Motorista Particular escrita por Anna


Capítulo 28
Confissões Parte 2


Notas iniciais do capítulo

AIN esse capítulo é tão triste, mas é muito importante, então peguem os lençinhos e boa leitura! Snif ;/



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POV. Bella

- Bella, você está mesmo certa de que não quer mais um sanduíche? – Alice me perguntou enquanto terminava de beber seu suco.

- Não Alice, se eu comer mais, vou explodir. – falei rindo.

Nós três estávamos sentadas na praça de alimentação do shopping aonde tínhamos comprado as coisas para o bebê. Alice fazia questão de me ajudar a caminhar e Rosalie não me deixava ajudar com as sacolas. Toda aquela super proteção estava me matando, mas eu sabia que só queriam ser gentis e protetoras.

- Bella, não se esqueça de que está comendo por dois... – Rosalie murmurou enquanto o garçom lhe entregava a conta.

- Isso mesmo! – Alice disse – Falando no bebê, o que acha que Edward está pensando disso tudo?

- Bom, eu não sei, mas saberia se estivesse lá com ele agora ao invés de estar fazendo compras... – gargalhei – Mas fui meio que raptada, sabe.

- Oh vocês queriam conversar não é mesmo? – Alice mordeu o lábio.

- Tudo bem Alice... Nós conversaremos sobre isso assim que eu chegar em casa. Obrigada a vocês duas por tudo isso... – apontei para a montanha de sacolas ao nosso lado – Será que podemos ir agora Rosalie? – perguntei.

- Claro, vamos sim. – Ela se levantou.

- Nós poderíamos ir ver mais alguns brinquedinhos pro...

- Alice! – eu e Rosalie falamos juntas e depois rimos.

- Que seja... – ela bufou e depois riu conosco.

Rosalie me surpreendera nessas últimas horas. Pelo que Edward e Emmett diziam e pelo jantar – quase desastroso – que tivemos eu pensava nela como uma mulher amarga, mas na verdade ela era amigável e divertida, homens realmente aumentavam as coisas.

- É tão lindo a maneira como tudo aconteceu com você e Edward... – Alice murmurou enquanto Rosalie dirigia.

Eu estava no banco de trás, quase dormindo por estar cansada de passear por tantas lojas.

- Sim. – murmurei.

- Quisera eu ter tido essa sorte... – ela suspirou.

- Alice, - me endireitei no banco – porque é que você vive dizendo essas coisas? Quer dizer sempre fala sobre como não teve sorte com o amor, ou sobre ter perdido um amor... O que houve? – perguntei.

- Longa história. – ela afirmou – Um dia eu conto à vocês, mas não hoje, não quero estragar sua felicidade com minhas decepções...

Apenas assenti e voltei a me aconchegar no banco. Era triste vê-la tão angustiada ao apenas mencionar aquilo, talvez fosse melhor não insistir, aliás ela estava certa, eu me sentia radiante por tudo o que estava acontecendo.

POV. Edward

O apartamento estava tão silencioso, aquilo me angustiava. Desde que Bella entrara em minha vida o silêncio era algo raro porque sempre tínhamos o que conversar, o que fazer. Ficar sozinho me enlouquecia, pois me lembrava à época em que vivíamos eu e meus pensamentos, apenas isso. Talvez eu isso não me incomodasse tanto se eu tivesse pensamentos de paz, mas esse não era o caso, eles eram assombrados por Carlisle, por meu passado.

Eu havia acabado de sair do banho, nem mesmo a água fria me relaxou. Emmett estava na sala, e o mais incrível é que não disse uma palavra quando me juntei a ele no sofá. Apenas fitava o nada, pensando, talvez em uma maneira de me ajudar, isso me dava um pingo de esperança pelo menos.

- Edward, eu acho que vou tentar falar com Carlisle... – murmurou quebrando o silêncio.

- Nunca. – falei rapidamente – Você não vai se meter com ele, quer dizer, eu sei que é seu pai, mas ele é louco Emmett, e eu não suportaria te ver mal por minha culpa.

- Como você disse, ele é meu pai...

