The Chosen One escrita por Ducta


Capítulo 16
Empire State, Aí Vamos Nós!




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Nós tínhamos acabado de iniciar a descida da colina quando Jean estancou de cenho franzido.

— Alguém se lembrou de pegar algum dinheiro?

Nós trocamos olhares.

— Pelo visto não. – Eu disse.

— Legal. – Danniele disse sem entusiasmo algum.

— Vamos assim mesmo. – Thalia disse.

— E comemos como? – Jean perguntou. – Dormimos onde?

— Achei que você soubesse como resolver isso. – Danniele disse. – Você é a menina de rua.

— Olha aqui sua... – Jean começou apontando o dedo para Danniele.

Thalia segurou o dedo de Jean.

— Nem comecem vocês duas ou eu enfio uma flecha na boca de cada uma. – Thalia ameaçou, seu arco aparecendo de repente em suas costas.

Um silêncio tenso reinou meu olhar vagava de Jean para Thalia e Danniele e de volta. Resolvi quebrar o silêncio:

— Desculpa a indiscrição, mas você foi menina de rua?

— Sim. – Jean respondeu sem me olhar enquanto voltávamos a andar.

— Caracas, se eu tivesse sido menina de rua, provavelmente não teria sobrevivido mais de duas noites.

— Bem a sua cara. – Jean disse. Mas eu não me senti ofendida. Ela não disse aquilo para ofender ou julgar, apenas disse.

— Você se importa de compartilhar sua experiência comigo? – Pedi.

A história de Jean estava começando a me interessar verdadeiramente.

— Eu não quero ouvir a história da vida dela. – Danniele resmungou.

— Então tape os ouvidos, eu também estou interessada. – Thalia disse caminhando pouco mais a frente.

Eu sorri.

E caminhando mais atrás eu quase pude ver o poder que emanava de cada uma delas.

Thalia com seus longos cabelos negros trançados com fios de prata e a tiara que mais parecia uma coroa no topo da cabeça refletia o sol, ela caminhava com as mãos nos bolsos da jaqueta de couro com as mangas dobradas em ¾, a jeans customizada cheia de buracos e rasgos e mesmo que eu não pudesse ver seu rosto eu podia imaginar que ela estivesse com os olhos, fortemente marcados por delineador e lápis preto, semicerrados por causa do sol. Jean com uma camisa regata dos Lakers que cobria quase todo seu short jeans super curto, os cabelos ruivos brilhando e faiscando a luz do sol e Danniele cujos cabelos castanhos subiam e desciam acompanhando o movimento de seus passos. As armas de todas em fácil alcance e disfarçadas.

Eu me sentia como aquela garota nova do grupo popular da escola que não sabe o que fazer. Foi estranho.

— Antes de falar qualquer coisa da minha vida – Jean disse – Eu quero saber por que você nunca mais apareceu nas minhas aulas.

— Bom... Eu não gosto de perder. E você é ruiva.

— O que uma coisa tem haver com a outra? – Jean perguntou caminhando de costas para me olhar.

— Eu não gosto de perder e não gosto de ruivas. – Eu disse.

— O que as ruivas te fizeram?

— Me roubou o Justin.

— Uma ruiva te roubou o Justin. Você não pode nos julgar por isso. – Jean disse.

— Eu sei que não, mas é mais forte que eu. E outra ruiva tentou roubar o cara de uma pessoa muito especial pra mim.

— Desculpe, mas porque eu iria querer roubar o Justin de você se eu tenho o Leon? – Jean disse voltando a me dar as costas.

Dei os ombros mesmo que ela não pudesse ver.

— Vai saber. Meninas como você não costumam se contentar com um só.

Jean riu.

— Acalme-se, Leon vale por muitos homens.

— Imagino. – Eu disse e pensei em Leon pela primeira vez em dias.

— Como vocês se conheceram? – Perguntei.

— Hm? – Jean fez.

Nós caminhávamos pelo acostamento da auto-estrada agora.

— Você e o Leon?

— Ele vinha correndo pela 4ª Avenue, eu vinha virando a esquina, nós dois estávamos correndo, o choque foi violento. Ele conseguiu deslocar meu ombro. Nós tínhamos 10 anos.

