POV ANNABETH CHASE

Quando vi o Percy daquele jeito, senti um nó na minha garganta. Uma tristeza. Sentia que meu sonho... Não podia ser. Corri até ele e a Mary parou na porta do chalé quatro. Entrei no chalé e ele dizia:

-Ele é igual a todos Anne. Como pude me enganar. Ele é tão egoísta.

-Calma meu amor. – Eu o abracei. – Vai ficar tudo bem. Calma.

-Ele é igual aos outros. – Eu o puxei para o chão. Sentei-me e deitei a cabeça dele no meu colo. Ele acabou adormecendo resmungando isso. A Mary entrou no chalé e veio até mim.

-Ele dormiu. – Eu disse. Ela se sentou na minha frente.

-O que deu nele?

-Eu não sei. Ele apenas dizia que ele era igual aos outros. Mas ele quem?

-Não sei. Está com medo? Por causa do sonho? – Eu havia contado a Mary do meu sonho. Mas também só ela sabe.

-Sim. – Ela suspirou e se levantou. Pegou uma almofada e me ajudou a colocar a cabeça do Percy nela. Eu saí de lá e fui para o meu chalé. Muitos campistas novos haviam chegado. Mas eu estava sozinha no meu chalé agora lendo um livro qualquer. Passei o dia com um aperto no peito. Foi quando escuto a batida na porta. Meu peito doeu e meu coração acelerou. Eu sabia quem era. Eu sabia que era ele. Respirei fundo.

-Entre. – Minha voz saiu quase rouca. Ele entrou. Estava sério.

-Anne, precisamos conversar. – Sim. Eu sei o que ele queria conversa.

-E ela não é? – Ele ficou confuso. Entrou mais um pouco chegando bem perto de mim.

-Ela?

-Calipso. Eu já tive vários sonhos com você terminando comigo porque gosta dela. – Eu estava sendo muito fria, verdade. Mas não adiantaria eu chorar. Ele não me ama. Ele pareceu confuso, mas balançou a cabeça em forma de sim. – Então saia daqui e não me procure mais.

Ele saiu do chalé. Eu peguei meu livro e joguei longe e peguei uma almofada e enterrei meu rosto nela. Eu não podia acreditar. Escutei outra batida na porta. Não queria ver quem era.

-Oi, tudo bem?

-Não. – Falei com a voz abafada pela almofada.

-Algum problema? Posso ajudar?

-Meu namorado acabou de terminar comigo. – Tirei meu rosto da almofada e a encarei. Sabia que ela era a Ashley. A nova filha de Afrodite. Não sabia o que estava dizendo, mas precisava desabafar. E talvez uma filha da deusa do amor me ajuda-se. – Ele fingia que me amava.

-Aquele menino dos olhos verdes? – Assenti.

-Ele gosta de você de verdade. Eu sei. Eu vi o jeito que ele olha para você.

-Então por que ele disse que não me amava e que me usou?

-Eu não sei. Olha, esqueça isso.

-Não consigo. – Voltei a chorar. Chorar de raiva, de solidão, de tristeza. Chorar por ele...

Pov Mary

Estava muito preocupada com o Percy. Estava na saída do acampamento. Quer dizer, estava perto da colina meio - sangue, quando vi o Percy subindo com uma mochila. Corri até ele. Ele me viu, parou e suspirou. Quando cheguei até ele, ele me entregou uma carta e me disse:

-Mary, não leia ok? Entregue ao Nico. Olha, eu vou visitar a minha mãe - eu via a tristeza e a mentira no olhar dele. - e se cuida okey? Promete que não vai fugir do acampamento. - Eu já mencionei que prometo várias coisas que sei que não vou cumprir? Mas essa eu cumpriria. Eu acho. Por que fugiria de lá afinal? Só por que meu dia está dando tudo errado?

-Okey. - Falei confusa. Ele me deu um beijo na testa virou as costas e saiu andando. Apenas gritou ao longe:

-Tchau. - E ele se foi e eu fiquei… sozinha? Sim. Meu sonho aconteceu. As lágrimas começaram a cair. Eu estava sozinha mais uma vez. Como sou boba. Corri até o meu chalé. Abri a carta. Precisava ver o que estava escrito nela. Quando eu a abri estava escrito:

Que língua é essa? Entendi algumas coisas como matar, deus e outras lá. Claro que ele não ia colocar em uma língua que eu entenda. Eu coloquei a carta dobrada dentro de envelope deitei na minha cama. Refletindo e pensando em tudo. Meu dia foi cheio. Depois de ficar vinte minutos chorando,levantei, lavei o rosto e fui andar para esvaziar a cabeça. Eu por sorte não tinha nada para fazer. Fui até a praia e mergulhei no mar. Como sou filha de Poseidon, isso me ajuda a pensar. Sai da água e o vi. Fui até ele.

