A noite foi longa para Misaki. Ela não conseguia apagar da memória o beijo que pareceu tão diferente para ela. Apesar de já ter recebido um beijo de Usui, esse parecia diferente. De alguma forma, ele conseguiu despertar um sentimento diferente no coração de Misaki. A presidente era muito persistente em tudo que fazia, mas se quer conseguia dormir aquela noite. Quando estava a adormecer, a cena do rosto de Usui próximo ao dela sempre acabava por aparecer em sua mente. Ela não sabia o que pensar, o que concluir sobre aquela realidade. Na verdade, ela sabia qual era a situação: estava apaixonada. Mas, balançava negativamente a cabeça, como quem dizia para si mesmo: “Apaixonada? Eu? Pelo Usui? Nunca!”, ela pensava. Mas, as horas passaram e ela acabou por se forçar a dormir. O tempo de sono era curto, já que grande parte da noite foi dedicada involuntariamente as memórias daquela noite inesperada.  Logo, o toque do despertador dela soou, quase como algum tipo de tortura, já que ela estava com muito sono. Porém, não podia deixar de cumprir com seus deveres como presidente. Então, relutantemente foi se levantando para tomar um rápido banho de água gelada, e após isso se ajeitar para ir para a escola. Vestia o uniforme, impecavelmente adaptado ao corpo dela, da mesma forma que está nas regras da escola. Então, ao descer para a cozinha, teve um breve diálogo com sua irmã, apenas um diálogo de bom dia. Pegou um pão e, por estar atrasada, foi comendo no caminho para a escola. Não demorou muito para chegar, já que se apressou o máximo que conseguiu e, por sorte, conseguiu chegar antes do sinal bater. Seu pensamento, assim como na noite passada, estava centrado apenas no loiro que novamente lhe roubara um beijo. Loiro o qual Misaki não viu enquanto passeava pelos corredores do colégio em direção a sala, para um dia cansativo de aula devido ao sono. Mas, com bastante esforço, conseguiu se manter acordada em todas as aulas até a hora do intervalo. Era o momento que ela esteve temendo a manhã toda: o que faria se encontrasse Usui? Da outra vez, ela apenas agiu normalmente, como sempre, mas dessa vez estava sendo impossível controlar os próprios impulsos. Sentia um aperto no coração, enquanto caminhava pelos corredores do colégio e tentava disfarçar o nervosismo para as pessoas que a cumprimentavam ou apenas queriam conversar algo com ela relacionado ao conselho de estudantes ou sobre eventos na escola. Mas o interesse dela era outro: decidida, ela começou a correr pelos corredores. Precisava encontrar Usui. Ela poderia estar equivocada. E se ele realmente não fizesse aquelas coisas para brincar com ela? Se ela tivesse o julgado mal? Essas e outras perguntas martelavam a pobre cabeça da presidente, que quase desmoronava em lágrimas pelos corredores, mas se mantinha firme o tempo todo enquanto olhava em volta, a procura de Usui. Aonde ele teria se metido? Nessas horas, ele normalmente apareceria do nada, como sempre, para ampará-la. Passou pelas salas, perguntou para as pessoas – já que Usui era muito conhecido – e nenhuma delas se quer havia visto o rapaz naquele dia. Foi ao último lugar da escola aonde não havia procurado: o terraço da escola. As chances de encontrar Usui lá eram grandes. Porém, assim como ela havia imaginado, não eram 100% certas: estava completamente vazio. Ela passou a caminhar pelo telhado do prédio, por todo o canto, para tentar achá-lo. Nada. Era como se ele simplesmente tivesse desaparecido. Novamente, aquele aperto no coração da garota. Ela acabou destratando o loiro na noite passada, e se sentia culpada por isso. Apertava a camisa da escola na região do peito esquerdo, baixando o olhar que era coberto pela franja. Mas, antes que pudesse se preocupar mais com isso, o sinal batia. Era hora de voltar para as últimas aulas do período. Após suspirar profundamente e respirar fundo, na tentativa de se acalmar, Misaki se recompôs e caminhou lentamente em direção a sala. Lá, não conseguia prestar a atenção na aula, apesar de fingir fazê-lo o tempo todo. Aqueles minutos que não passavam eram uma tortura para a jovem, que mal conseguia se segurar no lugar sem se desesperar ou acabar desviando demais a atenção. Por fim, as aulas terminaram e Misaki pegou sua mochila, colocando-a nos ombros. Avisava aos membros do conselho que por hoje, não poderia participar das atividades, não conseguia se concentrar. Porém, não poderia deixar de ir para seu trabalho no Maid Latte!, já que talvez fosse até bom ir até lá, já que era um local aonde ela conseguia se acalmar. Ao menos era o que ela pensava. Ao chegar lá, a princípio, tudo pareceu bom. Ela conseguia atender aos clientes da melhor forma possível – como sempre, os três idiotas estavam presentes para admirá-la. Mas faltava algo: o rapaz que sempre sentava meio afastado e que chamava a atenção. Sim, Usui não foi ao café também, o que tornava a preocupar Misaki. A tarde inteira passava, lentamente, ao som das conversas das pessoas do café, sem que Usui aparecesse. Misaki já começava a ficar apreensiva. Entrava para dentro do trocador do estabelecimento e ficava sentada em um dos bancos, de cabeça baixa, sem saber direito o que se passava, até que a gerente veio falar com ela.

