The Chosen One escrita por Ducta


Capítulo 26
There's a Light That Never Goes Out




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Aí ficou tudo no maior absoluto silêncio, a não ser pela casa que ainda pegava fogo e o barulho das coisas sendo destruídas lá dentro.

- Vamos Gállates, reage! A gente precisa sair daqui antes que alguém passe! – Eu disse enquanto olhava para ele, ainda desacordado e seriamente machucado.

Eu me levantei e comecei a olhar ao redor do quintal, tentando me lembrar da noite passada. Mas a única coisa que me veio a cabeça foi que eu fui acordada com uma adaga perfurando meu braço e depois começou uma sessão de tortura onde aqueles monstros estavam tentando arrancar de mim uma informação que eu não tinha. “Onde está a chave? Quem é o guardião?” Eles repetiam. E dizia pra mim que só não me matavam, porque eu sou necessária... Mas eu não tenho a menor idéia do que eles estavam falando.

Em um canto afastado do quintal eu achei minha mochila. Ela estava totalmente revirada, mas estava tudo lá, até dinheiro e a minha espada. Isso foi realmente estranho. Eu juntei minhas coisas e voltei pra perto de Gállates.

E eu tive uma surpresa enorme. Gállates estava perfeito. Sem machucado nenhum, suas roupas limpas, sem sangue, sem chamuscados, ele até respirava mais tranqüilo. Perfeito. Ele parecia apenas adormecido. Eu abri minha boca para chamar seu nome, mas ele foi mais rápido.

Gállates abriu os olhos, suspirou e abriu um sorriso enorme.

- Di Immortales! Isso é incrível! – Ele disse e começou a gargalhar.

- Gállates! – Eu disse totalmente estupefeita. – O que é incrível?

Gállates levantou-se e olhou ao redor.

- Anda, vamos dar o fora daqui antes que alguém passe e nos veja aqui. – Ele disse colocando minha mochila em seus ombros e me puxando pela cintura.

- Você está bem? Seus machucados parecem sérios. – Ele disse preocupado enquanto me puxava. – Quer que eu te pegue no colo? Você está toda ensangüentada e chamuscada.

- Não eu... – Eu comecei, mas ele me interrompeu.

- É melhor você vir no colo mesmo.

- Oi? – Eu disse, mas era tarde demais, ele já havia me pegado em seus braços.

- Wow. – Eu fiz. Gállates me pegou como se eu fosse uma pluma. – Do que você está rindo?

- Você está corando.

Então eu senti que estava com as bochechas queimando mais.

- Para. – Eu disse escondendo meu rosto em seu ombro.

Ele riu e seu hálito roçou no meu pescoço.

- Que a gente faz agora? – Ele perguntou.

- O que é incrível? – Perguntei.

- Acho que deveria levar você pra um hospital.

- Não! Eles iriam querer que eu ficasse de observação.  – Respondi. – Mas e aí, o que é incrível? Você não estava envenenado?

- Não seria má idéia, estou preocupado com esses machucados. E sim, eu estou envenenado.

- Como assim?

- Espera, vamos organizar nossas conversas.

- Eu estou com fome.

Gállates riu e parou de andar, ele me colocou no chão e segurou minhas mãos. Seus olhos azuis estavam fixos em mim. Ele parecia verdadeiramente preocupado. Eu dei graças aos deuses por ele ser tão diferente do Justin.

- Você ainda tem dinheiro?

- Tenho. - Eu respondi.

- Você não quer ir pra um hospital?

Eu balancei a cabeça negativamente.

- Então vamos procurar uma farmácia pra cuidar desses machucados, aí a gente arruma um lugar pra comer e depois a gente vê o que faz pra voltar pro nosso rumo, certo? – Ele disse gentil.

E eu me joguei em seus braços ignorando a dor no meu corpo todo. Ele me abraçou de volta e beijou o topo da minha cabeça.

Não me pergunte por que eu fiz isso, eu só fiz.

 Nós ficamos em silêncio por um tempo, então ele abriu minha mochila e pegou uma camiseta.

- Se importa?

- Não, pra que você quer minha blusa?

Então ele passou minha blusa no meu rosto, limpando o sangue. E ele fez isso nos meus braços também.

Nós caminhamos mais alguns quarteirões atraindo muitos olhares. Gállates tinha um braço ao redor da minha cintura e me deixava parar de vez em quando para encostar a cabeça em seu ombro e recuperar o fôlego.