-Oi Mary. – Ele olhou pra mim e falou baixinho. Eu me sentei na frente dele, olhando nos seus olhos castanhos, agora quase negros.

-Você ainda está chateado comigo. – Aquilo não foi uma pergunta.

-Não é isso. É que você não confiou em mim Mary.

-O Percy te pediu pra entregar uma carta. Eu não li.

-O Percy?

-Ele acabou com a Annabeth e foi embora do acampamento. – A água pingava do meu cabelo. Eu amo essa sensação. Me tão faz bem.

-Como assim?

-Ele foi embora e me deixou sozinha. E aqui estou eu de novo, sem família e amigos. Sozinha no mundo.

-Não fala isso. Você tem a mim.

-Mas você está chateado comigo.

-Mary olha, vamos esquecer isso ta legal? Pode ser?

-Eu não sei. – Minha voz era de choro e as lágrimas corriam pelo meu rosto.

-Vamos esquecer isso. Eu vou cuidar de você. Deita aqui. – Eu deitei a cabeça no colo dele e fiquei chorando. Soluçava. – Calma Mary.

-Eu não quero ficar sozinha de novo. Meu pai não pode me obrigar a ficar longe de você. Eu só tenho a você Nico. Só a você. Ele não pode. – Eu olhava nos olhos dele. Estavam lacrimejados.

-Calma nos vamos ficar juntos. Vai dar tudo certo. – Ele não tinha certeza na voz e nem no olhar. Ele beijou minha testa e começou a passar a mão pelo meu cabelo.

POV NICO DI ÂNGELO

-Por que eles estão fazendo isso? – Ela perguntou chorando.

-Eu não sei. Gostaria de saber.

-Eles podem nos proibir?

-Eu não sei. Mas se proibirem eu vou lutar. Eu não vou ficar longe de você.

-Eu te amo. – Ela disse bem baixinho. Meu coração parou. Eu nunca sonhei em ouvir a Mary dizer isso para mim. Parece que o tempo parou. Que o mundo parou. Naquele momento senti um aperto muito forte no meu coração. Algo ruim estava para acontecer. Esse aperto fez as lágrimas caírem dos meus olhos. Ela passou as mãos na minha bochecha secando as lágrimas.

-Também te amo. – Falei de forma impulsiva. Sem pensar. Não sabia o que estava dizendo. Essas palavras são para serem usadas para tão poucas pessoas... Não sabia o que estava dizendo. Ela se levantou e olhou nos meus olhos.

-N-ninguém nunca disse isso pra mim. – Ela fechou os olhos e eu também. Nos beijamos. Um beijo calmo, mas cheio de sentimentos que não entendo. Sentimentos que nunca esperei sentir. Sentimentos completamente estranhos para um filho de Hades. Sentimentos novos. Algo que nunca mais vou senti por outra pessoa. Quando nos soltamos por falta de ar, eu olhei nos olhos delas. Verde mar. Senti uma sensação… Não sei explica. O que está acontecendo comigo?

---------------------------------------------Três semanas depois------------------------------------------

Meu pai não falou mais nada quanto a Mary. Apenas disse que ela é filha de Poseidon e blábláblá e etc. A Mary havia me entregado a carta do Percy, mas senti que algo lá estava errado. Que algo não se encaixava. Que aquilo que estava acontecendo era de propósito, mas não foi daquele jeito. Fui à praia. Me sentei na areia quando escutei uma voz.

-Oi. – Me virei e olhei.

