Ficamos duas semanas nesse “chove e não molha”. Depois do beijo que dei em Vittany, ela não olhou mais na minha cara. E por mais que eu também não olhe para ela, mas... Eu quero olhar.

Estávamos organizando um evento que nossa sala iria promover e Vittany estava cuidando da decoração. Ela estava sobre uma cadeira prendendo os enfeites no teto. Quando ela esticou os braços, sua blusa levantou, expondo sua barriga, sua cintura, sua pele. Fabiana me pegou babando e desejando para que a blusa subisse mais um pouquinho.

- Você não viu nada, ok?

- Claro que não. – ela riu, cinicamente.

Saí de perto como se nada tivesse acontecido e fui ajudar com os brindes que iríamos oferecer aos visitantes.

Mais tarde, Vittany disse à Fabiana que iria buscar mais fita metálica. Eu disse aos meus colegas que iria pegar cartolina e saí de sala, 2 minutos depois de Vittany.

=§=

O depósito de materiais era até bem maior do que eu esperava. Encontrei Vittany encolhida, procurando pela fita em uma caixa do canto. Fui até ela e apoiei um braço na parede.

- Quer ajuda? – ela se levantou subitamente e se virou. Levou um susto ao ver que ficou entre mim e a parede.

- O que você quer?

- Eu perguntei se VOCÊ queria algo...

- Não. Obrigada. Só isso?

- Por que foge de mim? – dei um sorrisinho.

- Porque você sempre foge de mim. Então, se essa é sua vontade, que seja.

- Não fujo de você.

- Você quase me beija e vai embora. Enfim, me beija e vai embora. Depois, nem olha na minha cara. Você ainda quer que eu vá atrás de você? Audácia, né?

Fiquei mais sério. O que ela dizia era verdade, não podia negar.

- Eu não ajo de acordo com a minha vontade...

- E quer que eu aja por você? – aproximei ainda mais meu corpo enquanto ela se afastava. Péssima ideia, porque ela acabou encurralada contra a parede. Bem feito pra ela.

- Quero apenas você.

- Aham. – ela corou apesar da cara sarcástica.

- É sério.

- Não acredito.

- Por quê?

- Porque não tem como acreditar no que você diz. Olha, já brincaram comigo. Me dei muito mal, perdi meu filho e quase perdi minha família. Você acha que alguém como você será capaz de me jogar em uma armadilha de novo? Aprendo rápido, meu querido.

Cada palavra dela, a firmeza com que falava, o fogo nos olhos, o cheiro da sua pele. Por Deus! Ela tinha realmente 16 anos? Mas... Se eu me aproximar... Talvez o sangue por debaixo de suas bochechas seja mais forte que sua expressão rígida... Aproximei, pouco a pouco, minha boca da dela. Seus olhos fugiam, seu rosto tentava virar e por sua garganta descia cada vez mais saliva. Ela estava nervosa e cedendo. Isso era ótimo. Enfim, sua boca.

 Os lábios se moldaram aos meus, sua língua hesitou, mas não permiti que fugisse. Tomei sua cintura com o braço e ela se mantinha rígida, hesitante. Fiz por ela o que seus reflexos denunciavam. Com a mão livre, enrosquei seus braços envolta de meu pescoço. Ela agarrou meu cabelo, finalmente estava comigo.

Ela era afoita, grudava-se em mim. Creio que se pudesse ela me atravessaria. Estava cheia de vontade... Ela queria sexo! Pensei em atiçá-la para ver como reagiria. Abri o primeiro botão de sua camisa e logo vi que havia aceitado, sua mão passeava por cinto.

Eu queria continuar aquilo, mas eu tinha coisas maiores me impedindo. Tinha de parar antes que fosse tarde demais. Mas a Vittany... Caramba, aquela era a Vittany! Eu talvez não tivesse outra chance dessas. Mas ela gosta de mim... E eu estou louco por essa garota... Em todos os sentidos. Mas não é suficiente que eu goste dela... Ei, o que me impede de continuar? Minha consciência? Aham... Hoje é o dia da razão tirar uma folga e deixar que os hormônios trabalhem!

Abri completamente sua blusa, ela tirou meu cinto e abriu minha calça. Prensei-a contra a parede e ela deu um gritinho delicioso, olhei para ela e retirei o veludoso cabelo negro de cima dos olhos verdes que me hipnotizavam. Ela sorriu como se fosse a filha do diabo.

- Como você consegue isso? – perguntei ofegante e estupefato.

- É que... – ela foi interrompida pelo barulho da porta se abrindo.

Corremos para nos esconder atrás de uma estante.

- Vittany! Cadê a fita?

- Já vou, estou quase achando.

- Como assim? Ou você achou, ou não achou.

- Volte pra lá, Fabiana! Não é necessário que duas pessoas procurem uma fita.

- Então tá. Aproveita e diz isso para o Leon, ele ainda não voltou. Deve estar se divertindo, onde quer que ele esteja... Não é, Leon?! – não sei porque, eu calei a boca. Não consegui dizer nada. Vittany pareceu não saber o que fazer também – Well... Quem cala consente. – e ela se foi.

- Porque nos preocupamos em nos esconder da Fabiana? – ela perguntava para si mesma.

- Não sei. Mas é melhor irmos embora.

- Mas o quê? – ela se colocou a minha frente e me agarrou pela blusa – Por que a gente não termina...

- Vittany. Agora, isso não é a melhor coisa a se fazer. – tirei suas mãos, me arrumei e voltei para a sala. Antes de abrir a porta, lembrei que deveria ir ao banheiro primeiro, só para evitar uma situação constrangedora.

=§=

Ao final da aula, Vittany estava com uma cara cansada, então me aproximei dela.

- Bom, tchau?

- Uhum. – ela não me olhou.

- Eu vou me arrepender muito disso... – ela me olhou sem entender e sem dizer nada.

Eu entranhei uma de minhas mãos em seu cabelo e a puxei para mim, lhe dei um bom beijo de despedida. Todos da sala ficaram olhando, menos admirados que da última vez, mas mesmo assim...

- Agora, sim. Tchau.

- Tchau – ela sorria sutilmente.

Eu segui para casa. Agora eu estava, oficialmente, preparando uma tragédia.