- Emmett, não. Por favor, não me faça me sentir ainda pior... Eu lhe agradeço se me ajudar a pensar em uma melhor maneira de contar a Bella e Alice. – engoli seco.

- Comece contando o que aconteceu antes, os motivos, talvez seja mais fácil continuar depois, com o resto... – ele piscou e olhou diretamente pra mim.

O silêncio continuou por alguns minutos, até que a maçaneta na porta virou rapidamente.

- Como você pode pensar em achar Arnold Schwarzenegger um home atraente, Rosalie? – Alice resmungava – Ele é muito grande e esquisito...

- Assim como Emmett, oras. – ouvi a voz de Bella e depois sua gargalhada. Assim que entrou e nos viu no sofá e colocou a mão na boca por causa do que havia dito – Desculpe Emmett, não pude evitar... – ela riu outra vez.

- Bem, eu sou grande e esquisito, mas sou lindo, não é Rose? – ele levantou para abraçá-la. Mesmo brincando, sua voz não estava divertida – Vamos embora agora... – ele murmurou e se virou pra mim – Até Edward. – ele suspirou.

Eu sabia que ele estava me deixando ali pra que eu fizesse o que deveria ser feito.

- Até mais... – murmurei.

Alice e Bella se despediram deles e amontoaram várias sacolas perto da porta.

- Já que eu a raptei por toda a tarde, vou deixá-los sozinhos enquanto arrumo minhas coisas... – Alice sorriu pra mim.

- Certo, mas eu quero falar com você. – falei subitamente – Depois, volte aqui Alice. – ela mudou a expressão e assentiu, depois se dirigiu ao quarto.

Bella me fitava com uma expressão confusa, parada perto da porta.

- Vem aqui meu amor... – a chamei e ela veio em minha direção.

- O que você tem? Está tudo bem? – perguntou parada em minha frente.

- Sente aqui. – abri os braços pra ela que se aconchegou em meu colo.

Acariciei sua barriga, subindo as mãos pra seus braços até passar por seus ombros e ao chegar em seu rosto, o puxei pra perto e a beijei. No começo lentamente, mas então o beijo se intensificou. Explorando com a língua sua boca doce, levei as mãos as suas costas a puxando contra meu corpo. Nossa respiração se misturava e se intensificava, quase em um ritmo desesperador, era como se eu nunca a fosse beijar outra vez. Talvez não fosse. Uma onda de dor passou por todo meu corpo e Bella jogou os braços sobre meus ombros apertando meu pescoço com seus dedos delicados.

- Está com medo? – ela perguntou, parando de repente. Tentando voltar a respirar normalmente.

- Sim. – sussurrei.

- Mesmo?

- É, mas não por causa do bebê... – engoli seco. Ela levantou a cabeça pra me fitar.

- Por que então? – perguntou com um ar de desespero nos olhos.

- Porque... – engoli seco outra vez, as lágrimas já caiam em meu rosto. Droga, logo na hora em que eu tinha que permanecer firme.

- Edward? Edward, você está me assustando... – ela disse limpando as lágrimas de meu rosto.

Não respondi apenas respirei fundo, e terminei de enxugar o rosto sozinho. O choro havia cessado, mas o imenso nó em minha garganta estava bem maior.

“Amor, venha aqui e se sente, vamos conversar.

Eu tenho muito para falar, então acho que vou começar falando que eu te amo.

Mas você sabe, isso não está sendo nenhuma caminhada pelo parque para nós.

Eu juro que isso só vai tomar um minuto, você vai entender quando eu acabar,

E eu não quero ver você chorar, mas eu não quero ser aquele que te contou uma mentira.”

(Say Goodbye)

- Certo, já estou aqui. - Alice disse sentando-se no sofá em minha frente – Edward está chorando? – perguntou.

- Não, não estou mais chorando... – respirei fundo outra vez e delicadamente coloquei Bella ao meu lado pra que eu pudesse me levantar.

- Por favor, Edward, se você não disser o que está acontecendo...

- Tudo bem Bella, eu vou. – parei no meio da sala, fitando o carpete, sem coragem de olhá-las nos olhos. – Eu sempre morei na rua, não completamente sozinho, havia um amigo em quem eu podia confiar e eu e ele vivíamos quase como mendigos... – comecei – Quando se tem quinze anos você pensa que não precisa de ninguém, não é mesmo? Mas, eu precisava, e Jasper também, mas nós nunca tivemos ninguém até que um dia, Esme nos encontrou.