POV MARY MC’TINGREY

Era mais um dia triste na minha vida. Bom, eu tenho o Nico e tudo mais. Mas falta algo dentro de mim. Como eu queria voltar no tempo. Voltar a um mês atrás. Quando eu tinha o Percy, a Annie... Quando eu tinha minha família. Agora eu só tenho o Nico que se importa comigo. Não vou negar que ainda tenho pesadelos. O mesmo sonho. Cada vez mais distinto. Isso me dá um medo... Já havia tido aula de esgrima hoje com o pessoal do chalé de Ares. Eles até que são legais. Mas mal falo com alguém do acampamento. Só com o Nico. Como não havia nada para fazer e já ia dar a hora do almoço fui até a praia. Quando chego lá e vejo aquela cena... As lágrimas começaram a cair dos meus olhos. Como ele pode? Como? Ele disse que me amava. Como pode ser tão frio? Como pode me iludir tanto? E ainda com ela... Ela que já me fez mal. Ela. Selliny Covin. Aquela foi sem dúvida, uma das piores cenas que já vi em toda a minha vida. Uma cena quase tão triste como quando vi minha mãe ser atirada a mais de três metros de altura por um minotauro tentando me salvar. Os dois se beijando. Selliny com os lábios onde os meus estiveram um dia e com a mão no pescoço dele. Eu me virei e sai correndo e chorando. Eu não queria mais olhar na cara dele, não queria mais ficar no acampamento. Sei que prometi não fugir, mas eu não posso ficar aqui. Mas fugir para onde? Não tenho quem se importe comigo. Não tenho família. Não tenho amigos. Não tenho ninguém. Nunca tive e nunca vou ter. Ele gritava meu nome. Aquele que um dia disse que me amava. Aquele que me fez sofrer tanto. Eu nunca vou perdoá-lo. Corria pela floresta. Corri tanto, que nem percebi o tempo e onde fui parar. Não sei quando ele parou de chamar meu nome. Só sei que continuei correndo sem rumo. Foi quando percebi onde estava. Estava de volta a praia. Mas em uma parte bem mais afastada. Não me surpreenderia que corresse em círculos. É bem a minha cara. Sentei-me na areia e continuei chorando. Chorei mais do que jamais chorei na minha vida. Por que a vida é tão injusta? Não há felicidade? A resposta é que nãohá felicidade, e eu devia de ter me acostumado em vez de ficar fantasiando coisas bobas.

-Não chora. Tenho a solução para os seus problemas. – Uma voz familiar falou. Quando olhei...

POV SALLY

É bom ver Percy em casa. Mas achei que ele fosse ficar no acampamento durante todo o verão. Ele me disse que já ia voltar ao acampamento. Só um dia. Perguntei como andava o namoro dele com a Annabeth. Ele falou que estava ótimo. Melhor impossível. Que ela queria ter vindo, mas a reforma no olimpo a impediu. Perguntei da irmã dele e ele falou que ela achava o acampamento o máximo e tudo mais.  Eu falei que achava bom e perguntei por que ela não veio. Ele falou que ela não quis vim mesmo. Estava arrumando a mesa. O Percy havia acabado de chegar e guardado suas coisas. Estava na sala conversando com Paul. A campainha tocou. Atendi a porta.

-Oi – Uma menininha de cabelos negros lisos e olhos verdes, falou. – O Percy está?

-PERCY. – Gritei.

-Oi. – Ele veio até nós. Quando olhou pra porta ele falou assustado. – Mary?

-Oi maninho. Pensei em te fazer uma visita. E estava preocupada também. Afinal você sumiu a três semanas e não deu mais notícias de vida. – Eu olhei pra ele. Ele fez uma careta. Três semanas? Ele só chegou hoje. Ela olhou para mim e começou a gaguejar e chorar. – A-ah claro. Eu que sou boba mesmo. Eu que sou burra mesmo.

-Mary, espera aí. Me escuta.

-NÃO. – Ela gritou. O que está acontecendo? – VOCÊ É IGUAL OS OUTROS. VOCÊ NÃO SE IMPORTA COMIGO. VOCÊ É COMO O NICO. ME ENGANOU. DISSE QUE ME AMAVA E QUE SE IMPORTAVA COMIGO. MAS É MENTIRA. VOCÊS DOIS SÃO MENTIROSOS. ALIAS VOCÊS TRÊS. SIM, PORQUE DEPOIS QUE VOCÊ TERMINOU COM A ANNABETH – terminou?- ELA NEM OLHA MAIS NA MINHA CARA. E ACHA QUE EU TENHO CULPA. MEUS DEUSES! O QUE ESTOU FAZENDO AQUI. EU SOU SOZINHA. EU NÃO TENHO NINGUÉM.

-Mary calma. – O Percy falava tentando acalmá-la. Há essa hora Paul já estava na porta. – Cadê o Nico?

-AQUELE CANALHA, CAFAGESTE, CARA-DE-PAL, SEM VERGONHA, TRAIDOR ME TRAIU COM A SELLINY. COM A SELLINY! ELE É COMO VOCÊ. ALIÁS, ELE É COMO TODOS! VOCÊS NÃO SE IMPORTAM COMIGO. COMO SOU BOBA. – Ela saiu correndo pelo corredor e o Percy foi atrás. Mas o elevado fechou antes dele entra. Ele olhou para mim, que havia saído do apartamento. Lógico que todos os nossos visinhos nos olhavam.

