- Não, não mesmo! Você só pode estar louco... Ele é um canalha. – gritei batendo o punho na mesa de mármore.

- CALE A SUA BOCA! Quem você pensa que é? Um bom moço? Você é um canalha, um golpista desgraçado! Não passa de um bastardo sozinho no mundo... – ele gritou.

- Como pode? Eu fiz tudo, tudo o que eu pude desde que eu o conheci pra te agradar... Eu manipulei, roubei, menti...

- Não venha me dizer agora que foi por mim que fez tudo isso... – ele debochou – Fez porque tem alma de manipulador, você nasceu pra isso Edward. É isso que você é e nada, nunca vai apagar tudo o que você já fez... – gargalhou.

- Sabe Carlisle, acho que o Edward aqui tem um tipo de paixãozinha por Bella... – James grunhiu.

- Oh claro que ele não... – Carlisle hesitou e me fitou por um segundo – Está apaixonado? – sua expressão estranhamente ameaçadora – Golpistas não se apaixonam... Não mesmo. – balançou a cabeça convencido.

- Não sei não... Andei observando seu comportamento, sabe ele até me agrediu. Salvou a moçinha...

- Cale-se James! Ele estava só fazendo a merda do serviço, certo Edward? – ele me encarou.

- Certamente... – sorri – A “merda do serviço”... Fui bem convincente não, James? – perguntei pra ele, que parecia confuso.

- Não tente, me... – James começou.

- Não, não... Sabe, Carlisle está completamente certo. Eu sou um golpista... Manipulador, ótimo por sinal, aprendi com um profissional... – olhei pra Carlisle que sorria satisfeito – Dê outro serviço a ele Carlisle, eu cuido das duas numa boa... – sorri tentando convencê-lo.

Carlisle me fitava ao desconfiado. Ele pensou por alguns minutos e levantou-se da cadeira lentamente. Eu lhe dei meu melhor olhar, o mais convincente que pude. Agora eu quase suava frio, ele era bom, não se convenceria tão fácil com o meu teatro improvisado.

- Está realmente certo disso? – perguntou.

- Absolutamente. – afirmei.

- Confio em você rapaz... Mas, nem tente me passar pra trás. James, pode ir, depois conversamos sobre outro serviço que venho planejando...

James saiu e depois de acenar pra Carlisle com a cabeça me retirei o seguindo.

- Carlisle o mataria no mesmo instante se soubesse que você e Jane estavam brincando na sala dele... Então, não tente dar uma de esperto pra cima de mim... – murmurei enquanto ele andava ao meu lado agora.

- Então aquilo tudo foi pura encenação? Você é mesmo bom... Pobre Bella. – ele sorriu e seguiu correndo pela calçada movimentada.

As palavras amargas de Carlisle ainda me feriam tão profundamente quanto no momento em que ele as pronunciara. Eu havia prejudicado tantas pessoas a mando dele, eu cheguei ao ponto de pensar que era um psicopata ou um estelionatário, uma máquina que obedecia a comandos, não tinha sentimentos.

Carlisle usava a pior arma de todas pra que eu continuasse ali, além de ele continuar pensando que eu devia a ele tudo o que eu sei – que pra mim já não vale de mais nada, eu não queria sabe como era ser um estelionatário – ele ainda continuava prometendo que eu estaria livre daquela vida quando terminasse o serviço, já haviam sido tantos “serviços” que guardavam essa promessa. Mas o pior de tudo era o que ele escondia de mim.

Carlisle sempre me prometera que nunca me denunciaria por crime nenhum e ainda me informaria o paradeiro de Esme, mas sempre depois que eu terminasse algum serviço. Eles nunca acabavam, sempre um atrás do outro. Tudo o que eu queria era me ver livre de tudo... Mas agora era impossível pensar isso, por que tinha que ser tão tarde? Eu precisava pensar em uma rápida solução pra sair daquilo.

POV. Bella

Eu havia mostrado quase todo o prédio da Fashion Flash pra Alice, ela admirava tudo com um lindo e brilhante sorriso no rosto. Alice me contara sobre alguns trabalhos que havia feito como modelo, e que sempre fora seu sonho posar nas capas das revistas, mas que seu pai nunca a permitira isso.

- Ele era bem rígido... Mas eu ainda preferia que estivesse aqui. – ela sussurrou tentando sorrir.

- Ei Alice! Eu acabei de ter uma idéia agora... Por que não faz testes aqui na Fashion Flash? Quer dizer, você poderia sair em alguns editoriais primeiro, e depois cresceria no ramo, tenho certeza que é uma ótima modelo... – sorri pra ela.

- Oh meu Deus, isso seria tão perfeito! – ela gritou excitada com a idéia.

- Venha... Vou lhe apresentar nosso fotógrafo, o Félix.

Alice e Félix conversaram por vários minutos, me sentei no grande sofá da sala de Félix e fiquei pensando por um momento.  A história de Edward ainda me comovia. Aquilo explicava todo seu comportamento fechado, e as suas mentiras, que no começo eu realmente hesitaria em perdoar e que foram erradas, mas que agora faziam um pouco de sentido pra mim.

Eu queria conversar com ele, dizer que me sinto igual. Mesmo tendo um pai ele agia como se eu não existisse, então eu já havia me conformado em ser sozinha e quando Edward aparecera minha vida se tornara cheia de vida. Eu queria que ele se sentisse assim como eu me sentia, agora ele teria a mim e eu a ele, não nos magoaríamos outra vez.