Ele encontrou uma farmácia e entrou sozinho e logo estava de volta com um centro médico dentro de uma sacola.

- Pra tudo isso? – Perguntei.

- É tudo extremamente necessário. – Ele disse.

- Eu não acho.

- Vamos, o balconista disse que tem uma pracinha ali na frente.

Ao chegar à pracinha eu me larguei no primeiro banco que eu vi. Gállates sentou-se ao meu lado e começou os curativos.

Enquanto isso eu contei à ele o que Hermes havia me dito.

- E quem é o garoto de Hades? – Ele perguntou ao final.

- Meu ex-namorado. – Eu disse.

- Oh. – Ele fez e me olhou por um longo tempo. – E o que você vai fazer?

- Eu na sei onde ele está. E não vou perder tempo procurando ele. Vou até o final disso sozinha.

- Você não está sozinha.

- Você vai ficar comigo?

- Até o fim. – Ele disse sorrindo enquanto terminava um curativo.

- Obrigada.

Ele levantou o olhar para o meu rosto e começou a passar algodão molhado.

- Você está toda chamuscada. – Ele disse sorrindo.

- O que a gente faz agora?

- Não faço idéia.

- Você não é filho de Zeus?

- O que isso tem a ver?

- Achei que os filhos de Zeus tivessem espírito de liderança.

- Eu não tenho não.

Eu ri.

- Mas eu tenho uma sugestão. – Ele continuou.

- Qual seria?

- Você sabe onde tudo isso vai dar?

- Não.

- Mas você tem um destino pra ir, não é?

- Tenho, mas não tenho a menor idéia do que tem lá. – Eu disse e me senti totalmente estúpida.

- Vamos fazer uma coisa de cada vez. – Ele disse guardando o que restara do seu ambulatório particular na minha mochila.

Eu já me sentia bem melhor, os machucados já não doíam tanto, só minha cabeça.

Nós paramos em uma lanchonete e Gállates pediu que eu contasse um pouco sobre Justin e os outros. Meio a contragosto, eu contei tudo que acontecera até ele chegar.

- Porque você tem todo esse desespero de ficar longe dele? Quando alguém diz que não gosta mais de você, você entra em pânico e foge?

Então eu me lembrei de uma conversa que eu tive com Drake.

- Porque você foge? – Drake perguntou.

- Eu não consigo evitar. Justin é bom demais em tudo o que faz, quando eu não consigo alcançá-lo ou enfrentá-lo eu fujo.

- Isso não parece certo.

- É o que eu sei fazer.

- Você consegue fazer melhor que isso. – Drake dissera.”

- Eu consigo fazer melhor que isso?  - Perguntei.

- Com certeza! – Gállates afirmou. – Você não é fraca, só está levando isso do modo errado.

- Modo errado?

- Isso não é sobre você e o Justin.

- Eu sinto que é.

- Ok, você não acreditar em nada do que eu disser não é?

- Não. – Eu disse sincera.

Gállates suspirou.

- Então tá. Pensa assim... Você ficar chorando na frente dele não vai fazer ele mudar de idéia, muito menos ficar quieta e obedecê-lo.

- O que você está sugerindo.

- Irrite-o. Faça-o sair de perto de você.

- Você quer que nós vamos atrás dele?

- Não... Você mesma disse que não sabe onde ele está. Mas se você voltar a vê-lo, você precisa mostrar pra ele que você deu a volta por cima.

- Mas eu não dei.

Gállates bateu a palma da mão na testa.

- Você gosta muito dele não é?

- É... Mas olha, não pensa que eu sou burrinha. Eu entendi o que você disse, eu só não sei se conseguiria...

- Pra mim você conseguiria, porque ele foi muito cruel com você. E você é estranha.

- Porque eu sou estranha?

- Mulheres sempre têm um desejo de vingança à flor da pele.

- Eu não tenho mais.

- Lost and broken. – Gállates disse baixinho.

- Oi?

- Você. Perdida e quebrada.

- É. – Eu disse com um suspiro.

- Pra onde nós vamos? – Ele mudou de assunto.

- “3.000 milhas para o norte, dentro dos olhos da Queda das Almas está a chave.” – Eu recitei.

- Seriam 3.000 milhas a partir de qual ponto?

- Não faço idéia, mas acho que seria o Hotel e Cassino Lótus.

