Vitta escrita por SrtaP


Capítulo 11
Uma Nova Pessoa




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            Era mais um dia chato na escola, fui sem a mínima vontade me sentar em meu lugar habitual, enquanto os outros alunos entravam na sala. Ás vezes o lugar vazio ao meu lado me incomodava, me fazia me sentir estranha, rejeitada.

            Eu rabiscava em meu caderno enquanto o Sr. Tanner apresentava uma aluna nova. Me sobressaltei quando ela veio sentar-se justo ao meu lado, no fundo da sala, mas quando dei por conta, vi que era o único lugar vago.

            Olhei-a e falei:

         - Seja bem-vinda, espero que goste daqui – repeti as palavras do diretor quando cheguei aqui, no entanto essas recomendações de nada me serviram.

         - Muito obrigada. Então, como você se chama? – fiquei meio confusa, ela falava comigo? Mas olhava diretamente para mim, não tinha como ser outra pessoa. Tentei parecer normal quando falei.

         - Hum... Vittória, mas pode me chamar de Vitta. E você? – tentei soar simpática ao lhe perguntar seu nome.

         - Eu sou Jessica, tenho 15 anos, eu morava no Mato Grosso do Sul, mas meus pais quiseram vir pra cá por causa da qualidade de vida. Estou gostando muito de Laguna, é uma cidade encantadora. E você? Qual a sua história? – nossa, ela gostava muito de falar, mas ainda assim parecia simpática. Fiquei um pouco hesitante quando me perguntou sobre minha história. Se eu a contasse, ela pensaria que eu era louca.

        - Eu me mudai pra cá há um ano, eu morava em São João do Sul.

        - Por que seus pais decidiram vir pra cá?

        - Na verdade, eu vim sozinha, estou com minha avó.

        - Nossa, e o que te fez vir pra cá? – isso estava estranho, estava apostando como dali a uma semana, quando conhecesse outras pessoas, se esqueceria completamente da minha existência.

        - Bom, no meu aniversário de 15 anos, eu estava viajando com meus pais, nós viríamos visitar a vovó, mas sofremos uma cidente, e ficamos um tempo no hospital, depois disso, eu decidi que queria sair de lá, e vim morar aqui.

        - Que interessante... Eu gostava muito do lugar onde eu morava, tinha uma linda cachoeira e muitas árvores. Aqui também tem o bosque, mas eu tenho medo de andar lá... Humm, o que é isso que você está desenhando? – Droga! Eu e minha mania de desenhar coisas que “acontecem” comigo.

        - Hum... nada, não é nada.

        - Eu já vi alguma coisa parecida. Eu inclusive procurei, mas não consegui encontrar em lugar algum – bem-vinda ao clube, pensei. Mais uma vítima sortuda da criatura que me perseguia. Olhei-a, era uma garota muito bonita. Tinha a  pele alva, cabelos lisos, castanhos claros na altura dos ombros, olhos cor de madeira, lábios cheios e corados. Um rosto inocente que parecia pertencer a uma criança. Suspirei, tive um pouco de pena de Jessica.

        - Hum... e quando você vui isso? – fingi desinteresse.

        - Bom, não faz muito tempo, minha mãe me mostrou a foto de um tio falecido, ele era jovem, uns vinte anos, a foto estava em preto e branco, não dava pra ver direito. Mamãe disse que não se sabe como ele morreu, não acharam nem o corpo, mas faz muito tempo para que ele ainda esteja vivo.

       - E o que isso tem a ver com o desenho? – sinceramente, ela me parecia meio perturbada.

       - Não ria, mas eu acho que é ele. Eu vi uma parte do rosto quando passei por essa coisa de manto preto, e o que me assustou, era que ele parecia igualzinho, fazem quarenta anos que ele desapareceu, e se for ele mesmo, não envelheceu um segundo sequer – não sabia o que dizer, minha mente sempre imaginava monstros horripilantes, ou feras horríveis quando eu via a Morte.

        - Como ele se chamava? – perguntei, sem desfarçar o interesse em minha voz.

        - Vithor. – arqueei uma sombrancelha, ele tinha o masculino do meu nome. Uma risada curta e histérica escapou por meus lábios.

        - Você pode me mostrar a tal foto? – ela franziu o cenho mas abriu uma agendinha rosa e me entregou a foto.

            Eu não acreditava no que via. Era um homem muito bonito, usava uma calça cáqui e suéter xadrez. Não dava para ver, mas os cabelos pareciam claros, levemente bagunçados. O rosto era de um homem de vinte anos, como ela disse, o maxilar era meio quadrado, as maçãs do rosto bem definidas, olhos penetrantes...  Um calafrio passou por mim quando me fixei nos olhos, exatamente iguais como os que eu via por baixo do capus da Morte. Naquele momento, eu tive certeza de que eram a mesma pessoa.

            Entreguei-a a foto, sem dizer nada. Ela me olhou desconfiada.

        - Já viu ele não é? – ela perguntou, e eu só acenei com a cabeça. Ela era mais esperta do que eu pensava. Foi direto ao ponto.

        - Quando? Como? Me diz, como ele ta? – ela parecia um pouco nervosa.

        - É uma longa história, vá á minha casa, e eu te conto tudo o que quiser.

        - Onde você mora?

            Escrevi meu endereço num pedaço de papel e entreguei-a.

        - Obrigada  - assim que ela me agradeceu, o sinal soou e nos levantamos para arrumar as coisas para a próxima aula.

            O resto do dia foi como os outros, tivemos mais uma aula juntas, trocamos algumas palavras, mas não voltamos a tocar no assunto.

            O almoço foi estranho, um pouco assustador. Estava sentada na minha habitual mesa, sozinha, como sempre, quando me sobressaltei com uma cadeira se arrastando ao meu lado, achei que fosse Jessica, mas para minha completa perplexidade, era um garoto.

        - Olá, meu nome é Ian, sou do 3° ano, você é Vittória, não é?

        - Sim, sou eu – o que deu nessa gente hoje? Ele me estendeu a mão, e eu apeitei-a.

        - Por que dizem que você é estranha? – não acreditei, estavam se dando ao trabalho de me encher a paciência agora?

        - Se você veio aqui pra tirar sarro da minha cara, pode ir embora, a culpa não é minha se os alunos dessa espelunca dizem que eu sou estranha, e eu não estou nem aí para o que pensam ou dizem de mim – falei já irritada.

        - Calma, não precisa ficar nervosa, não vim aqui pra tirar sarro de você, pelo contrário. Te vi sozinha e vim conversar –baixei a cabeça, envergonhada.

        - Desculpe, é que eu estou cheia dessas pessoas que ficam me encarando todos os dias como se eu fosse um ET.

        - Eu entendo. Hei, que tal irmos á sorveteria no sábado, a gente podia conversar mais, você parece uma garota legal. – arqueei uma sombrancelha sem acreditar no que ouvia

       - Seus amigos não vão te zoar por você convidar a garota mais estranha do colégio pra ir na sorveteria?

       - Ah vamos, por favor? – ele pediu.

       - Ta bom, vamos estão.

       - Então eu passo na sua casa ás três, no sábado.

       - Como você sabe onde eu moro?

       - Sou seu vizinho, me mudei semana passada.

       - Então tá.


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Notas finais do capítulo

e aí? Será que eu mereço alguns rewiews ?



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