-Percy – Eu disse, tentando não ficar irritada. Tentando, mas ta difícil – Você vai me explicar isso direitinho. – Ele passou por mim e por Paul e entrou no quarto batendo a porta. Olha, eu não quero mandar no Percy, mas ele mentiu demais. Me sentei no sofá tentando me acalmar. Fiquei em silêncio durante uns dez minutos quando escutei coisas sendo quebradas no quarto do Percy. Corri até a porta escutando gritos vindos de lá.

-O QUE VOCÊ FAZ AQUI? NÃO TEM VERGONHA NA SUA CARA NÃO? – A voz era do Percy. Paul chegou antes de mim e quando entrei ele segurava o Percy e um outro menino estava perto da varanda. Eu me lembrava dele. Era um filho de Hades, se não me engano.

-PERCY CALMA. ME ESCUTA. EU VIM AQUI TE AVISAR DE UMA PROFECIA. – Ele gritava. O Percy se acalmou um pouco. Mas assim que Paul o soltou ele deu um murro na cara do menino que chega cambaleou. O Percy se afastou gritando:

-EU VOU TE ENSINAR FAZER MINHA IRMÃ SOFRER.

-PERCY CALMA –Paul gritou - OLHE SUA MÃE. – Ele olhou pra mim e suspirou e se sentou na cama. O garoto passou a mão na boca sangrando.

-Eu vou pegar gelo. – Disse e fui até a conzinha e peguei a compressa e entreguei ao menino. Ele não quis. Apenas começou a falar:

- No acampamento o que procuram vão achar,

Mas o perdão só um conquistará.

A verdade com o arrependimento de um virá,

E a punição dos culpados não haverá.

Um juramento será feito.

E aqueles que no passado escolheram a razão,

Pelo amor sofrerão.

-O que é isso? – O Percy perguntou assustado.

-Profecia. Estou com medo. Estou procurando a Mary. Acho que ela vai se juntar as caçadoras. Um juramento será feito. No acampamento eu irei encontrá-la. No acampamento das caçadoras. Lembra-se que elas levantaram acampamento naquele dia? – O Percy balançou a cabeça assentindo. Alguma coisa está errada.

-Não posso fazer nada. – O Percy disse simplesmente.

-O QUE? – O menino gritou.

-Ela fez a escolha dela Nico. Não posso fazer nada.

-O QUE? LEMBRA-SE DO QUE ACONTECEU COM A BIANCA QUANDO ELA ENTROU PRA ESSAS MALDITAS CAÇADORAS? ELA MORREU! VOCÊ NÃO QUER ISSO PRA MARY. OU QUER?

-A CULPA É SUA. – O Percy começou gritar. Virou a casa da mãe Joana agora é? – VOCÊ QUEM A TRAIU. VOCÊ.

- EU SEI E ME ARREPENDO. VOCÊ QUER QUE EU FAÇA MAIS O QUE? EU PRECISO FALAR COM A MARY. PEDIR PERDÃO.

-CALEM A BOCA! – Gritei. Minha paciência esgotou. – SE QUEREM CHEGA A UM ACORDO, PAREM DE AGIR COMO CRIANÇAS. VOCÊS VÃO ME EXPLICAR O QUE ESTÁ ACONTECENDO AGORA.

-Vou procurar a Mary. – Ao garoto disse e saiu. O Percy olhou pra mim e depois pro chão.

-Você tem muito que me explicar. – Disse cruzando o braço sobre minha barriga de sete meses.

-Depois. Preciso achar a Mary. – Ele saiu. Agora é que vi tudo mesmo. Acabou o respeito. Só pode.

POV PERCY JACKSON

Peguei meu carro e corri ao acampamento. Meu dia está ficando cada vez mais louco. Eu não podia acreditar que o Nico traiu a Mary. O Nico. Subi a colina e olhei para o acampamento. Então tive uma visão bastante estranha. Vários campistas estavam ao redor de uma luta. E quem lutava era… Elas estavam lutando? Acho que fiquei tempo demais fora do acampamento. Mas não foi isso que me chamou tanta atenção. O que me chamou mais atenção foi a Thalia correndo… Chorando? E a Meg corria atrás dela e o Luke olhava como um idiota para as duas. Por quanto tempo estive fora?