- Oh ele é tão legal, disse que vai tirar umas fotos minhas pra fazer um pequeno teste de início e... Bella? – Ouvi Alice me chamar.

- Oh, sim... Perdoe-me eu estava pensando...

- Em Edward?

- Sim. – sorri – Alice você sabe mais alguma coisa sobre ele? Quer dizer, há tantas coisas que ele deve passar e eu queria ajudá-lo...

- Bella, eu acho que deveria perguntar a Edward o restante da história, se eu lhe contasse não seria justo com ele, entende? Mas, de qualquer maneira, eu realmente não sei mais nada...

- Certo.

- E então, a que horas o nosso motorista particular vem nos buscar? Eu estava pensando em sairmos pra espairecer. Ir pra algum lugar diferente... O que acha?

- Nós três sairmos?

- Sim.

- Bom, acho que Edward não contestaria... – sorri – Eu posso ligar pra ele se quiser.

- Ótimo... – ela sorriu enquanto eu pegava o celular.

- E aonde vamos?

- É um tipo de surpresa...

- Ah, certo. – respondi incerta e Edward atendeu ao telefone - Edward...

- Bella, que bom te ouvir...O que houve?

- Ah, é bom te ouvir também, como você está? – respondi ainda assustada com o poder que a voz dele tinha sobre mim.

- Estou bem... – ele disse gentilmente, mas eu podia ouvir certa incerteza em sua voz.

- Bem, Alice teve uma idéia de nós três sairmos juntos hoje, só pra nos alegrarmos, o que acha?

- Ótimo. Ah, eu poderia me arrumar antes de buscá-las?

- Claro, estaremos aqui.

- Certo. Então até daqui a pouco. Ah, eu amo você... – ele disse lentamente.

- Eu amo você também... – desliguei.

Alice havia assumido o volante mesmo com a insistência de Edward em dirigir. Eu havia percebido que a intenção dela era nos deixar sozinhos no banco de trás pra que conversássemos e ela cantava sem parar, quase como se fosse pra mostrar que não estava prestando atenção.

- Vem aqui... – Edward passou seu braço por trás de meu ombro fazendo-me encostar em seu peito.

Senti seu perfume por alguns segundos.

- Você e Alice estão se dando bem, isso é bom... – ele disse num sussurro em meu ouvido.

- Muito. Ela é muito amável... E bem doida – gargalhei – Nosso fotógrafo gostou dela e vai fazer alguns testes, pra modelo sabe...

- É bem a cara dela... – ele sorriu e levantou meu queixo pra que eu pudesse beijá-lo.

Os lábios dele nos meus me excitaram tão facilmente, ele não parava e eu realmente não queria que ele o fizesse. Edward passou as mãos pelas laterais de meu corpo me puxando contra ele.

- Ei, ei, guardem o resto pra quando estiverem a sós... – Alice riu – Nós já chegamos.

Ela entrou em um estreito estacionamento e parou o carro.

- Bem vindos ao Cielo*.

- Oh meu Deus... – sussurrei.

O Cielo, localizado em Manhattan era um dos clubes mais badalados de New York, era um lugar bem dançante e cheio de luzes, também era um lugar bem caro. Eu já havia vindo aqui algumas vezes em festas da revista.

- Oh Alice... – Edward murmurou rindo. Ele não parecia nem um pouco desconfortável com o lugar.

Ao descermos do carro ele segurou em minha mão e entramos lentamente.

O lugar lotado parecia um formigueiro na pista de dança, eu nunca havia o visto tão cheio. Nós fomos levados por um acompanhante até uma área mais reservada do local.

- Vocês não acharam que iríamos ficar em um lugar qualquer não é? – Alice nos olhou.

A música alta não era tão incomoda no lugar em que nós estávamos. Alice estava doida pra dançar e depois de insistir que nós a acompanhássemos, desistiu nos deixando ali sozinhos.

- Vocês são tão caretas... – ela mostrou a língua e saiu.

- Alice é mesmo indecifrável... – Edward murmurou em meu ouvido.

Sorri pra ele e o beijei outra vez. Ele procurava por meus lábios ferozmente e eu correspondia. Edward sempre me causava a vontade de querer mais dele, eu passei a mão em seus cabelos. Ele parou de repente sorrindo pra mim sem motivo, respirei recuperando o fôlego.

“Beije,

Enquanto seus lábios ainda estão vermelhos

Enquanto ele ainda está em silêncio

Descanse enquanto o seio ainda está intocado, desvelado

Segure outra mão,

Enquanto a mão ainda não está armada

Mergulhe nos olhos enquanto eles ainda estão cegos

Ame enquanto a noite ainda esconde o amanhecer aterrador...”

(While Your Lips Are Still red)

- Temos que nos comportar, pelo menos em público... – ele riu malicioso e me fitou por alguns segundos.

- O que foi? – perguntei.

- Você está tão linda...

- Oh, mas que lindo o casal! Não vai me apresentar a ela Edward? – uma voz alta e grossa nos interrompeu.

A expressão de Edward era de medo, um medo que o deixara paralisado por alguns segundos, sua boca entre aberta.

- Carlisle... – ele murmurou.

Então aquele era Carlisle. Estremeci quando Edward segurou mais firme em meu ombro.