— Simples assim?

— É.

— Achei que tinha mais romance.

— Não. Foi só isso.

— O que aconteceu depois dele deslocar seu ombro?

— O pai do Leon é um cara extremamente rico. Leon que até então estava fugindo de casa, parou no primeiro telefone público e pediu pro pai mandar o motorista buscá-lo pra me levar pro hospital. – Jean contou enquanto tirava um pacote de chicletes do bolso da mochila. – É engraçado como ricos ficam com a consciência pesada por qualquer coisa.

— Você não é qualquer coisa. – Eu disse. – Acredite.

Jean me olhou e sorriu.

— Leon me disse exatamente a mesma coisa.

Eu dei os ombros.

— Pra você ver que o que eu estou dizendo é verdade.

— Quem vê, pensa que você é um doce sabia?

— Talvez isso ajude em alguma coisa.

— Talvez. – Thalia disse vagamente.

— Vai me contar sua história ou não? – Perguntei a Jean.

— Não tenho o que contar. Eu não me lembro quando fui descartada e menos ainda por que. Meu pai só deu as caras anos mais tarde e me levou pra almoçar me pedindo pra ser forte porque eu tinha uma tarefa muito importante a cumprir e me prometeu que tudo ia dar certo no futuro. A única coisa que parece que deu certo foi o Leon deslocar meu ombro.

— Se o final não foi feliz é porque ainda não é o final. – Eu disse.

— Definitivamente. – Thalia concordou.

— Você está realmente prestando atenção, Thalia? – Danniele perguntou. – Você parece estar com a cabeça longe daqui.

— Estou pensando em achar o que quer que seja logo.

— Pra voltar pra quê? – Perguntei.

— Como assim?

— Se você quer que acabe logo é porque você tem pra quê voltar.

— Artemis. – Thalia disse como se colocasse ponto final na discussão.

Eu não disse mais nada.

— Mas e você, Alethia, pra que você quer voltar? – Jean perguntou.

— Pra minha casa, pros meus amigos e pro Justin se ele me quiser.

— Ele é totalmente apaixonado por você. – Danniele disse.

— Como você sabe? – Jean perguntou surpresa.

— Ele me disse. Disse que fazia e faria de tudo por você, mesmo que você não se importasse com ele.

Meus olhos se encheram de lágrimas involuntariamente e eu desejei que ele estivesse por perto pra que eu pudesse abraçá-lo e beijá-lo várias vezes e dizer o quanto ele estava errado. Mas eu só pude desejar.

Então Jean passou seu braço por meu ombro.

— Não chore. – Ela disse e quando eu a olhei ela também estava com os olhos marejados. – Ele não terminou com você por mal.

— Como você sabe? – Perguntei.

— Porque eu desejo ardentemente que com o Leon seja a mesma coisa.

— Por favor, não chorem vocês duas. – Thalia disse nos olhando. – É óbvio que eles terminaram com vocês só pra poder sair.

— Só pra isso ou aproveitaram uma oportunidade? – Jean insinuou.

— Porque você acha isso? – Perguntei.

— Deixa pra lá. – Ela disse soltando.

Jean voltou a caminhar mais a frente e colocou fones nos ouvidos enquanto cantarolava uma música que eu não conhecia.

Thalia voltou a talhar naquele pedaço de madeira também com fones nos ouvidos. Danniele prestava atenção em alguma coisa o horizonte, e eu não sabia bem o que pensar ou fazer.

Por volta de uma hora depois Thalia tirou os fones e estancou.

— Nós não vamos chegar nunca ao Empire State desse jeito! – Ela exclamou.

— Que você sugere? – Danniele perguntou.

— Carona.

— Por aqui só passam caminhões e todo mundo sabe o quanto caminhoneiros são tarados. – Danniele disse.

— É pra isso que a Jean e a Alethia então aqui. – Thalia disse sorrindo.

— Estamos? – Jean perguntou com uma sobrancelha erguida.

— Me diz que homem não pararia por vocês? – Thalia perguntou.

