Motorista Particular escrita por Anna


Capítulo 5
Velocidade


Notas iniciais do capítulo

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Saí do banheiro respirando lentamente tentando me acalmar. Tanya me esperava na frente da sala, sua expressão era de ódio.

- Vamos, entre. – ordenei entrando na sala.

Sentei-me na poltrona.

- Agora me fale, o que houve? – respirei fundo.

- Eu gostaria de saber sobre o motorista e... A senhorita está bem? – ela me fitava assustada enquanto eu colocava a cabeça entre as pernas.

- Não, não estou.

- Posso ajudar?

- Não, eu me viro. Sobre o motorista, ele é ótimo. Até ótimo demais – sacudi a cabeça tentando tirar a imagem do homem perfeito em minha mente. – Bom trabalho! – elogiei.

- A senhorita me... Elogiou-me? Nossa, está mal mesmo, devo chamar um médico?

- Se quiser posso retirar o elogio Tanya...

- Não, tudo bem... Precisa de algo agora?

- Um copo de água, por favor! – implorei me levantando.

 

Durante toda a tarde fiz o máximo pra me concentrar no trabalho, mas não estava tão fácil, tudo o que eu queria era ver o motorista novamente. Num surto de loucura levantei-me pra olhar pela janela da minha sala que dava bem na frente do prédio. Havia muita gente, seria impossível enxergar algo, parecia ser um acidente, ou algo assim.

Passei pela mesa de Tanya e ela não estava lá, era estranho, ela nunca saia de seu lugar.  Ao olhar no relógio percebi que já era hora de ir, voltei peguei minhas coisas e desci para o elevador. Jacob o parou antes que a porta se fechasse e eu me perguntei se a escada não seria mais aconselhável pra mim agora.

- Então... – ele começou – você também está interessada naquele cara? – ele me fitava enciumado.

- Em que cara? – perguntei indiferente.

- No motorista “gato” como disse Tanya – ele riu alto.

- De que motorista... – hesitei respirando profundamente – Oh não.

Agora o acúmulo de pessoas, ou melhor, mulheres em frente ao prédio estava explicado. O elevador parou e eu corri em direção ao meu carro freneticamente.

- Sério, mas você não parece ser um motorista... – uma delas riu e as outras a imitaram.

Aquele bando estava todo em volta do motorista, aliás meu motorista. Era impossível enxergá-lo, mas eu ouvia sua doce voz que parecia tímida também. Avistei Tanya e a puxei pelo seu braço.

- Você é louca? O que é isso? – gritei.

- Senhorita...

- TODAS FORA DAQUI! AGORA! Suas vadias, saiam vamos! – gritei mais alto.

As mulheres se dispersaram lentamente me olhando feio. Bufei e olhei de volta pra meu carro, lá estava Edward parado com um sorriso esplêndido no rosto, era impossível me conter. Cheguei mais perto dele.

- Você está bem? – perguntei enquanto arrumava meu cabelo.

- Perfeitamente bem senhorita. Aquelas damas não me incomodaram tanto assim.

- Damas? Elas são um bando de vadias encalhadas, isso sim. – respirei fundo.

Ele riu e chegou mais perto de mim, o brilho de seus olhos me cegou completamente e agora o cheiro de seu hálito estava bem perto.

- Agradeço a preocupação... – ele sorriu – vamos?

- Cla-ro! – disse separadamente quase gaguejando.

Ele abriu a porta do volvo e eu entrei, dessa vez eu quis ficar no assento do passageiro, o banco de trás era muito solitário quando se tinha um deus grego dentro do carro.

Mais uma vez me peguei delirando com os movimentos de sua mão ao mudar a marcha levemente.

- Pra quem trabalhou antes? – perguntei cortando o silêncio.

- Executivos milionários, atores milionários... Apensa eu não sou um milionário ainda... – ele mexeu os lábios sarcasticamente.

- E você gosta do que faz? – eu estava curiosa.

Edward me parecia como um enigma, era realmente impossível um homem tão perfeito ser um motorista.

- Sim. Meu trabalho me passa liberdade, ando por todos os lugares, eu amo dirigir e amo carros, principalmente os velozes como este...

- Esse volvo não me parece muito veloz... – sorri.

- Mas ele é, e muito. Mas, é claro que eu não correria com ele com uma dama no banco do passageiro seria imprudente. – ele balançou a cabeça.

- Corra! – pedi.

- Não, eu...

- Corra... – agora eu ordenei.

Ele me olhou sorrindo um sorriso torto.

- A senhorita gosta de perigo? – ele perguntou ainda com a velocidade baixa.

- Eu amo o perigo – tentei parecer sensual para convencê-lo. Funcionou.

- Se segure... – ele alertou-me

Edward virou em uma esquina que dava para uma rua sem muito movimento. Ele corria muito e o vento em meus cabelos me enlouquecia, um pouco mais. E então ele freou devagar e me olhou.

- Agora, eu pergunto: Você está bem?

- Ótima. – sorri meio tonta.

- Então é melhor voltarmos à velocidade normal antes que eu seja demitido.

Voltamos para a avenida movimentada. Eu apreciava a curvatura de seu rosto, que se mexia lentamente enquanto ele dirigia.

- É incrível como a senhorita é gentil comigo... Os outros nem ao menos falavam bom dia. Mas, a senhorita até me pede pra correr – ele riu mais baixo agora.

Eu apenas sorri imaginando o tanto que gastei com outros motoristas, de vários jeitos, estúpidos, tarados, estranhos, repugnantes, e o último Steve era pai de família e não entendia meus horários. E agora Edward me aparece perfeitamente lindo, profissional, educado... Eu poderia passar horas pensando sobre suas qualidades, mas ele havia parado no meio fio.

- Até amanhã. – ele sorriu.

- Até amanhã, foi muito divertido.

- Disponha.

Sai do carro em direção ao meu apartamento solitário.

 

“Ela não podia começar direito
O esplendor em um vestido de prata
Possuída de velocidade.
O mundo era dela novamente
Mas ele se desfez novamente
Eu não preciso de ninguém para me machucar
Não, ninguém...”

(Velocity Girl)


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