- Las Vegas. – Gállates completou pensativo.

- Nevada. –Eu terminei para fazer graça.

- Nós vamos ter que achar uma linha reta de Las Vegas até o ponto final das 3.000 milhas. Quantos quilômetros têm dentro de 3.000 milhas?

- Pouco menos de cinco mil. – Eu disse.

 - Eu vou roubar um avião. – Gállates disse.

Eu ri.

-Quanto de dinheiro você ainda tem?

- Acho que se der pra duas passagens de ônibus já vai ser milagre.

Pelo o que aconteceu depois dessa conversa, Gállates havia mentido pra mim sobre não tem espírito de liderança.

Ele colocou minha mochila nos ombros outra vez, pagou a conta da lanchonete e pegou minha mão quando voltamos para a rua. Ele perguntou para algumas pessoas na rua onde ele encontraria um mapa do estado e nós fomos até a loja. Gállates comprou um guia de ruas e o mapa do estado que ele estava atrás. Ele abriu os mapas e começou a estudá-los e riscá-los aqui e ali com um canetão emprestado do homem no balcão. Eu o deixei quieto, peguei uma revista de turismo e comecei a folhear, mas não prestei atenção, minha atenção estava toda na concentração de Gállates no mapa.

Pouco mais de uma hora depois ele levantou os olhos dos mapas e parecia bastante satisfeito.

- Que lugar é esse? – Ele perguntou ao balconista indicando um ponto do extremo do mapa.

- Queda das Almas. – O homem parecia inseguro depois de ler o nome. – Não é um lugar bom.

- Porque não?

- Olha garoto, não é um lugar onde um cara levaria sua namorada. – Ele disse me indicando com a cabeça.

- Mas porque não, o que tem lá de tão ruim? – Gállates perguntou parecendo cada vez mais empolgado com o lugar.

- Coisas ruins acontecem lá, pessoas vão e não voltam e ninguém sabe o porque.

- Parece interessante. – Gállates sorriu. – Existe alguma lenda sobre o lugar?

- Só boatos.

- Que boatos? – Perguntei me aproximando um pouco dos dois.

- Bem, o lugar não tem o nome de Queda das águas à toa sabe... Tem alguma coisa que vive solitária dentro das águas negras que arranca a alma de qualquer ser vivo que se aproxime.

- Então? – Gállates insistiu.

- Então os corpos viram cinzas e as almas caem pela cachoeira direto para a boca do monstro.

Gállates e eu trocamos um olhar. O dele definitivamente dizia algo como “é pra lá que a gente vai, com certeza.” O meu estava mais ou menos tipo “posso entrar em pânico agora?”

- Qual o método mais fácil de chegar lá? – Gállates perguntou.

- Rapaz você ouviu o que eu acabei de dizer? – O homem retrucou.

- Espera, você disse “águas negras”? – Perguntei.

- Isso mesmo.  – O homem respondeu.

- Ah meus deuses. – suspirei.

Gállates me segurou pelo topo dos braços e me afastou do balcão.

- Viu, é pra lá mesmo que nós temos que ir, tem alguma coisa muito valiosa lá. – Ele disse animado.

- Que provavelmente tem uma boa razão pra estar guardada de maneira tão eficaz, você não acha?

- Galena, aquela menina, Danniela...

- Danniele.

- Isso, se ela te disse isso, foi por alguma razão você não acha?

- Acho. – Eu disse. Ele estava certo, mas mesmo assim a idéia me assustava.

Gállates sorriu e voltou ao balcão para juntar seus mapas.

- Bem, obrigado senhor! – Gállates disse sorrindo.

O homem resmungou alguma coisa como “se sobreviverem, passem aqui.”

- O que a gente faz agora? – Perguntei quando saímos da loja.

- Bem, nós precisamos chegar na rodoviária... Que é meio longe... Aí o ônibus vai nos deixar numa parada no meio da estrada e de lá, nós vamos ter que seguir andando por uma trilha no deserto.

- E como você pretende executar esse plano senhor gênio?

- Estou aceitando sugestões.

Nós dois rimos.

Nós caminhamos até o ponto de ônibus e ficamos olhando um pra cara do outro por um bom tempo, até que Gállates disse:

- Você é uma boa atriz?

- Sempre atuei nas peças da escola. – Eu disse confusa.

- Então rápido, finja que está passando mal.

- Como?

