Três dias sem você.

1° Dia.

Digamos que você tenha um inimigo. Este inimigo vive lhe passando para trás e o considera apenas mais uma peça de seu imenso quebra-cabeça. Bem, se este seu inimigo sumisse, o que você faria?

-Cadê o Near? –A voz estava grossa e mostrava o nível de irritação mais elevado que o normal, mas o garoto à sua frente apenas o olhou de relance e manteve-se concentrado em seu jogo.

-Não sei. –Respondeu indiferente. –Porque quer saber?

-Não importa. –Resmungou o loiro engolindo um pedaço puro de chocolate preto.

-Porque não pergunta pra alguém próximo a ele? –Sugeriu ainda indiferente.

-Como se alguém fosse próximo a ele! –Resmungou Mello abrindo outra barra e mancando o doce nervosamente.

-Bom, não sei se alguém é próximo a ele, mas ao menos a Linda tenta. –Informou o ruivo comemorando, pois enfim passara de nível.

-Que seja. –Murmurou se levantando do sofá e batendo a porta com um baque.

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2° Dia.

-Ele esta doente. –Respondeu sentada à baixo de uma arvore ainda meio atônica.

O loiro viera lhe chamar e perguntar sobre Near, com certeza aquilo não era normal, não importa de que ângulo olhasse.

-Mello, esta tudo bem? –Indagou agora preocupada.

-Porque não estaria? –Devolveu rude, não alterando a expressão da garota.

-Não é nada. Só estranhei você vir me perguntar do Near... –Comentou acenando para alguns colegas que passavam por perto.

Por mais que alguém quisesse falar com Linda naquele momento, por mais importante que fosse o assunto, não ousaria interromper o loiro. Fazê-lo não seria nada saudável ou sensato. Quem o fizesse seria chamado de louco suicida além de ganhar um terrível inimigo.

Por mais popular que Mello fosse, poucos eram os amigos que ele tinha, entre eles apenas Matt e Linda.

-Não tem nada de errado. –Resmungou olhando em volta com a face firme.

-Certo, mas... Não quer ir ver o Near? –Perguntou virando levemente o rosto e dando um belo sorriso ao notar a coloração avermelhada que tomara conta de suas bochechas.

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3° Dia.

Nesse dia, Mello ficou refletindo no quarto.

“Porque queria saber onde Near estava?” Esta pergunta rodou sua cabeça o dia inteiro, por mais que pensasse não encontrava a resposta.

Antes de apagar completamente, no confinamento de sua cama, deixou sua mente vagar no que à repreendia de fazer. Deixou-a focar-se em Near e nos momentos que teve ao lado dele.

Não eram lembranças felizes – não para o albino, pelo menos -, mas ainda sim, eram as únicas que tinha tido ao lado do eterno rival. E, entre elas, uma mais lhe perseguia...

O dia de neve, quando Linda arrastou o albino para fora do prédio da Wammy’s e o fez brincar na neve. No momento que pegou a neve da mão do menor e sentiu os dedos macios e gélidos entrarem em contato com os seus ásperos e quentes. Naquele momento ele sentira vontade de largar o punhado branco que segurava e agarrar as mãos delicadas, a fim de esquentá-las. Claro, não permitiu à si próprio seguir seus instintos, e mais uma vez repreendeu suas próprias ações, pois por mais impulsivo que fosse, não admitiria, jamais, que queria ter ajudado aquele garoto.

Ele havia mantido a mascará uma vez mais, e isso lhe custara, novamente, ficar distante dele...

Mas Mello continuaria a negar, negar eternamente se preciso, pois jurará superar Near. E quando o fizesse se tornaria o sucessor de L. E como sucessor de L, não precisaria de sentimentos, por melhores que eles fossem, teria que reparar este erro em si próprio.

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4° Dia.

Com os pensamentos da noite anterior Mello foi à enfermaria, sentou-se ao lado de Near em silencio, e esperou que este recebesse alta, que por sinal, foi dada no mesmo fatídico dia.

A questão é que nenhum deles abriu a boca. Sequer uma letra fora pronunciada. Porem, nenhum deles precisava de palavras, ambos sabiam no que o outro pensava. E ao final daquele dia, apenas uma frase pairou entre os dois:

-Eu não vou desistir.

Mello afastou-se. Somente na escuridão e no silêncio de seu quarto permitiu-se sorrir.