Pacato dia na vida de Máscara da Morte. O de sempre: treinar, dormir, comer, treinar, dormir, comer... Já estava farto disso. Ainda bem que hoje ia passar seu filme preferido na televisão: A Lagoa Azul.

Certo, se os outros descobrissem que era esse seu filme preferido e não "O Exorcista" ou "Jogos Mortais" era um homem morto. Mas fala a verdade, quem não gostava daquele clima de romance, daquele clima de clichê selvagem, náufragos, crianças inocentes descobrindo a vida juntas sem maldade, sendo felizes...

Ok, nem todo mundo.

Na verdade, nunca achou uma alma se quer que também tenha o filme com Brook Shields no topo da lista de favoritos.

Mas ele gostava.

Morria de... medo da cena em que Emily fica menstruada pela primeira vez na dita Lagoa Azul, achava super romântica a cena em que Emily e Richard fazem amor (sexo é muito carnal, afinal) pela primeira vez, e sempre chorava no final, onde o filho dos dois come a frutinha que faz dormir para sempre e num ato de amor incondicional Emily e Richard também comem a dita frutinha.

Era seu sonho, na verdade.

Ser amado incondicionalmente por um amor que sabe que é puro, sem interesses e inocente. Um amor como deveria ser. Ah, como queria um desses na sua vida. Mas sua vida de cavaleiro não permite. Por mais que amasse alguém, não teria um relacionamento sério com ninguém na condição de Cavaleiro de Ouro de Câncer. Só de imaginar sua mulher e seus filhos chorando sua morte em alguma batalha e maldizendo Athena pelo destino cruel seu coração apertava, chorava sozinho e sentia saudades e dor por alguéns que nem existiam na sua vida.

É... É melhor ficar sozinho.

Não faria ninguém sofrer, não faria ninguém chorar por ele, ninguém sofreria por ele.

Não gostava de admitir, mas não é qualquer homem que sofre para evitar o sofrimento de uma família que ainda se sonha em ter.

Por isso via esse filme repetidamente, via qualquer filme romântico com finais felizes diversas vezes, ora para matar a saudade de uma vida que não teve, ora para poder dizer que os finais não são todos tristes como o dele, e isso o confortava.

Então pegou o controle e ligou a televisão.