Aquela não era uma manhã de inverno qualquer, estava nevando e eu amava neve, Ron e Harry arrumavam as coisas para a viagem que faríamos naquele verão, eu os olhava entendiada, queria tanto estar lá fora...

Eu não iria ficar lá dentro com eles, se eles deixaram para arrumar tudo de ultima hora o problema era deles, eu iria sair, não que eu gostasse de sair sozinha, mas eu precisava da neve. Eu me levantei e vi Ron me olhar. Coloquei meu cachecol e segui pelos corredores de Hogwarts devagar, joguei minha mochila no chão e vi que a grama estava completamente cheia de neve, eu corri até lá e deitei na grama, fiquei fazendo anjo de neve.

De repente eu senti uma lembrança que piscava fortemente em minha mente, lembrava de um dia como aquele a alguns anos atrás, eu estava com meus melhores amigos, uma época onde tudo era mais feliz, onde tudo era mais tranquilho. Lembrei que eu sempre amei Ron, mas que ele gostava da Lilá e nunca me notaria, Ron olhava para ela como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo dele, eu senti tanta raiva, até hoje sinto. Eu o amava, porque eu não poderia tê-lo? Eu faria tudo por Ron e Harry, mas porque ele não me notava? Tantas vezes eu tentei mudar por ele, tentei ser melhor, tentei ser mais bonita, mas nada adiantava, ele sempre me tratava como uma amiga, como uma irmã, que eu nunca quis ser. Com o tempo eu percebi que não amava Ron mais do que como um amigo, mas também não queria ver a Lilá por perto.

Sentei-me na grama e fiquei olhando pro lago, senti uma lagrima descer por meu rosto, não era uma lagrima de raiva, mas também não era uma lagrima feliz, era uma lagrima de tristeza; tristeza pelos tempos que não voltariam, pelas pessoas que perdemos e sabíamos que perderíamos mais e mais.

Nada me deixava vais triste do que lembrar dos amigos que teríamos que deixar para traz para buscar as Horcrux de Voldemort, nós deixaríamos a escola naquele verão e tudo se perderia, todos os sonhos infantis que tínhamos, todas as brincadeiras que gostávamos, tudo seria deixado para traz, para que o mundo bruxo fosse feliz, mesmo que isso dependesse de nossa felicidade.

Mais lagrimas rolaram por meu rosto, eu senti uma coisa gelada atingir minhas costas, olhei para trás e era ninguém menos que Draco Malfoy.

-Olá Granger! - ele disse sínico.

-O que você quer? - eu respondi com a voz mais seca que consegui.

Ele olhou para meu rosto e percebeu que eu tinha chorado, sentou-se ao meu lado e passou os dedos sobre meu rosto, enxugando as lagrimas que ainda estavam ali, eu não sabia o que dizer, toquei seus dedos e depois olhei para ele incrédula, ele apenas sorriu, o primeiro sorriso sincero de Draco Malfoy.

-Então... Porque está chorando? - ele perguntou me olhando com aqueles olhos azuis- acinzentado.

-Por nada e por tudo.

Ele me olhou confuso, se levantou e me estendeu sua mão. Eu peguei, Ele andou um pouco a frente e eu não entendi, voltou a olhar para mim com um sorriso malvado, “ele é doido” eu pensei. Ele se agachou e me jogou uma enorme bola de neve.

-Desgraçado! - eu gritei e joguei outra bola nele, ele se esquivou.

-Você é muito ruim Granger! - ele respondeu rindo.

-Veremos... - eu respondi provocativa e ele só ria.

Eu corri atrás dele com uma grande bola de neve, Draco se esquivava cada vez que eu jogava alguma neve nele, eu me abaixei para pegar mais neve e ele sumiu, eu tentei achá-lo e já estava quase desistindo, quando ele me atacou e nós dois caímos bolando pela neve, ao invés de bater nele e xingá-lo, eu simplesmente ria. Caímos um em cima do outro, no caso eu em cima dele. Ficamos nos olhando por muito tempo.

-Você vai partir com eles? - ele me perguntou subitamente.

-Sim!

-você vai participar da gerra? - ele perguntou.

-Quer saber se eu vou lutar ao lado de Harry?

-Sim!

-Vou, eu preciso ajudá-lo.

Draco me olhou com tristeza e me virou, ficando por cima de mim na neve, eu sabia que Malfoy era um comensal, ou pelo menos um aprendiz de um, sabia que para ele eu era a sangue-ruim, melhor amiga do Potter, a garota que poderia arruinar os planos do seu mestre, mas naquele momento eramos apenas Hermione e Draco, sem preconceitos, sem desavenças, sem ódio, sem diferenças de sangue, sem nada que nos impedisse de ser o que quiséssemos. Draco colocou a mão em minha cintura, me olhou como se pedisse permissão, eu assenti para ele e ele me beijou devagar, como um beijo de paixão, um beijo que nós dois queríamos, e que sabíamos que seria o primeiro e único que daríamos. Draco passeava com a mão por meu corpo e eu retribuía seus carinhos, o beijo começou a ficar mais quente, Draco me puxava mais e mais para perto de seu corpo e eu ia de bom grado, eu beijava seu pescoço, assim como ele beijava o meu, nos beijamos demoradamente, explorando cada parte do corpo do outro que podíamos, Eu e Draco ouvimos Ron e Harry gritarem por mim, Draco se afastou um pouco de minha boca para sussurrar em meu ouvido com a voz rouca.

-E quando a gerra chegar você vai tentar me matar. - ele disse serio, eu percebi que não era uma pergunta e sim uma afirmação.

-Se eu precisar, sim! - eu respondi com a cabeça baixa.

-No fim tudo ficará bem – ele disse enquanto se levantava e me puxava junto.

-É o que eu espero. - eu disse baixo, me aconchegando em seu peito.

- Você esquecerá do que aconteceu aqui? - ele perguntou frio.

-Não esquecerei, mas também não ficarei me lembrando. - eu disse.

-Eu seguirei minha vida, mas sempre lembrarei de você. - ele disse sorrindo.

Draco se afastou e voltou para o castelo com a cabeça baixa. Ele sabia que nunca esqueceríamos daquele momento, mas que não passou de um momento bom, o único que tínhamos juntos, nós dois sabíamos que aquilo havia nos marcado muito e que sempre nos recordaríamos, porque para cada passo que damos, tem uma conseguencia e a nossa conseguencia era saber que nos queríamos, mas que teríamos que seguir em frente e que talvez um dia teríamos que lutar um contra o outro para a felicidade dos nossos amigos e famílias.

-Hermione ficamos te procurando. - disse Ron.

-Onde você estava? - perguntou Harry.

-Memorizando meu ultimo dia de inverno em Hogwarts. - eu respondi sorrindo.