Vitta escrita por SrtaP


Capítulo 13
Descobrindo Algo Novo




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            Era sexta á tarde, finalmente a semana havia chegado ao fim. Estava deitada em minha cama, escutando música no meu Ipod, a bateria acabou, e quando tirei os fones, ouvi alguém chamar meu nome. Levantei e fui correndo até a porta para ver quem era.

        - Pensei que você não estava em casa – Jessica estava em pé no portão, eu ri, e fui abrí-lo para ela.

        - Desculpe, eu estava escutando música, entre.

            A tarde passou tranquila e agradável, sem que tocássemos no assunto do tio da sua mãe. Jessica era uma garota muito legal, fácil de se conviver.

            Quando demos por conta já se passava das 17:00, Jessica levantou-se do sofá e disse:

        - É melhor eu ir, daqui a pouco escurece. Foi ótimo passar a tarde com você.

        - Claro, eu também gostei muito de passar o dia com você.

            Nos despedimos e eu levei-a até o portão, entrei em casa e preparei a mesa do café, pois vovó já deveria estar chegando do clube.

            Esperei a vovó até ás seis da tarde, ela estava muito atrasada.

        - Dona Ana, onde a senhora andava? – perguntei, oras, havia ficado preocupada.

        - Desculpe, querida, as meninas me pediram ajuda com as linhas, e acabamos por conversar demais e eu perdi a hora – ela sorriu como uma criança que foi flagrada em uma travessura. Não pude evitar, e sorri com ela.

        - Tudo bem, só me avise quando quiser passar mais tempo com suas amigas, eu fiquei preocupada. Ah, antes que eu me esqueça, Dona Melina ligou, avisando que o chá de amanhã será ás duas da tarde e não as três.

        - Tudo bem, obrigada.

            Tomamos o café, eu fui tomar banho, depois assistimos a novela e eu fiquei até tarde assisindo os mesmos filmes de sempre.

            Acordei ás nove da manhã, tomei café com a vovó, nós levamos Ruffos para passear, almoçamos uma comida bem leve, e logo depois vovó foi ao chá de Dona Melina.

            Eram duas da tarde quando decidi tomar banho para me encontrar mais tarde com Ian. Despi-me, abri o chuveiro e quando dei por conta, o xampu não estava na prateleira, comecei a procurar em toda a casa, quando vi que estava na boca de Ruffos.

        - Ah, seu cachorro desgraçado, volta aqui – mas, como se pudesse me entender, ele saiu correndo pela casa, e eu – enrolada em uma toalha – saí correndo atrás dele.

        - Argh, seu demônio em forma de caghorro, volta aqui – me desesperei quando ele foi para o quintal, mas continuei correndo.

        - Vitta? – estaquei quando ouvi aquela voz. Não, isso não estava acontecendo! Droga, Ian tinha que aparecer justo agora. Virei-me e dei de cara com ele, sorri amarelo e falei como se nada estivesse acontecendo.

        - Oi, Ian.

        - Hum... eu...estou vendo que... está...ocupada. Eu...volto...depois.

        - Ta, eu... vou, colocar uma roupa e... daqui a quinze minutos eu estou pronta.

        - Ok, até... até mais – ele disse franzindo o cenho. Começou a caminhar lentamente, parando algumas vezes e olhando para trás.

            Ouvi um baque baixinho, olhei para o lado e vi que Ruffos havia soltado o xampu.

        - Cachorro desgraçado – bufei, joguei os cabelos para trás e juntei o xampu.         

            Voltei para dentro da casa, guardei o xampu, e fui para o meu quarto. Coloquei uma calça jeans, uma baby-look preta com detalhes prateados e um all star vermelho.

            Peguei minha carteira, o celular e as chaves da casa, e saí, fechando a porta. Esperei Ian do lado de fora do portão, torcendo para que ele não aparecesse, estava morrendo de vergonha, mas minhas esperanças foram pelo ralo, quando o vi saindo da casa ao lado da minha. Respirei fundo, coloquei um sorriso no rosto e disse:

        - Desculpe por antes, eu...

        - Tudo bem, eu que tenho que me desculpar – para a minha surpresa, foi ele quem baixou a cabeça, corando.

