Escolhas escrita por naathy


Capítulo 11
10. Ele é um anjo?




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PDV GABRIELA

Acordei no dia seguinte me sentindo bem, mas com medo. Ontem o Eduardo não estava bem e essas oscilações de humor e de comportamento só me dão mais certeza disso. Não sei ao certo se são as drogas que causam esse efeito nele, ou, se ele já possuía algum tipo de doença psíquica que apenas foi agravada pelo uso continuo de entorpecentes. E cada minuto que passava eu tinha mais certeza que eu precisava sair dali o quanto antes e, ao mesmo tempo, que eu deveria evitar o envolvimento comigo e principalmente nessa minha “fuga”. Ele é apenas um garoto que terá um futuro brilhante, eu tenho absoluta certeza disso. Não só por suas notas e sua dedicação com os estudos, mas, principalmente, por ser uma pessoa generosa e de caráter. São poucas pessoas que possuem essas características nos dias de hoje.

Retirei cuidadosamente o braço do meu algoz de cima do meu corpo, ele resmungou um pouco, sonolento, virou-se para o outro lado e dormiu novamente. Fiz a rotina diária das minhas manhãs antes de sair para o colégio: Banho, café, escovar dentes... Vesti-me, em seguida, pegando minhas coisas e saindo do apartamento.

Ainda era cedo quando eu cheguei lá. Poucos alunos circulavam entre os corredores pelos quais passei, cheguei próxima ao meu armário e poucos segundos depois senti uma mão sobre o meu ombro direito. Não precisava me virar para saber quem era, pois o aroma inebriante do seu perfume inconfundível já havia denunciado de quem se tratava. Virei-me apenas para encará-lo e ter certeza de que era ele.

- Fiz o que você me pediu. – ele olhou para os lados. – Fique tranquila, pois não contei para ninguém. Mas eu espero, ao menos, que você me conte o que acontece com você.  – Mordi o lábio inferior em nervosismo, não sabia qual seria a sua reação ao saber da minha história. Ele levou uma mão ao meu rosto e acariciou-o suavemente. – Por que você não me contou ainda? Você deve de sofrer muito, isso eu vejo em seus olhos, Mas o que você teme? – Voltei a mim e retirei sua mão do meu rosto e me afastei dele o máximo que consegui. Confesso que o seu sutil carinho em minha face me fez bem, eu me sentia bem de uma maneira inexplicável perto daquele garoto.

- Não é seguro conversarmos em público. – olhei para os lados e por sorte o corredor estava vazio. – Responderei a todas as suas perguntas, mas não quero que você se envolva ainda mais comigo ou na minha história, você já fez muito por mim.

- Eu não fiz nada. Não prometo algo que eu não posso cumprir, mas lhe cobrarei a sua história. – Ele respirou fundo e passou uma das mãos nos cabelos, bagunçando-os um pouco. – Bem, quando e onde nos encontramos? – ele perguntou voltando a encarar meus olhos, desviei o meu olhar no mesmo instante. Seus olhos me perturbavam, me invadiam, parecia que eles conseguiam descobrir mais de mim do que eu gostaria de revelar. Suspirei pesadamente e lhe indiquei um endereço e disse para sairmos um pouco antes do término das aulas para conversarmos, porém, como já havia pedido a respeito da carta, disse que ele não poderia contar para ninguém, absolutamente ninguém, sobre essa nossa futura conversa e nem do nosso “encontro”, ele concordou. Despediu-se de mim dizendo um “até mais tarde” e virou de costas saindo dali. Suspirei virando-me para o meu armário e o fechando. Não podia negar que a presença dele perto, ao mesmo tempo, que me fazia temer por ele, pela sua integridade física, me fazia-me sentir mais segura, protegida e até mesmo mais feliz. Balancei a cabeça tentando afastar esses pensamentos inoportunos. Já havia passado algum tempo que estava ali, não cheguei a essa conclusão por minha percepção, mas sim pelo grande movimento de alunos pelo corredor. Fui para a minha primeira aula e sentei no meu local de costume. Algo me dizia que por mais que eu agora tentasse preservar o garoto, já era tarde e que ele não desistiria de me ajudar.

- Gabriela Albuquerque, qual é a resposta da questão nº 2? – perguntou o professor de matemática me tirando dos meus devaneios.

- Desculpe professor, eu ainda não resolvi a questão. – ele me olhou bravo, e me mandou prestar mais atenção na aula, logo fez a mesma pergunta para um garoto de aparelho e o rapaz respondeu rapidamente. Então o professor voltou a me dar uma rápida olhada e continuou a dar a sua aula. Que sinceramente, não prestei atenção em nenhum momento, mas fingia que prestava apenas para que aquele professor não me incomodasse mais.

As horas passaram rapidamente e quando olhei no relógio já estava próximo do horário que eu havia combinado de me encontrar com Gabriel. Arrumei meu material, peguei minha bolsa e saí no meio da aula de literatura, porém o professor não pareceu dar muita importância para isso. O que me fez agradecer mentalmente, pois mais um estresse por causa da minha desatenção ou falta de interesse, naquele dia, poderia atrapalhar o restante deste, que eu tinha quase certeza que não seria fácil. Passei pelos portões do colégio e me encaminhei para um local que não ficava muito longe dali, mas que poucos tinham acesso. Com certa dificuldade, pulei o portão do lugar deserto e esperei em meio às árvores. Não demorou muito e vi um ofegante Gabriel se aproximando.

- Estou aqui, pode começar a me contar a sua história. – ele disse se sentando ao meu lado, respirando com dificuldade. Respirei fundo e contei o que havia acontecido, desde o dia em que conhecia o Eduardo, além de contar sobre meus pais e a vida que tinha antes dele e depois dizendo como era a vida que eu tinha agora com ele. – Mas se eu pego esse monstro eu... Eu... – Disse com raiva, ele estava chegava a estar vermelho, tamanho a sua furia. Levei um dedo meu até seus lábios para calá-lo.