- Esme? – Bella perguntou e eu levantei a cabeça pra vê-la.

- Esme foi como uma mãe, quer dizer, ela foi uma mãe. Acolheu-nos, nos deu de comer, um quarto pra dormir, amor... – engoli seco – Só que parece que nada disso é suficiente pro conselho tutelar, então eles nos tiraram dela depois de algum tempo, primeiro eles queriam encontrar alguém da família, alguém que fosse pelo menos conhecido, antes de nos entregar para uma desconhecida, esse era o argumento mais ridículo que já havia ouvido... – ri amargurado – Jasper era mesmo um solitário, ele não tinha ninguém e depois de um tempo no orfanato, Esme conseguiu adotá-lo, e me prometera que fariam o mesmo comigo, mas infelizmente, eu tinha alguém...

- Infelizmente Edward? Isso é... – Alice começou.

- Carlisle. – falei bruscamente.

- Oh... – ela suspirou.

- Carlisle era primo de meu pai. Ele foi me ver no orfanato, sua aparência me assustou no começo, mas ele fora tão bom pra mim, sem falar que eu pude conhecer Emmett, que é como um irmão... – respirei fundo mais uma vez – A máscara dele era bem colocada. Eu confiava e o admirava e então ele me pediu algo quando completei dezesseis anos, ele queria que eu... Roubasse. – a palavra saiu devagar – Quando eu conseguia, era bem premiado e ele dizia ter orgulho de mim, mas se eu não tivesse coragem apanhava, ou era humilhado e insultado...  Então eu comecei a levar aquilo a sério, eu era um jovem idiota, não sabia o que fazer, eu só queria que se orgulhassem de mim e eu pensava serem apenas roubos pequenos.

- Aquele cretino! – Bella resmungou se levantando.

- Bellas, sente-se. – pedi e ela se sentou – Quando completei dezoito pedi a ele o endereço de Esme, eu queria ir embora dali, mas então ele me ameaçou e disse que não me daria nada, que eu era sua propriedade. Eu disse que faria qualquer coisa, e isso foi o fim. Ele teve a brilhante idéia de me colocar em golpes. Golpes milionários. – eu olhei para as duas que me fitavam incrédulas.

- Você não aceitou, não é mesmo Edward? Quer dizer, poderia ter achado Esme de outra maneira, você não... – Bella falava sem parar.

- Sim aceitei. – passei a mão pelos cabelos – Ele pode ser um crápula, mas tem palavra. Só que ele nunca dizia que seria o último golpe, só falava que se eu o fizesse, encontraria Esme e Jasper pra mim, e ainda não me denunciaria para a polícia.

- E quando tudo isso parou? – ela se levantou.

Meu coração pulsava tão forte como se fosse abrir um buraco em meu peito e saltar pra fora. Eu tinha que fazer isso, pelo seu bem.

- Não parou. – falei lentamente – Há mais ou menos um mês atrás ele me prometeu que eu faria meu último serviço e então estaria livre de tudo.

- Um mês? – ela perguntou incrédula, vindo em minha direção – Você está dizendo que...

- Sim Bella. Você era a próxima, não só você, mas Alice também. – disse rapidamente.

- Você está brincando comigo não é mesmo? – ela quase gritou – Como você pode pensar em...

- Eu fui iludido. Eu tinha que fazer isso, eu ficaria livre. Então me tornei seu motorista, eu sabia tudo sobre você, depois ele quis colocar Alice no meio disso tudo, mas eu não sabia o que fazer... – desabafei sem parar.

Bella respirava pesadamente como se fosse começar a gritar, ela chegou bem perto de mim e me deu um tapa no rosto. Aquilo doeu, muito, talvez porque eu o merecia.

- Você foi um ótimo mentiroso Edward...

- Bella, eu não terminei. – ela riu secamente e se virou.

- Ótimo, tem mais? – ela perguntou.

