Motorista Particular escrita por Anna


Capítulo 32
Reencontros


Notas iniciais do capítulo

Olá gente. Reta final de Motorista Particular, já estou sentindo um friozinho na barriga ;/ Quinta tem post em Inglaterra, não percam o capítulo vai estar demais também. Boa leitura!



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POV. Bella

- Não tenho certeza se você está fazendo isso certo Emmett... – Alice bufou – Me dê essa parte e encaixe essa outra bem ali... – ela o entregou uma parte do berço em pedaços.

- Alice, por que você não se senta ali no sofá com a Rose? – ele perguntou levantando a cabeça pra ela. Sua expressão era engraçada. – Esse trabalho é pra homens...

Emmett estava sentado no chão do quarto vazio, todo suado por causa do esforço que fazia tentando montar um simples berço, enquanto Alice andava em volta dele dando opinião. Eu estava encostada na parede ao lado da porta, acariciando minha barriga.

- Maxista! – ela lhe mostrou a língua e veio em minha direção sorrindo – Como se sente? – perguntou levando a mão a na minha.

- Bem... – murmurei sem convencê-la e seu sorriso sumiu de repente – Não recebeu nenhum telefonema, nem nada? – perguntei sem esperança alguma.

- Bella, pare de se torturar, não faz bem pro bebê. Ele está bem, sabe se cuidar... – não entendi o porquê dela não ter mencionado o nome de Edward.

A campainha soou e eu dei um pulo em meu lugar de susto. Além das pessoas que estavam comigo agora, ninguém mais vinha até meu apartamento.

- Rose, será que pode atender? – Alice gritou, voltando a andar em volta de Emmett.

- Claro... – ouvi Rose murmurar da sala.

O bilhete deixado por Edward fora a última notícia que tive dele, já havia se passado uma semana e nada, eu havia lido e relido aquele papel inúmeras vezes e ainda não conseguira me acostumar ao fato de que as coisas seriam difíceis a partir do momento em que Edward entregara o dinheiro a Carlisle.

Fora graças ao bilhete que, na mesma noite, eu consegui sentir o bebê se mexendo. Eu não conseguia pegar no sono, e passara a noite com a mão sobre a barriga volumosa esperando que algo acontecesse, até que um leve chute atingiu o lugar onde minha mão estava. Eu chorei, pela primeira vez de emoção, talvez até felicidade.

- Bella, tem um homem querendo te ver... – Rose adentrou no quarto.

- Homem? – Emmett levantou-se rapidamente largando o pedaço de madeira que segurava.

- É... – Rose hesitou – Não o deixei entrar, é claro, a porta está trancada. Mas ele insiste em ver Bella.

- Qual o nome do sujeito? – Emmett e Alice me olhavam assustados.

- Ele não quis dizer, é por isso que não deixei entrar, ele esta lá fora... – Rose parecia começar a se assustar agora.

- Certo. – falei – Eu vou até lá ver quem é...

- Não. Bella, você ta doida? Não mesmo. – Alice disse me segurando pelos ombros.

- Alice, não é Carlisle, Rose o conhece...

- Carlisle nunca viria aqui Bella. Ele mandaria alguém se precisasse... – Emmett disse sério.

- Verdade. – Alice concordou.

- Ok, eu vou até lá, pergunto quem é e se não quiser dizer, simplesmente fechamos a porta na cara dele... – Emmett passou por mim rapidamente e nós três o seguimos lentamente.

Eu sinceramente já não sabia quem esperar, tudo estava tão confuso, ninguém passava pela minha cabeça além de algum capanga de Carlisle e isso me aterrorizou ainda mais.

- Sim? – Emmett segurava a porta fortemente.

Ouvi alguns sussurros do outro lado, Alice e Rose me abraçaram então Emmett relaxou a mão que segurava a maçaneta, puxando-a levemente.

- Bella... – Charlie sussurrou ao entrar.

Sua expressão era ainda pior do que na última vez em que o vira. Seus olhos caídos, cansados, as pupilas pareciam brancas e seu cabelo já quase todo branco contrastava com a cor da barba descuidada. Ele me examinou e depois de alguns segundos suspirou.

- Pai. – falei rapidamente.

- Você... – ele levou sua mão à boca como que num espanto e examinou minha barriga, já crescida o bastante pra que se percebesse de longe – Não acredito, a minha menina...

- Pai, não me diga que quer mais dinheiro... – falei chegando mais perto dele.

- Eu, não Bella... – então eu respirei fundo quando ele me abraçou, eu nem me lembrava mais como era o abraço de Charlie.

- Pai, o senhor... – ele se afastou, segurando-me pelos ombros e negando algo com a cabeça – O que foi? – perguntei, mas ele saiu andando rápido pelo corredor, não chegava a correr, mas ele tentou.

Emmett parecia aturdido com toda a situação e fechou a porta rapidamente.

