Labirinto de Callif escrita por Gmilani


Capítulo 2
Elliot e suas armaduras




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-Como é o seu nome, senhorita?

-Kiara, e do senhor?

-Elliot.

Ele abriu um largo sorriso, e deu um leve beijo na minha mão direita.-Sua voz é muito bonita. Nós conseguimos falar juntos e nós começamos a rir.  Desde pequena andei pelo labirinto, já perdi a conta de quantas vezes me perdi lá dentro, mas sempre adorei andar pelas enormes paredes envolvidas por plantas lindas. Meu pai, como não podia deixar o vilarejo, a não ser que fosse por causas importantes, enviava-me para cidades vizinhas, onde o único jeito de entrar nelas era pelo labirinto, mas não pense que ele foi insensível ao fazer isso, de jeito algum, ele sentia muito receio por eu perder-me, mas ele sabia e sempre soube que no meu sangue, sempre correu o sangue da minha mãe, o sangue da sincera e destemida Zora, todos os dias em que ela era viva, ela podia se perder, mas nunca se desesperava. É nela que eu espelho-me tanto, posso ter vivido pouco com ela, mas sei o quanto ela me amava. Quando dei-me por conta estavamos envolvidos em um silêncio profundo, mas ambos com seus pensamentos mais profundos, todo esse silêncio foi quebrado quando ele deixou todas as suas armaduras caírem no chão. Uma delas chamou-me atenção.

-Sua flecha...

-É igual ao do Senhor das especiarias.

-É, é igual á flecha do Ricco, mas...

-Por isso que eu sabia que não era dos elfos.

-Você também não acredita?

-Ora, Kiara, porque não acreditar? Acredito sim, só sei que aquela flecha não era a dos elfos.

-Mas você não acha que é um pouco estranho eles jamais terem aparecido?

Elliot olhou diretamente nos meus olhos e sorriu.

-Kiara, prefiro pensar que os elfos são como o amor por exemplo, só aparecem para as pessoas certas, nas horas certas e que nós não precisamos vê-lo para acreditar nele.

Não tive o que falar depois dessas palavras tão lindas, eu o ajudei a guardar a sua armadura e recomeçamos a nossa caminhada. Enfim, chegamos na outra aldeia, tinha muitas correspondências para o meu pai, também peguei alguns remédios para ele. Elliot ficou lá e eu voltei depois de um tempo.

Quando cheguei já era fim da tarde, Ricco estava sentado no banco da praça central, sua banquinha estava sob a responsabilidade do irmão de Ricco, deixei as cartas em casa e fui até ele.

-Seu pai foi andar pelo labirinto -- Ele estava com a voz mais baixa do que o normal.

-Com quem?

-Ninguém, ele foi só.

-Só?

-Sim.

Aquilo parecia-me muito estranho, afinal meu pai jamais suportou ficar só.

-Mas você sabe porque, Ricco?

Ele apenas balançou a cabeça negativamente, Ricco estava realmente estranho, ora, mas nunca pensei que ele ficaria assim por uma flecha!

-Ora Ricco, vamos, você não está assim por causa daquela flecha, não é? 

-Claro que não, Kiara!

-Então porque, diga-me porque?Desde quando aquele rapaz esteve aqui você ficou assim.-Kiara, eu não sei porque estou assim.

-Diga-me a verdade, Ricco.

-Ora! Mas estou dizendo-lhe, juro-te pela nossa amizade minha amiga, não sei porque estou assim! Já faz um tempo que sinto-me assim, e hoje, quando aquele rapaz falou conosco, eu senti como...

-Como...-- Queria insentivá-lo a falar.

-Como se tudo fosse piorar, senti-me muito mal, muito mal mesmo, tenho medo de algo que esse rapaz possa fazer.

-Ricco, tenho certeza que isso é coisa da sua cabeça, você deve ter implicado com ele, já que ele falou de todas aquelas coisas sobre flechas.

-Mas, Kiara... -- ele começou a pensar e calou-se.

-Achas que estou certa?

-Não sei, mas, podes estar.

Naquele momento meu pai estava voltando do labirinto, estava com uma cara de desânimo, achei melhor ir ver o que estava acontecendo com ele.


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