- Alex, o bebê tá chutando! – foi assim que Katharine acordou seu parceiro às três da manhã, quando sentiu os seres dentro da sua barriga começar a chutá-la.

Eles estavam dormindo no quarto dos pais de Katharine, a pedido de Alex, que achava a cama muito mais espaçosa, já que era casal, e os dois poderiam ficar a noite toda juntos. Apesar de Katharine não querer, ela acabou cedendo.

- O quê? – perguntou ele um pouco grogue e confuso por está sendo acordado aquela hora.

- O bebê está chutando! Olha! – disse ela colocando a mão dele na barriga dela.

Alex pôde sentir como a criança chutava. Era incrível como ele tinha força ou eles. Depois de alguns momentos, o que parecia ser apenas uma criança chutando, virou duas disputando a atenção do pai e da mãe. Depois de alguns segundos cessou.

- Alex, você acha que o parto vai ser prematuro? – perguntou ela depois de um tempo.

- Por quê?

- Por quê?! Você ainda não conseguiu falar com Victória, e falta menos de dois meses! Você acha que eu quero que ele venha me visitar novamente?! – gritou Katharine já alterada.

Alex ficou um tempo sem falar, o que frustrou um pouco Katharine.

- Eu estive pensando... Acho que só Victória não vai resolver o problema. Teremos de chamar os outros.

- Mas o que acontecera? Quero dizer, se eles souberem... – disse Katharine preocupada.

- Não importa o que acontecerá. Temos que fazer isso, está bem?

Alex se levantou, colocou uma camiseta e ia abrindo a porta, mas Katharine perguntou aonde ele estava indo.

- Eu vou falar com Victória e com os outros. – e saiu.

A explicação por ele nunca conseguir falar com Victória, era o fato de nunca ter concentração o suficiente. Sempre estava um pouco nervoso, ansioso, e acabava que não conseguia fazer nada. Mas agora, ele sabia que precisava urgentemente. Katharine já estava mais do que preocupada com o que poderia acontecer, e a ausência de Victória meio que o deixava um pouco também.

Ele se sentou no sofá, em uma posição o mais confortável possível, e tentou repetir o que havia feito há meses, quando tinha acabado de conhecer Katharine. Ele estava tão concentrado, que quando chegou lá, quase não percebeu. Ele já estava na frente de Anthonie, Danilo e Victória, e pelo que parecia, eles não estavam muitos calmos.

- Algum problema Alexander? – já foi perguntando Danilo.

- Na verdade, muitos problemas. – respondeu ele já imaginando o que estaria por vir.

- Conte-nos então. – respondeu Anthonie.

Alex começou. Não era uma coisa simples de dizer, poderia parecer a segundos, porém vendo a expressão de cada um quando ele os pegou de surpresa discutindo não parecia que iriam levar a notícia na boa. Ele às vezes dava uma pausa para ver o rosto dos presentes. Não era a das melhores. A cada fato contado, ele podia ver que Danilo e Anthonie franziam mais o cenho, e pareciam fiar mais enraivecidos.

Quando terminou, Danilo o olhou claramente alterado.

- Alexander, o que você tem na cabeça?! Acho que antes de lhe falarmos para cuidar desta menina dissemos que seria a sua última chance! E o que você faz é mais merda! Eu realmente não sei o que fazemos com você! – gritou ele, mas logo ele se virou para Victória: - E você?! Claro que você sabia! Você era cúmplice dele! Por que não nos contou antes?!

- Pelo menos agora sabemos quais sãos os nefilins tão famosos que parecem ameaçar tanto. – disse Anthonie.

- Como? – indagou Alex.

- Veio uma notícia até nós, que dois nefilins iriam nascer, e que eles os queriam. A primeira coisa que pensamos foi: deve ser um Anjo caído. Mas também nos veio a notícia de que não era um anjo caído. – explicou Anthonie. – Era sobre isso que estávamos falando antes de você chegar, mas agora que você, Alex, chegou, vamos dizer que “ajudou” a desvendar o nosso mistério.

Victória estava indefesa, não falou nada para se defender, alias, não tinha nenhuma razão para fazê-lo. Ela deveria ter comunicado à eles quando soube.

- Mas infelizmente não podemos deixar de ajudar. – disse Anthonie.

- Como?

- Vamos Danilo! Você sabe melhor do que eu que ele precisa de ajuda. Depois pensamos na punição.

- Está bem. – concordou Danilo. – E quanto a Victória?

- Garanto que ela estava apenas tentando ajudá-lo. Não faça as coisas ficarem mais difíceis. Alex vá primeiro, iremos logo em seguida.

Alex fez a mesma coisa que foi preciso para chegar lá.  Logo que se encontrou na sala da casa de Katharine, ele correu até o quarto onde ela estava – onde a garota dormia serenamente – e acordou.

- O que foi...? – disse ela sonolenta.

Ele contou tudo o que havia feito inclusive que eles estavam vindo.

- Eles estão do nosso lado?

- Creio que sim. Mas não posso ter certeza se irei escapar desta.

Neste exato momento, a campainha toca, e Alex se levanta para atender. Quando abriu a porta se deparou com os três. O rosto de Danilo estava irredutível, já o de Anthonie pairava um pequeno sorriso, e Victória parecia estar muito mais a vontade.

- Onde a garota está? – indagou Anthonie, quando todos já estavam dentro da casa, na sala e visitas.

- Lá em cima, no quarto.

- Está dormindo?

- A acordei para avisar que vocês estavam vindo.

- Podemos conhecê-la então não é? Quer dizer, eu e Danilo. Acho que Victória já a conhece.

- Ah... Sim. Claro. – disse ela.

Os quatro subiram até os quartos guiados por Alex. Katharine já estava de pé, presumindo que deveria ser.

- Não pode deitar novamente querida. – disse Anthonie - Só gostaríamos de conhecer você.

- Não, tudo bem.

- Quer dizer que você é a garota que terá gêmeos nefilins?

- Acho que sou... – falou confusa.

- Quantos meses? Sete?

- Exatamente.

- Iremos fazer o seguinte: ficaremos aqui com vocês, assim como Victória disse que fez. Teremos que estar preparados para a chegada deles, então, já avisamos a alguns outros que estão dispostos a nos ajudar. Não tenham medo. – disse Anthonie.

O medo era inevitável, porém, Katharine se sentiu um pouco mais segura.

Depois de todos serem devidamente apresentados, Katharine mostrou a eles o quarto que poderiam ocupar no tempo em que estivessem ali. Os três agradeceram, e foram se deitar.

Katharine não tentou dormir novamente, provavelmente não conseguiria muito menos Alex. Ele sentia que no final de tudo estaria em suas costas, ele que a engravidou, ele que acabou deixando os sentimentos humanos tomarem conta de si mesmo, foi ele que a expos ao perigo.