POV. Edward

A chuva fina, típica de Forks, caía sobre meu gorro e fazia um barulho atormentador enquanto eu caminhava pela pequena, mas iluminada rua, que segundo o endereço que Carlisle me dera, era onde Esme morava. Os números foram diminuindo até que encontrei o 169. Eu não tinha certeza se era a mesma casa em que, anos atrás Esme me acolhera, mas talvez fosse.

A casa parecia confortável só olhando de fora e eu respirei fundo antes de tocar a campainha de botão dourado. Depois de alguns minutos, um barulho de chaves batendo fez com que a porta se entreabrisse e um homem barbudo saiu meio desconfiado.

- O que quer rapaz? – perguntou com a voz rouca.

-Ah... Boa noite. Estou procurando por Esme, e Jasper Hale. – falei meio engasgado com o enorme nó em minha garganta.

- Eles não moram mais aqui há alguns meses. – ele bufou.

- Não? – a decepção na minha voz foi clara.

- Não. E não faço idéia para onde eles foram – bateu a porta na minha cara.

Há alguns meses, ele disse. Isso quer dizer que Carlisle não havia me enganado, ou sim... Tudo era possível vindo dele. De qualquer maneira, eu não fazia idéia de onde os procurar, já passavam das nove e as casas ao redor estavam escuras, mas a duas esquinas adiante eu pude observar um bar, talvez um restaurante. Olhei em volta e comecei a caminhar até lá.

O lugar parecia um pub daqueles bem britânicos, todo bem feito, em mogno. O lugar estava movimentado, mas não completamente cheio, entrei lentamente passando com dificuldade entre uma das primeiras mesas e sentei-me no balcão, largando minha mochila ao lado.

A decepção me cobria agora, como eu poderia ter acreditado em Carlisle? Mas, por que ele mentiria se James o estava servindo bem melhor do que eu? Por pura maldade, é claro... Apoiei a cabeça na mão enquanto massageava a testa, meus olhos começavam a doer de sono.

 - Algum problema amigo? – uma voz grossa, mas ao mesmo tempo amigável parecia vir do outro lado do balcão.

- Algum? – ironizei sem me mover – Tenho muitos...

- O que houve? – ele parecia mesmo interessado.

- Na verdade, - suspirei – Estou procurando por algumas pessoas, mas acho que me deram o endereço errado... Propositalmente. – murmurei por fim.

Levantei a cabeça e o rapaz havia virado de costas pra alcançar um copo em uma prateleira. Ele balançou a cabeça.

- Quem você procura? – ele perguntou me servindo de algo, provavelmente cerveja.

Eu não tinha nada a perder em perguntar, mas talvez ele nem estivesse interessado, só devia querer vender bebidas, e com a minha aparência de ultimamente eu devia estar parecido com um.

- Bom, - dei um gole na bebida, sim, era cerveja – procuro por Jasper Hale e Esme, eu não sei o sobrenome dela...

- O que quer com eles? – de repente sua voz mudou completamente e eu quis olhá-lo nos olhos.

Ele me olhava com a expressão carrancuda e assim que o olhei fixamente por alguns segundos reconheci seus olhos, ele era magro com os cabelos cor de mel meio bagunçados, e eu sabia muito bem quem ele era.

- Jazz? – perguntei ainda pasmo.

Depois de alguns segundos, as linhas em sua testa foram sumindo, seus olhos brilharam e ele deu uma gargalhada alta.

- Eu não acredito! – disse saindo de trás do balcão e me abraçando forte – Pensei que nunca mais o veria cara...

- E eu então... – meus olhos pareciam marejados, mas eu não queria chorar.

- Pra onde foi que aquele tal cara te levou, cara? Aquilo foi tão injusto... – ele me soltou.

- Essa é uma história tão longa...

- Então é melhor você tomar essa cerveja enquanto espera, eu fecho o bar em meia hora. – ele sorriu e me ofereceu o copo – Por conta da casa...

Jasper sempre fora trabalhador, desde criança, nós tínhamos que viver de alguma coisa e mesmo que pouco o serviço era pesado, ele nunca reclamava disso, às vezes de fome ou frio, mas nunca de ter que trabalhar. Ele atendeu mais alguns clientes e coma ajuda de outros dois funcionários fechou o bar as dez em ponto, talvez estivesse fechando mais cedo por minha culpa, mas eu precisava mesmo falar com ele, saber sobre Esme, sobre tudo o que tinha se passado.

- Como chegou até aqui? – ele perguntou já sentado na mesa, em frente a mim.

- Carlisle, o homem que me levou, me deu o endereço, mas um senhor rabugento atendeu e disse que não moravam mais ali. Eu tinha perdido as esperanças então vim até aqui beber... – falei e dei mais um gole na cerveja que ainda não tinha terminado.

