Saudade escrita por Araian
Triiiiin... Triiin... Trriiin...
- Alô... Alô? Alôuo...
Estava se tornando constante as ligações, eu gritava e ninguém respondia, ficava imaginando se era a minha mãe tentando entrar em contato e não estava conseguindo completar a ligação, mas no identificador de chamas o número era restrito, então tentei não me angustiar.
Triiiiin... Triiin... Trriiin...
- ALÔÔÔ... - gritei ao telefone.
- Nossa Clarissa o que há com você, eu não sou surda, ou pelo menos não era antes de você gritar. - falou Bianca do outro lado da linha.
- Bia, me desculpa, é que passaram o dia todo hoje ligando para cá e a pessoa não falava nada. Foi você que estava tentando ligar para cá? - não fazia sentido Bia ligar restrito, mas por via das dúvidas...
- Eu não, eu hein?! Bem, eu liguei para saber de ontem, me conta tudo. Ou melhor, ta fazendo o agora?
- Estou falando com você? - a resposta era obvia, só Bianca para fazer este tipo de pergunta.
- Sim sim, e mais o que?
- Mais nada Bia... onde você está querendo chegar?
- Eu tô indo pra aí, assim você me conta tudinho.
Quarenta minutos depois chegam eles três, Bia, um pizza grande e uma garrafa de Refri. Os meus melhores amigos de hoje.
Estava contando tudo para Bianca, cada detalhe que aconteceu no restaurante. Contei sobre como Gabriel estava vestido e como ele tava lindo, comentei sobre o olhar profundo, contei de como o ambiente estava romântico e tudo mais... então comecei a contar sobre a loira vara-pau.
- Quando nós estávamos no maior clima, chega uma loira vara-pau, ela acabou com tudo.
- Loira? quem era ela?
- Rebeca. - falei com desdém
- Rebeca? tem certeza? ela não é loira... - falou Bia em dúvida.
- Então ela pintou o cabelo, pois era aquela bruxa mesmo.
- Nossa!! - Bia, a cada coisa que contava sobre o comportamento de Rebeca, ia ficando mais boquiaberta.
Triiiin... Triiin... Triin
- Alô... Alô... - e a ligação caiu.
- Quem era? - perguntou Bia com a boca cheia de pizza.
- A ligação caiu novamente, eu não sei quem pode ser, estou pensando em nem mais atender.
Toc... Toc... Toc...
Fui atender a porta, não tinha ninguém lá, só um garoto correndo na rua, a principio pensei ser um daqueles moleques que não tem nada mais importante para fazer e fica batendo na porta dos outros e saem correndo. Então foi aí que avistei uma coisa no chão bem enfrente a porta. Uma rosa morta, seca e cheia de espinhos, e um bilhete.
- Olha isso aqui Bia. - entrei em casa e falei sem querer abrir o tal bilhete, parecia cena de filme de terror.
- O que é isso, joga isso fora, esta flor está horrível e tem até um cheiro ruim.
- Deixaram na porta com um bilhete. - falei entregando-o para Bia.
- Que coisa macabra, você não vai ler?
- Eu não!
- Tem que ler, tem seu nome nele! Ah, deixa pra lá eu vou ler para você. - primeiramente ela leu o bilhete para si.
- Tem que ler em voz alta Bia, eu também quero ouvir.
- Bem... aqui diz o seguinte: "Se não pode ser meu, também não será seu."
- Quem, Diabos, escreveu isso e o que quer dizer?
- Eu tenho um palpite...
- Tem? Quem? Por quê?
- Foi Rebeca...
- Ah Bia, qual é?! Foi nada. O que eu fiz para ela?
- Vou te contar uma coisa e você não pode dizer para o Gabriel que eu te contei. Promete? Você tem que prometer.
- Claro. Prometo!
- Rebeca é ex-namorada de Gabriel, eles namoraram todo o colegial e até parte do período da faculdade. Rebeca exigia muito de Gabriel nos últimos anos de namoro. Ela estava fazendo o mesmo curso e a mesma faculdade que o Gabriel só para ficar mais perto dele. Um belo dia ele percebeu que essa aproximação toda estava prejudicando os estudos, ele se sentia sufocado e isso chegou a prejudicá-lo um semestre inteiro. Por isso ele tomou uma decisão, pediu um tempo para Rebeca. Ela por sua vez recusou e disse que não era garota para dar um tempo, então ele deu fim ao namoro. Isso a deixou enfurecida, ela estava disposta a acabar com tudo que via pela frente, jurou que Gabriel nunca iria ser feliz de novo, fez ameaças e mais ameaças. Infernizou a vida dele, nenhuma menina podia se aproximar dele, ela espantava de algum modo. Para a paz de Gabriel Rebeca desistiu da faculdade e como ela já era modelo, aceitou um convite para ser modelo profissional em Miami.
- Nossa que história sem pé nem cabeça, essa garota é louca. Mas isso não prova que foi ela.
- Calma não terminei ainda... No dia em que ela iria viajar, ela mandou uma caixa, bem bonita por sinal, para a casa de Gabriel, e dentro da caixa tinha um rosa, igualzinha a esta e um bilhete bem parecido com este, dizendo assim: "Se não for meu, não será de mais ninguém.".
- Ai meu Deus, estou sendo perseguida por uma psicopata, e agora o que eu vou fazer?
- Calma Clarissa, também não é para tanto.
Toc... Toc... Toc...
A zoada das batidas na porta fizeram eu e Bia gritarmos de susto.
- Ei, Clarissa, sou eu.
- É o Gabriel, não esquece, não conta nada que conversamos aqui!
Assenti com a cabeça e fui de imediato abrir a porta para o Gabriel. Fui recebida com um selinho.
- Oi Bia...Você por aqui? João ainda não chegou?
- Não chegou e também não atende minhas ligações, então estou aqui para esquecer que estou com vontade de matar ele. - falou rindo. Como se isso fosse possível.
- Cadê o Charlie, ele está bem? - Gabriel olhou para mim não dando atenção as maluquices de sua amiga.
- Sim, ele está tirando a soneca da tarde.
- E vocês duas, estavam aqui na maior farra hein?! Pizza, refri e fofoca.
- Fofoca??? - falamos juntas, numa sonora desconfiança. - Imagina, fofoca, de onde você tirou isso? - completou Bia.
- A ta bom, vou acreditar!
- Agora que você chegou, eu vou para minha casa, já fiquei muito tempo aqui e não quero atrapalhar nada. – falou dando um piscadinha.
- Ah, que isso Bia, fica aí, você não vai atrapalhar nada. – falei olhando para Gabriel.
- Ah, que isso Bia, Fica aqui não, deixa que eu te levo para casa, só para você não atrapalhar nada.
- Gabriel o que é isso? È brincadeira dele Bia, eu quero que você fique. – nesta hora eu não queria saber se o Gabriel estava brincando ou não, eu realmente olhei duro para ele.
- Ah, qual é, ela ta querendo ir para casa ligar pra João, deixa ela. Nós te levaremos Bia, assim eu tiro Clarissa um pouco de casa.
\t\t E assim fomos levar Bia para casa.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Nossa... Será Rebeca a autora de tanto mau gosto?
E se for ela? Estará sozinha?
Veremos logo logo...