Sebastian acabou cochilando de novo, no colo de Mary. Rob e Dave chegaram junto com Scotti, já era tarde.

Ficaram todos na sala, batendo papo. Rose acabou dormindo no colo de Rachel.

Enquanto Rob, Scotti, Mary e Rachel ficaram conversando, Sebastian foi com Dave pra sacada.

Dave acendeu um cigarro e se debruçou no pára-peito da sacada junto com Sebastian. Ele olhou para baixo, e deu uma tragada.

Dave - se alguém se jogar daqui, não sobra nada...

Sebastian - não mesmo... - riu - 

Dave - o que você tem?

Sebastian - nada, porque?

Dave - não sei. Você tá com cara de diabólico...sei lá. Parece que tá tramando alguma coisa... - deu outra tragada, dessa vez mais longa, e soltando aos poucos a fumaça.

Sebastian sorriu torto. Estava tramando sim, e precisava de ajuda. Dave seria uma boa opção.

Sebastian - na verdade, eu to tramando sim, cara.

Dave - o que? por que?

Sebastian - bom... você precisa pensar comigo. É pra acabar com um cara.

Dave -  eu não sabia que você tinha raiva de alguém.

Sebastian - eu tenho sim. E há um bom tempo.

Dave - com quem?

Sebastian - com Samuel McGuin.

Dave estranhou. Lembrou que fora Seb, que convidou Samuel pra trabalhar com eles. Não se recordava de nenhum desentendimento entre os dois. O Sebastian tá ficando maluco , Pensou. 

Dave  - o que o cara te fez? faz tempo que vocês não se vêem... quase sete anos.

Sebastian - bom...

Após Sebastian contar tudo para Dave, ele ficou surpreso. Tudo foi muito bem escondido, porque ele, nunca percebeu nada. Seb acabou, por fim contando também, o que tinha pensado em fazer com Samuel.

Dave - ah não. Isso é errado. Fazer isso com o cara, por uma coisa inútil dessa ? . O máximo que você pode fazer, é dar uma boa surra nele.

Sebastian - isso é pouco.

Dave -  aff... só não mata o cara. Se você fizer isso, eu faço questão de te denunciar.

Sebastian - ah Dave...

Dave - Ah nada. Se for pra fazer alguma coisa, sem matar ele, eu te ajudo. Caso contrário...

Sebastian - tá bom....tá bom...

Rachel levou Rose para o quarto, e a colocou na cama. Deu um beijo na testa da menina, e voltou para a sala.

Mary desligou o telefone, e foi para a sacada, onde Seb e Dave continuavam conversando.

Mary - Sebastian, eu já falei com o meu pai. Ele fica com a Rose hoje.

Sebastian - tá bom. Agora me deixa conversar em paz com o Dave? - disse hostil.

Ela olhou desapontada para Sebastian. Dave percebeu que ela não tinha gostado nada do tom em que o marido respondeu.

Mary jogou o telefone no sofá, perto de Rob, que deu um salto para o lado, antes que o objeto acertasse seu rosto. Sebastian não tirava da cabeça, a idéia de que Mary pensava em Samuel. Toda vez que cogitava essa idéia, sentia como se lhe ferissem o peito com um pedaço de vidro. Seus olhos marejavam, mas reprimia o choro. Não queria que Dave notasse.

Ao abrir a porta para sair, Mary deu de cara com Samuel, novamente. Ele estava pronto para sair. Junto dele, também estava Daniel. Passou a mão no cabelo e fechou a porta. Samuel a encarava, com o mesmo olhar em que a beijou pela primeira vez.

Mary - oi.

Samuel - oi...

Ela abaixou a cabeça e foi para a escada. Não queria pegar o elevador com os dois.

Nunca Sebastian falou daquele jeito com ela. Pelo contrário, sempre fora muito doce em suas palavras.Aquilo a magoou. Seus sentimentos já não estavam certos, aquilo só serviu para balançar ainda mais. Começou à chorar. Ele não me ama mais. Era isso que pensava. Achava que ele só estava com ela, por causa da pequena Rose, e agora que reencontrou Samuel, ele a trataria mal, para que ela o largasse e reatasse com Samuel, e o deixasse livre. Acreditava nisso. 

