Sonhadora escrita por AnnaHeimer


Capítulo 14
Capítulo 15




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- Não. Não sou eu. Sou a irmã gêmea dela, e na verdade ela está em casa olhando "Lost". – bufei.

Ele riu, tirou os fones, guardou-os e andou até mim.

- Quem sabe não podemos consertar o que fizemos? – sugeriu ele acariciando minhas bochechas frias com os dedos.

- Você vai consertar é a sua cara quando eu acabar com você, vagabundo! – gritei e soquei a cara dele.

O sangue vermelho começou a escorrer pelo seu nariz. Ele limpou no casaco e me olhou, confuso.

- Merda. – murmurou

O sangue não parava de escorrer.

- Epa, quebrei seu nariz.

Ele pegou seus livros que caíram no chão quando minha mãe foi ao encontro de seu rosto e começou a andar para ir embora.

- Ei, tá achando que eu vou te deixar ir embora fácil assim? – gritei e ele se virou para olhar para mim. – Escuta aqui. Eu vou deixar algo bem claro pra você. Se pensa que vai sair ganhando, está bem enganado. – falei jogando os livros nele

Ele se protegeu com a mochila. Garoto esperto.

- O que quer de mim?

- Pode ficar tranquilo. "Vai ser tão rápido que você não vai sentir nada".

Eu ri um pouco e empurrei ele, fazendo-o bater o rosto no poste de luz próximo de nós. Ele mal piscou e eu o joguei na janela de uma sala de aula. A janela quebrou e ele pareceu ficar inconsciente. Eu queria reservar pra ele uma morte sofrida e lenta, mas ali na frente da escola era meio difícil de fazer sem alguém estar por perto.

- Aaaaah. – reclamei – Que merda. Quebrei a janela da escola.

Ele tossiu um pouco, ainda estava vivo. Um caco grande de vidro me deixou intrigada. Peguei-o e sem esperar muito cravei nas costas dele.

- Agora a diversão acabou.

Aproveitei para cravar mais dois, me certificando de que ele não levantaria mais. Limpei as mãos e ao me virar ouvi uma voz conhecida.

- Vai deixar pistas?

Gustav apareceu ao meu lado e eu achava que estava sozinha ali.

- Ninguém vai desconfiar. Eu não ando sozinha à noite. – falei dando de ombros e andando para longe dali.

- Não se sente culpada?

- Que? Jura! Ele merecia mais que isso. E foi bem divertido.

Ele ficou em silêncio.

- Tenho que me acostumar. Ainda acho que poderia ter sido mais emocionante e ter tido mais sangue e tal. Mas nada como uma primeira vez.

- Foi um teste. Você pensa diferente. Gostei de sua atitude e da sua reação.

- Mas porque eu ainda estou com fome?

- Com são as primeiras vezes, o seu corpo ainda não se acostumou.

- Quando essa necessidade passa?

- Isso depende de pessoa para pessoa. – deu de ombros e começou a andar – Quer ir comigo? Vou te levar ao lugar onde você vai morar.

Assenti e o segui. No meio de uns arbustos estava um carro. Ah, ele dirige. Havia esquecido que o garoto pelo qual eu estava apaixonada tinha 34 anos. Ele ligou o carro e rádio. O som baixo tinha um ar romântico. Mesmo aquela música lenta e calma não me deixava tranquila. Algo me dizia que meu irmão era suspeito. Fechei os olhos e comecei a sonhar.

Era um lugar bonito, com um campo verde e florido onde havia muito sol e animais. Pessoas normais andavam por lá. Quase normais, porque elas também não tinham sombras. Acordei quando o carro deu um tranco e parou.

- Chegamos! - falou Gustav sacudindo meus ombros

Abri os olhos e olhei ao meu redor. Era tudo exatamente como eu havia sonhado. Haviam pessoas por toda parte. E animais. Muitos animais. A paisagem era bonita era bonita. Um enorme campo verde cobria o chão da pequena cidadezinha. Alguns canteiros de flores amarelas e roxas espalhados pelos cantos e algumas grandes laranjeiras. Gustav abriu a janela do carro e chamou um senhor de cabelos brancos que regava lentamente as flores do jardim.

- Olá, senhor Thomas. Poderia me dizer onde está Liz? – perguntou

- Ah, ela acabou de ir passear. Acho que volta daqui a pouco... – respondeu o idoso

- Obrigado.

Ela fechou o vidro e tornou a dirigir.

- Ele... humano? – gaguejei

- Não. Ele é uma “espécie rara”. Ele consegue estar em vários lugares ao mesmo tempo. – explicou

Concordei. Aquilo era estranho também. E onde era o tal lugar onde os espíritos ficavam? Comecei a olhar ao redor. Algumas pessoas (se é que podia chamá-las assim) ficavam nos olhando, curiosas, outras sorriam e abanavam.

- Há humanos por toda a parte aqui. – falei

Vi crianças pequenas brincando na pracinha. Escorregador, balanço e gangorra... Corriam pelo parque todo, gritando e rindo.

- Alguns estrangeiros vieram morar aqui. Nós continuamos a manter nossa espécie em segredo num acordo.

Fiquei em silêncio.

- Se eles espalharem a história ou nos ameaçarem, nós os matamos.

Engoli em seco.

- Está com medo?

- Não. - menti

- Espere para conhecer Liz. Minha amiga. Vocês vão se dar bem.

Paramos em frente à um chalé pequeno e de dentro dele saiu uma pequena garota camponesa loira, cabelos lisos até o ombro, franja caída sobre a testa, rosto triangular, pele lisinha e uma cicatriz no olho esquerdo, verde. O direito era vermelho.

- Apenas deixo a dica: não olhe nos olhos dela. – comentou e antes que eu pudesse perguntar o porquê, ele saiu do carro gritando. – Liz!

Então, essa era a famosa Liz...


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