Então ele cutucou um dos meus machucados com força e eu gritei.

- Sinta a dor, seja a dor. – Ele disse fazendo sinal para o ônibus.

Eu não precisei fingir muito, estava doendo pra caramba, mas eu exagerei um pouquinho.

- Oi, o senhor pode me dar uma carona? – Gállates perguntou fingindo desespero quando o motorista abriu a porta. Uma das mãos de Gállates estava nas minhas costas, embaixo, ele me empurrou delicadamente pra frente e eu entendi que era pra eu me dobrar “de dor”. – Ela começou a sentir dores fortes no meio da rua!

- O que ela tem? – Motorista perguntou desconfiado.

- Ela tá grávida, eu to com medo de estar acontecendo alguma coisa com o bebê. – Gállates disse.

Eu precisei de muita concentração pra manter minha cara de dor e não rir.

- Entra rapaz.

Então Gállates me pegou no colo e nós entramos no ônibus atraindo o olhar de todo mundo. Nós sentamos nos primeiros bancos e Gállates cutucou um dos meus piores machucados e isso me irritou terrivelmente.

- Eu vou matar você se você não parar. – Eu sussurrei pra ele.

Eu tive que fingir aquela dor por mais meia hora, então nós descemos à frente de um hospital.

- Boa sorte com o bebê! – Uma moça gritou da janela do ônibus.

Quando o ônibus sumiu na esquina, eu me endireitei.

- Seu filho da mãe! Está doendo sabia? – Eu gritei.

- Era essa intenção.

Eu dei um soco em seu braço.

- Isso é um hospital, não uma rodoviária. – Eu disse.

- Você não acha que o motorista desconfiaria de a gente descesse perto de uma rodoviária e não de um hospital?

- Você tem razão.

- Eu sei. – Ele sorriu. – Não se preocupe, só mais algumas quadras andando.

- Não estou preocupada com chegar à rodoviária. Minha preocupação é como vamos entrar em algum ônibus lá.

- Eu tenho um dracma no meu bolso.

- Você vai trocar uma moeda de ouro por passagens?

- Não, eu só comentei.

- Bobo. – Eu disse sorrindo.

Logo nós estávamos na rodoviária e ela estava sem movimento, apenas algumas poucas pessoas passando aqui e ali com sua bagagem.

Gállates caminhou direto para a área de embarque e começou a analisar os ônibus.

- Aquele lá. – Ele disse apontando para um ônibus na penúltima plataforma.

O motorista estava saindo do ônibus.

- Ele tem duas horas até a próxima viagem. – Gállates disse olhando a placa de horários de saída.

- Beleza, e em que isso nos ajuda?

- Não tem ninguém no ônibus.

- E ele está trancado.

- Por aqui. – Gállates disse me arrastando até a traseira do ônibus a nossa frente. – Olha lá, a última janela está aberta.

- Você vai mesmo fazer isso? – Perguntei.

- Você prefere roubar o ônibus?

Nós nos aproximamos do alvo com muita tranqüilidade, mas eu chamaria de cara de pau.

Eu olhei por todo o redor procurando seguranças e câmeras, mas não vi nenhum dos dois.

- E se tiver câmeras dessas que ficam escondidas? – Perguntei,

- Até nos verem o ônibus já partiu.

- Tá, o que a gente faz agora?

- Enrola um pouco.

Nós ficamos sentados no chão quase duas horas, 90% do tempo apenas olhando ao redor. Finalmente algumas pessoas começaram a se posicionar na plataforma de embarque do ônibus. E os funcionários começaram a etiquetar a bagagem dos passageiros. Do lado oposto, Gállates e eu olhávamos a todo o redor procurando por alguém que pudesse estar nos observando.

- Hora do show. – Gállates disse se levantando.

Ele pulou e se pendurou na janela do ônibus e começou a se erguer para dentro. Uma perna, então a outra e o tronco, aí ele sumiu dentro do ônibus com minha mochila nos ombros e eu fiquei em pânico por um momento, mas então ele apareceu na janela sorrindo e se debruçou com os braços esticados.  Eu estiquei meus braços e ele fechou suas mãos ao redor dos meus pulsos.  

- Escalando macaquinha. – Ele disse me puxando para dentro enquanto eu ajudava na subida com meus pés.

Eu caí em seu colo no ultimo banco e ele logo me empurrou para o chão, no espaço entre o assento e o encosto do banco da frente, nós estávamos encolhidos e quietos.