- Eu amo você. Apaixonei-me por você, e isso estava atrapalhando tudo, Carlisle ficava cada vez mais irredutível, ele não poderia sonhar sobre isso porque alguém sairia machucado. Era pra eu iludir Alice, - olhei pra Alice sentada sem se mover no sofá - fazê-la se apaixonar por mim, mas não o fiz, e ele não sabe disso... Não o fiz porque eu te amo Bella, por isso, porque tudo parecia ficar bem quando eu estava perto de você, mesmo com a culpa sobre minhas costas, mas eu a queria mais que qualquer outra coisa... E eu ainda a quero e a amo, ainda mais agora que está esperando um filho meu. Vocês são minha única esperança.

POV. Bella

A horrível dor que eu sentia estava me matando por dentro, eu precisava gritar, chorar, mas ali estava eu em pé o encarando, firmemente. O seu tom de súplica era angustiante, e eu sabia que ele estava falando a verdade quando dizia que me amava, e ao mencionar o bebê, mas será que era mesmo a verdade, ou eu já me acostumara com suas mentiras.

- Concordei com isso porque não a conhecia, porque achava que não tinha escolha. – ele sussurrou – Será que não pode acreditar em mim? – ele parecia acabado.

- A alguns minutos atrás, eu poderia. Mas agora eu já não sei mais o que é verdade e o que não é... – murmurei segurando o choro – Eu posso ser uma burra por dizer isso, mas você tem meu amor, tem uma parte de mim, e um filho meu aqui dentro... – acariciei minha barriga – Mas algo que você já não tem mais. Minha confiança.

- Só te peço pra acreditar em mim. Acreditar que eu fiz o que pude, e que voltaria no tempo se fosse possível. – ele suplicou – Você me conhece mais do que ninguém.

- Edward, se eu o conhecesse tão bem, nunca diria que você pudesse fazer uma coisa dessas, mas o fez, e mesmo que não tivesse se apaixonado por mim, estaria me magoando, me ferindo e me deixando sozinha sem nada... Não teria? – perguntei.

- Sim. Mas não o aconteceu, eu me apaixonei por você. E se acreditar apenas nisso, tudo o que passei já terá valido a pena. – seu rosto se contorcia em dor.

- Vá embora Edward. – quase ordenei, eu já havia começado a chorar. – Eu preciso pensar, eu preciso ficar sozinha, só isso.

- Não me peça pra me afastar, por favor. – ele justou as mãos em súplica.

- Por favor. Eu preciso pensar, e acho que Alice também. – falei engolindo o soluço.

Ele assentiu com a cabeça e se dirigiu a porta. Parando ali ele se virou para olhar ao redor, e parou o olhar em Alice.

- Alice, me perdoe. – ela não respondeu. Ele se dirigiu pra mim – Eu não sei se adiantaria, mas, me perdoe? Eu preciso de você, preciso de vocês... – suspirou – Amo vocês. – ele disse e ao sair fechou a porta sem fazer barulho.

“Agora que já cumpri meu tempo

Preciso seguir em frente e preciso que você tente

Porque estamos sem despedidas

Nunca pedi para você mudar

Mas infelizmente você não sente o mesmo sobre mim.”

(Out Of Goodbyes)

POV. Edward

Talvez isso tivesse que acontecer, eu nunca tivera muita sorte em nada, mas Bella fora a única coisa que alimentou o resto de esperança escondido dentro de mim. E que agora não passava de um resto, novamente escondido. Se ela pelo menos tivesse compreendido. Eu tinha certeza de que ela não pularia em meus braços e me confortaria, ou então que me perdoaria no mesmo instante, mas eu esperava pelo menos uma palavra que me fizesse ter certeza do que viria depois.

Ao parar na frente de meu apartamento, suspirei relembrando do silêncio que encontraria naquele lugar. Se ao menos ela tivesse estado ali uma vez poderia sentir seu perfume em um travesseiro, mas ela nunca havia pisado nesse lugar. Virei a chave e ao entrar e fechar a porta, parei por um instante, tentando não encarar o vazio, depois me virei.

- Pensei que não viria nunca. – a voz dele ecoou pela sala – Agora, temos umas coisinhas pra conversar rapaz. – Carlisle disse o mais alto que pôde.


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