Sempre que Seb não dizia que a amava, já ficava com um pé atrás. Sempre foi desconfiada. Não queria ser um brinquedo na mão dele. Mas seu maior medo, era perdê-lo.

Seu choro era sofrido. Soluçava. Mary parecia forte, mas por dentro era muito frágil, se magoava com pequenas coisas. 

Sentou em um degrau. Como queria que Nuno estivesse ali. Sentia falta do amigo, mas ele estava muito ocupado com o Extreme, nesse momento.

Poderia estar como ele, e com ele. Sabia que Nuno nunca a deixaria se sentir assim. Não se arrependia de ser mãe. Amava Rose. Mas, se sentia boba e arrependida de não se precaver, quando se entregou para Sebastian. Tudo seria diferente.

Samuel deixou Daniel ir na frente. Seguiu Mary, silenciosamente. Ouviu um choro conhecido. Era dela. Ele fez algo à ela. Foi a primeira coisa que pensou. Não iria ficar junto dela, pois estava atrasado para o trabalho, e tinha certeza que não seria bem recebido naquele momento. Subiu e tocou a campainha da casa de Sebastian. Um loiro de cabelos médios, cheios e ondulados atendeu.

Rob - Samuel?

Samuel - oi Rob. - seu rosto esboçava raiva - olha, eu não tenho muito tempo. Só avisa pra àquele merda do Sebastian, cuidar melhor da Mary e procurar por ela.

Rob - tá bom...

Samuel foi para o elevador.

Rob fechou a porta e foi para a sacada, falar com Seb. Tentava entender o porque Samuel tinha dito aquilo. Sabia que Mary estava nervosa e havia saído.

Encontrou Seb e Dave dando risadas.

Rob - Sebastian...

Sebastian - que foi, Rob? - falou, amenizando a risada.

Rob - tenho um recado pra você.

Sebastian - quem era na porta? - ignorou o que Rob tinha dito.

Rob - era o Samuel. EU TENHO UM RECADO.

Sebastian - o que aquele filho duma puta queria?! - ignorou mais uma vez, mesmo Rob tendo falado em voz mais alta. De repende, ficou transtornado. 

Rob - ele mandou avisar pra você cuidar melhor da tua mulher e procurar por ela. Sinceramente eu não entendi o porque di....

Sebastian - onde ela tá?!

Rob - eu não sei. Ela tacou o telefone no sofá e saiu. Parecia nervosa pra cacete.

Sebastian - ela só pode ter ido procurar por ele. Puta que pariu!

Dave  - calma...

Sebastian - calma porra nenhuma! o que eu fiz?!

Dave - eu sei...

Rob - meu recado está dado. - voltou para a sala.

Sebastian  - então me diz o que eu fiz pra ela ficar nervosa?

Dave - você respondeu muito hostil pra ela. Cara, na real,se eu fosse a Mary, eu tinha metido minha mão na tua cara.

Seb parou para pensar. Realmente, tinha respondido mal à ela, e não fazia idéia o porque tinha feito aquilo. Estava ficando louco. Mary poderia deixá-lo. Sentiu um calafrio percorrer-lhe o corpo. Passou a mão nos cabelos.

Dave - vai. Se desculpe enquanto você ainda pode.

Ele deu um tapinha no braço de Dave e correu. A imagem do que Mary poderia ter feito com Samuel, o cegava. Imaginava um beijo. Deixou que seus olhos, marejados, liberassem lágrimas reprimidas. Abriu a porta e saiu. Ouviu um choro alto, vindo da escada. Conhecia aquele som. Passou oito meses ouvindo-o. Desceu 2 lances de escada, e a encontrou, sentada, com mas mão no corrimão, como se ele a segurasse.

Mais uma vez, era o culpado por ela chorar. Ele fizera ela ficar daquele jeito. Viu ela pegar algo no bolso. Hesitou um momento. Resolveu esperar um pouco.

Mary, mesmo sabendo que Nuno estava ensaiando com o Extreme, queria falar com o amigo. Pegou o celular no bolso, e discou o número de Nuno. Sabia que ele a ajudaria à se sentir melhor. Mesmo que fosse só algumas palavras, doces, como sempre fizera.