— Tenho que concordar. – Eu disse.

— Ok então, mãos a obra. – Thalia disse.

— Ou pernas, não é? – Eu disse fazendo as outras rirem.

Eu peguei um espelho no bolso da mochila e arrumei um pouco mais meu cabelo enquanto Jean puxou seu short já curto mais pra cima.

— Mas e se o cara não deixar a gente descer depois? – Eu perguntei.

— É pra isso que a Thalia e Danniele estão aqui. – Jean disse.

— Ta bom, vamos terminar com isso logo. – Eu disse.

Thalia e Danniele ficaram na orla da floresta enquanto Jean e eu paramos no acostamento esperando que alguém passasse.

— Estou me sentindo uma prostituta. – Eu disse quando alguns carros passaram e seus motoristas colocaram a cabeça pra fora do vidro gritando elogios um pouco “fortes” para nós.

— Bem, pelo menos ainda está cedo. – Jean disse. – Engraçado que pra por a cabeça pra fora pra falar besteiras eles fazem, mas dar uma carona não né?

— Pois é.

Jean tinha o polegar apontado para a estrada fazendo sinal e manteve o movimento por uns quinze minutos quando um caminhão finalmente parou.

— Você vai lá pedir. – Eu sussurrei em seu ouvido quando vi o motorista.

Ele era um daqueles caras de meia idade com barba grisalha, roupa suja e que viviam falando besteira. Senti vontade de pedir a Jean que esperasse o próximo, mas o sol já começava a se por a nossa frente e não pensariam coisas muito boas de nós depois daquele horário.

Jean substituiu a expressão de nojo por um sorriso cínico e se aproximou da janela do caminhão tendo que olhar pra cima para ver o motorista.

— Ei, você pode dar uma carona pra mim e pras minhas amigas? – Jean pediu com a voz doce e melodiosa.

— Pra onde você está indo? – Ele perguntou enquanto seu olhar subia e descia por Jean.

— Nós precisamos chegar até o Empire State.

— Uh, é meio longinho não é?

— Eu sei. Mas você pode nos deixar em qualquer lugar a alguns quilômetros daqui.

O homem sorriu maliciosamente.

— Ok, podem subir.

Jean me olhou enquanto Danniele e Thalia se aproximavam.

— Você que falou com ele, você que vai com ele. – Eu disse correndo pra traseira do caminhão junto com a carga de maçãs onde Thalia já escalava as madeiras do caminhão.

— Até parece! – Jean me disse entre os dentes – Olha, nós estamos aqui atrás ok? – Ela disse, sorriu e correu para meu lado antes que o homem dissesse alguma coisa.

Thalia sentara-se de costas para as grades do caminhão passando os braços por entre as barras e Danniele, Jean e eu fizemos a mesma coisa.

Logo o caminhão já estava em movimento nos jogando para trás.

— Quanto tempo demora pra chegar ao Empire State? – Perguntei.

— Umas 4 horas. De carro, lógico. – Jean disse.

— Andando você pode por mais umas quatro ou cinco horas. – Danniele completou.

— Ok, então acomodem-se moças porque a viagem é longa. – Jean disse.

— Se ele não nos largar no meio do caminho não é? – Eu disse.

 

Depois de alguns minutos nenhuma de nós segurava mais as barras.

Thalia voltara a talhar seu pedaço de madeira, Danniele voltara a polir a espada, Jean e eu ainda estávamos sem fazer nada.

— Continue a me falar de você. – Pedi a Jean.

— Porque tanta curiosidade sobre mim? – Ela perguntou.

— É que você parece ser mais interessante do que eu.

— Me conte de você primeiro aí eu digo se sou ou não.

E quando eu tive que pensar no que falar, não me ocorreu nada. Eu não sabia nada sobre mim. Não lembrava o nome da minha escola, de algum amigo, não lembrava nem minha sobremesa preferida. Mas o estranho é que eu respondi.

