And All I Wanted Was You escrita por JustMe


Capítulo 8
Capítulo 8 - Esperanças


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pelas reviews!
Bom, aqui ta o cap :D



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Eu cheguei à escola como todos os dias, com as mesmas olheiras rochas em volta dos meus olhos. O meu olhar fixo no nada, como sempre. Eu caminhei ao meu armário, sem muita pressa. Não havia motivo para ter pressa.

Eu cheguei lá, e eu acho que eu nunca havia ficado tão feliz e nervoso em toda a minha vida.

Na pequena fresta que já entre a porta do armário e o ferro da “parede” do armário, havia um pedaço de uma folha amarela, dobrada. A folha era extremamente pequena, mas era perfeita, pelo menos para a ocasião.

Eu não sabia se ficava feliz, ou nervoso. Tinha uma pequena possibilidade do bilhete não ser de Mirna, mas eu não me importava. Eu caminhei lentamente até o meu armário, pois eu estava a alguns passos de distância. Quando eu finalmente cheguei, eu apanhei o bilhete, e li.

 

.

 

Almoço.

 

Eu rapidamente reconheci a caligrafia de Mirna. Ela tentou ser discreta – pelo o que eu entendi -, pois ela colocou o “ponto” pequeno, e não a bola gigante que eu utilizei para fazê-la entender. E a palavra “Almoço” era para dizer aonde nos encontraríamos. Presumi que seria no esconderijo, onde sempre nós falávamos sobre os assuntos ruins.

Eu corri até a aula de matemática, pois eu havia ficado tempo de mais pensando no assunto, que mesmo me fazendo correr não saiu da minha cabeça.

 

Quando eu finalmente cheguei à sala, a professora já havia chegado, e disse um “Gostaria de se juntar a nós, Sr. Turner?” que me fez ficar envergonhado por dois motivos. Eu odiava meu sobrenome, não gostava de quando ele era citado em voz alta, e também por que eu cheguei atrasado, e isso me fez correr para o meu lugar. Mirna estava lá, mas ela não me olhou, nem falou comigo. Não a culpei, nós conversaríamos depois.

A aula passou devagar, com a dor vindo em ondas – algumas maiores e outras menores. Eu até poderia tentar me distrair da dor, mas ela não deixava, não ali, onde minha mente não havia no que pensar, e a dor voltava.

Eu estava aprendendo sobre a dor. Eu conseguia diminuir ela se eu ficasse distraído, ou parcialmente distraído. Mas no momento que eu ficasse com meus pensamentos vagos a dor vinha, então eu tinha que continuar com a minha mente ocupada, mas isso não era fácil.

 

As aulas passaram lentamente, parte por eu estar ansioso para o almoço, parte por causa da dor, mas passaram. Mesmo a dor fazendo-me ficar sem fôlego durante cada milésimo que passava, ela passou. Quando, finalmente, tocou o sinal do almoço, eu caminhei, sem muita pressa e tentando focar meus pensamentos no que ia acontecer, sem começar a perder minha cabeça que nem eu havia perdido no outro dia. Eu precisava agüentar, era necessidade.

Eu cheguei no terraço e ela estava sentada de costas, encarando a bela vista que havia do último andar. Seus cabelos cacheados estavam voando, na direção contrária a minha. Logo que eu a vi, eu dei um passo para trás, a dor que me atingiu foi tão forte que parecia que eu havia sido atropelado por um caminhão a 100 km por hora.

Eu respirei, sem fazer barulho, duas vezes, e caminhei – ainda sem fazer barulho – na direção do bloco de concreto em que ela estava sentada. Quando eu estava quase chegando, eu finalmente dei um sinal de vida.

- Oi. – a minha voz falhou um pouco, mas fez algum som.

Ela se virou, calmamente. Seus olhos eram tristes, e parecia que ela fazia esforço para me olhar.

- Oi. – ela disse, sua voz saiu inteira, mas parecia que ela fazia esforço para falar. Seu rosto perfeito estava triste, e isso não era bom.

Eu me sentei ao seu lado, mas na verdade não muito perto dela. Ela precisava respirar, e eu também.

Eu a esperei, pacientemente, até ela se acalmar e começar a falar.

- Não tem como você simplesmente... Tentar? – ela disse.

- Como assim? – eu disse, confuso.

- Ser meu amigo...

- Mas eu disse, eu seria o que você quisesse. – eu expliquei, confuso.

- Eu sei, mas você conseguiria ser meu amigo sem sofrer? – ela disse. Obviamente ela entendeu que eu estava mentindo quando eu disse que ficaria bem. Eu nunca menti bem.

- Sim, eu disse...

- Não, você não consegue. Sinceramente, você mente muito mal. – ela disse, interrompendo-me. Ela chegou a dar um pequeno sorriso no final, mas ele não chegava aos seus olhos.

- Mas não se importe comigo, Mirna. Eu vou ficar bem. – eu disse, dessa vez nem tudo era mentira. Eu não precisava ficar bem, era só ela ficar feliz que eu ficaria também. A felicidade dela que importa, não a minha. A minha é só um mero detalhe.

- Will, eu sei que você não consegue. Mas eu não quero ser sua amiga se isso vai fazer você sofrer, você é meu melhor amigo. Quando você sofre, eu também sofro.

Isso simplesmente acabou comigo. Eu não podia a deixar sofrer, e ela estava sofrendo por queeu estava sofrendo. Eu não podia fazer isso, eu deveria sofrer sozinho, ela não. Eu rapidamente comecei a sentir a umidade nos meus olhos. Pelo amor de deus, eu não podia chorar de novo. Eu estava chorando de mais nos últimos dias.

- Me desculpe. – ela disse, ficando vermelha. Somente depois de um segundo que eu percebi que uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

- Não é nada... – respondi, limpando a lágrima com o pulso.

Permaneceu o silêncio incômodo por alguns instantes.

- Mas você não quer tentar? Ser meu amigo. Se você não conseguir você não precisa mais falar comigo... – ela disse.

Eu fiquei em silêncio por mais alguns instantes, precisava de uma resposta boa...

- Eu sei que isso é muito egoísta, por eu só me importar com a minha dor. Mas eu também quero que você fique bem. Eu posso fazer o que você quiser você pode tentar ser o que você era, se não der certo, eu nunca mais falarei com você, por favor. Tente, é só o que eu quero.

Eu não sabia o que fazer. Não era saudável tentar ser amigo dela, não era racional. Seria como, durante cada mísero segundo do dia, levasse um tapa na cara, com uma pessoa dizendo “Viu, seu idiota! Você nunca vai ter a Mirna só pra você, ela vai ser sempre sua AMIGA. Sua a-m-i-g-a.”. Não seria bom, seria masoquismo.

Mas eu faria isso, se fosse para deixá-la bem. Eu precisava deixá-la feliz, ela era mais importante. Não me importava se eu ficaria com a sensação de estar queimando numa fogueira, eu ficaria feliz – de certa forma – por ela estar feliz. A dor se tornaria uma coisa tão normal que eu não sei se meu organismo não se ajustaria a ponto de fazê-la mais suportável. Teria que diminuir, algum dia. Não poderia ficar a mesma sensação de estar queimando no inferno durante toda a minha vida.

- Tudo bem, eu vou tentar. – eu disse, e sorri, ou pelo menos tentei.

E então, acabei de fazer a escolha mais masoquista da minha vida.

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam da decisão da Mirna?
Mereço reviews?
Lembrando que eu não vou postar o próximo capitulo se não tiver reviews!



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