Vitta escrita por SrtaP


Capítulo 5
Confirmação




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Quase dois meses haviam se passado desde a maldita festa Eu já não sofria tanto, porém aqueles olhos negros não saiam dos meus pensamentos, e dos pesadelos que me assolavam todas as noites e me esgotavam as energias.

            Na escola, o clima ainda era pesado, o que não ajudava muito.

            Certa vez, Thaís me perguntou quem era o homem que eu desenhava – sem perceber – no caderno de filosofia. Não falei a verdade, é claro, ela pensaria que eu estava delirando. Eu apenas disse que tivera um sonho, e que a figura ficou em minha cabeça. Não era totalmente mentira. Eu sonhava com aquela pessoa há dois meses. Mas não era apenas um sonho, era real, eu podia sentir, por mais que eu quisesse que não fosse.

        - Que estranho! – ela disse estremecendo.

        - O que? – perguntei distraídamente.

        - Parece que... conheço esse... homem. Parece que já o vi! – ela tremeu de novo.

        - Já? Como? Onde? Quando? – agora eu estava apavorada. Ela se encolheu na cadeira ao meu lado

        - Quando... meu pai... morreu. – Não! Ele existia mesmo! Droga!

        - Me conte toda a história! Por favor!

        - Por que o interesse? Por acaso...

        - Garotas! – exclamou a sra. Werner. – Chega de papo.

        - Já terminamos exercício sra. Werner – disse ela.

        - O que? – eu não me lembrava de ter feito absolutamente nada a aula toda. Quando olhei meu livro, para minha surpresa, ele estava completo. Fiquei olhando para Thaís como uma tonta.

        - Só no intervalo. Não discutam.

            Fiquei em silêncio, atônita. Não me lembrava de ter tocado no livro, e não havia como alguém ter feito por mim, eu reconhecia minha letra horrível no papel.

        - Ei! Ei! Alôou! – olhei para cima para ver quem estalava os dedos para mim. Thaís estava de pé com seu celular na mão. – Vamos! O sinal já bateu. Você ta dormindo?!

        - Não... eu só fiquei... distraída.

        - Você é muito estranha! – ela deu de ombros.

        - Eu sei – suspirei.

            Andamos em silêncio para fora da sala.

        - Thaís – falei quando nos sentamos – me conte a história do Mor...desenho – eu estava muito curiosa.

        - Humm... há alguns anos, quando meu pai... bem, você sabe. Eu, minha mãe e meu irmão mais velho estávamos saindo do local do crime, eu vi aquele homem entrando na sala em que meu pai foi... – ela disse com tristeza nos olhos, e me senti culpada por fazê-la reviver aquele momento. Mas era preciso. – Eu disse que havia esquecido meu rosário na estante e voltei para ver quem era. Ele estava ajoelhado diante do corpo coberto do meu pai, eu fiquei com medo e voltei para a recepção do prédio. – ela estremeceu – Ele estava com as mesmas roupas do seu desenho, e os olhos... – ela suspirou – Bem foi estranho não poder ver seu rosto, e ainda assim, os olhos parecerem tão... aterrorizantes.

        - Então é verdade! -  minha voz não  passava de um murmúrio baixo – Ele existe, eu não sou louca.

        - Quem? Você conhece esse homem?

        - Esse homem é a Morte, ele estava lá na festa, diante de mim.

        - O que? Como assim, a “Morte”?

            Eu contei a ela sobre meu breve diálogo com a Morte, e ela pareceu acreditar no que eu estava lhe falando.

        - Então foi por isso que eu tive pesadelos com ele durante três noites.

        - Três?

        - É, três seguidas. Era horrível, e eu acordava exausta.

        - Thaís, eu tenho o mesmo sonho há dois meses!

            Ela arregalou os olhos.

        - O que nós faremos?

        - Há algo a se fazer?

        - Não sei! – ela sussurrou. – Eu tenho medo disso! Mas vou pesquisar registros, ou relatos.

        - Duvido que exista.

        - Mesmo assim, eu vou!


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