- Quer que eu vá inspecionando? – Disse alguém lá na frente.

- Merda. – Gállates disse sem fazer som.

- Não, o ônibus estava trancado.

- Então tá.

E nós suspiramos aliviados.

Alguns minutos depois e o ônibus finalmente deixou a plataforma. Por volta de uma hora depois Gállates disse que era seguro nós nos fingirmos de passageiros. Então nós ocupamos os últimos bancos. Eu dormi logo.

Nós fizemos por volta de sete horas de viagem, o céu estava escuro quando nós fomos os únicos a desembarcar no meio de uma estrada totalmente deserta, com exceção de uma pequena construção de dois andares bem atrás do ponto de parada.

- Você vai me fazer andar por uma trilha no deserto no meio da noite? – Perguntei olhando ao redor.

- Se não conseguirmos um lugar pra dormir aqui, vamos sim.

- Meus deuses. - Lamentei.

A pequena construção era um misto de quartos no andar de cima, com um barzinho de música ao vivo, um restaurante e uma mercearia pequena, dividas em pequenos galpões no térreo.

E quando nós passamos pela porta, eu tomei um dos maiores sustos da minha vida.

- Ah merda. – Eu disse encostando minha cabeça no batente da porta, a merda já estava feita, não adiantaria correr.

- Que foi? – Gállates perguntou.

- BARBIE! – Jean gritou do fundo do salão do restaurante.

Logo todos os outros estavam olhando pra mim enquanto Jean corria em minha direção. Lucas, Leon, Thalia, Justin e uma garota que eu não conhecia. Não consegui diferenciar o rosto da menina porque Jean me abraçou com um impacto forte o bastante pra me deixar sem ar.

- ONDE VOCÊ ESTAVA? – Ela começou a gritar. – VOCÊ SUMIU DO NADA! ACHEI QUE VOCÊ TINHA MORRIDO!

- Deixa ela respirar Jean. – Lucas disse.

Os braços de Jean foram substituídos pelos de Lucas, então Thalia e até Leon, mas Justin não veio me abraçar. Ele me olhou de uma distancia de dois metros e disse:

- Achei que nunca mais fosse te ver.

Eu pensei em tudo o que Gállates havia me dito. Eu tinha que ser forte, ignorá-lo, pelo meu bem, mas tudo o que eu queria fazer era abraçá-lo e chorar. E isso era estúpido demais.

- Achei que você queria isso. – Eu disse por fim.

- Você está acabada, o que aconteceu com você? – Jean perguntou com sua falta de gentileza habitual.

Eu não respondi. Eu finalmente percebi a garota ao de Justin, longos cabelos negros, olhos mel e nariz arrebitado. 14 ou 15 anos? Então percebi que seus dedos estavam entrelaçados aos dedos de Justin. Ele estava com ela ou eu estava imaginando coisas? Ao contrário de mim, que não conhecia a garota, ela parecia saber quem eu era e me olhava como se eu fosse uma ameaça.

- Quem é ela? – Perguntei.

- Sarah Tomlison. – Lucas disse.

- A namorada do Justin. – A garota disse.

Eu olhei para Justin incrédula e ele olhou para o chão.

- E o bonitão, quem é? – Jean perguntou.

- Hey! – Leon fez.

Jean deu os ombros.

- Gállates Gallager. – Eu disse.

Gállates sorriu meio pomposo.

- Gállates Gallager? – Leon repetiu como se tentasse não rir.

Gállates relevou.

- É Ian Gallager, na verdade, mas meu pai só me chama de Gállates, então...

- Cara seu cabelo é azul! – Lucas disse se aproximando e enrolando uma mecha do cabelo de Gállates no dedo.

- Era.

- Aposto que seu pai é Apolo. – Jean disse.

- Não. – Gállates respondeu.

- Apresente-se como um Semideus, meu rapaz. – Lucas disse em um falso tom sério.

- Gállates Gallager, filho de Zeus. Namorado da Alethia. – Ele disse quase rindo.

- Filho de quem? – Thalia perguntou pasma.

- Namorado? – Lucas começou.

- Da Barbie? – Jean terminou de boca aberta.

Eu não disse nada depois da afirmação de Gállates, ele estava fazendo isso pra me proteger, só isso.

- Agora somos todos uma grande família feliz. – Leon disse sarcástico. – Ou quase isso.


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