— Bom, eu nasci e cresci em Manhattan, minha mãe mesmo sendo atriz sempre tinha tempo pra mim. Às vezes ela tinha que me levar pro estúdio com ela porque não tinha ninguém pra cuidar de mim depois da escola. Eu me tornei Cheerleader na oitava série, mas virei líder da equipe quando entrei no colegial porque a outra tinha se formado e saído da escola. Já ganhei vários concursos de beleza na escola e a coroa de Rainha do Baile também. Eu era muito popular.

— Vidinha agitada. – Jean disse simplesmente. – Onde você conheceu o Justin.

— Ele era jogador do time de futebol americano, era o capitão. Então nós sempre acabávamos tendo de fazer alguma coisa juntos, fotos pro jornal da escola, divulgação do campeonato, campanhas de caridade, etc. É por isso que sempre éramos o rei e a rainha do baile.

“Ele me pediu em namoro no primeiro colegial, no meio do baile.”

— Bonitinho. – Ela disse. – E estranho. Dois semideuses no mesmo colégio por tanto tempo.

— Isso é só uma história. – Eu disse. – E você sabe que é.

Ela assentiu. E ninguém conversou pelo resto do caminho.

O sol tinha desaparecido por completo no horizonte e eu só conseguia pensar em quão ridícula eu estava sendo por dizer que sabia por onde começar. Eu só tinha um sonho estúpido cujo eu mal lembrava como começara.

E ainda tinha os meninos que eu não tinha a menor idéia de como iríamos encontrá-los uma vez que nenhum de nós podia usar celular.

Mais ou menos uma hora de viagem mais tarde o caminhão parou no acostamento e o motorista desceu.

— Sinto muito meninas, só posso trazê-las até aqui.

— Onde é aqui exatamente? – Jean perguntou já se levantando.

— A entrada de Manhattan.

— Manhattan? – Eu perguntei enquanto uma idéia aparecia. – Perfeito!

— Perfeito pra quem? – Danniele disse. – O Empire State está a mais três horas daqui!

Mas eu não a respondi.

— Vamos embora. – Thalia disse pulando do caminhão.

Jean agradeceu ao homem enquanto corríamos pelo acostamento. Eu estava a frente agora.

— Pra onde estamos indo? – Jean emparelhando comigo na corrida.

Mas eu também não a respondi.

Enquanto corria eu olhava para todos os lados. Eu sabia onde nós estávamos, sabia pra onde ir e como chegar ao Empire State.

Quando finalmente parei eu não era a única que tinha a mão no abdômen para conter as pontadas da corrida.

Quando eu finalmente levantei o olhar, não tive a visão que eu esperava. Era a mesma casa, mas todas as portas e janelas estavam fechadas com madeira e uma placa no portão dizia “condenada”. Eu me assustei com o que vi.

— Por que estamos aqui? – Jean perguntou.

— Alguém tem um canivete? – Eu pedi.

Danniele o estendeu pra mim.

Eu cutuquei o buraco da chave do cadeado por uns poucos momentos e logo as correntes caíram em minhas mãos.

— Não mecham em absolutamente nada. – Eu disse indicando pra que entrassem.

Eu subi a frente de novo e parei a frente da porta de madeira.

— Tem alguma coisa escrita na porta. – Thalia disse.

— Tem várias coisas escritas na porta. – Eu disse sem tirar meus olhos da porta empoeirada.

— O quê? – Jean perguntou.

— Os Arquivos do Semideus. – Eu disse simplesmente.

— Parece um conto.

— São algumas histórias. Todas em grego.

— Que lugar é esse? –Danniele perguntou. – Como você sabe o que é?

— Eu costumava ficar sentada de frente pra essa porta quando era pequena e ver se entendia o que estava escrito, apesar de saber todas elas décor.

— Oh! – Jean fez. Ela deveria ter entendido que de se tratava.

A expressão de Thalia mudara, expressava algo próximo de choque agora.

Danniele se aproximou da porta com a espada em mãos e começou a arrancar os pedaços de madeira enquanto Jean removia a poeira com a mão para ler.

Quando a porta abriu, eu vi mais coisas que eu gostaria que não me trouxessem aquele fluxo de lembranças.

