechas cada vez mais vermelhas de Sango.

- Obrigado.

- E então? Onde estão os outros? – Miroke perguntou casualmente.

- Não sei. Talvez procurando algo para comer.

- Hmmm...

Sango afastou-se de Miroke e sentou-se próximo, sem saber ao certo o que dizer.

- Sango... – Miroke murmurou

- Sim? – Ela perguntou, sentindo as bochechas pegarem fogo novamente.

- Você acha que... Quando tudo isso terminar...

Miroke fez uma pausa e Sango o encarou ansiosa.

- Quando isso terminar, você gostaria de casar comigo?

- Você está... Me pedindo em casamento... De novo?

- É, mas dessa vez eu quero assegurar que você será minha esposa.

- Mas é claro, Miroke! – Sango o abraçou fortemente.

Miroke a afastou um pouco e disse sorrindo:

- Que bom.

E então ele a beijou fervorosamente, enquanto vários minutos se passaram.

- Uau... A gente sai para encontrar comida e quando voltamos eles estão se agarrando. – Inuyasha disse, mas nem isso interrompeu o beijo do casal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!