-Misa-chan, algum problema? – disse a gerente enquanto se sentava ao lado de Misaki.

-A-Ah, gerente... n-não é nada não... – ela desviou um pouco o olhar, assim como o rosto para que a gerente não visse as poucas lágrmas que se formavam pelo mesmo.

-Misa-chan, parece perplexa o dia todo... seria por que... – antes de terminar a frase, a gerente acabava sendo interrompida por Misaki.

-Não! Não é porque o Usui não apareceu! – disse Misaki, praticamente se entregando, e por isso ela tinha de encarar a gerente com um olhar de desapontamento.

-Hehe, então era por isso mesmo... – disse a gerente enquanto sorria.

Dessa vez, Misaki não tentava negar como costumava fazer quando se tratava de Usui. Apenas acenou positivamente com a cabeça, e começou a falar.

-Eu estou preocupada... ontem eu fui tão grossa com ele, e hoje ele não apareceu durante o dia todo... não sei o que pode ter acontecido... – com a voz melancólica, já se podia notar pelos soluços que a garota se forçava a segurar o choro.

-Misa-chan... – a gerente segurava gentilmente a mão de Misaki e sorria para a mesma – Tenho certeza de que está tudo bem com o Usui-kun! Talvez ele apenas tenha ficado doente... ou algo assim, não é? – disse a gerente enquanto piscou na direção de Misaki, expressando um gentil sorriso e se levantando aos poucos enquanto soltava a mão dela.

Mesmo que parecesse apenas algo superficial, sem importância, Misaki de alguma forma entendeu o recado que a gerente queria passar a ela. Parecia o mais lógico a se fazer, pelo menos para ela, após pensar um pouco sobre as palavras da gerente, e então ela se levantou, fechando o punho e falando com bastante determinação.

-Eu... entendo! Sim, é isso que vou fazer, gerente! – acenou positivamente para a gerente, que fazia cara de desentendida ao ver Misaki começar a caminhar – Por favor, deixe eu sair antes por hoje?

-Claro... – disse a gente após acenar positivamente com a cabeça, sem entender de que forma havia ajudado Misaki.

Com um sorriso determinado no rosto, Misaki saiu do Maid Latte! pela porta dos fundos. Decidida, começou a caminhar por caminhos pelos quais ela jamais havia atravessado, para poder executar o que tinha em mente, e encontrar com Usui no único lugar aonde ele poderia estar caso o que a gerente disse fosse verdade.