        - Ok, então... vamos.

        - Vamos.

            Andamos em silêncio até a sorveteria, estava começando a ficar desconfortável. Já na sorveteria, comecei a puxar assunto, e, como eu esperava, começamos a conversar normalmente.Quando saímos da sorveteria, achei que já era tarde,olhei a hora no celular, e marcava 4:48, não deveria estar tão escuro.

      - Acho que vai chover – falei.

      - É, o céu está bastante escuro – ele murmurou olhando as nuvens e franzindo o cenho.

            Ainda olhando o céu, Ian deu um passo a frente para atravessar a rua. Em uma fração de segundo várias coisas aconteceram simultâneamente. Primeiro, eu vi que um carro andava em alte velocidade em nossa dirção, segundo, Morte estava parado do outro lado da rua, e terceiro eu abracei Ian por trás e o puxei de volta para a calçada. Caímos na porta da sorveteria, a senhora que ficava no caixa, correu para ver se estávamos bem.

      - Ian? Você está bem? – perguntei, me levantando.

      - Sim, eu... estou bem. Obrigada – estendi a mão para ajudá-lo a se levantar, ele segurou-a e eu puxei.

      - Você não viu o carro?

      - Não, nem notei que havia dado um passo a frente, e quando vi já estava no chão... Espera! O que era aquilo do outro lado da rua?

     - Hein?

      - Tinha uma... uma coisa com um manto preto do outro lado da rua.

            Arregalei os olhos, se ele viu era por que... ele deveria morrer. Tremi com esse pensamento. Mas, de novo, eu salvei uma vida. Era sempre assim, ou quase sempre. Me lembrei de Dan, e meus olhos arderam.

      - Eu não vi nada – respondi como deveria.

            Voltamos para casa, e ficamos esperando os pais de Ian na casa dele, ele ainda estava em choque pelo acontecido, não seria bom ficar sozinho.

      - Então – ele gesticulou para que eu me sentasse no sofá – poderia não falar nada sobre o acontecido quando meus pais voltarem?

      - Porque? – fiquei confusa.

      - Não sei é que...

      - Você não quer parecer idiota tendo sido salvo por uma garota?

      - Não! – ele baixou a cabeça e eu arqueei uma sombrancelha. – É, é isso. Meu pai sempre diz que eu tenho que ser homem.

      - Não se preocupe. Diremos só que... você quase foi atropelado por um louco que estava bêbado e eu te encontrei e te acompanhei – sorri, era uma boa desculpa.

      - Valeu, valeu mesmo! – ele me abraçou de repente. Fiquei um tanto surpresa.

      - Relaxa, ta tudo bem – eu disse, dando tapinhas em suas costas.

      - Ah, me desculpe – ele disse, me soltando.

            Ficamos em silêncio a maior parte do tempo, mas não pude deixar de notar que de vez em quando ele me olhava, e desviava o olhar quando eu o flagrava.

            Quando seus pais chegaram, eu me apresentei e demos a desculpa que havíamos combinado, Dona Fátima e Seu Augusto me agradeceram pela atenção e logo em seguida, eu fui embora.

            Logo depois começou a chover muito forte, eram cinco da tarde, vovó ainda não havia voltado, disse que só voltaria ás sete. Liguei a TV, e fui tomar banho, estava exausta. Depois de tomar banho, fui tomar café e depois fui para meu quarto.

            Quando passei na frente do espelho, eu parei, havia tempos que eu não me via, quer dizer, não me olhava de verdade. Meu cabelo estava mais comprido do que eu pensava, quase na cintura, estava mais escuro, quase preto, já não era tão liso, era mais ondulado, meu rosto tinha um formato um pouco diferente, triangular, meus olhos eram do mesmo castanho escuro que eu me lembrava, porém um pouco maiores, minha boca, levemente mais cheia e de um rosa forte, quase vermelho, minha pele não era clara, nem escura, era um meio-termo, porém o que mais me chamou atenção foi que havia algo diferente em mim, não fisicamente, mas a minha personalidade, eu era uma pessoa diferente da que eu me lembrava de ser. Havia mais certeza, confiança, mas eu não sabia nada do que aconteceria na minha vida, não tinha certeza de nada.


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