“Não que isso seja normal.” – pensara o homem, levantando-se de sua cama, numa manhã de quinta-feira, para enfrentar mais um dia naquela estressante escola.
Ele não merecia parar num lugar tão esquálido depois de estudar em uma das melhores escolas da Europa, tudo bem que ele tinha o bastante para viver ‘bem’, mesmo sendo um simples professor de ginástica, mas sabia que merecia mais, e aquele casamento iria mudar sua vida, ele tinha certeza.
No passado, foi um garoto alegre e cheio de amigos, que inventara vários tipos de gírias e que viajara por vários lugares, era um sonhador.
Hoje, um cara de meia-idade com poucas realizações na vida, deixara de ser como antes, certo, em seu próprio mundo, pois nunca quis se mostrar fraco pra ninguém, continuava a ser aquele idiota de sempre para seus colegas, em especial para um deles, Uchiha Sasuke, professor de Matemática nesta mesma escola.
Saíra de dentro de seu apartamento, e fechara a porta com aquelas chaves meio douradas, escolhidas pela noiva, com aqueles sapinhos roxos que o estressavam todas as vezes por engancharem-se com as chaves.
Naquele dia, não quis pegar o elevador.
“Pra quê?” – pensara – “Não acho que vai mudar algo mesmo... Minha vida não pode piorar.”
... Mas ele não sabia o que aconteceria naquela manhã, não mesmo.
Descia as escadas, lentamente. Debaixo do braço esquerdo carregava uma pasta, com os resultados de um teste de anatomia que fizera para os alunos, no dia precedente. Usava óculos, o que deixava seus cabelos rebeldes e seu olhar de moleque ainda mais ‘misteriosos’, principalmente para algumas alunas da sexta série, que um tempo atrás quase o mataram.
Como sempre, em sua boca tinha-se um cigarro, que nas aulas era substituído por um palito qualquer de um pirulito que uma das garotinhas sempre lhe dava, para não acabar com sua imagem.
O anel em seu dedo da mão direita era bem extravagante, o que deixava as pretendentes sem esperanças. Ele adorava ver como as garotinhas de 12 anos o olhavam decepcionadas, mas era só uma idiotice, alguém como ele nunca se misturaria com uma aluna, isso já tinha acontecido em passado, mas foi somente um caso, sorte que agora a garota voltara para seu país natal, Usa.
Enquanto ele descia as escadas, calmamente, o barulho da chuva lá fora aumentava, o que lhe dava ainda mais medo de chegar perto de seu carro, que com certeza não iria funcionar, esquecera de levá-lo para o concerto no dia anterior, aquela semana foi muito complicada.
Olhara para o elevador quando chegara ao plano terra, e viu que mais uma vez tinha-se quebrado, dando um sorrisinho de satisfação, que com certeza não foi bem-visto pelo síndico. Não que isso importasse.
Pegara o primeiro guarda-chuva que achara pela frente, de quem fosse não importava, vivia ‘pegando emprestadas’ (e não devolvendo) as coisas.
Saíra da porta do edifício, olhara para um lado e para o outro, pronto para atravessar a rua, quando escuta uma espécie de buzina.
Foi questão de segundo, o bastante para que a garota, atrasada para ir pra escola, atropelasse o professor com aquela sua moto.
- Você está doida?! – berrara ele, depois de ter caído no chão e sujado sua blusa preferida, negra.
- Desculpe... – dissera ela, tirando o capacete.
Aquela visão... Seria um anjo? O uniforme indicava que ela era da escola em que ele ensinava, e os cabelos curtos e rosados indicavam que ela poderia ser um patricinha, ou algo do tipo. Os olhos verdes o fascinavam, era como se o deixasse numa espécie de êxtase. Não falara nada. Era a primeira vez que se sentia tão bem... Junto à outra pessoa.
- Não, desculpe, a culpa foi minha. – respondera, levantando-se e colocando uma mão na cabeça, meio corado. Vira que os resultados dos testes tinham caído numa poça de lama, mas, não era importante, poderia refazê-los outro dia.
- Certo senhor...? Bem, não é importante. Espero que não tenha se machucado, mas é que são às 9 da manhã e eu tô atrasada pra escola. – Meio que sussurrara ela, recolocando seu capacete – Adeus!
“Senhor?” – se perguntara o Uzumaki. Bem, já não era um adolescente, tinha que aceitar. Mas, pensando bem, não era ruim ter aquela idade, digamos que quando era um adolescente, seus pais viajavam muito, então ele teve que mudar de escola 6 vezes em 11 anos. Nada de mais, só que isso marcou sua infância, a qual eu diria que foi quase inexistente.
9 da manhã? Ainda tinha bastante tempo até a terceira aula, e com certeza o metrô estaria lotado. Decidira de ir a pé. Seria bom caminhar de vez em quando, fora que em menos de meia-hora ele chegaria à escola, e poderia procurar saber se a garota era nova ou algo do tipo, vendo que não a conhecia. Se bem que ele só ensinava da sexta ao primeiro ano, e era bem capaz da jovem ser do último ano.
Chegara à escola exatamente 30min depois do acontecido em frente ao prédio, e a vira de novo, conversando com uma garota morena, deveria se chamar Tenten, uma vez conversara com ela para saber quando seria o torneio de vôlei da cidade, nada demais.
O guarda-chuva quebrara-se no ‘acidente’, então, ele estava totalmente molhado, precisava de uma toalha imediatamente.
- Você sabe quem é o loiro? – dissera a garota dos olhos verdes.
- Hã? Você não conhece? – respondera Tenten – Aquele é o professor de Educação física!
- Eu o atropelei hoje de manhã.
- Você o que? O_O’
- Foi só um caso, quer dizer, ele tava no meio da estrada, eu tava com a minha moto pra vir para a escola, quando ele chegou e.... BUM!
- Você é estranha.
- Xiu! Não quero comentários desse gênero. Falando nisso, porque a gente não tá dentro da classe? Eu derrubei um professor pra chegar aqui. ¬¬
- O Sr. Uchiha ainda não chegou, a gente tinha a segunda aula com ele.
Naruto dirigira-se para a sala dos professores, quando escutara alguns gemidos vindo do banheiro da mesma. Abrira a porta, e...