Solitary Girl escrita por MilaaMartins


Capítulo 3
A 'estranha' liberdade.




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A paisagem era mesmo muito linda. O céu estava rosado, eu já podia ver a lua e, ao mesmo tempo, o Sol.

Sua burra!, era, de novo, aquela vozinha insensata. Por que não planejou para onde iria primeiro?

Me limitei a responder:

- Por que você não cala a boca de uma vez?

Eu sei, a voz veio da minha cabeça. Se veio da minha cabeça, eu poderia responder com a minha cabeça, não?

Deixa pra lá.

Só queria continuar apreciando a paisagem... Ela era tão linda! Lembrei-me de uma vez que assisti o pôr-do-sol junto com Erick, no dia em que aceitei seu convite de namoro... Eu estava de All Star, uma bermuda muito caipira e mesmo assim ele disse que eu era a garota mais linda do mundo... Ah, Erick, como eu te amava!

Então lembrei que nem Luna nem Erick sabiam da minha mais nova ‘esperteza’. Meu Deus, eu havia fugido de casa e nem tinha avisado minha melhor amiga e meu namorado!

E ainda havia esquecido o celular!

Mas quando dei por mim já era noite, e eu estava com fome. Olhei ao redor, (sim, meu lema de fuga tinha sido apenas ‘Para frente!’) estava num vilarejo pequeno, chamado Lin’s. Já ouvira falar dele, e sabia que não era muito longe da casa dos meus pais. Mas era o único lugar que eu tinha, então fechei as janelas e portas do fusca e peguei um sanduíche.

Depois que comi, recostei-me no banco e dormi... um ótimo sono, por sinal. Eu tinha uma sensação um pouco estranha... a sensação de estar livre.

 

Acordei bem cedo mesmo, o que não é muito comum. Quando olhei para os lados e percebi que havia dormido no fusca, fiquei confusa.

Então, lentamente, as lembranças dos conflitos do dia anterior voltaram a minha mente, e soltei um pesado suspiro.  Se não fosse o preconceito besta do papai, tudo poderia ser diferente.

Troquei de roupa (ainda dentro do fusca), mas não pude tomar banho. – não sou nojenta, mas eu não iria chegar na casa de um estranho e dizer: “E aí, maluco? Posso usar teu banheiro? Tipo, fugi de casa...”, né?  

Depois de tomar um refrigerante de cola, saí do fusca e aproveitei o vento. Ah, mas era tão bom ali! Podia sentir o frescor das flores, o cheiro de uma feijoada sendo preparada a poucos metros, as risadas felizes das pessoas...  tudo era tão perfeito.

Sentei num tronco de árvore, que ficava perto de um riozinho... aquele canto parecia uma pequena praia. Então lembrei que meus pais deveriam estar loucos atrás de mim, mas, por mais estranho que pareça, não liguei muito pra isso. A sensação de liberdade continuava em meu corpo inteiro, e me vi caminhando em direção ao riozinho... de perto, ele parecia mais um lago, de tamanho suficiente para a toda a população de Lin’s se banhar nele.

Não consegui resistir... a água estava com um aspecto convidativo, e eu ainda não havia tomado banho... (eca!)

Então eu caí no lago. Não foi porque eu pulei (até porque não deu tempo), foi porque um grupo de garotinhos que brincavam felizes de pega-pega me empurrou, gritando “tá com você!”. E quando eles diziam “você”, se referiam a mim, como se eu fosse amiga deles há muito tempo.

Eram garotos de uns oito ou dez anos de idade, e não resisti e entrei na brincadeira, correndo atrás deles, mesmo encharcada. Ok, eu tenho dezesseis anos. Devo estar velha demais pra isso, mas a sensação foi tão boa, que me dominou por inteiro.

Primeiro peguei um garotinho branco, de cabelos louros, e olhos azuis. Era muito fofo! Mas o mesmo garotinho saiu correndo atrás de uma morena, de cabelos lisos, e os outros falavam coisas como “Cuidado, Lisa!”. Definitivamente, foi a melhor brincadeira de toda a minha vida.

Quando todos cansamos, sentamos num campo florido e desatamos a conversar.

- Qual é seu nome? – perguntou o branquinho que eu pegara, que se chamava Loren.

- Meu nome é Anita. Mas prefiro que me chamem de Needy.

- Por que apareceu aqui de repente? Eu nunca te vi! – agora quem falava era uma garotinha ruiva, com sardas, que se chamava Tamires ou Tamara.

- Bem... eu cheguei ontem à noite. Vim no meu fusquinha – e apontei para um velho carrinho preto, um pouco longe. – e vim pra cá porque... bom, eu fui embora de casa. Meus pais me proibiram de fazer a coisa que eu mais amo, que é tocar violão.

- Sério? Você toca? Que legal! – disse a Lisa, a morena de cabelos lisos. – Toca uma música pra gente?

- Bom, eu nem conheço os pais de vocês. Se eles aprovarem... bem, eu toco.

Nesse momento, chegaram uns adultos, que deduzi serem pais dos garotos pelas falas:

- Minha filha, vamos pra casa! Daqui a pouco é hora do almoço e... – então pareceram perceber que eu existia. – e... quem é você?

- Essa é a Needy, mãe. – disse Lisa. – Ela fugiu de casa. E toca violão.

Então as mães me chamaram para ir na casa delas, contar toda a minha história, e como havíamos nos conhecido.

E foi o que eu fiz.


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Notas finais do capítulo

Não vai cair o dedo se você der um rewiew, né? Obrigada por ler.