- Não, você não faria nada. Você é só um garoto. – ele ficou visivelmente mais irritado. Retirou o meu dedo de seus lábios.

- Por que você me subestima tanto? Eu não sou só um garoto. – ele disse com raiva.

- Eu não te subestimo, eu apenas conheço muito bem o cara com quem eu moro. Ele é um monstro, não tem escrúpulos e para ele acabar com a sua vida, literalmente, não precisa muito. – ele respirou fundo se acalmando.

- Você tem que fugir o quanto antes desse monstro. Como ele pode ter coragem de fazer isso com você... Já sei, vem para a minha casa comigo até você poder voltar para casa... Avisamos sobre ele para o meu pai e ele e os seus colegas prendem-no e você fica livre desse demônio encarnado. – ele disse tudo rapidamente, estava nervoso e incomodado com a situação. Com esforço consegui entender tudo o que ele havia dito – Vem comigo, eu não vou deixar você voltar para o inferno que ele transformou a sua vida. – ele fez um carinho no meu rosto. Senti uma sensação muito boa apenas com aquele toque tão carinhoso que ele fazia. Um arrepio involuntário percorreu meu corpo apenas pelo contato de sua mão em minha pele.

- Não, as coisas não funcionam assim. Você não me escutou, não é? Para ele te matar e matar o seu pai e seja lá mais quem, não precisa de muito. – suspirei. – Ele tem uma obsessão por mim, que não sei de onde vem. E, sinceramente, eu prefiro morrer, a saber, que algo de ruim aconteceu com alguém por minha causa. – baixei minha cabeça e a sua mão que estava na meu rosto desceu para o meu queixo erguendo novamente o meu rosto e me fez encará-lo.

- Eu não vou deixar que ele faça mais nenhum mal a você. – ele disse olhando em meus olhos e eu sorri tristemente para ele, acariciei seu rosto e ele fechou seus olhos brevemente. Ele é tão bonito, jovem e estava se arriscando por alguém que não valia à pena.

- Você já fez o que podia. Ajudou-me colocando a minha carta no correio e isso foi muito, acredite. – ele abriu os olhos e desviou o olhar.

- Eu coloquei o meu endereço na sua carta. – ele disse em voz baixa.

- Você o que?

- Isso que você ouviu. – ele me olhou sério. – Além disso, abri-a, mas não se preocupe, pois eu não li a carta apenas coloquei um bilhete com o meu e-mail e meu endereço dizendo que eu estava querendo te ajudar e que eram para dar um retorno para um dos dois. – eu estava incrédula. Ele era audacioso e corajoso, não podia negar isso.

- Você está se arriscando demais por mim. – ele deu de ombros. E eu olhei-o intrigada, ele não parecia se importar com a sua própria segurança. Será que ele era louco ou masoquista ou algo do tipo?

- Eu só não quero ver mais esse sofrimento e essa infelicidade nos seus olhos. – ele disse serenamente.

- Por que você se importa tanto comigo? - ele novamente deu de ombros. – Por que, Gabriel?

- Eu só me importo com você. – ele encostou a cabeça no tronco da árvore e fechou os olhos. – Não gosto do que encontro nos seus olhos. Fico imaginando que seria muito melhor ver alegria neles ao em vez do que eu sempre enxergo. – ele abriu os olhos e me olhou novamente. – Eu nunca vi você sorrindo e fico imaginando como seria o seu sorriso. – Eu estava surpresa por suas palavras, ele era um anjo, eu tinha certeza disso. – Ele olhou para o horizonte. – O que te faz sorrir?

- Meus amigos, minha família... O Eduardo já me fez sorrir muito quando o conheci. - seu rosto ficou tenso ao escutar o nome.

- Mas isso é passado. Hoje nada te faz sorrir? – pensei por um momento e me lembrei quantas vezes sorri sozinha apenas pela inocência do garoto que estava na minha frente.

- Você me faz sorrir às vezes. – ele me olhou surpreso, coçou a cabeça confuso e depois sorriu.

- Eu te faço sorrir? – eu assenti envergonhada. – Quando?

- A sua inocência em pensar que pode me ajudar me faz sorrir sozinha de vez em quando. – confessei.

- Hum. – ele arqueou a sobrancelha. – Mas eu posso te ajudar, basta você deixar. – ele piscou e eu sorri negando com a cabeça. – Faz de novo.

- O que?

- Sorria de novo. Sabe? Seu sorriso é mais lindo do que eu imaginava. – tenho certeza que eu corei ali. Ele acariciou meu rosto novamente e senti que ele estava cada vez mais próximo, fechei os olhos por instinto seu nariz roçou no meu, para em seguida, sua boca fazer o mesmo só que em meus lábios, ele abriu um pouco a sua boca e eu fiz o mesmo, deixando que ele aprofundasse o beijo, ele me beijou calma e carinhosamente. Como a muito tempo eu não era beijada. Era novo, aquele carinho tão inocente e ao mesmo tempo íntimo, me fez sentir sensações que eu não me lembro se já havia experimentado antes. Era novo, era como se eu estivesse em casa.  O beijo acabou antes do que eu queria. – Desculpe, eu não sei o que aconteceu comigo. – ele disse se afastando.

E, naquele momento, eu tive certeza que estava apaixonada por aquele garoto com nome, rosto e atitudes de anjo.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Gostaram?


Obrigada por todos os reviews e pelo carinho. *-*

Desculpem o atraso em responder os reviews e em postar esse capítulo, mas estou sem muito tempo por causa da faculdade. =/



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