- O senhor Charles, ele comprou nossa casa. Eu e Esme vivemos perto daqui, mas em uma casa melhor. Depois que eu montei o bar, conseguimos um dinheiro melhor, não há muitos bares por aqui.

- Ainda mora com ela? Isso é tão bom, eu queria vê-la...

- É, eu sou um solteiro sem causa, – ele riu um pouco – Esme está casada com Carl, ele é um cara bem legal, trabalha em um escritório de advocacia, é bem engraçado, vai gostar dele.

- Isso é bom... – murmurei.

- Você parece tão triste Ed, me conte o que aconteceu... – ele preencheu o copo, antes quase vazio e fez sinal com a cabeça pra que eu falasse.

Então pela segunda vez na vida, – porque a primeira havia sido com Bella e Alice – eu desabafei sinceramente sobre algo. Contei a Jasper tudo o que pude lembrar, até as piores coisas, ele não parecia desapontado e sim interessado em saber tudo, quando comecei a contar sobre Bella ele sorriu algumas vezes e riu de algumas coisas que contei sobre Alice e Emmett, eu realmente senti que ele queria me ouvir e isso me tirou um enorme peso das costas.

- Você vai ser pai Edward... – ele disse quando contei sobre a gravidez de Bella – Cara, isso é demais.

Então por alguns segundos eu me lembrei dela, do seu sorriso meigo, de seu olhar assustado, das suas mãos pequenas entre as minhas, e da pequena barriga que eu pude ver antes de partir. Eu precisava voltar logo.

- Esse Carlisle só te tirou de Esme pra isso, ele ferrou com sua vida toda Edward, ele não pode ficar impune... – Jasper disse nervoso.

- Se ele não ficar impune, me leva junto com ele pra cadeia. Eu já pensei em confessar tudo, mas ao mesmo tempo eu sei que ele vai se livrar das acusações, ele tem dinheiro, eu não. – falei seriamente.

- Merda de sociedade... – falou chutando o pé da mesa.

- Eu cometi crimes Jasper. Um dia eu vou ter que pagar por eles.

- Não importa Edward, você foi induzido a tudo isso, e tem uma mulher grávida agora...

- Eu queria que isso adiantasse. – sussurrei.

Depois de alguns minutos em silêncio, Jasper se levantou e tentou sorrir.

- Vamos. – ele colocou o casaco enquanto eu peguei minha mochila - Esme vai surtar quando te ver...

POV. Narrador

Charlie estava arrependido, mas agora era tarde demais pra voltar atrás. Pelo menos havia abraçado a filha, pensou. De que isso adiantava afinal? Ele estava ali parado em frente ao homem mais repugnante do mundo como um Judas.

Carlisle havia mandado James procurar por Bella, mas James pensou que isso seria muito arriscado, afinal ele já havia passado por aquele prédio várias vezes e Bella com certeza não estaria sozinha. Depois de investigar um pouco, descobriu que Charlie tinha inúmeras dívidas com Carlisle, que resolveu quitá-las se ele fizesse um pequeno serviço pra Carlisle, ir atrás de Bella e descobrir o seu estado.

Se tivesse sido mesmo roubada por Edward, sem descobrir nada, o que dera a ele a  alternativa de fugir, estaria acabada, sem muito dinheiro e talvez até desempregada, mas parecia que essa não era a situação dela.

- Seu velho imprestável... – Carlisle grunhiu – Como assim não sabe sobre dinheiro? Não a perguntou?

- Não. – ele disse sem olhar nos olhos profundos do homem.

- Como ela estava, me fale, vamos. Ou nada de dívidas quitadas. Eu vou persegui-lo pro resto de sua vida... – James deu uma risada seca enquanto Carlisle batia a mão na mesa sem parar, isso fazia com que Charlie tremesse – VAMOS! – gritou.

- Bella está grávida, está bem. – ele disse finalmente – Por que quer tanto saber disso?

- A vadia está... Grávida? – os olhos de Carlisle pareceram pegar fogo. – Merda, aquele idiota engravidou ela, aquela mulher deve saber de tudo já... Oh Edward, e eu aqui pensando que ele fosse um pobre burro! – bateu a mão fortemente sobre a mesa.

– Ela continua morando no mesmo lugar? Está tudo normal? – James perguntou a Charlie.

- Não digo mais nada... – Carlisle o segurou pelo pescoço.

- Fale seu velho idiota!

- Ela está bem, está bem... No mesmo lugar – ele disse com dificuldade.

- Foi isso. – Carlisle o soltou – Ela o está protegendo, ele fingiu ter roubado ela e conseguiu o que queria! Bastardo!

- O que vamos fazer agora Carlisle? – James empurra Charlie que está com falta de ar.

- O que já deveríamos ter feito há muito tempo. Matá-los.


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Notas finais do capítulo

É, as coisas estão chegando a um fim. Até a próxima, beijos "."