A sala estava decorada do jeito que eu sabia que era, mas absolutamente tudo estava revirado e quebrado, quase tudo estava sujo de sangue. Eu caminhei até o console da lareira onde costumavam ficar as fotos, mas ela estavam todas no chão junto com os porta retratos quebrados. Eu não reconheci nenhum dos que costumavam portar minhas fotos dentre eles.

Tremendo involuntariamente e tentando engolir o nó que se formava em minha garganta eu peguei o porta-retrato aos meus pés.

Era uma foto de Percy e Annabeth abraçados na praia, era noite e tinha fogos explodindo no fundo. Eles sorriam tão amplamente... Deviam ter a minha idade naquela foto ou um pouco menos.

Foi impossível não deixar de me perguntar se eles sabiam que morreriam dali a pouco tempo. Uma lágrima teimosa correu.

Thalia parou ao meu lado chorando compulsivamente estendendo outro porta-retrato pra mim.

Aquela foto era de Percy, Annabeth, Nico, Thalia e Grover sentados na escada da Casa Grande no Acampamento Meio-Sangue.

Nenhum deles, com exceção de Nico parecia ter mais de 16 anos. Nico devia ter 12 ou 13.

— Nós tínhamos acabado de... – Thalia começou, mas se interrompeu, fungou e secou as lágrimas nas costas da mão antes de continuar. - Bem. Luke tinha acabado de derrotar Cronos. Nós tínhamos acabado de acordar.

Eu não consegui dizer nada.

— Thalia seu nome está aqui! – Jean disse. – Junto com Percy e Nico.

— Eu sei. – Thalia disse se virando para ela. - São nossas histórias.

Eu evitei olhar para o sangue na sala e subi para o segundo andar. As portas não estavam fechadas com madeira ali e eu não quis acender a luz.

Meu quarto não existia, era um quarto cheio de livros e documentos, armaduras e algumas espadas quebradas. E esse cômodo também estava revirado.

E eu o revirei de novo procurando por Anaklusmos, mas nenhum sinal.

Fui até o quarto de Percy e Annabeth. A decoração não era a mesma. E o quarto estava intocado; exceto pela camada de poeira. Toda a decoração era mais jovial, quase como se eu e Justin tivéssemos escolhido o jogo de cama, os móveis, e cada detalhe do lugar. Até as fotos no mural pareciam nossas, mas eram Percy e Annabeth dos onze aos 19 anos, juntos, separados, com amigos, com os familiares, no Acampamento, em Manhattan, em São Francisco. Aqui e ali tinha uma foto deles antes de se conhecerem. Não pude evitar sorrir enquanto chorava.

Eu abri o guarda-roupa na parte que eu sabia ser de Annabeth. E as roupas que estavam lá eram minhas roupas, inclusive meu uniforme de Cheerleader do colégio.

Mas Annabeth nunca fora Cheerleader!

Quando eu puxei o uniforme do cabide uma carta caiu.

“Para a menina que nós nunca tivemos a chance de conhecer.” Dizia o papel.

Eu ouvi o grito de susto escapar por minha garganta e o papel escorregar da minha mão enquanto caíamos juntos no chão.

Jean fora a primeira a entrar no quarto gritando meu nome com a espada em mãos.

— Que foi? – Jean perguntou me amparando.

Eu levantei e sequei as lágrimas.

Nem Danniele nem Thalia perguntaram nada quando entraram.

Eu abri minha mochila e peguei algumas roupas no guarda-roupa e me virei para as meninas:

— Vamos sair daqui logo.

E elas saíram do quarto. Eu bati a porta atrás de mim e desci atrás delas.

— Posso ficar com a foto? – Thalia perguntou.

— Claro. – Eu disse passando até a cozinha.

As chaves estavam onde Percy costumava deixar: em cima dentro da fruteira que hoje estava vazia.

Eu fui até a porta lateral e olhei pelo vidro para a garagem e vi a BMW do meu pai lá.

— Wow! – Thalia fez. – Quando ele comprou esse carro que eu não lembro?

Eu voltei para a cozinha e olhei o calendário.

— Esse carro não é dele. Pelo o que eu sei, era da empresa. - Eu disse voltando a garagem. – Mas como ele morreu aqui e a casa foi condenada, o carro também foi.

