Nico Di ângelo e a Primeira Profecia escrita por marinadomar


Capítulo 2
Eu escapo da morte


Notas iniciais do capítulo

ficou pequeno :/



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Meus olhos piscaram algumas vezes, tentando enxergar na escuridão. Não sentia mais aquela dor intensa, apenas meus novos amiguinhos em carne viva latejavam sob minha pele. A dor me mostrava que eu ainda estava vivo. Mas.. como?

Me sentei rapidamente e minha cabeça parecia que ia explodir, estava tudo tão leve em volta, sem nenhum som e com pouco movimento. Me sentia na lua. Tateei minha cintura e vi que minha espada continua ali — notei que eu estava totalmente seco. Repousei minha mão no chão e senti a terra se levantar onde eu havia tocado, e bem perto dela uma superfície lisa e murcha. Tateei na escuridão até de fato conseguir pegar o objeto. Não demorou nem um pouco até eu descobrir que era o presente de Percy partido ao meio.

— Mas o que..? — Comecei a falar, mas minha voz saiu diferente, mais abafada e digitalizada, parecia que eu estava dentro d’água. — Meus deuses.

Eu ainda estava dentro do Flegetonte! Ah, aquele filho do deus do mar! A minha espada devia ter partido o silicone ao meio e o liquido de dentro entrou em contato com a água me deixando imune a ela. Era isso? Bom, eu que não ia ficar parado ali embaixo para descobrir o tempo de duração do encanto.

Meu corpo doía muito quando tentei me mexer, só movimentei meus braços um pouco mais rápidos e a água fez o favor de me levar por metade do caminho. Sacudi meus pés e assim consegui chegar à superfície, finalmente ar de verdade para respirar. O cenário era o mesmo de que me lembrava, só que sem Perséfone para me assistir morrer.

Nadei até a margem do rio e ao me levantar a dor invadiu cada centímetro do meu corpo. Encarei meus braços, em alguns pedaços dele não havia mais pele, era só carne e queimaduras feias, não ousei levantar minha calça para ver que o estado da minha perna era o mesmo. Toquei meu rosto e minha bochecha ardeu ao meu toque.

Me deitei no chão ignorando a nova dor nas costas. Bati minhas mãos ao chão e sussurrei meia dúzia de palavras em grego antigo e dois esqueletos nasceram da terra. Imaginei o estado da minha cara, pois a primeira coisa que eles fizeram foi soltar uma exclamação assustada. Não esperei por palavras de pena por parte deles.

— Você, pegue um pouco de ambrosia para mim. — Disse apontando para o esqueleto da direita, me virei para o outro e disse: — Você peça para uma das Fúrias vir me buscar, de preferência Alecto. Voltem o mais rápido que puderem e não digam para ninguém que me viram nesse estado. — Eles hesitaram, me encarando. — Vão logo, seus inúteis.

E eles entraram na terra novamente. Me sentei na terra batida e esfreguei um dos olhos, meu rosto ardeu ainda mais com a areia que minha mão trouxe. A dor me lembrava de Perséfone, eu ia jogá-la ao Tártaro, ela vai apodrecer o resto de sua eternidade miserável pensando em um jeito de se desculpar comigo. Onde ela estaria agora? Provavelmente contando a meu pai que eu tinha caído no Flegetonte e que ela tinha tentado me salvar, mas eu tive um fim trágico. Que comovente.

Fitei o rio a minha frente, ele me lembrou do que pensei que fosse a minha morte. Eu teria que conversar com o papai sobre a extinção desse rio – depois que eu jogar minha madrasta nele –, ele é muito perigoso. Me afastei um pouco da margem, não queria cair ali sem querer, de novo.

Um dos esqueletos voltou me trazendo um saquinho com uma comida semelhante a pudim. Ele me entregou e eu joguei tudo na boca de uma vez só, já tive minha experiência de quase morte sendo queimado vivo, ficar um pouco febril por causa da comida dos deuses não era ruim. Além disso, tinha gosto de miojo.

Já estava me sentindo bem melhor quando Alecto chegou. Ela soltou um guincho ao ver minha face e bateu as asas com tanta força que a terra levantou e bateu em todos os meus machucados. Eu a praguejei, mas ela estava tão acostumada isso que apenas disse:

— O que aconteceu com o seu rosto? — Ela foi bem indiscreta. Olhou para trás, viu o Flegetonte e riu, entendendo, em parte, o que tinha acontecido. — Resolveu dar um mergulho mortal, filho de Hades? Da próxima vez, quando quiser morrer, me chame. Estou com fome.

E assim ela enfiou as garras no meu ombro e levantou vôo, eu uivei de dor.

— Foi Perséfone que me jogou. — Gritei para ela. Em resposta a Fúria soltou um guincho abafado, o que tem um significado parecido ao de uma risada.

 


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