— Desperdício. – Jean disse.

— É por isso que nós vamos pegar o carro. – Eu disse.

— Tem que lavar ele antes. – Danniele disse.

— Ok. – Eu disse. – Vamos ver como funciona essa coisa de semideusa.

Eu fechei os olhos e me concentrei na torneira da cozinha e desejei que o carro fosse lavado.

— Água chegando – Jean disse empolgada.

Quando eu abri meus olhos eu vi a água correr pelo chão em uma trilha reta até o carro e começar a subir pelo carro, correndo por toda sua extensão e depois cair e empoçar no chão.

— Isso foi muito maneiro. – Jean disse sorrindo pra mim.

— Pra dentro todo mundo. – Eu disse enquanto abria o portão pelo controle do carro.

Enquanto esperava o portão abrir eu olhei o porta-luvas e os documentos do carro estavam lá junto com a carteira de motorista de Percy e Annabeth.

Peguei a de Annabeth, coloquei no bolso e tornei a sair do carro.

Corri até o banheiro do quarto de Percy e Annabeth, liguei o chuveiro e molhei apenas meu cabelos. Depois comecei a fuçar na penteadeira enquanto meu cabelo pingava pelas minhas costas. Achei o creme de pentear que eu queria. Já estava vencido há mais de 18 anos, mas mesmo assim eu o passei no cabelo e comecei a amassar meus cabelos para cacheá-los. Deu certo.

Pela camada de pó do espelho eu vi uma cópia quase fiel da Annabeth da foto do meu bolso, exceto pelo formato da boca e os olhos. Mas policial nenhum olharia tanto tempo para nenhuma das duas.

Meu corpo absorveu a água da minha roupa enquanto eu corria de volta pro carro.

Eu vi os olhos de Thalia se arregalarem de surpresa quando eu entrei no carro.

— Annabeth Chase. – Thalia disse me olhando.

— Essa é a intenção.

— Seu cabelo ta fedendo! – Jean disse do banco de trás.

— Foi o único creme que eu achei. – Eu disse.

Eu tentei sair da casa o mais rápido que pude pra que ninguém me visse e parece que deu certo.

— Empire State, aí vamos nós! – Danniele disse.

 

A noite já estava fria e estrelada quando eu estacionei na frente do Empire State Building.

— Beleza. – Danniele disse. – Vocês acham que eles estão no Olimpo tomando um café na sala dos tronos ou o que?

— Cara, se eles estão por aqui, só podem estar em um lugar. – Jean disse e depois pediu pra que eu fosse para o próximo quarteirão.

Nós paramos na frente de um hotel cinco estrelas com um nome em francês que eu não consegui decifrar. Não porque as letras pulassem e se embaralhassem, porque elas não estavam fazendo isso. É só que eu realmente não tinha idéia do que estava escrito.

— Que lugar é esse? – Thalia perguntou.

— Ok, todo mundo se arrumando e pagando de ricassa quando descer do carro ok? – Jean disse.

— Que lugar é esse? – Thalia repetiu enquanto o manobrista me pedia a chave e um carregador pegava nossas mochilas.

— Relaxem. – Jean disse.

Mas ninguém relaxou a não ser ela.

Ela sorriu para a recepcionista.

— Eu estou procurando uma pessoa que eu acho que está por aqui. – Ela disse em um tom doce e educado.

— Quem seria? – A recepcionista perguntou no mesmo tom.

— Henzo Leonard Chevalier.

— Oh, ele chegou noite passada Srta. Dewit. – Um homem disse se aproximando do balcão. – Chegou com dois amigos, mas não disse que a Srta viria.

— Tudo bem Stan. – Jean disse ao homem. – Ele não sabia que eu vinha. Ele está aí não?

— Sim, acabou de subir. Quer que eu a anuncie?

— Por favor. Mas fale diretamente com ele ok? – Jean disse.

O homem assentiu e passou para trás do balcão e pegou o telefone.

— Quem é Henzo Leonard Chevalier? – Thalia, Danniele e eu perguntamos ao mesmo tempo.


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